4 de jan. de 2013

Call Fringe Division!: Um guia completo para assistir o final da série de Olivia Dunham e cia.

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por Andreas Lieber
(Tumblr)

“Imagine as impossibilidades.” Com um slogan desses, já dava pra perceber que Fringe ia ser uma daquelas séries que quebram a cuca dos fãs. E como quebrou! Durante suas cinco temporadas, muitos casos nos deixaram com o cabelo em pé, a pulga atrás da orelha e, às vezes, até com o coração quebrado. Desde a intrigante The X-Files a televisão americana não via uma trama de mistérios tão prodigiosa como a de Fringe, e os fãs, desamparados após o término dos casos de Scully e Mulder, encontraram em Olivia Dunham, Peter e Walter Bishop e Astrid Farnsworth, agentes do FBI comandados pelo capitão Broyles, personagens em quem depositar suas esperanças e seu fanatismo. Iniciada primeiramente com o básico esquema de “um-caso-por-semana”, a série se manteve nesse ritmo durante suas duas primeiras temporadas, dando lugar a uma trama mais complexa e envolvida intrinsecamente com a história de seus protagonistas da terceira em diante. Durante suas histórias, ficamos conhecendo os segredos cada vez mais obscuros que cercam as personagens e nos separam, humanos do Universo Primário, de nossas doppelgängers do Universo Secundário.

Quer saber mais sobre esses agentes e suas histórias? O Anagrama preparou uma matéria especial pra você que quer ficar por dentro da série e pronto para acompanhar o series finale, dia 18 agora.

Fringe? Mas que Fringe? É de comer?

Pera, não, Fringe não é uma comida (ainda)! É uma série americana, da rede FOX, criada por J.J. Abrams, Alex Kurtzman e Robert Orci, que acompanha a rotina dos agentes da Fringe Division, uma repartição secreta do FBI (Federal Bureau of Investigation) com a missão de investigar eventos ligados a uma super área da tecnologia – em inglês usa-se o termo “fringe science”, algo como uma “ciência de borda” – e, por vezes, se depara com casos bizarros o suficiente para fazer qualquer um sair correndo sem olhar pra trás, incluindo outros universos!

fringe12Da direita pra esquerda: Capitao Broyles (Lace Reddick), Walter Bishop (John Noble), Nina Sharp (Blair Brown), Charlie Frances (Kirk Acevedo), Olivia Dunham (Anna Torv), John Scott (Mark Valley), Peter Bishop (Joshua Jackson), Astrid Farnsworth (Jasika Nicole).

Quem faz parte dessa Division do FBI?

◘ Olivia Dunham – interpretada por Anna Torv (The Secret Life of Us), Olivia é uma agente do FBI designada à investigação desses fenômenos bizarros que começam a acontecer por Boston, base da Fringe Division. Determinada e feroz, Olivia não mede esforços para desvendar o máximo possível de seus casos e, ao adentrarmos na série, a verdade sobre a infância da personagem nos é revelada: Olivia fazia parte de uma experiência chefiada por Walter Bishop e William Bell, onde recebia doses de Cortexiphan, uma droga nootrópica que a concedeu habilidades psíquicas.

◘ Peter Bishop – a vida de Peter Bishop, interpretado por Joshua Jackson (Dawson’s Creek), foi uma confusão das grandes! Filho de Walter, ele nasceu com uma doença genética e, apesar de todos os esforços de seu pai, veio a falecer no nosso universo. No Universo Secundário, no entanto, ele sobreviveu por mais algum tempo e Walter, descobrindo a cura, atravessou para o outro universo para tentar salvá-lo. Na confusão, ele acaba trazendo Peter para o nosso lado e criando-o como filho. Uma verdade dessas, no entanto, nunca fica a salvo por muito tempo.

◘ Doctor Walter Bishop – John Noble (All Saints) encarna o brilhante cientista Walter Bishop, especializado em fringe science e internado em um hospital psiquiátrico após acidente ocorrido com uma assistente em seu laboratório. Possuidor de grande inteligência, ele era parceiro de laboratório do soturno e igualmente genial William Bell, interpretado por Leonard Nimoy (saudação vulcaniana!); ao perceber que tinha ido longe demais, Walter retirou um pedaço de seu cérebro para impedi-lo de continuar algumas experiências. Resgatado do hospital por Olivia, ele se junta a equipe Fringe com um humor característico e muitas vezes desorientado, enquanto se reajusta ao mundo e tenta se reconciliar com o filho.

◘ Astrid Farnsworth – Astrid, Asteroid, Astro, Asterisk, Astringent, Astral, Asterix, Aspirin. Astrid podia muito bem ser apelida de “a mulher de mil nomes”. Tudo isso porque Walter insiste em esquecê-lo e chamá-la da primeira palavra que lhe vem à mente. Vivida por Jasika Nicole (She’s Out of my League), Astrid traz a série um elemento especial: o carinho que sente por Walter e a determinação em ajudar. Mas não se engane quanto a sua figura frágil, Astrid é agente do FBI e possui um QI altíssimo e diploma em linguística e ciência da computação, com especialidade em criptografia; ela fala cinco línguas e vira e mexe ela é a responsável por decifrar vários dos códigos com que a equipe se depara.

◘ Capitão Phillip Broyles – de personalidade forte e liderança nata, o capitão Broyles é vivido por Lace Reddick (The Wire), é um agente do Homeland Security que comanda a Fringe Division e os introduz aos casos que precisam ser investigados.

◘ Nina Sharp – Nina é a Chefe da Diretoria na Massive Dynamic, uma empresa de tecnologia de ponta e legado do falecido (ou será que não?!) William Bell, ex-parceiro de laboratório de Walter. É ela quem comanda e libera a maioria dos equipamentos necessários nas missões Fringe. É interpretada pela veterana Blair Brown (The Days and Nights of Molly Dodd)

◘ John Scott, Charlie Frances e Lincoln Lee – vividos respectivamente por Mark Valley, Kirk Acevedo e Seth Gabel, os três já fizeram parte da Fringe Division e foram parceiros de Olivia em períodos e temporadas distintos; todos acabaram saindo da equipe por um motivo ou outro (aquele leve, cof cof, eufemismo para /spoiler morte /endspoiler).

E os casos que eles enfrentam? São sinistros mesmo?


◘ Na sua primeira temporada, a Fringe Division enfrentou uma organização alemã, a ZFT (Zerstörung durch Fortschritte der Technologie ou, em português, Destruição Através do Melhoramento da Tecnologia) que era encabeçada pelo “cientista maluco” David Robert Jones. O objetivo desse grupo era se preparar para o fim do mundo (um evento que, ahem, perdeu o prazo de validade alguns dias atrás) e, para isso, eles criavam eventos fringe. Mas como assim? Pera, ninguém entendeu isso na primeira temporada também, foram vinte episódios de casos bizarros e misteriosos e nenhuma explicação!

 

◘ Segunda temporada significa que os roteiristas criaram vergonha na cara e nos deram algumas explicações. Os casos da primeira parte da série se tornaram claros quando entrou no foco principal da trama a existência de vários universos, inclusive um vizinho ao nosso em que a Terra é povoada por doppelgängers, cópias físicas fieis as nossas, que se diferiam quanto às escolhas tomadas por nós no dia-a-dia; por exemplo, se você virasse a esquerda em uma rua por aqui, você no outro universo viraria a direita. Com isso em mente, fica claro o fim do mundo aguardado pela ZFT: os dois mundos colidiriam e, para isso acontecer, eles estavam usando eventos fringe para romper a tênue linha entre os universos.

◘ Com toda a trama dos dois universos exposta, os fãs ganham uma terceira temporada em que os dois universos ganham um número de episódios equivalentes na série. Conhecemos o Walter do outro mundo, apelidado de Walternate, um amargo e vingativo (devido à perda de seu Peter) Secretário de Defesa dos Estados Unidos que comanda sua Fringe Division composta por uma Olivia ruiva, apelidada de Bolivia (sim!), uma Astrid com sintomas da síndrome de Asperger e um Broyles que possui, praticamente, as mesmas características do nosso universo. Nessa etapa de Fringe, a Olivia verdadeira fica presa no outro universo enquanto Bolivia se infiltra na nossa Fringe Division pra passar informações ao outro universo enquanto Walternate monta uma máquina que acelerará o colapso dos universos e funciona apenas com Peter. Como todo mocinho que preze, Peter tem uma visão dos universos colidindo ao entrar na máquina e decide utilizá-la para criar uma “ponte” entre os dois universos no season finale, parabéns pelo uso da diplomacia.

◘ Com isso temos o bang necessário para uma quarta temporada com um adicional intrigante: Peter simplesmente sumiu depois de usar a máquina e ninguém parece se lembrar dele. Isso mesmo, sem mocinho e par romântico para nossa Olivia (e Bolivia!). A quarta temporada é talvez uma das mais complicadas de se entender porque é praticamente um efeito borboleta. Quando Peter usa a máquina, é como se ele tivesse realmente morrido quando criança nos dois universos e, assim, deixasse de existir, o que altera o passado, mas estabiliza o presente e a ponte entre os dois universos. O problema é que Peter acaba aparecendo do nada e começa uma jornada intensa para voltar a sua própria linha do tempo, não percebendo que ele está nela. No meio dessa confusão toda, personagens antigos, como David Robert Junior, reaparecem para tentar mais uma vez criar um evento que colidirá os dois universos e acarretará o fim do mundo. Sorte que durante a temporada tivemos duas Fringe Divisions trabalhando juntas!

◘ Ok, com tanta história assim era de se esperar que os roteiristas não tivessem mais nada absurdo pra criar, mas quando é que roteiristas ficam sem coisas absurdas para se criar? Na quinta e última temporada da Fringe, somos levados a um futuro distópico aonde os Observers, o que a raça humana irá se transformar, aparentemente, domina e oprime o que restou da nossa civilização. Quando a raça humana evoluiu por completo e se transformou nesses carecas bizarros que viajam no tempo e, literalmente, existem “fora do tempo”, algo deu errado; sem explicações, eles invadiram nossa realidade e formaram um sistema totalitário que controla todos os humanos restantes. É para esse futuro que nossa equipe Fringe vai. Congelados em uma substância âmbar que protege quem está dentro dela das intempéries e ações do tempo, Olivia, Peter, Walter e Astrid tem a missão, nada fácil, de restaurar a raça humana atual no poder.

A série chega ao fim dia 18 de janeiro agora com um especial de duas horas e deixando pra trás uma porção de fãs desesperados (ahem!). Fringe marcou não apenas uma nova geração de investigação de fenômenos bizarros e de ficção cientifica avançada, a série reavivou um séquito de fãs sedentos por mais mistérios em que se agarrar e mostrou que, já que sabemos que “a verdade está lá fora”, estava muito na hora de irmos lá pegá-las.

Epa, pera! Ainda não acabou!

◘ Você sabia que Fringe usa uma linguagem chamada glifos para passar informações secretas aos fãs? A cada intervalo, uma tela preta pode ser vista levando um símbolo – uma folha com um triângulo, uma maçã com um feto no lugar das sementes, uma mão de seis dedos, um cavalo marinho, uma borboleta, um sapo com o símbolo do Phi nas costas, uma flor e um pouco de fumaça – com um ponto de luz ao lado; cada símbolo e ponto significava uma letra. O código foi quebrado por Julian Sanchez e a cada episódio tínhamos uma palavra que resumia o episódio. (Vocês podem ver as palavras aqui)

◘ Fringe é uma das séries em que a abertura mais mudou de acordo com os episódios, já tivemos: o clássico azul com palavras sobre a fringe science, um vermelho quando os episódios se passavam no Universo Secundário; em um episódio da terceira temporada, “Entrada”, a abertura teve uma mistura de azul e vermelho, mostrando que ambos os universos iam aparecer em medida igual. Em alguns episódios de flashback foi usada uma abertura em estilo vintage e retrô com um theme tone digno de jogos do Arcade e palavras como “computador pessoal” e “engenharia genética”. Na quarta temporada, uma abertura em cor âmbar tomou conta de quase todos os episódios e nessa última temporada a série assumiu créditos pretos com imagens de pessoas presas em um sistema totalitário, com palavras como “vontade própria” e “diversão” e “pensamento próprio”.

◘ A Astrid do Universo Secundário apresenta sintomas da síndrome de Asperger; isso foi homenagem à irmã de Jasika Nicola, que apresenta o distúrbio.

◘ Algumas coisas no outro universo são bem diferentes das nossas: a Estátua da Liberdade é feita de bronze e o ataque ao World Trade Center não aconteceu.

◘ Os Observers, os carecas bizarros em que evoluiremos, aparecem em todos os episódios da série, da primeira à quinta temporada. Você pode não os ver, mas eles estão sempre lá atravessando uma rua, saindo do elevador ou no background das cenas.

FRINGEGlyphsOs glyphs e os seus significados, de acordo com o fã Julian Sanchez.

Andreas Lieber escreve todos os dias 05 e 20.

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