19 de mai. de 2014

Suburgatory 3x13: Stiiiiiiill Horny [SERIES FINALE]

suburgatory-finale-thanks

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Durante os dois anos em que estive fazendo reviews de Suburgatory para O Anagrama, a comédia da ABC mostrou-se uma das séries mais surpreendentemente difíceis de se discutir. Existe um tom muito específico à Suburgatory que é difícil de traduzir em palavras, e isso é só testemunha da genialidade da série de Emily Kapnek em seus melhores momentos. Não é só esse sabor agridoce de mezzo comédia cartunesca, mezzo drama familiar, não é só a ambiguidade moral de amar e odiar todos os seus personagens ao mesmo tempo (ou amá-los mais completamente por reconhecer seus defeitos, talvez). Durante os três anos em que esteve no ar, Suburgatory conteve uma mágica dentro de si que só fica mais clara nesse series finale.

É verdade que “Stiiiiiiill Horny” não é o último episódio que Kapnek e os outros escritores estavam esperando, mesmo porque a notícia do cancelamento da série os obrigou a correr um pouco com a trama. Se esse finale guarda em si um senso de completude é sinal de que esses personagens estavam solidamente construídos – basta pensar um pouco para entender que isso é muito mais importante do que tempo para fechar a trama, uma vez que a natureza da narrativa por si só impede um fechamento “redondinho” (histórias sempre tem para onde continuar quando deixam a tela). Dito isso, é notável como o roteiro de Andrew Guest, em sua décima e última colaboração com a série, entende a jornada desses personagens e as dá um desenrolar perfeitamente adequado.

Depois do casamento de Lisa e Malik, acompanhamos o novo casal de adaptado à vida em matrimônio, num pequeno conflito que é resolvido com agilidade, simplicidade e inteligência (três qualidades que sempre brilharam em Suburgartory). Ao mesmo tempo, George remói sua noite com a ex, Dallas, e tenta descobrir se quer reatar o relacionamento com ela ou não – e a mesma dúvida acomete a personagem de Cheryl Hines. Por fim, Tessa descobre-se sem amigos e tenta se juntar a um clube de tricô, mas não percebe que está fazendo isso tudo, e esteve fazendo muitas outras coisas por um bom tempo, porque ainda não superou Ryan.

Os “finais” dados a esses dois casais principais são interessantes, e dizem muito sobre os paralelos que Suburgatory desenhou, em sua trajetória através das temporadas, entre as relações pai-e-filho e as relações românticas. Há muito de impulsividade no beijo de Tessa e Ryan que fecha “Stiiiiiiill Horny”, e há uma amargura na discussão entre George e Dallas que sela o relacionamento dos dois de maneira que parece (e vai acabar sendo) definitiva. Um dos grandes temas silenciosos de Suburgatory pode ter sido conflito de gerações, afinal – ou melhor, o conflito que a experiência naturalmente provoca ao sentimento à flor da pele da juventude. Até isso a série precisa relativizar, no entanto, e nos coloca um episódio final estrelado por quatro velhinhas que se dizem, orgulhosamente, “ainda safadas”.

Por falar em relativizar, Suburgatory entra no rol de série que foi capaz de chegar ao outro lado desse processo, e a linda canção entoada por Jeremy Sisto em certa parte do episódio é exemplar disso. Encarnada na personagem de Dallas, Suburgatory conseguiu nos mostrar que futilidade e superficialidade são meras questões de escolha, mesmo quando um ambiente tenta te forçar a isso – e mais, que até as pessoas mais inócuas podem ter qualidades que faltas nas mais profundas. Bastante maduro para uma série que terminou com dois adolescentes se despindo no meio da rua, não?

Observações adicionais:

- Suburgatory pode ter acabado, mas Emily Kapnek estreia série nova, intitulada Selfie, na próxima fall season. Já estamos ansiosos!

✰✰✰✰✰ (4,5/5)

Captura de tela inteira 20052014 023157.bmp

0 comentários: