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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
por Caio Coletti
Qual é o cerne de The Blacklist? Por mais que a série mereça todos os elogios técnicos e conceituais que vem recebendo aqui nos nossos reviews semanais (e, a julgar pela indicação ao Globo de Ouro de James Spader, até em círculos críticos mais elevados), esse primeiro punhado de episódios da série tem lutado para encontrar o centro do que a faz uma peça de televisão com propósito de existir. O pulp é divertido, poucos espetáculos superam a interpretação de Spader, e existe um trabalho sólido de construção de narrativa que carregou a série até esse momento, mas é em “Mako Tanida” que a vocação temática de The Blacklist vem a tona. Ela se encaixa no que pode ser considerado um clichê da televisão americana: o conflito, e a eventual interligação, entre dois mundos.
Ser um clichê, no entanto, não é tão ruim quanto a primeira vista parece. Especialmente quando se trata dos fundamentos da narrativa, se encaixar no padrão é um bom começo para explorar as possibilidades particulares da sua premissa, e é isso que The Blacklist começa a fazer aqui. Existe uma riqueza de roteiro em “Mako Tanida” que é inédita na série, uma clareza impetuosa de ter “todas” as cartas na mesa e, por isso, ser capaz de jogar um jogo muito mais interessante. Algumas séries se dão bem na brincadeira de deixar ambíguas as relações e os caráteres dos personagens (The Good Wife é um exemplo perfeito), mas em The Blacklist isso não funciona porque a própria fundação da série consiste em sabermos quem são essas pessoas, e observarmos o quanto elas são parecidas – mesmo que tentem com tanto afinco não ser.
O blacklister da semana é o personagem título (Hoon Lee, conhecido dos fãs de Banshee), mas a história mesmo é sobre o Agente Ressler. Quando o criminoso japonês foge da prisão na qual a força-tarefa comandada pelo personagem de Diego Klattenhoff o havia colocado, ele começa a fazer visitas a cada um desses agentes para matá-los. A partir do momento que Audrey, a ex-esposa de Ressler, é morta em um conflito com o japonês, o agente do FBI é possuído por uma fúria de vingança inédita – e o episódio entra em uma série de cenas acertadíssimas. O subplot envolve a total revelação de Tom como um agente contratado por alguma força superior com o objetivo de vigiar Liz e, aparentemente, chegar até Reddington. A Jolene de Rachel Brosnahan e o Cowboy de Lance Reddick são as primeiras vítimas do novo “vilão”.
O lugar tomado no centro dos holofotes faz bem tanto para Klattenhoff quanto para Ryan Eggold, de quem este que vos fala nunca foi o maior fã. O intérprete do Agente Ressler agarra pela primeira vez a oportunidade de mostrar que o trabalho de pequenas doses nos episódios anteriores serviu para alguma coisa, e existe um pouco de profundidade emocional nos clihezões que definem o personagem. A ambiguidade moral faz bem para a performance do moço, e ele segura a tensão nos últimos momentos da trama com um trabalho sólido e acertado. Justamente o contrário acontece com Eggold, que parece se libertar das amarras das semanas anteriores e liberar seu lado iconoclasta, exalando fisicalidade e fechando com convicção o personagem de Tom.
Tudo isso acaba ao som de O Lago dos Cisnes, uma das escolhas estéticas mais espertas da série até agora, ao mesmo tempo bastante pulp e parte importante na construção da tensão e da atmosfera carregada do final. “Mako Tanida” é bem pensado, executado (direção e fotografia impecáveis), consegue divertir e ser denso ao mesmo tempo. Eu posso estar sendo precipitado, mas se for inteligente daqui para a frente, e costuma ser, The Blacklist pode finalmente ter se encontrado.
✮✮✮✮✮ (5/5)
Próximo The Blacklist: 01x17 – Ivan (24/03)
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