7 de mar. de 2013

O grunge óbvio de Saint Laurent, o futuro feminista de Givenchy, e o domínio global da Chanel

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por Isabela Bez
(TwitterTumblr)

Existe algo melhor que uma polêmica no mundo da moda? É o que normalmente acontece quando um novo diretor criativo assume uma grife muito respeitada. Esse foi o caso da Saint Laurent. Antiga Yves Saint Laurent, teve uma mudança de nome quando Hedi Slimane assumiu no ano passado o cargo que pertencia ao Stefano Pilati. Slimane tem contato com a grife desde 1996, quando entrou como assistente, mas em menos de um ano se tornou diretor da marca masculina da grife e recebeu muitas críticas boas por sua primeira coleção. A partir daí, é tudo história. Foi então que, quando Pilati deixou a grife em 2012, Slimane já tratou de mudar o nome do logo clássico (YSL) e transferiu o estúdio de design da nova Saint Laurent de Paris para Los Angeles.

Apesar da desaprovação do público, todos estavam à espera de sua primeira coleção para realmente julgar. Então, aconteceu. No verão 2013, Slimane apresentou uma coleção bem boho-chic, e seus chapéus viraram sinônimo de adoração. Os fãs aprovaram, mas dizem que é a segunda coleção que define. Nessa semana, o inverno 2013 da Saint Laurent foi apresentado em Paris com a direção de Hedi Slimane, e não estou exagerando quando falo que, dessa vez, foi sinônimo de ódio. Slimane brincou com o fogo, e definitivamente foi queimado. Seu tema foi o grunge, estilo que é bem apedrejado hoje em dia pelos amantes da moda. Como Slimane não soube usá-lo de uma maneira que o deixaria irresistível, recebeu críticas de todo canto por sua coleção ser podrinha – poderia muito bem pertencer à uma marca nova e sem muito recursos, algo inaceitável para uma grife que já tem mais de 50 anos. O apelido que os fãs da grife deram para essa coleção? “RIP YSL”.

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Já de cara, Givenchy mostrou que sua coleção era assunto sério. Na entrada do desfile, o público recebeu uma pequena carta escrita por Antony da banda Antony and the Johnsons, na qual ele descreve a situação humana atual: “Nós criamos nossa sociedade da imagem do homem. Mas agora a ecologia está em colapso. Nós abusamos dos corpos das mulheres e do corpo da Terra do mesmo jeito. Nós estamos chegando ao fim da História. Nossos antigos métodos de sobrevivência como uma espécie estão se tornando a causa na nossa queda. Os homens precisam achar a humildade para recuar. Mulheres precisam tomar um passo à frente e começar um novo caminho adiante para as nossas espécies e para toda a natureza. Se há de existir um futuro na Terra que nos inclua, esse será feminino”.

Palavras fortes para uma coleção forte e verdadeira, que representa a esperança que a mulher é para a sociedade. A última esperança. A mulher de Tisci tem uma beleza estranha, com moletons estampados, jaquetas de couro, saias abaixo dos joelhos, estampas floral e botas. O estilista declarou que escolheu olhar para si mesmo, e não para o passado da Givenchy. Foi isso o que tornou a coleção tão real e sentimental.

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Modelos desfilando em volta de um globo gigante: essa é a representação do poder que a Chanel tem por todo o planeta. Em uma coleção repleta de casacos imensos e muito bem estruturados, Karl quase que não quer que você use calça, mas sim mini saias e botas que ultrapassam os joelhos. Mas, ele não foi tão mau assim: às vezes uma calça de couro, e até uma rara calça jeans. Karl continua anti-saltos, e suas botas e mocassins vêm num salto quadrado e super confortável. É a Chanel clássica, mas de um modo diferente.

Mais do que qualquer estilista, Karl sempre consegue manter o estilo original da grife com uma pitada de novidades e tendências indiscutíveis. É como se ele subisse um degrau a cada nova coleção. Sim, a Chanel domina o mundo. E, ainda que Coco tenha sido a mente criadora disso tudo, se não fosse por Karl dar continuidade a esse maravilhoso Império, a Chanel que nós conhecemos hoje definitivamente não seria a mesma. “O esperado é que alguma hora Lagerfeld vai decepcionar – certo? Não agora, não ainda” o jornal WWD declarou.

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