27 de jun. de 2013

Estreia: “Under The Dome”, nova adaptação televisiva de Stephen King

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por Caio Coletti

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

O legado de Lost na televisão americana tende a ser bastante subestimado graças aos inúmeros críticos da forma como J.J. Abrams e companhia lidaram com o miolo e o desenlace da história. Não se deve cair no erro de negar a influência absurda da série (e de seu sucesso) na lógica de produção e na percepção geral do espectador em relação à televisão, especialmente na forma crua e enredada de lidar com os personagens, que passam por arcos cinematográficos de revelaçao e transformação. Under The Dome, em muitos sentidos, é uma discípula de Lost, e seria ingenuidade esperar outra coisa com Brian K. Vaughan e Jack Bender envolvidos.

Vaughan atuou tanto como produtor executivo quanto como roteirista em Lost, e aqui leva créditos de developer e, ao menos nesse piloto, escritor principal. Bender, por sua vez, era o diretor mais frequente da série dos perdidos, e assina dois episódios de Under The Dome (esse piloto é dirigido por Niels Arden Oplev, da versão sueca de The Girl With The Dragon Tattoo). A linguagem cinematográfica e a forma quase literária de lidar com os personagens fazem essa estreia da série parecer com tudo, menos com televisão. E não era exatamente a grande característica distintiva de Lost? Enquanto Carlton Cuse, outro dos nomes chaves daquela série, tentou recriar o clima de mistério com Bates Motel e acabou com uma trama que funciona muito melhor quando concentrada na relação íntima entre seus dois protagonistas, Vaughan ganhou a aposta e se saiu com uma série que engrena em todos os níveis, e aparentemente muito bem.

No piloto de Under The Dome, conhecemos os muitos personagens que povoam o livro de mais de 1000 páginas de Stephen King e agora ganham vida na televisão (com um elenco excepcional): a impressão mais forte é talvez formada por Julia (Rachelle Lafrevre, a vampira ruiva de Crepúsculo, extremamente cativante), uma jornalista cujo marido desaparece após a redoma eletromagnética descer sobre a cidadezinha pequena da história; ela acolhe em sua casa Dale (Mike Vogel, direto de participação marcante em Bates), um homem de motivos escusos que estava partindo da cidade e foi impedido pelo acontecido; conhecemos também Junior (Alexander Koch, o menos convincente do elenco até agora), garoto em idade universitária obecado por Angie (Britt Robertson), que por sua vez é irmã do curioso adolescente Joe (um ótimo Colin Ford); Big Jim (Dean Norris), pai de Junior, é o homem político forte da cidade que está escondendo algum segredo dos cidadãos.

Uma variedade de outros coadjuvantes nos é apresentada, mas do breve resumo já deu para apreender que o que Stephen King coloca na mistura é a conexão universal que parece unir esse tipo de comunidade pequena. King é um conhecedor profundo da natureza humana, mérito que não lhe é atribuido com a frequencia que deveria, e os prospectos do que ele pode fazer tendo esses tipos de personagens presos na cidade sob a misteriosa redoma são definitivamente empolgantes. Embora o crédito seja de King, essa é outra característica que Under The Dome divide, ainda que colateralmente, com Lost. A série dos perdidos sempre foi muito mais sobre os personagens e as formas como eles agiam entre si do que sobre a própria mitologia (prioridade inversa a da primeira temporada de American Horror Story, por exemplo), mas isso não impede que a história maior por trás de Under The Dome seja fascinante. Ela só nunca é mais fascinante do que seus efeitos.

***** (4,5/5, pelo potencial)

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Próximo Under The Dome: 01x02 – Into The Fire (01/07)

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