por Caio Coletti
(Twitter – Tumblr)
A influência social e artística da série Crepúsculo no mundo do entretenimento juvenil não poderia ser mais afirmada e reafirmada por números e histórias de quem viveu na pele o desenvolvimento dessa jornada. A criação de Stephenie Meyer atingiu um nicho, no cinema, que pode ser aplicado a pouquíssimas séries: Amanhecer – Parte 2, a conclusão da saga, ganhou o direito de ser feita muito mais para os fãs do que para o público em geral. É mais ou menos o mesmo que aconteceu com Harry Potter, que teve um capítulo final inegavelmente brilhante… para quem esteve com Harry desde o começo.
Portanto, se você quer uma dica, aqui vai: não asssita Amanhecer – Parte 2 se seu ânimo para a história de Bella e Edward terminou no decorrer de algum dos outros quatro filmes. Há aqui um apelo e uma condução que, essencialmente, fala mais alto para quem realmente se viu investido (ainda que contrariadamente) na história de amor pura e eterna de Meyer. Bella (Kristen Stewart) acorda como vampira depois de dar à luz a sua filha metade-humana e metade-vampira com Edward (Robert Pattinson), mas logo descobre que os Volturi, o clã de italiano introduzido em Lua Nova, espécie de soberanos no mundo vampiresco, confundiram a rebenta com uma aberração e não vão descansar enquanto os Cullen não forem punidos.
Para este que vos fala, se vocês me permitem uma inserção essencialmente pessoal aqui, Crepúsculo é uma história que sempre pertenceu ao cinema. A adaptação da novela original conduzida por Catherine Hardwicke (A Garota da Capa Vermelha) em 2008 mostrou uma proximidade tão sufocante que as sensações descritas por Meyer pareciam transpirar da tela. Era como se aquela história tivesse sido feita para ser vista e sentida assim, e não lida. A mesma sensação transparece em Amanhecer – Parte 2, e a bem da verdade também já transparecia na primeira parte. Crédito para o trabalho excepcional de Melissa Rosenberg, que conduz o roteiro da série desde o primeiro capítulo, em manter as forças e habilidosamente moldar as fraquezas do texto de Meyer. Neste filme, por exemplo, o clímax ganha um tratamento que supera o dado pela escrita em quilômetros – e, por outro lado, a criatividade da abundância de personagens e a maturidade de Bella e Edward que saltavam aos olhos no texto são mantidas.
Na direção, Bill Condon (Dreamgirls, Kinsey), também roteirista habitual, trata o texto com respeito e elegância, imprimindo um visual limpo e uma encenação bem ensaiada, ao mesmo tempo próxima e exata. Ele conduz bem também o elenco: Kristen Stewart, que já havia tomado o filme anterior para si, mantem o bom ritmo, emprestando humanidade e um recém-encontrado senso de humor à Bella vampira; Pattinson não reencontra o Edward intenso do primeiro capítulo da série, mas chega perto e mostra porque é uma das carreiras mais promissoras entre os jovens atores; Michael Sheen, na pele do líder dos Volturi, interpreta um deliciosamente odiável vilão, carregado de maneirismos, bem diferente daquele apresentado em Lua Nova – e bem mais interessante.
É claro que os fãs vão se divertir mais que os neófitos, mas quem apenas acompanhou a trajetória de Bella e Edward também precisa ser cego para não admitir que há certa beleza na história de Meyer. Um “para sempre” ainda é capaz de emocionar, sim. Basta as pessoas certas para fazê-lo acontecer.
A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 (The Twilight Saga: Breaking Dawn – Part 2)
Direção: Bill Condon.
Roteiro: Melissa Rosenberg, baseada na novela de Stephenie Meyer.
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Ashley Greene, Michael Sheen, Dakota Fanning, Peter Facinelli, Billy Burke, Mackenzie Foy.
115 minutos.
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