ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
por Caio Coletti
The Americans é uma das melhores séries no ar atualmente, ponto. A diferença da trama criada por Joe Weisberg para uma Breaking Bad ou uma Game of Thrones é que The Americans não sente a necessidade de alardear sua qualidade da maneira gritante com que essas e outras grandes séries da atualidade fazem (ou faziam). Há algo de muito mais quieto, muito mais discreto, e muito mais integral na forma como The Americans é excelente – com seus valores de produção apuradíssimos (mas sem luxo ou extravagância), suas atuações espetaculares (mas que colocam o ego do personagem acima do ego do ator) e seus múltiplos temas interconectados em uma narrativa muito coesa, a série do FX não faz barulho sobre suas grandes reviravoltas nem pretende criar ícones pop de seus personagens. Essencialmente, The Americans é tão boa porque se preocupa apenas em contar uma história da melhor maneira possível.
“Operation Chronicle” faz essa prerrogativa ser evidente de uma forma que não era desde o começo da temporada, no igualmente excepcional “Comrades”. Talvez o grande responsável por isso seja o próprio Joe Weisberg, que assina o roteiro desse penúltimo episódio da temporada ao lado de Joel Fields, co-produtor e co-developer da série. Com o conhecimento essencial que Weisberg tem de sua própria criação, o episódio nos mostra a sutileza de The Americans em pleno funcionamento, movendo a trama adiante com delicadeza e cadência impecáveis enquanto assistimos um desenrolar emocional tão ou até mais importante do que o político. Os intermináveis paralelos entre os personagens, suas relações uns com os outros e o diálogo entre esses dois “âmbitos” da trama estão de volta, assim como a preocupação de não isolar os personagens nesse mundo conceitual.
A câmera de Andrew Bernstein (Elementary) auxilia e muito nesse sentido, retomando as tomadas de longe e sublinhando elementos de cena e a forma como a trama dialoga com eles o tempo todo. “Operation Chronicle” é, como a própria The Americans, uma história que acontece em função e por consequência do ambiente em que se desenrola – e quando a série procura reconhecer isso melhor o resultado é um episódio muito mais rico em contexto e envolvimento do espectador.
A série se prepara para o season finale com sua trama em múltiplas frentes: com a ameaça de Larrick se aproximando, Elizabeth corre contra o tempo para tirar Jared, o filhos dos agentes soviéticos mortos no episódio da estreia, do país – mas o episódio nos deixa com uma arrepiante cena que mostra o personagem de Lee Tergesen mais perto do que gostaríamos de seu alvo; ao mesmo tempo, os Jennings são chamados à ação para roubar amostras da pintura de aviões responsável pelo efeito stealth, e para isso dependem de Fred (John Carroll Lynch), de cuja lealdade eles ainda duvidam; por fim, Nina e a KGB armam uma encenação para convencer o agente Beeman a conseguir acesso ao programa de computador que os soviéticos precisam para completar o projeto stealth.
Como é a própria missão de um pré-season finale, “Operation Chronicle” faz mais jogar possibilidades interessantes no ar (o dilema moral de Beeman, o medo de Nina, as infinitas incertezas de Elizabeth e Phillip) do que resolvê-las. Isoladamente, no entanto, continua sendo um retrato instantâneo e extremamente eficiente do mundo particular de The Americans, e de toda a qualidade humana que, essencialmente, faz parte dele.
✰✰✰✰✰ (4,5/5)
Próximo The Americans: 2x13 – Echo (21/05) [SEASON FINALE]
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