6 de jan. de 2015

Gotham 1x11: Rogues’ Gallery

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ATENÇÃO:  esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

“Rogues’ Gallery” é um dos episódios mais espertos de Gotham até hoje, e o é porque pega o espírito dos dois capítulos que o antecederam (“Harvey Dent” e “Lovecraft” – aqui) e vira-o do avesso para entregar algo ainda mais interessante. É como se, no curto espaço de tempo do holiday break, a série da FOX tivesse se dado conta que, agora que já estabeleceu as regras do mundo em que se localiza, precisa se tornar mais íntima daqueles que o povoam. A 11ª entrada da temporada nos leva para dentro do ostentoso portão de ferro do Arkham, para perto das negociações de bastidores da máfia, e para a motivação mais íntima dos seus personagens – e o resultado é um episódio brilhante.

A roteirista estreante Sue Chung é um talento a ser observado nas próximas temporadas de televisão, assinando um script bem-amarrado, com senso temático perfeitamente cristalizado e a noção de que Gotham precisa brincar com o kitsch para funcionar. Aqui, somos apresentados à bizarra coleção de criminosos insanos do Arkham enquanto acompanhamos os atribulados primeiros dias de Jim na instituição, marcados por uma sequência inexplicável de crimes caracterizados pela condução clandestina de terapias de eletrochoque que deixam vários dos pacientes em estados vegetativos. O administrador do Asylum, interpretado por gosto por Isiah Whitlock Jr. (Veep) garante que, mesmo com os terríveis problemas do local, as tais sessões de terapia não estão sendo conduzidas sob sua autorização.

A trilha-sonora e a fotografia brilham em “Rogues’ Gallery” enquanto somos familiarizados com o ambiente nada convidativo do Arkham, uma reflexão estourada da metrópole aos pedaços que foi a protagonista da primeira metade da temporada. Essa parte central da trama funciona largamente graças aos esforços sempre muito bem-vindos da série de construir seu mundo com riqueza de detalhes e comunicação direta com clichês e convenções dos quadrinhos e do gênero policial. Ben McKenzie continua sendo um centro forte na qual Gotham pode se apoiar, e a entrada de Morena Baccarin como uma personagem familiar aos fãs das HQs é muito bem-vinda – ela traz uma presença feminina não-vilanesca que foge dos clichês amontoados na personagem de Barbara, e cuja química com McKenzie é imediatamente identificável.

Enquanto temos um gosto do que é ver Gotham City por trás das fachadas deterioradas das suas ruas, também somos presenteados com uma eficiente exploração dos personagens de Robin Lord Taylor (Pinguim) e Drew Powell (Butch). Nosso gângster manco preferido é preso ao tentar agir à revelia de seu empregador, o chefão do crime Sal Maroni, e a atuação de Lord Taylor fala mais alto do que um episódio todo focado no personagem conseguiria: o Pinguim de Gotham é movido pela ira e a engenhosidade escorregadia de alguém que passou a vida sendo “a smart monkey; but a monkey”. Ao mesmo tempo, Butch é confrontado com a possibilidade levar vantagem caso decida se voltar contra Fish e se alinhar com outro dos subordinados de Falcone – Powell interpreta esse dilema moral da forma fria que o roteiro lhe exige, estabelecendo o personagem como uma força a ser respeitada na definição da direção em que a trama de Gotham vai seguir.

O mais bacana, no entanto, é que mesmo em meio a todo esse turbilhão de acontecimentos, Gotham ainda arranja tempo para construir um tipo deliciosamente insano como o Jack Gruber de Christopher Heyerdahl (conhecido do grande público como o Marcus de Crepúsculo) para movimentar a trama dessa e das próximas semanas. O ator claramente se diverte no exercício de devorar cenários que é esse personagem, e o espectador não consegue evitar de se divertir junto. Uma ótima história de mafiosos, um brilhante retrato de Gotham City, uma parábola sobre justiça centrada em um protagonista marcante, e uma das horas de televisão mais divertidas que você vai passar nessa temporada – bem-vindos de volta a Gotham.

✰✰✰✰✰ (4,5/5)

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Próximo Gotham: 1x12 – What the Little Bird Told Him (19/01)

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