por Fabio Christofoli
(Twitter - Clube do Camaleão)
Dia 19 de novembro resolvi publicar esse texto no Facebook:
“Negros têm um dia. Negros têm um mês. Negros têm cotas. Negros têm uma página nos livros de história - quando o que têm não é um pequeno quadro no rodapé da página. Negros têm pequenos espaços em novelas e comerciais. E são sempre os mesmos negros. Você já viu negros protagonistas (a muito custo), mas nunca viu uma história sobre negros. A não ser que o tema gire em torno de preconceito ou escravidão.
O fato é que negros são visto como negros sempre antes de serem vistos como pessoas. Obama, por exemplo, sempre vai carregar o rótulo de "presidente negro". Ele é mais do que isso. Então, apesar do preconceito já não ser tão escancarado, ele existe. E muitas vezes acontece de forma velada ou sutil, como no caso citado. O grande problema é a distinção entre negros, brancos, índios e etc. Uma separação feita por homens do passado, que acreditavam que a Terra era quadrada e que a cor era um diferencial na composição do caráter. Pois bem, Copérnico e Galileu descobriram que a Terra é redonda, mas nenhum deles foi capaz de indicar algo que fizesse a sociedade entender que cor de pele não torna alguém mais ou menos capaz. Ou será que não queremos entender? Eu tive a sorte ser criado com negros e por negros. De ter lido a segunda parte da história do Malcom-X. De descobrir que antes de imperadores brancos, existiram faraós de pele escura no Egito. E de saber que, apesar de poucos falarem, nossa raça veio da África e um dia toda essa raça foi negra. Eu entendo o dia 20 de novembro, mas me permito discordar da existência dele. Negros não precisam de um dia, negros precisam que a sociedade esqueça que eles são "apenas" negros.”
Agora uso esse espaço para, além de ratificar o que falei, ir um pouco além, pois esse texto foi compartilhado por alguns amigos e gerou polêmica com os amigos deles.
Quero esclarecer algo importante: não sou contra cotas. Muito menos a favor. Não tenho absolutamente NENHUMA posição sobre isso. Se eu tivesse, seria uma posição ignorante. A única certeza que tenho é que a existência de cotas denunciam um preconceito. Isso é FATO. Agora, está muito além do meu alcance definir se é certo ou errado. Eu acho triste o recurso, mas será que ele não é necessário? Pelo menos até as coisas se alinharem? Não sei. Precisaria ler mais sobre o assunto, debater com os lados envolvidos. Não fiz isso. Portanto não posso me opor ou não e nem ir muito além.
Outro ponto importante. Muita gente questiona o dia da Consciência Negra usando a seguinte falácia: mas não existe a “consciência branca”. Eu refuto essa ideia. Explico. Ser negro era quase um crime há pouco tempo atrás. Negros tinham vergonha de ser negros, pois sofriam perseguições que nem imaginamos. A consciência negra é algo que precisa ser resgatado sim. Aí aquele babaca que escreveu “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” diz que existiram escravos brancos e que negros escravizavam negros. E isso te diz alguma coisa? Brancos não eram escravos por serem brancos. Eram por outros fatores, que foram SUPERADOS com o tempo. E negros escravizavam negros sim, por dinheiro. Eram seres humanos desprezíveis, com certeza, mas isso em momento algum alivia pro lado do racismo. O dia da Consciência Negra existe por uma razão bem específica.
Eu não questiono o DIA e sim o fato dele ainda precisar existir. Será que fui claro?
Fabio Christofoli escreve todo dia 29.
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