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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
por Caio Coletti
A terceira temporada de Person of Interest, nós já estabelecemos lá no último review antes do holiday break, não é só o auge criativo da série até o momento, como também uma peça extremamente corajosa que subverte tudo aquilo que a trama sempre foi desde o início. É preciso destacar que tudo isso não é pouco, nem fácil, especialmente em uma emissora que coloca tantas amarras nos escritores como a CBS (embora recentemente o canal tenha se mostrado mais interessado em narrativas de qualidade). A questão é que, como qualquer processo de mudança, esse de Person tem seus perigos a serem evitados, o principal deles sendo, nesse caso, a substituição de um determinado ideal, que havia nos guiado até esse ponto da série, por outro.
É fácil destruir as presunções dos personagens e do espectador, e é um processo espetacular de ser acompanhado, mas é preciso que essas personas em tela (e, por conseguinte, as que estão do outro lado dela, assistindo) acreditem em alguma coisa para preencher o vazio desse mundo “de cabeça para baixo”. De qualquer outra forma, a narrativa simplesmente perderia o sentido de existir: sem mensagem, não existe comunicação. Tudo isso para dizer que Person of Interest está fazendo o trabalho a que se propôs nessa temporada com todo o cuidado do mundo, porque fomos dados uma nova premissa para acreditar. Repetidamente, nesses últimos episódios, a série tem atingido o mesmo ponto, dizendo que num mundo de ambiguidade moral e fatores complicados como privacidade, terrorismo, tecnologia e dinheiro, o que realmente importa – o que nos define e pode nos salvar – são as relações humanas.
“Aletheia”, primeiro episódio de Person em 2014, marca o ponto central da temporada resolvendo conflitos e abrindo outros novos para movimentar a segunda metade dos habituais 23 episódios da season. É uma hora de televisão muito mais concentrada na ação e em elaborações específicas de enfrentamento do que boa parte dos últimos três ou quatro episódios. A trama se divide em três focos depois de uma setpiece de ação que resolve o cliffhanger do episódio anterior: Finch, Shaw e Arthur, tendo o grupo Vigilance e os agentes governamentais no encalço, são encurralados em um banco onde estão os últimos drives restantes do Samaritan, programa de vigilância que Arthur criou à imagem e semelhança da Máquina de Finch; Root, que ajudou o trio a fugir dos agentes de Control, e aprisionada pela mesma e torturada; e Fusco continua tentando convencer Reese a não fugir de sua responsabilidade.
O roteiro fica por conta de Lucas O’Connor, apenas em sua segunda contribuição para Person, e tem suas falhas. É preciso destacar para além delas, no entanto, que conceitualmente a série ainda está no pico de sua habilidade: colocar Vigilance frente a frente com o grupo de Control é uma jogada extremamente inteligente para mostrar que existe muito pouco que Person não considere errado nesse vai-e-vem conceitual sobre tecnologia e privacidade. A desconfiança para com as autoridades ainda está aqui, mas parece que o terrorismo a favor da privacidade também não é o caminho. A exploração da certidão moral de Fusco, o crescimento do personagem de Arthur (para o deleite de um ótimo Saul Rubinek), a continuação da história de Finch com o pai, e o doloroso final com Reese definindo que não está dentro de seus limites de consequencia perder alguém que ele amava, todos esses detalhes parecem dizer que muito pouco do que fazemos não tem a ver com as pessoas ao nosso redor, e como elas nos marcam para sempre.
Observações adicionais:
- Amy Acker e Camryn Manheim são uma dupla e tanto em cena. Os momentos em que Root e Control contracenam são alguns dos mais tensos e bem atuados de toda a série.
- O episódio aventa uma ideia muito bonita, de que, para ter uma inteligencia artificial perfeita, é preciso que a propria constituição do programa seja imperfeita, “quebrada” como um ser humano.
**** (4/5)
Próximo Person of Interest: 03x13 – 4C (14/01)
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