17 de mar. de 2013

Review: Glee, 04x16 – Feud

primeira

por Amanda Prates
(Twitter - O Que Vi Por Aí)

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

Um dos pontos que mais me agrada em Glee é a não-linearidade nas cenas em um único episódio, algo que seus roteiristas e diretores sabem fazer muito bem, e até conseguem conservar nesta quarta temporada, porém com menos primor. “Feud” veio como um daqueles episódios aleatórios, cheio de plots não muito importantes, mas que a gente precisa ver de quando em vez, e recheado de cenas alineares primorosas. Neste, todas as tensões da série foram colocadas sobre os palcos, para que os envolvidos pudessem resolvê-los (ou pelo menos tentassem) com música (oh, novidade!). Algumas dessas rixas já eram antigas, outras foram colocadas propositalmente e até soaram artificiais, mas renderam boas performances.

Tudo começa quando os membros do Clube Glee decidem tentar resolver o problema entre Finn e Will, já que este último vinha sido muito arrogante com o lost boy desde sua confissão do fatídico beijo em Emma, o que culminou com o cancelamento do casamento Wemma. E como absolutamente tudo em Glee acaba em música, a saída seria se ambos se enfrentassem nos palcos com um mash up de canções de artistas que também tiveram/têm lá suas rixas. A escolha não poderia ser outra: Backstreet Boys vs ‘N Sync, as duas maiores boybands dos anos 90 que dividiram opiniões e rixas entre os fãs na época. De um lado, Finn, com a canção “I Want It That Way”, do outro, Will, com “Bye Bye Bye”. Por incrível que isso possa parecer, essa foi a performance mais interessante do episódio, e a tentativa de sensualizar com aquela dancinha desastrosa do Finn foi épico! O ensaio de uma reconciliação entre os dois não deu em nada e Finn decidiu sair de Ohio (o garoto parece mais perdido do que nunca).

A partir daí, outras rixas foram postas em cheque, como a que se instaurou muito recentemente entre Blaine e Sue, pela entrada forçada deste primeiro nas Cheerios da professora sarcástica. Ambos se enfrentaram com canções das artistas mais polêmicas do último ano. Enquanto ex Warbler se fazia romântico com “I Still Believe” de Mariah Carey, Sue (tentava) sensualizar com muita cor (e até com uma mini motocicleta!) interpretando “Super Bass”, da exagerada Nicki Minaj. Blaine perdeu a disputa e teve de se render ao autoritarismo de Sue e se fazer uma cheerleader. Mas o que ela não imagina é que o moço planeja derrubar o time e, agora infiltrado entre as líderes de torcida, suas chances de triunfar são maiores. Há muito não se via a Sue que não media esforços para destruir o coral, e essa subtrama criada com Blaine pode render bons futuros episódios.

Ryder e Wade “Unique” também protagonizaram uma desavença. Depois da separação entre Marley e Jake, já que ela revelou ao moço que havia sido beijada pelo amigo, Unique tomou as dores da moça e foi exigir satisfações de Ryder, este, por sua vez, chamou-o de “cara”, o que não a agradou muito, já que “ela” prefere ser tratada como mulher. O rapaz não aceitou e ambos resolveram levar o problemas para a sala do Clube Glee com um mash up Elton John vs Madonna. A disputa musical agitou os membros do coral, mas acabou, mais tarde, numa reconciliação entre os dois, uma vez que Ryder recebeu uma forcinha de uma moça que ele conheceu virtualmente e um suspense foi criado sobre essa paixonite repentina. Alguns apostam que a misteriosa mulher virtual seja Jake, fazendo vingança, outros preferem acreditar que seja Unique, sem uma razão visível. Essa foi uma boa sacada dos roteiristas que há muito não utilizavam e até parece um plot bobo da série, mas, se bem desenvolvido, pode também render uma boa subtrama para os próximos episódios. E, finalmente o Wade

“Unique” vai ganhar mais espaço, e era disso que eu mais necessitava ver em Glee, um personagem com tanto a oferecer, principalmente a história inspiradora que o Alex Newell deu a Ryan Murphy na primeira edição do The Glee Project.

Concomitantemente ao núcleo de Ohio, o de Nova York dava desfechos a subtramas que foram deixadas no ar nos últimos episódios, como a pseudo gravidez de Rachel que, por favor, né Ryan? Tanto alvoroço para um plot tão ridículo! Detalhes não muito releváveis à parte, a rixa entre Santana e Brody serviu para dar mais vida ao núcleo que estava começando a ficar enfadonho. Logo no início do episódio nos é revelado que o moço é garoto de programa, e Santana passou todos os 40 minutos tentando convencer Rachel de suas certezas. É ótimo ver como a personagem de Naya Rivera tem ganhando tanto espaço nas últimas semanas e como isso tem atribuído pontos a favor de Glee. Depois de ter sido chutada por Rachel e Kurt a.k.a. Gêmeas Olsen, por terem recebido reclamações vindas de Brody pelas ameaças da moça, ela mostrou que ainda preserva a essência Santana das primeiras temporadas, mas que ainda tem muito mais a oferecer. Ela saiu do loft dizendo que conheceu a Lena Dunhan (da série Girls) e que pode ir morar com ela, e ainda teve a audácia de invadir NYADA e cantar “Could Hearted” (Paula Abdul) como forma de exigir a saída do garoto de programa do loft sem que este dê justificativa alguma.

Ela não precisou ver a performance de “How to Be a Heartbreaker” (Marina and The Diamonds) para ter certeza da condição atual de Brody e botou a mão na massa armando uma cilada com um programa marcado com o rapaz, deixando-o nas mãos de Finn que, antes de sair da cidade para conseguir um diploma de professor, resolveu acertar suas desavenças e até soltou um “Fique longe da minha futura esposa!”. A performance de “Closer” fechou o episódio consistentemente e só fez confirmar nosso argumento de que esses últimos números musicais têm sido muito naturais, não tem soado como algo mecânico e coreografado e o cast se mostra mais livre e conectado como nunca se viu antes.

No mais, “Feud” mostrou que Glee ainda tem sim forças para se recuperar dessa oscilação entre o bom e o ruim, e que esses episódios aleatórios podem render plots até mais interessantes, sem contar que este pode ter contribuído para que percebamos que devemos ainda dar chance à série.

“How to Be a Heartbreaker”, de Marina & The Diamonds, interpretada por Brody (Dean Geyer) e Rachel (Lea Michele); veja aqui

“The Bitch Is Back / Dress You Up”, de Elton John e Madonna, respectivamente, interpretadas por Ryder (Blake Jenner) e Wade “Unique” (Alex Newell); veja aqui

“Could Hearted”, de Paula Abdul, interpretada por Santana (Naya Rivera); veja aqui

“Bye Bye Bye / I Want It That Way”, de ‘N Sync e Backstreet Boys, respectivamente, interpretadas por Will (Matthew Morrison) e Finn (Cory Monteith); veja aqui

“I Still Believe / Super Bass”, de Mariah Carey e Nicki Minaj, respectivamente, interpretadas por Blaine (Darren Criss) e Sue (Jane Lynch); veja aqui

◘ “Closer”, de Tegan and Sara, interpretada pelo New Directions; veja aqui

**** (4/5)

última

Próximo Glee: 04x17 – Guilty Pleasures (21/03)

0 comentários: