29 de jan. de 2015

Gotham 1x13: Welcome Back, Jim Gordon

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Como toda história do universo de Batman que se preze, Gotham é governada por imperativos morais absolutos, impiedosos e inflexíveis – o que não significa, de forma nenhuma, que ela seja uma série maniqueísta. Em “Welcome Back, Jim Gordon”, a trama da Fox entrega o melhor exemplo dessa lógica complicada, na qual os personagens se movem o tempo inteiro por regiões cinzas do espectro moral, mas as definições mais puras de bem e mal, para além deles, são notavelmente rígidas. Tal e qual o ainda insuperável “The Balloonman” (review), essa 13ª entrada da temporada coloca Jim Gordon no centro das atenções para mostrar as consequências da justiça difícil que ele pratica como um dos poucos policiais honestos em Gotham City.

Outra semelhança com “The Balloonman” aparece na interligação das storylines de Jim e de Oswald, que se reencontram aqui para uma rápida e simbólica na cena na qual o detetive pede ajuda para o futuro super-vilão na resolução de um caso. As mãos de Gordon são atadas quando uma testemunha de um caso importante é assassinada bem dentro do prédio da polícia, e um detetive dos Narcóticos (interpretado de forma apropriadamente odiável por Dash Mihok, de Ray Donovan) protegido por chefões do alto escalão é o principal suspeito. Quando atinge um beco sem saída dentro de suas capacidades como oficial de uma instituição corrupta, Gordon recorre ao Pinguim, de forma semelhante a qual Harvey costumava recorrer a Fish quando precisava de informações. A decisão volta para assombrar o policial ainda nesse episódio, mas com certeza vai continuar reverberando de formas inesperadas no futuro – e é assim que Gotham nos diz que fazer as coisas certas por meios errados só atrai mais problemas.

Essa trama principal do episódio marca também o retorno de Gotham para o ambiente da delegacia e todas as intrincadas relações de corrupção que acontecem naquele lugar. Em poucos momentos a série da Fox é melhor do que quando resolve ser um retrato bem pontuado, incisivo, dessa instituição em que a própria mentalidade dos homens e mulheres de uniforme trai tudo aquilo que eles juraram prezar quando o assumiram. Ben McKenzie agradece o retorno desse lado da série, deixando que o fogo nos olhos de Gordon, a raiva que ele liberou repetidas vezes nos últimos episódios, permaneça seguro dentro de uma interpretação que nunca pode ser considerada sutil, mas é brutalmente eficiente.

Correndo paralela a todo o frisson dentro da GCPD está a história de Fish, que é torturada por um capanga de Falcone (interpretado por Michael Eklund, alguém lembra dele creepy em A Chamada?) até ser resgatada por Butch e começar a procurar vingança contra o Pinguim, a quem foi concedido o controle do seu antigo bar. É a história mais violenta e gráfica do episódio, que dá mais oportunidades à diretora Wendey Stanzler (Revenge, Arrow) para brincar com a linguagem dos quadrinhos e com as interpretações over-the-top de Jada Pinkett Smith e Robin Lord Taylor, se enfrentando cara a cara para decidir quem é o maior mastigador de cenários de Gotham no momento. É preciso dizer que, pelo menos dessa vez, a esposa de Will Smith sai vitoriosa com uma feroz e afetuosa encarnação da personagem que posou de vilã da temporada até o momento e que, provavelmente, vai tomar seu tempo até nos agraciar com sua presença novamente.

Em Gotham, ninguém nunca desiste de jogar o jogo de crimes, justiças e poder que fervilha tanto no submundo quanto nos órgãos oficiais da metrópole. Explorando o seu cenário de uma forma que os últimos episódios não conseguiram fazer, “Welcome Back, Jim Gordon” é uma fábula de retidão moral impecável, lógica quase kármica de retribuição, e observação aguda de personagens. Ou seja, é o melhor episódio de Gotham em 2015.

✰✰✰✰✰ (5/5)

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Próximo Gotham: 1x14 – The Fearsome Dr. Crane (02/02)

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