por Rubens Rodrigues
Foi com Pânico, lançado em 1997 aqui no Brasil (e um ano mais tarde com Titanic), que eu conheci o cinema. Lembro de ter visto os dois primeiros filmes da franquia e ter achado o máximo. Eu nem tinha 10 anos ainda, mas Sidney Prescott e o assassino com máscara de fantasma grudaram na minha cabeça como sinônimo de terror. Afinal, diferente do psicopata que matava suas vítimas dentro de seus próprios sonhos (A Hora do Pesadelo) e dos demônios que eram libertados através de uma caixa mística (Hellraiser), Pânico trouxe um assassino possível.
O filme foi uma espécie de homenagem ao gênero de terror usando da metalinguagem, e teve seus méritos, pois se tornou um sucesso de bilheteria e inspirou franquias como Eu Sei O Que Vocês Fizeram... e Lenda Urbana. O problema é que quando Pânico 3 foi lançado o plot já não era novidade e o filme apresentou um roteiro arrastado e uma direção não tão cuidadosa quanto dos anteriores. Se o terceiro filme mostrou uma franquia desgastada, como o quarto cumpriria bem seu papel em tempos de Atividade Paranormal e Jogos Mortais?
Em Pânico 4, Sidney (Neve Campbell) é autora do livro de auto-ajuda Out of Darkness (“Saindo das Sombras”, em bom português) e está de volta à Woodsboro para promover o título. Dewey (David Arquette) agora é chefe de polícia e está casado com Gale (Courteney Cox), que largou a carreira de jornalista e não consegue mais inspiração para escrever. Logo o assassino Ghostface volta a agir, mas dessa vez o alvo é Jill – a prima da protagonista é o elo entre a geração atual e a clássica.
O diretor Wes Craven e o roteirista Kevin Williamson sabiam que para contar a história para um novo público teriam que se adaptar a era da informação instantânea e do live streaming, e é justamente onde o filme triunfa. A narrativa apresenta um grupo de cinéfilos que festeja todo ano o “massacre de Woodsboro”, como ficou conhecido o primeiro atentado à vida de Sidney. Os geeks registram em video toda a experiência na escola e na festa Stab-a-thon, onde a franquia Stab (o filme dentro do filme) é apresentada inteiramente em sequência.
Outro detalhe interessante é que alguns momentos fazem referência ao original, como a clássica cena em que Casey Becker, interpretada de forma sublime por Drew Barrymore, tenta salvar o namorado amarrado em uma cadeira durante um jogo de perguntas e respostas. Moderna, Hayden Panettiere mostrou que tem potencial para “rainha do grito” em uma verdadeira homenagem à participação de Barrymore – e porque não, ao próprio filme.
Aproveitando o gancho, a sequência inicial de P4 não ficou devendo nada às de seus antecessores. P2 trouxe um casal sendo assassinado no cinema, durante a exibição do filme Stab. No mais recente temos várias sequências de mortes dentro do próprio Stab até chegar às vítimas reais do assassino. Com introduções tão interessantes como estas, fica até difícil de acreditar na morna participação de Liev Schreiber em P3, que poderia ter ficado de fora.
Divertido do começo ao fim e com a medida certa de terror, Pânico 4 é o pacote completo. Wes e Kevin homenagearam o gênero e não economizaram críticas às franquias que perderam o ritmo depois de tantos filmes. Neve, David e Courteney, em uma sintonia incrível, mostraram que ainda têm fôlego para uma nova trilogia – por favor! No final, digo com facilidade que tenho orgulho de fazer parte da nova geração Pânico.
Nota: 9,0
Pânico 4 (Scream 4, EUA, 2011)
Dirigido por Wes Craven…
Escrito por Kevin Williamson…
Estrelando Neve Campbell, Courteney Cox, David Arquette, Hayden Panettiere, Kristen Bell, Anna Paquin, Emma Roberts…
111 minutos
“Meus amigos? Em que mundo você está vivendo? Eu não preciso de amigos. Eu preciso de fãs. Você não percebe? Isso nunca foi sobre matá-la. Foi sobre… me tornar você. Eu quero dizer, minha mãe teve que morrer para que eu ficasse igual a original! É doente, não é? Bom, doente é o novo são” (Jill Roberts)
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