10 de mai. de 2014

Bates Motel 2x10: The Immutable Truth [SEASON FINALE]

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A partir dessa segunda temporada, ao invés de fazer uma cobertura detalhada de cada episódio de Bates Motel, O Anagrama vai trazer uma review por mês, de preferência de episódios marcantes para a continuidade da série, checando a quantas anda um dos nossos suspenses preferidos.

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Existe um oceano de motivos pelos quais a segunda temporada de Bates Motel é notavelmente superior a primeira, e quase todos eles brilham nesse finale, “The Immutable Truth”. Um dos mais simples, mas também mais fundamentais, é o quanto a trama desse segundo ano faz muito mais sentido, como um todo, do que a do primeiro. Que fique claro ao leitor, aliás, que isso não é desmérito nenhum – é mera constatação que a série que estava tentando se encontrar lá na primeira temporada agora atingiu um ponto tão preciso e um centro tão coeso, que ficou mais fácil para os roteiristas projetar os acontecimentos em torno do tom e tema da trama. O resultado é uma engrenagem mais azeitada, e um clímax que faz acumular as circunstâncias em um único grande evento emocional que faz muito sentido com tudo o que o precede. Em outras palavras, Bates Motel aprendeu como contar uma história.

Outra grande virtude da temporada, no entanto, tem a ver com qual história ela pretende contar. No decorrer desses últimos dez episódios, a equipe de roteiristas, com pouquíssimos passos em falso, conseguiu trabalhar em direção a um objetivo comum, investir seus personagens de iniciativa própria e individualidade (leia-se: fazer com que pareça que eles conduzem a trama, e não o contrário), e culminar tudo em um episódio que diz algo muito relevante para a história que a premissa da série desvela. “The Immutable Truth” é esse pico de storytelling que todo finale deveria ser, juntando tudo o que ocorreu na temporada para nos mostrar o que estava debaixo de nossos narizes o tempo todo: Bates Motel é uma poderosa história sobre negação.

Talvez por isso, exatamente, que a figura de Norma tenha desempenhado papel tão intenso desde o início, enquanto a de Norman teve de crescer junto com a série. A personagem de Vera Farmiga, fica bem claro aqui, é uma força de negação tão grande para si mesma, desde o seu próprio passado até os problemas do presente com o filho, que aos poucos se torna, também, um instrumento de escape para a culpa que Norman sente pelos crimes que, agora, ele sabe que cometeu. Até “The Immutable Truth” (que título brilhante, inclusive), o Norman que assistíamos não era propriamente um psicopata – ao encontrar na mãe uma forma de depositar externamente o remorso por seus atos de violência é que ele se torna um.

O finale faz um ótimo trabalho com os coadjuvantes também. Dylan e sua história envolvendo o tráfico de drogas em White Pine Bay foram a parte menos brilhante da temporada durante todos os 10 episódios, mas acabaram se amarrando bem à ação principal, e mostrando seu propósito de ser (além de dar ao ótimo Max Thierot algo para fazer, é claro). A Emma de Olivia Cooke continua sendo um centro nervoso e emocional próprio, um tanto quanto separado da trama principal, mas tão facilmente conquistador que não importa tanto assim. Bates Motel está mais do que seguro se a der um par de cenas por episódio para continuar sendo relevante num contexto geral.

Carregado de maneira fenomenal pelas atuações espetaculares de seus protagonistas, “The Immutable Truth”, como um dos melhores finales da atual temporada de televisão, mais do que ganha o direito de fazer uma referência uber-explícita ao Psicose original na cena final do episódio. No momento em que Freddie Highomore emula o olhar assustador de Anthony Perkins, é quase possível ouvir ao fundo: “Why, she wouldn’t even harm a fly”. Bates Motel conseguiu emular a mesma paranoia e o mesmo sentimento de traição da confiança do espectador que o filme de Alfred Hitchcock – e isso não é pouco.

✰✰✰✰✰ (5/5)

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Bates Motel está confirmada para uma terceira temporada!

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