26 de jun. de 2013

Review: A Disney domesticou a Pixar? As respostas de “Universidade Monstros”

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por Caio Coletti

Ninguém (ou quase ninguém) duvida que a fusão definitiva da Pixar com a Disney em 2006 foi um ótimo negócio para a empresa do Mickey Mouse. Desde então, os filmes da empresa do velho Walt voltaram às graças do público e da crítica e, sob o comando de John Lasseter, a Disney Animated Studios produziu alguns dos melhores longas de animação da última década, como Bolt, Detona Ralph e Enrolados. O problema é que o acordo pode não ter sido tão vantajoso para a Pixar, que deitou e rolou nos recursos gigantescos da Disney por um tempo (a era de ouro da Pixar veio aí, com Ratatouille, Wall-e e Up), mas aos poucos mostrou que as exigências corporativas de uma grande empresa podem ser difíceis de driblar.

Universidade Monstros é mais um de uma série de filmes explorando marcas estabelecidas do passado da Pixar que soa obviamente feito por encomenda, mas se beneficia da habilidade narrativa dos profissionais da empresa para, ao mesmo tempo, tentar ser um bom longa. Não há aqui a mesma força propulsora e valor nostálgico de Toy Story 3, o mais bem sucedido dessa carreira de continuações da Pixar, mas há um pouco mais de propósito do que em Carros 2 (e, agora, Planes, um spin-off que nem na empresa está sendo produzido). Sabendo que a chave para fazer a mágica funcionar é se conectar com o público que era cativo do primeiro filme, os roteiristas Daniel Gerson e Robert L. Baird carregam a história para o período de vida que a maioria das crianças e pré-adolescentes de 2001 estão passando agora: a universidade.

A história é bem focada em Mike, que passou a infância toda esperando pela oportunidade de entrar para a Universidade Monstros, local onde são formados os “assustadores” (monstros que entram nos quartos de crianças humanas para assustá-las em troca da energia dos gritos). Quando finalmente chega lá, porém, Mike percebe que suas dificuldades estão só começando, e depois de ser expulso do curso pela diretora Hardscrabble, ele precisa competir nos Jogos de Susto com a equipe mais improvável de todas para garantir seu lugar. Os roteiristas incluem na mistura alguns novos personagens cativantes, várias boas piadas (“eu tenho um dedão extra, mas ele não está comigo”) e uma mensagem bonitinha sobre perseverança e não deixar os outros definir quem somos.

Universidade Monstros, se não fôssemos julgá-lo como filme da Pixar, seria um dos melhores filmes da Disney dos últimos 20 ou 30 anos. É uma buddy comedy deliciosa e muito bem escrita, uma prequel mais do que satisfatória e um ótimo pedaço de entretenimento. As referências sutis ao filme original garantem pontos extras a um filme que não exatamente precisa deles. No entanto, em relação ao que a Pixar pode e sabe fazer, Universidade Monstros é só uma vírgula pelo caminho. O verdadeiro potencial da empresa provavelmente vai aparecer no ousado Inside Out, passado na mente de uma criança e protagonizado por suas “emoções”. É o novo projeto de Pete Docter, diretor do Monstros S.A. original. Claro, a gente não se importa se tivermos Procurando Dory no mesmo ano. Nem um pouco, eu diria.

 **** (4/5)

MONSTERS UNIVERSITY

Universidade Monstros (Monsters University, EUA, 2013)
Direção: Dan Scanlon
Roteiro: Dan Scanlon, Daniel Gerson, Robert L. Baird
Elenco de vozes: Billy Crystal, John Goodman, Steve Buscemi, Helen Mirren, Alfred Molina, Nathan Fillion, John Krasinski
104 minutos

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