por Caio Coletti
(Twitter – Tumblr)
ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
Há uma dualidade constante em The New Normal, uma que as vezes entra no caminho de algumas das metas que a série tenta atingir. Como uma série sobre um casal gay que coopta uma mãe solteira para ser sua barriga de aluguel, sem saber que a reboque vem a mãe homofóbica da moça, esse é um programa essencialmente estereotipado na construção de seus personagens, como é, aliás, de costume do criador Ryan Murphy. Ao mesmo tempo, The New Normal tem feito do “estereótipos são ruins e não se aplicam ao mundo real” um de seus principais temas e uma de suas principais bandeiras morais.
Na maior parte do tempo, a tensão entre esses dois extremos se equilibra da seguinte forma: esses são personagens que agem como estereótipos quando é para a nossa diversão, mas na verdade são muito mais que isso. O conceito gerou belos momentos em “The XY Factor” (1x10) e até no último “Stay-At-Home-Dad” (1x13), ambos episódios que ajudaram a consolidar The New Normal como uma série que se dá bem tanto como uma comédia over-the-top ao gosto de Murphy quanto como um pequeno drama familiar com lições doces sobre aceitação e auto-aceitação. “Gaydar”, esse 14º episódio da temporada de estreia do programa, não se dá tão bem na missão.
A tensão “estou-agindo-como-um-estreótipo-mas-não-sou-somente-isso” é óbvia demais na trama de três vertentes: Bryan (Andrew Rannells) e David (Justin Bartha) tem um pequeno desentendimento, bem a sua forma passivo-agressiva, sobre a roupa que o rebento vai usar no batismo; Rocky (NeNe Leakes, que deve ter trocado de hairstylist – com péssimas consequencias) está encantada por um membro da equipe do programa de TV que ela e Bryan produzem, mas Shania (Bebe Wood) acha que o moço pode ser gay; por fim, Jane (Ellen Barkin, cuja mudança de visual, por outro lado, é sensacional) se envolve com um corretor de imóveis que quer mudar seu look e sua atitude. O problema é que o moço também age de forma bem suspeita.
The New Normal ganha pontos com a forma como as storylines se encontram no deliciosa e culpadamente hilário jantar que Bryan e David dão em sua casa para descobrir a orientação sexual dos moços, e coloca as coisas em ordem no campo moral e dramático com as últimas cenas. Mas esse não é o melhor truque que essa série pode apresentar.
*** (3/5)
Próximo The New Normal: 1x15 - “Dairy Queen” (29/01)
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