por Caio Coletti
(Twitter – Tumblr)
ATENÇAO: esse review contem spoilers!
Nene Leakes é uma das coisas simplesmente preciosas que The New Normal gosta de reconhecer as vezes que tem, mas na maior parte do tempo joga de escanteio. Por mais que a moça seja uma excelente escada para momentos cômicos liderados pelos protagoninstas (que não devem ser subestimados) da série, é bom vê-la mais perto do centro dos holofotes em uma história como essa de “Rocky Bye Baby”. O roteiro de Karey Dornetto, cuja única outra experiência na série foi o inexplicavelmente descartado “Para-New-Normal Activity”, joga uma pilha de elementos aleatórios numa mesma mistura e se sai com um sabor tão distintamente The New Normal que é simplesmente a prova de críticas.
Em meio a esses elementos, muita coisa funciona, e muita não funciona. A trama principal retrata Rocky (Leakes) se mostrando surpreendentemente animada para dar um chá de bebê para David e Bryan. As surpresas se amontoam quando Shania (Bebe Wood, outra pedra preciosa do programa) resolve tomar a dianteira do planejamento do mega-evento, escolhendo como tema “a efervescência artística dos anos 80”. O humor que The New Normal tira do pensamento precoce da garota é inesgotável. Jane (Ellen Barkin, we missed you!) resolve que precisa comprar um bom presente, e Clay (Jayson Blair) quer dar um chá de bebê para Goldie (Georgia King) para compensar quando ela estava grávida de Shania, e ele ainda era um marido negligente.
A melhor jogada de Dornetto é mostrar a mudança dos personagens. Georgia King está incrível como a pilha de nervos e hormônios que Goldie se tornou na estrada da gravidez. Barkin, além da mudança geral da atitude de seu personagem, tem a oportunidade de mostrar que vê o ex-marido da filha sob uma luz diferente, em um diálogo rápido e certeiro. E, por fim, Jayson Blair está cada vez melhor como um Clay tentando se redimir, muito mais adorável agora que a abordagem do personagem mudou. O jeito que The New Normal retrata o arco de transformação dos personagens é um pouco repentino, mas o ritmo da série dita isso, e a coisa toda costuma funcionar de alguma forma.
Aqui, a grande jogada é convergir boa parte dos personagens para uma agência de adoção para a qual Bryan e David doam os presentes recebidos no chá de bebê, uma vez que concluem que já tem muito para dar para o seu filho, e precisam retribuir. A série escapa do cinismo e da ingenuidade, como vem fazendo durante essa primeira temporada em cada um dos assuntos que escolhe abordar. E talvez seja isso que ela tenha de tão especial.
**** (4/5)
A televisão americana tem um sério problema com a serialização de seus programas semanais. Basta lembrar do caso da recentemente cancelada (e ótima) Don’t Trust The Bitch in Apartment 23, que deve a baixa audiência a uma estratégia estapafúrdia da ABC de exibir os episódios da segunda temporada intercalados com vários outros descartados na época da exibição da primeira (que só teve, oficialmente, 7 capítulos). O caso de The New Normal não é tão grave, mas exibir “Para New Normal Activity” como a décima oitava entrada da temporada de estreia, quando ele originalmente iria ao ar dez episódios atrás, não ajuda.
Não que o episódio seja ruim, mas ele era bem melhor quando vazou antes da (não-)exibição, semanas atrás. Primeiramente, é claro, porque na época era Halloween. Em Março, ele simplesmente parece um pouco deslocado. E, mais gravemente, porque a jornada dos personagens durante essa “brecha” de exibição do episódio é absurda para ser desconsiderada. Nas últimas dez semanas, a personagem de Ellen Barkin foi da água para o vinho (e mudou de cabelo!), o Clay de Jayson Blair está em uma jornada muito diferente, e a Rocky de Nene Leakes, bom, ela adotou um bebê! Ignorar tudo isso no decorrer desse episódio não é fácil. Mas, se o espectador conseguir, ele ainda é um bom exemplar de The New Normal.
A trama não foge muito do que se poderia esperar de um especial de Halloween dessa série: todo ano, Bryan, cujo feriado preferido é o dia 31 de Outubro, escolhe as fantasias dele e de David. Com a família maior dessa vez, o moço decide que irão todos como a família do reality show Honey Boo Boo. David e Shania, no entanto, tem objeções quanto a isso, enquanto Goldie é surpreendida pela visita do ex-marido, Clay, que quer ser um pai melhor para a filha. Isso tudo é uma desculpa para um desfile de maquiagens e figurinos bizarras (Ellen Barkin como Endora é um deleite), além de uma série de momentos bem sacados do roteiro sobre os personagens: o desabafo de Bryan sobre suas fantasias loucas e o diálogo entre Shania e Jane perto do final são preciosos.
Nicole Richie interpretando a ela mesma e George Takei como um maquiador hilário temperam um episódio que poderia figurar entre um dos melhores, mais equilibrados e mais bem conduzidos da série. Se não tivesse sido exibido de maneira tão deslocada.
**** (4/5)
Próximo The New Normal: 01x19 – Blood, Sweat and Fears (02/04)
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