2 de jan. de 2015

Você precisa conhecer: O pop orgânico e surpreendente do MisterWives

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por Caio Coletti

A nossa primeira indicação musical de 2015 é mais do que bem-vinda: o Misterwives é um triunfo da integridade artística, da sofisticação musical e da sensibilidade pop. Pode parecer exagero, mas é verdade que o sexteto nova-iorquino (centralizado no baixista Will, a vocalista/compositora/tecladista Mandy Lee e o bateirista Etienne) é a melhor banda pop a surgir em muito tempo. Descrevendo a formação da banda como um “feliz acaso do destino”, os três se juntaram em 2012 e ganharam contrato com gravadora logo depois do primeiro show oficial como Misterwives, lançando EP de estreia já em Janeiro de 2014.

Apesar de comentar que ainda não acredita em todo o sucesso (nos EUA, o single “Reflections” – abaixo –chegou perto do topo da parada rock da Billboard), a vocalista Lee confessou ao site The Triangle que tem uma ideia do motivo pelo qual a Misterwives é tão cativante para o público: “Nós não seguimos nenhum padrão. Não temos truques e artifícios chiques de produção. Somos só melhores amigos tocando juntos, e eu acho que as pessoas querem ver isso”. Difícil discordar dela ao ouvir o espírito enérgico e brincalhão do EP de estreia, homônimo ao single de maior sucesso.

O clipe bem-humorado da canção, aliás, foi filmado só depois de uma primeira tentativa que os integrantes da banda descrevem como “desastrosa” (“Tudo o que nós nunca queríamos em um clipe estava no primeiro clipe que gravamos”, resume Etienne). Apesar dos conselhos de que não se tratava de uma jogada esperta em termos de carreira, o MisterWives jogou o material resultante dessa primeira sessão no lixo e reconstruiu o conceito do início. “Nós não ligamos. Nosso único trabalho é lançar boa música, um bom produto, e algo no qual acreditamos. Esse é o objetivo. Acho que conseguimos isso com o segundo clipe”, conclui o baterista.

A música do MisterWives é uma curiosa mistura de folk, com influências de gente muito bem-sucedida no mercado atual (de Vance Joy à Mumford & Sons); e pop, na melhor tradição moderna de bandas como o Neon Trees e os veteranos do Maroon 5. O EP Reflection contem desde a sobriedade de “Coffins” (abaixo) até o delicioso chamado à pista de dança que é “Imagination Infatuation” (abaixo). Com quase nenhuma ajuda de sons sintetizados, os nova-iorquinos conseguem compor canções pop grudentas, dançantes e cheias de boas ideias melódicas, que mantem uma qualidade muito orgânica que faz falta nas paradas.

O intrigante nome da banda vem do termo mórmon “sister wife”, que descreve as várias esposas que um homem da religião pode tomar, e a relação de amizade que teoricamente cresce entre elas. Segundo a vocalista, o termo cunhado pela banda descreve sua relação com os parceiros: “Eu me casei com todos os garotos, e eles se tornaram amigos. Eu me deparei com alguns mórmons enquanto fazíamos a turnê, e eles não estavam muito felizes com o nosso nome”, ela ri.

O EP de estreia se completa com as faixas "Twisted Tongue", “Kings & Queens” (abaixo), e “Vagabond” (abaixo) – essa última acabou se tornando tema de Finding Carter, série dramática da MTV americana, computando mais uma canção bem conhecida pelo público para o MisterWives. Enquanto o álbum não sai (eles prometeram que isso rola em 2015), também dá pra curtir os covers que os nova-iorquinos fizeram para “Money on My Mind” (Sam Smith) e “Riptide” (Vance Joy).

Pra quem gosta de: Vance Joy, Maroon 5, Mumford & Sons, Of Monsters and Man, Neon Trees, No Doubt, Alex Kingston

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