por Isabela Bez
(Twitter – Tumblr)
O Brasil é conhecido mundialmente como um país animado e alegre. Nossos verões são sempre muito coloridos, e nossos invernos também, já que, comparando com países realmente frios, quase não temos inverno. Mas, devido à maneira que a moda está se manifestando ultimamente, isso está sofrendo uma modificação. Nas semanas de moda internacionais, é época de cores muito escuras e muito claras. Quando algo colorido aparece, sempre está sendo anulado por uma peça branca ou preta. A moda está mais clean e sofisticada.
No nosso país, não foi diferente. As marcas que apresentaram no SPFW manteram sua paleta de cores muito limitada, e até marcas como a Neon, que é conhecida pela sua representação energética do Brasil, tiraram um pouco o pé do acelerador. Ainda por conta do ajuste ao novo calendário da semana de moda brasileira, vários estilistas como Gloria Coelho e Reinaldo Lourenço ficaram de fora, mas é certo que a representação das cores não mudaria lá essas coisas, já que são dois estilistas um tanto minimalistas e clean.
Voltando ao caso da Neon, e também da Forum, o esperado mesmo eram looks extremamente brasileiros, como visto em suas últimas coleções, nos quais as duas adotaram um Brasil bem carioca. Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu. A moda está deixando o exagero de lado, o que pode ser muito bom, mas não quando todos os estilistas representam a mesma mulher. A moda anda representando uma mulher “internacional”, que não tem país.
No entanto, uma marca – a menos esperada, eu diria – surpreendeu. Com a coleção Rock’n’Soul, a Cavalera fez uma celebração à música e à individualidade brasileira, num desfile que mais foi festa do que desfile. Os modelos não desfilavam, eles dançavam ao som de músicas que foram hits nos anos 70, época em que reinava a ditadura militar, e os jovens só queriam sua liberdade de expressão. Sua paleta de cores foi extremamente colorida, e até rolou uma camiseta estampada com o rosto do Mick Jagger.
Os looks foram inspirados em ícones da época, com direito a calça de boca de sino e vestidos longuíssimos. James Brown e o grupo musical Jackson 5 foram inspiração na hora de fazer sapatos modernos e estampas coloridas e tecnológicas. Do Brasil, a inspiração maior foi de artistas que lutavam contra o sistema, como Gal Costa e Maria Bethania, que abusavam da saia longa e do top cropped. Além disso, houve muito patchwork e estampas geométricas, étnicas e tropicais. Tudo isso “culpa” de Marcelo Sommer, que acabou de assumir o cargo de estilista da marca.
Pode se dizer que a moda está se desgastando e ficando sem criatividade. Principalmente a do Brasil, que ultimamente mais copia as tendências de fora do que realmente cria. Nesse SPFW, é certo afirmar que a Cavalera foi uma das únicas “que salvou”, se inspirando numa época difícil para os brasileiros, e mostrando como a arte, música e moda andaram juntas como ferramentas para representação da necessidade de expressão individual. Um desfile único, que saiu do comum e mostrou que os grandes estilistas ainda podem (e muito) inovar.
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