por Caio Coletti
(Twitter – Tumblr)
ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
“Leaving Chatswin” é exatamente o tipo de episódio em que a pequena disfunção na estrutura de temporada que Suburgatory montou não chega a incomodar. Aqui o foco está todo nos relacionamentos amorosos, sim, mas a abordagem usada pela série é tão dinâmica na relação entre os personagens, saindo do esquema de isolá-los em casais separados, que tudo parece mais orgânico e menos incômodo. Ainda não se vê Tessa discutindo com o pai questões que seriam matéria para um episódio inteiro na primeira temporada: escolha de faculdade? Um possível término de namoro? Futuro incerto? Nada de bons conselhos de George para a filha. Tudo é focado sob a luz direcionada aos pares românticos da série.
Se Suburgatory perde um pouco com isso, não deixa sumir de vista a graça e a doçura que fizeram parte de sua composição conforme a primeira temporada evoluiu. Talvez aqui a série tenha achado a forma de ser diferente e ainda assim parecer a mesma, um equilíbrio que toda e qualquer comédia televisiva almeja atingir. “Leaving Chatswin” é engraçado, lida com storylines diferentes com fluidez e passa sua mensagem com eficiência. A trama principal compreende a morte de Marty, o velho burocrata da cidade a quem fomos apresentados alguns episódios atrás. Percebendo que o homem não tinha amigo próximo algum, George acaba ficando responsável pelas cinzas e por encontrar o lugar do último repouso de alguém que mal conhecia.
Talvez essa seja a primeira vez que vejamos Suburgatory brincar com a noção, sempre muito frutífera em termos de ficção e desenvolvimento de personagens, de que a vida em uma cidade pequena não tem muitas perspectivas futuras, especialmente para pessoas jovens como Tessa. Fazer a moça conhecer alguns jovens que deixaram a cidade para estudar em outros lugares, e por isso questionar sua relação com Ryan e o fato de que o futuro dos dois está destinado a seguir separado é uma boa jogada do roteirista Drew Hancock, na segunda incursão na série. E focar uma trama em Noah e George, em vez de em George e Dallas, dá oportunidade para a série respirar um pouco do clima romântico.
O destaque óbvio da noite é Carly Chaikin, que tem uma trama romântica resgatada de episódios atrás, e está hilária como sempre como a totalmente robótica Dalia. Ela é uma pequena jóia que brilha mais e mais conforme a série lhe dá mais espaço. Menos óbvia e ainda mais merecida é a menção a atuação de Jane Levy, sempre de refrescante vivacidade e profundidade, como uma Tessa ainda cheia de dúvidas.
◘ “Damn this perfect body! Life would be so much simpler if I was soft and misshapen like you, Lisa” (Ryan para a irmã)
◘ “Marty’s death got me thinking, Evan. And in this crazy, meshuggah world, you’d have to be a shmendrik not to know your b’shert when you meet them” “Dalia, did you learn yiddish for me?” “I don’t care if your abba has an aneurysm, I want you. Bad.” (Dalia seduzindo)
**** (4/5)
“How to Be a Baby” é um episódio para apagar todas as pequenas falhas que começaram a incomodar nos últimos episódios de Suburgatory. O cerne dos problemas da série era que a serialização, embora fosse bem pensada e equilibrada na base se episódio-para-episódio, deixava de lado uma continuidade ainda mais importante, dizendo respeito ao que aconteceu na vida dos personagens na primeira temporada ou mesmo nas fases iniciais dessa segunda. A essa altura, no 16º episódio do ano, Suburgatory se lembra de uma série de coisas e pequenos contextos que, mesmo que sejam detalhes, fazem dos personagens criaturas mais reais e, por isso, protagonistas de uma trama mais saborosa.
Para começar, Dallas é uma empresária bem sucedida no ramo dos cristais, alguém de lembra disso? Pois a vemos em sua loja aqui, e o plot em torno da moça, aliás, é em grande parte envolvendo o trabalho (e o pedido de demissão de Tessa), e não seu relacionamento com George. Tessa muda de emprego por estar duvidosa quanto a relevância da experiência com Dallas para o seu currículo e, portanto, para a possível admissão em uma faculdade. Ela vê uma oportunidade ao receber de Jill Werner (que tem um filho recém-nascido com Noah, mais uma coisa da qual Suburgatory se lembrou depois de um bom tempo) a proposta de ser sua assistente.
Enquanto isso, o próprio Noah continua apaixonado por sua ex-empregada, Carmen, que agora trabalha para Dallas e Dalia. George, por conselhos de um psiquiatra, tenta distrair o amigo dessa obsessão e fazê-lo escolher seu casamento longo e instável (mas infeliz) ao invés de uma paixão recém-descoberta. É saboroso o jeito que Suburgatory voltou a gastar mais tempo na amizade de George e Noah, porque os dois funcionam perfeitamente dividindo a cena. E é também um crédito notável ao roteirista Brian Chamberlayne, no quinto script que provem para a série, a forma como o tema dos relacionamentos é mantido de uma forma mais sutil, mais ponderada quanto a vida regressa de seus personagens, e menos sketchy.
Se é um bom episódio para Jeremy Sisto na pele de George, é também outra ótima oportunidade para Carly Chaikin brilhar. A trama de Dalia envolve a moça tentando ajudar Mr. Wolfe (Rex Lee é sempre bem vindo) a superar seu relacionamento destruído com Chef Alan através de uma mudança de visual e uma encenação. Interessante Suburgatory lembrar que Dalia é uma patrcinha de maneiras quase morto-vivas porque tem um coração partido e um cerne talvez um pouco sombrio, e o mesmo acontece com Dallas (que não é a perua ignorante/atrapalhada, e sim a mulher com os melhores conselhos, uma figura materna para Tessa). Como um bônus, Suburgatory ainda desenvolve a personagem de Jill de maneira levemente tocante, da forma como era tão boa em fazer na primeira temporada.
“How to Be a Baby” é um deleite simplesmente porque é Suburgatory sendo tudo o que pode, deve… e tem preferido não ser.
◘ “She invented this great game where she would disappear into thin air. And the moment that Opus and I began to get nervous, she would reappear! It was a miracle” “It was peek-a-boo” “It was pure magic” (Noah fala sobre Carmen)
◘ “I just tricked you into giving me another almond. I tricked you! You have to be ready” “But…” “Butts are for people who eat more than six almonds in a sitting. As you can see from my butt, that ain’t me. Pun intended.” (Jill explica o trabalho para Tessa)
◘ “Do daring magenta tips say ‘I hope you stop breathing in your sleep?’” “Mmm. No, but they say ‘I’m fun, you’re not, I hope you get S.A.R.S.’” “’Kay” (Dalia e o cabelereiro discutem o visal de Mr. Wolfe)
***** (5/5)
Próximo Suburgatory: 01x17 – Eat, Pray, Eat (06/03)
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