15 de jan. de 2015

Person of Interest 4x12: Control-Alt-Delete

Control10

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Há algo de muito sutil em “Control-Alt-Delete”, apesar das informações telegrafadas em diálogos expositivos necessários para cobrir o plot de um episódio que nos é apresentado essencialmente do ponto de vista de uma coadjuvante. Essa sutileza está na construção de personagem e no discurso sobre a dúvida e a autoridade, encarnados em Control (Camryn Manheim), de volta pela primeira vez desde o finale do terceiro ano. O roteiro de Andy Callahan, em sua estreia na série, justifica os problemas com exposição de trama ao colocar sob os holofotes mais uma das muitas transformações de personagem de Person, e deixar mais do que claro o quanto elas fazem sentido. É uma característica muito especial que a trama da CBS sempre teve, essa de retratar a progressão de seus personagens de forma inteligente e integrada com o espírito da série.

É especialmente um prazer ver isso acontecendo com Control, porque Manheim é uma atriz de fartos talentos para emprestar para essa jornada de personagem. Ela volta à pele da oficial do governo responsável pela morte de centenas de “ameaças” detectadas pelos sistemas de vigilância com facilidade, vestindo os maneirismos de mulher durona para deixar transparecer, no fundo dos olhos e na mais delicada das expressões, o descontentamento tanto com a sua função quanto com a forma como o Samaritan conduz as coisas. O episódio começa quando Control dá as ordens para desmantelar uma suposta rede terrorista em Detroit, o que não dá muito certo quando um dos alvos desaparece e Samaritan nega a ela o acesso aos dados do computador do moço.

“Control-Alt-Del” é uma narrativa determinada a nos mostrar como andam as coisas “do outro lado da mesa”, algo que não tivemos a oportunidade de ver ainda nesse quarto ano, tão preocupado com as circunstâncias novas do #TeamMachine. Só por isso, já ganha pontos ao construir melhor o mundo de Person, apresentando os oficiais do governo como vítimas (mesmo que não tão incautas) das tramoias próprias do Samaritan. A máquina que deveria ser perigosa por responder a cada comando dos humanos que as controlam na verdade se mostrou um ente poderoso e de pensamento próprio, tanto quando a criação de Finch, mas com um coração muito menos humano. O objetivo final de toda essa operação comandada pelo sistema de vigilância ainda é obscuro, mas a extensão de seu poder fica cada vez mais clara. Não é exagero dizer, de certa forma, que nesse ponto de Person of Interest Samaritan está governando o país.

Quando os nossos protagonistas habituais aparecem finalmente em cena, é para desfilar diante de Control em uma cena tensa de interrogatório e mostrar que o que aconteceu com Shaw no episódio anterior não passou sem consequências. Jim Caviezel é sempre ótimo em expressar pesar e cansaço através da expressão dura de Reese, e exercita esses talentos com grande eficiência aqui – da linguagem corporal a forma de falar, o personagem muda completamente; Amy Acker também está brilhante, é preciso dizer, e nada pode bater Michael Emerson balançando constantemente entre a incredulidade e a esperança ao tentar ajudar os dois a encontrar Shaw. Apesar das declarações de Sarah Shahi para a imprensa de que talvez sua personagem não seja mais vista (“pelo menos por algumas temporadas”), é impossível prever exatamente o que Person vai fazer nas próximas semanas. Se continuar fazendo tão bem, no entanto, não vai ter ninguém reclamando.

Notinhas adiconais:

  • Muitas palmas para o diretor Stephen Surjik, veterano da série e do cinema (ele dirigiu as comédias Quanto Mais Idiota Melhor 2 e Loucos por Ela), que arquiva uma encenação classuda para um episódio que precisava desse refinamento visual para funcionar.

✰✰✰✰✰ (4,5/5)

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Próximo Person of Interest: 4x13 – M.I.A. (03/02)

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