26 de dez. de 2013

Os 15 melhores (álbuns e singles) do semestre

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O segundo semestre de 2013 foi um tremendo passeio de montanha-russa para os fãs de música. Teve oferta mais do que farta em todos os gêneros, lançamentos com expectativa tão acumulada que jamais poderiam ser tão bons quanto todo mundo esperava e, depois de tantos altos e baixos, surpresas e decepções, estreias e “despedidas”, BOOM! Beyoncé chegou para mudar o jogo justamente quando ele precisava ser mudado. Com o lançamento de seu auto-intitulado quinto álbum de estúdio, a moça fez as estrelas do pop tomarem nota: daqui para a frente, música não deve mais ser só ouvida. Música precisa ser vista.

Porém, enquanto o mundo não segue o exemplo da diva, vamos definir que, para questões práticas dessa nossa lista de melhores do semestre, Beyoncé é out-concour. O visual album da moça merece um artigo próprio para ser destrinchado, e mais, seria injusto julgá-lo no mesmo patamar desses aqui listados, que não perdem seu mérito, de forma alguma, como excelentes peças de música. Que venham os quinze:

POP

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ARTPOP (Lady Gaga)

por iJunior

Um dos albuns mais comentados e divisores de opiniões que passaram por esse ano e um dos mais aguardados pelo mundo pop é definitivamente um daqueles de caráter bem pessoal, ao qual ou se ama ou se detesta, e que, em minha opinião, sendo amado ou detestado, deve ser admitido como uma das melhores obras pop do ano, senão da década.

O álbum vem a ser um tipo de The Fame, só que mostrando toda uma evolução artística e vocal de Lady Gaga, e diferentes dos dois albuns anteriores não carrega nenhum tipo de legado ou fase extremamente intensa e vívida em especial, como a grandiosa fase Monster ou a polêmica Born This Way. Mas também é diferente do primeiro album da artista por não possuir uma musicalidade tão próxima ou os famosos refrões repetitivos que tornaram a cantora tão famosa, e sim composições hiper bem trabalhadas com instrumentais carregados e superproduzidos que aparentam ostentar toda uma grandeza de um trabalho feito com muita dedicação.

O ARTPOP é um album de musicas potentes e especialmente feitas para a pista de dança (com exceção da melancólica e incrível “Dope” que se perde em meio às nostalgicas musicas dançantes que englobam o album em um todo) e ímpares, cada musica ali dentro possuem um caráter próprio e retira completamente qualquer sensação de homogeniedade como a que venho notando nos lançamentos dos albuns pop mais recentes, além de trazer diversos estilos musicais diferentes todos englobados no grande pop gerado pela artista. E falando em musica ímpar o maior exemplo disso é “Aura” que é,  na minha opinião, uma das musicas mais originais já feitas pela artista.  “Swine” é definitivamente uma das melhores produções eletrônicas do ano, por ser rica de uma forma que carrega uma identidade excêntrica e impressionante, eu diria até “teatral”, onde tanto o vocal quanto o instrumental fazem jus ao nome da musica de uma forma sinérgica e direta como nada da artista visto anteriormente, mas que ainda não abala um dos refrões mais geniais que tenho ouvido em “G.U.Y”, assim como cada faixa tem um lado especial para cada ouvinte e fica muito dificil listar quais são as mais indicadas.

De uma forma geral o ARTPOP é um album para sentir, é para dançar e esquecer da vida, embora carregue toda uma intercalação de composições e ritmos, é ímpar trazendo um pop no qual cada faixa é rica por si só. Ao meu ver, não cabe a mim nem a ninguém  julga-lo. O ARTPOP é pra ouvir e vivê-lo, é uma expêriência musical de extrema importância para qualquer fã de musica pop amar ou odiar, como disse no início, e justamente por isso, cabe a cada um sentir e julgar se ele devia ou não estar aqui nessa lista.

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Swings Both Ways (Robbie Williams)

por Rodrigo Moura

Fãs de  Robbie Williams aguardam uma dobradinha de Swing When You're Winning há anos.  Agora que a temos, podemos desfrutar de um CD tão completo quanto o primeiro, mas com algumas projeções diferentes, o que mostra toda a versatilidade que ele tem, indo do puro pop britânico ao swing sem quedas na qualidade da setlist ou de seus duetos.

Seguindo a cronologia do álbum, temos “Shine my Shoes” e “Go Gentle”, que mais uma vez junto de Guy Chambers nos faz babar de formas diferentes: em “Go Gentle” por mostrar o quão apaixonado este rapaz é por sua pequena e adorável Teddy, e acredito que seja o sentimento de cada papai de primeira, segunda ou terceira viagem: "If you need me I'll be there/ When you want me I'll be there for you"; e em “Shine my Shoes” me faz lembrar o quanto esse rapaz pode ser displicente em suas letras, assim como foi em Strong e tantas outras, dizendo de forma sagaz aos que não o amam, mas não o deixam: "Come up and see me, I kind of like the abuse".

E aí começam as surpresas! “I Wa’na be Like You”, que sinceramente é tudo o que Olly Murs quer ser: um Robbie, visto que é um grande fã do cara e fez a abertura de toda a turnê Take the Crown. A música ficou incrível com os dois, só perde para a versão do filme Mogli por toda a magia da cena. “Swings Both Ways” é incontestavelmente a música mais divertida do CD e não só pela contribuição do Rufus Wainwright, que é uma lenda, mas por toda a brincadeira que acontece dentro da música com aquele finalzinho ambicioso em que Rufus afirma que "Robbie, you're a little bit gay"!

Temos aí “Dream a Little Dream”, que além de trazer de volta Lily Allen, nos mostra o quão conveniente foi essa parceria. Lily poderia gravar um CD de Swing que certamente seria um sucesso. Daí pulamos direto para “Soda Pop” em parceria com Michael Bublè. Vou passar essa pois não tenho frieza para comentários de um trabalho com esses dois na vanguarda. Então voltamos a sonhar com “Snowblind”, que pra mim é uma das grandes emoções do CD. Definitivamente a minha "Mr Bojangles" neste trabalho. Pra não me estender, pulo direto para “Minnie The Moocher”, que foi pra mim uma revelação na voz do Robbie. Todo aquele rasgado no início e estou ansiosíssimo pra vê-lo conduzir essa canção ao vivo no DVD, levando em consideração o grande entertainer que ele é.

Enfim, este CD, como o anterior no mesmo estilo, mescla entre suas faixas alegria e magia. Faz com que uma alma apaixonada por música possa encontrar a leveza do estilo, a paixão nas letras e o amor com entrega em cada verso cantado e em cada parceria. Como sempre digo: Só mesmo o Robbie pra me fazer sorrir e chorar num intervalo de 50 minutos e pelo mesmo motivo: amor!

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Prism (Katy Perry)

por Fernanda Martins

O ano de 2013 foi um ano de espera crucial para os fãs de Katy Perry. E eu me incluo nessa. E vamos começar do início, então? Ao contrário do que muitos falam, Katy se manteve, sim, bem firme em sua proposta no seu novo album. É possível ver o grande acervo de composição e criação que sua equipe, e principalmente ela, tiveram em PRISM. Aos que falam que ela se perdeu, eu digo: ela sabe exatamente o que quer – “Legendary Lovers” está aí para mostrar que a essência dessa "nova era" está presente e que ela é realmente capacitada como cantora, e mais do que isso, como compositora - todas as músicas desse novo album teve aquele dedinho da senhorita Kátia.

Dentro desse acervo de músicas da "nova era" - sem contar “Legendary Lovers”, já citada acima, podemos colocar na lista: “This Moment”, “It Takes Two” (minha preferida, diga-se de passagem), “Choose Your Battles”, “Dark Horse” (e ainda acho que ela deve apostar numa pegada mais "nigga" como esta), “Walking on Air” (me lembrou um pouco a batida dos anos 80) e “Double Rainbow”. Além do mais, podemos dizer que ela, como uma artista que tem a sua marca registrada, não deixou passar algumas de suas "manias" (lindas) de escrever músicas mais lentas e de uma sinceridade ímpar como “By the Grace of God” - a qual poderíamos ligar com “Lost” (do primeiro album como Katy Perry, One of the Boys) e com “Not Like the Movies” (da era Teenage Dream).

Katy Perry teve, ao meu ver, uma jogada muita importante em suas mãos: conquistar aqueles que não foram agradados pela era Teenage Dream e manter seus fãs de carteirinha ainda mais ao seu lado. Ela como ótima estrategista (no melhor sentido da palavra), deu a medida certa naquilo que se pode chamar de "nova era" e ponderou as músicas deixando, como sempre, seu carimbo em mais um álbum.

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ROCK

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Right Thoughts Right Words Right Action (Franz Ferdinand)

por Caio Coletti

Poucas bandas de rock surgidas no século XXI tem uma marca e uma base de fãs tão forte quanto a do Franz Ferdinand. O The Killers talvez tenha algo parecido, e o Two Door Cinema Club pode estar começando a construir a sua, mas os quatro rapazes de Glasgow, na Escócia, são provavelmente os únicos que podem se dar ao luxo da passar quatro anos em absoluto silêncio e, logo em seguida, voltar com uma coleção de inéditas tão celebrada quanto Right Thoughts Right Words Right Action, quarto álbum de estúdio da banda. O intervalo entre o estruturalmente ousado Tonight: Franz Ferdinand e esse novo álbum, no entanto, foi provavelmente a melhos decisão que Alex Kapranos e companhia tomaram, tanto artística quanto mercadologicamente.

Para começar, a distância permitiu ao Franz uma perspectiva mais clara do que os fazia ser uma das bandas de rock com assinatura mais distintiva da atualidade, e resgatar dos dois primeiros álbuns vários elementos que construíram a identidade. O lead single “Right Action”, mostra isso com clareza e um som mais orgânico e direto do que qualquer coisa do Tonight, e a excelente “Love Illumination” está aqui para provar que ninguém compõe ganchos pop para canções de rock tão bem quanto Kapranos. A melodramática “Goodbye Lovers & Friends”, que fecha o álbum, mostra que o compositor/frontman da banda também não perdeu a tendência ao teatral, nem a língua ferina nos versos. Da mesma forma, a esquizofrênica e ótima “Stand on The Horizon” vem para comunicar que a banda não perdeu a vontade de inovar.

Há quem possa dizer que Right Thoughts Right Words Right Action é um álbum que se sustenta pura e simplesmente por estilo, e não por substância, e talvez ele realmente seja. É na agilidade e na elaboração genial dos instrumentais, passando pelas batidas de disco e os timbres de guitarra mais bem colocados que qualquer coisa que o Two Door jamais fez, que o disco mostra sua alma e seu propósito. Um aspecto extremamente novo que a maioria dos críticos não notou, no entanto, é que essa tendência que o Franz abraça é a radicalização de uma música que diz muito mais nos sons do que nas palavras. Ou talvez Alex Kapranos só saiba que consegue se safar com qualquer coisa através de uma melodia suficientemente bem escrita.

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SOUL/JAZZ/HIP HOP/R&B

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The Electric Lady (Janelle Monae)

por Marlon Rosa

Verdade seja dita, Janelle Monáe é minha menina dos olhos. Vejam bem, eu não estou me colocando aqui como um fã; muito pelo contrário, pra mim Janelle passa longe do tipo de cantora que eu ouço repetidamente, incansavelmente e trivialmente. Se eu estou no shuffle e alguma música dela toca de repente, é como se eu passasse de um simples bebedor de vinho comum para um Sommelier estudado e com anos de experiência: dá vontade de ficar ali, só cheirando, balançando e experimentado cada dose.

Em The Eletric Lady, segundo álbum de Monáe, ela encontra uma forma de mostrar um pouco mais de si através do hip-hop, soul, funk dos anos 70, gospel e rock, além de ainda fazer referência a Phillip K. Dick, escritor de ficção científica. O álbum mostra duas aspirações de Janelle: de um lado ela busca por liberdade e loucura como acontece por exemplo em “Q.U.E.E.N.” e “Dance Apocalyptic”; do outro, temos o emocional, ligado mais intrinsecamente a solidão. "It's Code" e "Can't Live Without Your Love" são bons exemplos disso. Janelle Monáe trouxe para o cenário musical de 2013 um álbum sem medo de experimentações e julgamentos, algo que só a pretensão de Monáe conseguiria fazer.

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The Marshall Mathers LP 2 (Eminem)

por Caio Coletti

Nem todo grande artista precisa ser uma ótima pessoa. Embora haja evidências tanto contra quanto a favor dele, tudo indica que conviver com o rapper Marshall Bruce Mathers III, que atende pelo nome de Eminem, seja um verdadeiro inferno. Seus versos minóginos e homofóbicos resvalam, quando não caem de cabeça, no ofensivo, e uma boa parte de seu atual status comercial, vamos ser sinceros, veio da reciclagem e eterna réplica e tréplica das polêmicas que causou com suas letras. Com vinte anos de carreira nas costas, já quadragenário, porém, o moço ganhou tanto o direito de ser auto-referencial quanto a prerrogativa de enfrentar os demônios que ele mesmo construiu. Parte do prazer de The Marshall Mathers LP 2 tem a ver com essa consciência kármica que a ofensa volta para assombrar o ofendido, mas não bastaria esse descarrego de energia se Eminem não fosse tão inegavelmente talentoso quanto é.

Ninguém, e eu repito, ninguém no grande mercado do hip hop hoje em dia tem o mesmo senso de ritmo lírico, a mesma ligação quase orgânica com a batida, a mesma intensidade de interpretação e cadência, a mesma forma quase poética de lidar com as palavras sem escapar demais da linguagem do seu gênero. “It’s not hip hop, it’s pop”, dispara o próprio Eminem na impactante e triunfal “Rap God”, emulando os críticos puristas que clamam que a popularidade o fez desvirtuar a música das raízes do rap. Impossível negar que o moço faz hoje uma mistura bem ramificada, que passa pelo rock de garagem setentista a tendências de música trap e o que há de mais novo em termo de eletrônica. É um som sempre extremo e violento, mas que carrega consigo a sutileza de quem o orquestrou – mérito também ao produtor do álbum, o afamado Rick Rubin (Adele, Lana Del Rey, Kanye West, Lady Gaga, Black Sabbath).

Acima de qualquer coisa, The Marshall Mathers LP 2 é sobre consequencias, sobre envelhecimento e, especialmente, sobre culpa. É impressionante o remorso que transparece através de “Legacy”, “Asshole” (com Skylar Grey) e “The Monster” (quarta parceria com Rihanna), para citar exemplos mais palpáveis. “Bad Guy” abre o álbum contando a história fantasiosa do homem que matou Eminem, soando como uma continuação espiritual para “Stan” e lidando com questões que o rapper nunca tocou antes. “Headlights”, parceria com Nate Ruess lá perto do final do álbum, vê Eminem se desculpando para sua mãe, e dizendo que se sente mal quando ouve a violenta “Cleanin’ Out My Closet”. As desculpas de um  homem responsável por sua própria ruína não deveriam emocionar, principalmente quando a faixa de fechamento, “Evil Twin”, garante que o Eminem real e aquele que dispara absurdos preconceituosos nos versos é o mesmo.

Como arte e como personagem, The Marshall Mathers LP 2 e seu criador são extremamente fortes, quase uma fábula para prevenir contra as consequencias dos nossos atos no futuro. Que o próprio Eminem tenha se tornado essa espécie de cautionary tale, no entanto, não é nem um pouco belo. É pura e simplesmente triste.

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INDIE/ALTERNATIVO/FOLK

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Tales of Us (Goldfrapp)

por Caio Coletti

A fama do Goldfrapp de ser uma verdadeia caixinha de surpresas não veio à toa. Do álbum de estreia, em 2000, até esse Tales of Us, lançado no último Setembro, o duo britânico nunca lançou dois títulos de estúdio com sonoridade parecida. Sexto título da discografia, esse novo álbum segue na direção oposta do anterior, o sublime Head First de 2010, e é surpreendente como isso não significa que ele não seja igualmente bem pensado e executado. O que três anos atrás éra pura nostalgia disco com pitadas de dream pop e extravagância visual com referências aos anos 80, em 2013 virou um amálgama de folk, sintetizadores espaciais e evocação folclórica.

Tales of Us é uma jóia que brilha para o ouvinte de anos atrás, como se tivesse passado por uma máquina do tempo e sobrevivido como uma lembrança de coisas perdidas, angústias passadas e saudades de então que viraram meros brilhos de sentimentos hoje. Mestres da orquestração que são, Allison e Will Gregory colorem essa elaboração temática tão evasiva com um instrumental igualmente delicado: a maioria das canções é levada por escalas dedilhadas em um violão acústico que se choca lindamente com a voz sempre éterea, mas aqui especialmente expressiva, de Allison. Essa oposição encontra o auge na belíssima “Annabel”, mas produz também, entre outras, a medieval e épica “Alvar”.

Quando sai desse esquema simples, Tales of Us consegue soar ainda mais deslumbrante. Na elaboração mais pop de todo o álbum, “Thea”, a melodia fácil ganha toques eletrônicos, cordas sintetizadas e uma batida discreta que quase faz lembrar o Supernature, álbum de 2005 do duo. A insinuante “Stranger” pulsa com energia sexual e com uma intervenção orquestrada abrupta, enquanto os filtros de voz em “Jo” fazem Allison soar como se estivesse cantando através da recepção cheia de ruído de uma comunicação interplanetária. “Ulla” chama os ouvintes para as profundezas cheias de segredos dos oceanos, ecoando Feist e Sade, mas sendo, assim como o álbum todo, surpreendente e distintivamente Goldfrapp.

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Night Time, My Time (Sky Ferreira)

por iJunior

Como uma das maiores e melhores surpresas de 2013, ou simplesmente um dos albuns mais esperados do ano, a cantora, atriz e modelo descedente de brasileiros Sky Ferreira conseguiu depois de experimentar todos os estilos musicais, melodias e visuais que podia (que foram bem registrados em seus EPs anteriores), surpreender com o album Night Time, My Time a todos que, acredito que assim como eu, depois de ouvir tanto material da cantora já não criava expectativa pra algo, simplesmente esperava. E veio, veio de uma forma surpreendentemente bem elaborada e produzida. Sky permaneceu com sua imagem um pouco melancólica e seu jeitão blasé de ser, sem perder quem era, porém, com um conjunto de músicas realmente bem casadas entre si e uma musicalidade de altissima qualidade.

O album pode soar um pouco homogêneo na primeira audição por conter uma produção semelhante entre as faixas (o que faz parte de toda uma identidade gerada alí)  para alguns mas é só uma questão de aprender a compreender e admirar faixa-a-faixa e se perder em todo o mistério e a melancolia, ora revoltada, ora sensível, disposto nesse album, com vocais de não se por defeito e uma cara só dela. O album abre com uma das faixas mais originais que pude ouvir nesse ano intitulada “Boys”, uma musica fortemente composta por um conjunto de vocais da cantora e um instrumental que hora canta por sí próprio que já faz jus ao restante do album inteiro, dando abertura pra uma das mais impressionantes experiênciais musicais que se pode ter.

Night Time, My Time vem a ser um daqueles albuns aparentemente bem pessoais que trazem musicas que de alguma forma conseguem te incorporar ao personagem e fazer parte de toda aquela atmosfera símbolo e resultado da construção de uma artista, que além de trazer referencias musicais das três décadas passadas consegue trazer turbilhões de sentimentos e reações desde o ar revoltado de “Nobody Asked Me (If I Was Okay)” até o pop doce e sentimental de “I Blame Myself” com uma das letras mais sensíveis dentre todas do album. São musicas polares, ímpares,   porém todas sempre com algo em comum, algo que só quem ouve pode dizer.

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Paradise Valley (John Mayer)

por Clara Montanhez

John Mayer, em seu mais recente album Paradise Valley, continua na mesma trajetória que tinha começado em seu album anterior Born and Raised: a abordagem puxada para o country, e mais precisamente para o folk. Afastando-se do pop rock/blues, no qual construiu sua carreira, John arrisca-se nessa nova área totalmente voltada para as raízes americanas, muitas vezes adotando em suas músicas harmonias e andamentos já bem conhecidos, que são despertados em nosso inconsciente quando ouvimos o novo cd.

“You’re no One ‘til Someone Lets You Down” é exemplo claro dessa nova approach, conquistando novos seguidores e reconquistando aqueles que já acompanham o cantor. Não podemos esquecer, no entanto, a única música mais pop dentre as novas onze, contando com a participação ilustre de sua “nova” namorada, Katy Perry. A melodia de “Who You Love” é bem leve e descontraída, com os dois cantando de maneira muito suave um para o outro, dando a impressão de que não gravaram a faixa para os ouvintes, mas para eles mesmos. Apesar da drástica mudança de gêneros, só há razões para continuar acompanhando a carreira do excêntrico cantor, que não falha em ganhar nossos corações em cada novo album que lança.

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ESTRÉIAS

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Don’t Look Down (Skylar Grey)

por Caio Coletti

Para uma artista que estreou na Billboard em 2005, sob o nome de batismo Holly Brook e cantanto o refrão de “Where’d You Go” para o Fort Minor, foi um longo caminho até Skylar Grey conseguir seu merecido espaço próprio no mundo da música. Alguns anos como a escritora de ganchos e refrões preferidas de rappers como Dr. Dre, Lupe Fiasco, Eminem e Diddy-Ditry Money ganharam uma boa reputação no mundo do hip hop, e mesmo assim foi mais de uma repaginação até Skylar chegar, com sua gravadora, a “fase final” da imagem que seria vendida para o público. O estilo sombrio das melodias são casadas com letras violentas e cheias de sentimentos primitivos: vingança (“Back From The Dead”), frustração (a ótima “Wear Me Out”) e pulsão sexual (“C’Mon Let me Ride”, com Eminem) estão entre os pratos principais de um cardápio saboroso.

A verdade é que Skylar é ótima compositora e ótima cantora. Apesar da voz nada gigantesca, de alcance menos que impressionante, a moça sabe trabalhar bem com o seu timbre e entrega no álbum uma interpretação visceral e acertada atrás da outra. A produção coloca batidas quebradas para acompanhá-la, por vezes apostando no piano pop, por vezes num caminho mais eletrônico-sujo-épico (“Religion” é uma preferida fácil), até as já esperadas baladas de piano-e-voz (“White Suburban” e uma versão solo do hit “Love The Way You Lie”, que a moça escreveu e que Rihanna e Eminem fizeram famosa).

O hip hop é obviamente o que tempera o álbum todo, e é admirável que depois de tanto tempo, Skylar tenha encontrado realmente o gênero que melhor suporta seu estilo lírico e melódico. Isso salta aos olhos em uma faixa como “Shit, Man!”, argumentadamente a melhor do álbum, e em vários momentos salpicados no decorrer das 14 faixas – um pouco demais, mas perdoamos Skylar porque, afinal, ela teve que esperar por tanto tempo! Poucos artistas se mostraram tão maduros e confiantes em uma estreia, e ainda mais raros são aqueles que transitaram tão bem entre gêneros em 2013. Num ano em que nem todo mundo segurou as expectativas, Skylar entregou até mais do que prometeu.

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The 1975 (The 1975)

por iJunior

O albúm de estréia e autointitulado de uma das melhores bandas alternativas que surgiram Reino Unido, a The 1975, que vêm se construindo ao longo de um certo tempo veio de vez pra apaixonar quem se dispor a ouvi-lo. Dono de alguns dos melhores singles do ano, “Girls” e “Chocolate”, o album The 1975 trás uma sonoridade leve enquanto contagiante, e um dos melhores conjuntos de composições que se pode ouvir entre os albuns lançados esse ano.

Se na primeira audição você não se apaixonar pelo sotaque ou pelo jeito de cantar do vocalista Matthew Healy, que transborda um certo charme ostentado, você irá se encantar com  as incríveis rimas bem feitas e chicletes (de forma não enjoativa) que te farão decorar a musica em questão de poucas audições e não tirá-la da cabeça. O album possuí uma sonoridade diversificada e para todos os momentos, como aquela musica certa pra dançar, viajar ou pra ouvir num momento solitário de reflexão.

É um album sensível, jovem e bem contemporâneo embora ainda brinque com referência de musicas de décadas passadas, trazendo consigo aquela satisfação pra quem procura algo diferente do que anda tocando nas rádios e, com certeza, se apaixonar.

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DIVAS

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Closer to the Truth (Cher)

por Caio Coletti

Um bom álbum de diva não precisa necessariamente ser um ótimo álbum pop (embora haja aquelas que conjuguem as duas coisas). Basta ter uma produção decente o bastante e uma coleção de canções que realçem a personalidade da cantora em questão, e pronto, você tem a garantia de milhares – milhões! – de fãs indo a loucura. Junte isso a saudade acumulada de 12 anos sem um álbum de inéditas, e você tem Closer to the Truth, 25º (!) e mais bem-sucedido (!!) álbum de estúdio da deusa do pop Cher. A nem tão boa recepção do último, Living Proof, foi só incentivo para a cantora de 67 anos (!!!) reunir nesse novo o melhor pacote de canções que teve em suas mãos em mais de 48 anos de carreira (!!!!). E isso inclui o Believe.

Ao mesmo tempo que é muito mais dinâmico que a coleção de hits com dicas de sons latinos lançada em 1998, Closer to the Truth é uma exploração muito mais inteligente da persona pública de Cher, de sua identidade artística e de sua relação com o público, que espera dela exatamente os hinos eletrônicos que o novo álbum entrega. Dicas de disco e orientação orquestral colorem uma produção toda voltada para um tipo muito moderno de música eletrônica na primeira fatia do disco, com colaborações de nomes como Jake Shears (Scissor Sisters) e P!nk na co-composição de algumas faixas – “Take it Like a Man” e “I Walk Alone”, respectivamente. Tudo sem negligenciar a voz ainda gigantesca de Cher, que brilha em “Red” e “My Love”.

A segunda metade do enxuto disco (11 faixas, total de 41 minutos) mistura rock alternativo e country a produção sempre arejada e bem pensada do disco. Inclua nesse pacote a belíssima “Sirens” e o cover de Miley Cyrus, “I Hope You Find It”, que só destaca o quanto uma voz poderosa de verdade faz diferença em uma música. Num ano em que todas as suas “herdeiras” pop tentaram se reinventar e revolucionar o gênero, Cher mostrou que às vezes é muito mais sábio ir direto para o que você faz de melhor. E acredite, ninguém é capaz de batê-la no seu próprio jogo.

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Avril Lavigne (Avril Lavigne)

por Vanessa Dias

Como fã de Avril Lavigne desde a quarta série – quando cantava em um inglês meio enrolado singles como “Complicated” – é claro que também não via a hora de ver o próximo álbum da cantora completo. Mas quando foi divulgado, confesso que estranhei. Avril Lavigne mudou. Ouso dizer que esta mudança é maior que a que foi mostrada com o lançamento de The Best Damn Thing, quando a canadense trocou as gravatas pelo rosa e muitas caveiras de lacinho. A mudança agora não se trata no estilo da cantora, mas Avril cresceu. Essa mudança já pode ser notada no último álbum, Goodbye Lullaby, mas por ter se tratado de um álbum extremamente calmo e pessoal, ainda não pude ver esse amadurecimento de Avril nas músicas “habituais”. Ouvi o álbum uma vez, a estranheza com “Hello Kitty”, “Bad Girl”, e até a chiclete “Bitchin’ Summer” me fizeram torcer o nariz. Quando Avril havia ficado tão pop e comercial? Bom, como disse, Avril Lavigne mudou.

E, apesar de apresentar um clipe de tirar o fôlego dos fãs com “Here’s To Never Growing Up” , em que aparece vestida como se acabasse de sair do clipe “Complicated”, ela já não é a mesma. E para minha surpresa posterior, essa mudança se mostrou ótima! Avril não perdeu a juventude, mas suas músicas se mostram cada vez mais ousadas e bem produzidas. “Bad Girl”, a que me fez torcer o nariz no início, acabou me mostrando um rock poluído (no melhor sentido) que não via desde as músicas de Joan Jett. O auto-tune presente em “Hello Kitty” faz com que a música possa facilmente ser tocada em uma balada. Isso sem contar, é claro, as maravilhosas “Let me Go”, “Hush Hush” e “Give You What You Like”, provando que Avril pode, sim, estar na melhor fase de sua vida profissional e pessoal, mas sempre vai saber emocionar.

É o primeiro álbum da cantora com duetos, e deu super certo. Avril Lavigne acabou se mostrando a prova de que, sim, a cantora pode sempre ter a mesma carinha de 17 anos, mas amadureceu. E, sem perder a personalidade, acabou encantando e trazendo os fãs para acompanhá-la nessa nova fase.

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SINGLES

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“I Love It” (feat. Charli XCX) (Icona Pop)

por Caio Coletti

Com só 2m37 na versão do álbum americano das moças, e três partes compositivas relevantes na construção da música, “I Love It” foi a canção pop direto-ao-ponto do semestre e, muito provavelmente, do ano. Feita absolutamente sob medida para a pista de dança, com a letra espertamente iconoclasta de Charli XCX, a canção é a própria responsável pelas moças suecas terem pulado o Atlântico e lançado um álbum para o mercado ianque. O sucesso surpresa do single, que chegou ao #7 da Billboard Hot 100, veio através de infiltração na cultura pop (as meninas provavelmente deveriam agradecer Girls, que tocou “I Love It” lá em Janeiro), e da exposição gradual e insinuante de Charli no decorrer do ano, o que chamou a atenção para a canção.

A mistura coloca num mesmo pacote partes disfuncionais que, para a surpresa de qualquer um que ouve a música pela primeira vez, ficam bem juntas. Os versos são quase um grito de cheerleaders, com as duas vocalistas do Icona juntando as vozes para contar sobre “esse sentimento no dia em que você foi embora” – que ao contrário de na maioria das músicas pop, é um sentimento bom. O ritmo já insano acelera no refrão antêmico e extremamente propício para a geração Y (“I don’t care! I love it!”) e vai diminuir só lá na bridge, para benefício da espirituosa e acertadíssima letra, que termina com o já icônico verso: “You’re from the 70s, but I’m a 90s bitch”.

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“Royals” (Lorde)

por Marlon Rosa

“Royals”, apesar do nome, é na verdade uma crítica a todo consumismo e luxo presente na vida de astros pop e todo o estilo de ostentação. A simplicidade sonora da faixa, a poderosa letra e o foco nos vocais da compositora e cantora neozelandesa Ella Yelich-O'Connor, mundialmente conhecida apenas como Lorde, parecem ter sido a fórmula perfeita para a música se tornar um hit. Foi no EP The Love Club que “Royals” foi primeiramente apresentada ao público.

Liberado primeiramente e gratuitamente no Soundcloud, o EP conseguiu a marca de 60.000 downloads. Posteriormente, com a ajuda de programas de streaming como Spotify, a faixa chegou aos Estados Unidos, e foi uma questão de tempo até que atingisse a primeira posição da Billboard Hot 100, que é o principal termômetro do país. Esse acontecimento fez com que Lorde (16 anos) se tornasse a artista feminina mais nova a alcançar tal posto.

Apesar de ter sido bastante crítica com o trabalho de outras cantoras como Selena Gomez, Lana Del Rey (♥) e David Guetta, eu acredito que no fundo, o que ela quis dizer foi sobre a não identificação com as letras e composições destes respectivos artistas; direito que todas as pessoas têm, uma vez que gosto cada um tem o seu e etc. Isso não muda o fato de que, pra mim e acredito que pra muitos, “Royals” foi o hit do ano.

1 comentários:

Jorge R. disse...

De todos da lista, só gosto da Janelle Monáe, e fiquei satisfeito dela estar presente. Mas toda vez que vejo algo sobre o disco dela, quase nunca vejo algo sobre a música que dá título ao disco, Electric Lady com participação da Solange, e acho a melhor música de todo o álbum, e adoro mais ainda que seja uma "continuação" DE Q.U.E.E.N. Quando escutadas juntas, fica lindo.