Muito se fala sobre os números e as influências que Twilight causou na literatura e no cinema, ressucitando a popularidade dos vampiros e provendo um segundo grande boom para a literatura juvenil/adulta no nosso século. Mas falta à maioria das análises o lado humano que se vê quando se fala, por exemplo, de Harry Potter: as vidas de pessoas que se viram investidas em uma história inventada que, muitas vezes, reflete nas delas próprias. Ou mesmo quem não se viu completamente envolvido pela história de amor eterna de Meyer, mas de alguma forma fez da série uma parte da sua vida por anos à fio.
É para prover esse lado humano que O Anagrama traz cinco pequenos depoimentos de quem viveu o fenômeno do início ao fim. De que forma ele os marcou, os mudou (ou não os mudou), como uma febre de popularidade em forma de literatura e cinema é capaz de se inserir na vida das pessoas que se vêem por dentro dela.
por Andreas Lieber
(Tumblr)
Lembro que em 2007 não tinha chantagem emocional no mundo que fizesse meus pais me comprarem mais livros, então eu praticamente morei na biblioteca perto da escola. Foi numa dessas andanças que eu encontrei Crepúsculo; até então eu era totalmente ignorante à euforia que a série estava causando e nem sabia da existência dos planos para um filme. De modo que eu gostei do nome (crepúsculo sempre foi uma das minhas palavras favoritas) e gostei também da capa (é uma boa capa, há de admitir-se). Quando eu peguei o livro e li que era sobre vampiros, perdi um pouco o interesse, eu nunca fora muito aficionado por histórias dos sugadores de sangue, mas abri em uma página qualquer e li um trecho, que eu realmente não consigo lembrar qual agora, mas era da Bella na casa dos Cullen, e senti que ia gostar daquilo, e gostei.
Terminei de ler o primeiro livro em um dia e fiz um escândalo básico em casa pra poder comprar os outros até que meus pais finalmente compraram. Lua Nova já havia sido lançado no Brasil, mas Eclipse e Breaking Dawn não, então comprei em inglês mesmo assim (foram meus primeiros livros em outra lingua) e daí pra frente eu só fiquei mais obcecado. Comecei a acompanhar a série e os filmes e a vida dos atores e foi aquela loucura de sempre, bem fangirl mesmo. Além disso, fiz vários amigos e alguns que eu considero até hoje uns dos melhores que eu já tive e vou sempre ter. É claro que eventualmente acabei crescendo e ficando mais crítico, e ao reler os livros comecei e encontrar as deficiências de escrita e a trama “sessão da tarde”, a série virou meio que uma leitura de verão (sem tirar nenhum mérito de Meyer). Mas no fim das contas o que importa é que os livros marcaram uma fase da minha adolescência e não poderiam ter sido melhores, sem dizer que Crepúsculo e Lua Nova (os de primeira edição) tem um cheiro tão... verdadeiramente de livro.
por Luciana Lima
(Blog pessoal)
“OH MEU DEUS, MAS VOCÊ GOSTA DE CREPÚSCULO?” essa é a pergunta assombrada (e carregada de preconceito) que eu ouvi durante esses 4 anos. Engraçado ver como as pessoas estereotipam as coisas e se surpreendem quando encontram algo que não faz jus ao seu julgamento. É o que eu falo, eu li Marx e li Crepúsculo, e sinceramente tô cansada dessa “síndrome de intelectual” que eu vejo por aí. É Best-seller é, é cultura de massa é, e daí? O que não é cultura de massa hoje em dia? E querendo ou não, fez parte de uma fase muito importante da minha vida.
É difícil de explicar a reação que o livro da Stephanie Meyer causa em quem lê, acho que toda garota normal se identifica com a Bella, ou melhor, toda garota que um dia se sentiu fora dos padrões, ou até mesmo deslocada deste mundo. E melhor, toda garota quis ter um Edward Cullen na sua vida. Não pelo fato da tal da história da proteção, já que eu acho que a Bella às vezes é muito mais “Dona da História”, protagonista do enredo e os dois travam uma luta com força igual pelo amor deles. Mas acho que toda garota quis, um dia, despertar o interesse de alguém, independente de sua beleza física, o Edward é o cara absolutamente perfeito, gentil, carinhoso, inteligente, e que se deixa ser dominado (sim dominado) por uma figura feminina.
Sem contar a dosagem levemente sexual que está presente em cada página dos livros, cada beijo que o Edward dá na Bella, cada descrição minuciosa que ela faz do corpo escultural do Edward que faz com que imaginemos um Deus Grego na terra. E que, por favor, pule nossa janela e esteja em nossas camas no fim da noite. Pessoalmente, eu acho que o que me impulsionou a gostar mais da história foi porque o Robert Pattinson encarnou o delicioso Cullen, sempre gostei do jeito largadão desleixado e do senso de humor autodepreciativo do Mr. Pattinson e vi o filme por causa dele, aliás. E pessoalmente o Edward é o tipo de cara que invariavelmente chamaria minha atenção, sua introspecção, sua personalidade enigmática, e é, a sua vida conturbada e sua avalanche de problemas.
Sem contar que ser fã é uma experiência maluca, conheci pessoas incríveis de todos os lugares do planeta por causa dele, e marcou minha adolescência como nenhuma outra história vai marcar. Toda vez que ver Twilight vou me sentir com 15 anos de idade novamente, quando a vida era tranquila e minha única preocupação era esperar o próximo filme, ou livro.
por Vanessa Dias
(Twitter – Tumblr)
Todos já estavam fissurados na série de livros e não viam a hora de irem ao cinema acompanhar a saga na pele Pattinson (que na época era mais conhecido como Cedrico, de Harry Potter) e Stewart. Eu, por outro lado, nem sabia quem era este tal de Edward Cullen. Assisti ao primeiro filme da saga com uma prima, que já acompanhava os livros e estava simplesmente encantada com a história. Lembro-me de ouvi-la dizer “Por favor, dá uma chance.”. Pois bem, dei uma chance. E não me arrependo. Como sai da sala do cinema cativada por tudo aquilo – desde a história, até o “sorriso torto” de Edward. Nunca li nenhum dos livros – secretamente, tinha medo de gostar mais das linhas escritas que das cenas exibidas, e eu realmente gostava dos filmes. Mas acabei me rendendo a mais nova febre vampiresca.
Procurava notícia sobre os atores (sempre adorei essa besteira de que famoso está ficando com quem), e mergulhei na história. Tentava entender os personagens, me colocava no lugar deles e imaginava o que faria no seu lugar. E, apesar de muitos – não minto, até mesmo eu, às vezes – tacharem a história como melosa e piegas demais, a verdade é que muitos gostariam de saber como é viver um amor como o de Bella e Edward. E, cada vez que eu assistia à aquelas cenas, cada vez que entrava em contato com aquela história, eu (mesmo particularmente preferindo o lobisomem), acreditava que um amor como aquele poderia, sim, ser real.
por Clara Montanhez
Eu comecei a gostar dos livros da série Twilight antes que a saga tivesse explodido e virado tão popular como aconteceu. Eu tinha lido poucos livros em inglês ainda, mas quando eu entrei na Saraiva do Center Norte em São Paulo e vi o pocket do primeiro livro, não pude resistir. A capa do livro era igualzinha o pôster do filme, que ainda seria lançado nos cinemas. Os prólogos de todos os livros já nos fazem ficar presos na história que vamos começar a ler e a escrita de Stephenie Meyer é muito simples e bem detalhada, sendo fácil imaginar as cenas. Portanto, quando eu assisti ao primeiro filme, achei o conteúdo bem parecido com o livro e foi então que fiquei viciada nos livros. Mal saí do cinema após ver Twilight, já encomendei New Moon e Eclipse pela internet e li os dois pelo menos três vezes. Eu, como uma defensora do Team Jacob, adorei o terceiro livro, quando Bella lhe dá uma pontinha de esperança para Jacob de um futuro juntos.
Mas Breaking Dawn se tornou meu favorito! Comprei antes que lançasse nas livrarias e li várias vezes também. Os pôsteres de todos os filmes estavam colados nas paredes do meu quarto até o lançamento de Eclipse no cinema, que foi quando comecei a me desinteressar pela série; não que eu tenha abandonado completamente, mas deixei de ser “viciada” para simplesmente apreciar os filmes. Enquanto eram só os livros, eu me interessei mais, mas nunca abandonei a série dos cinemas e continuo a assistir todos os filmes quando são lançados, como a segunda parte de Amanhecer, que eu considero, por incrível que pareça, melhor do que os filmes anteriores.
por Gabryel Previtale
(Twitter – Tumblr)
A minha ligação com a Saga Crepúsculo é a mais tradicional possível e um pouco clichê. É conectada através do sonho, talvez de muitos, de se ter um amor perfeito, inquebrável, potente, inviolável como nos contos de fadas. Como amante de contos de princesas e fadas que sou, os filmes me cativaram por externar o que de mais bonito se tem em um romance, a sua força. Passar por tudo que Edward e Bella passaram e mesmo assim continuar tentando e ardentemente apaixonados um pelo outro é algo “impossível” de se ver fora das telas, porém só que porque é um amor fantasioso não significa que não é almejado e contemplado. A estranheza da protagonista, sendo tímida e desajeitada e se apaixonar pelo bonitão da escola, isso é muito mais comum do que se pensa nos dias de hoje, e é muito espelhado por jovens de todo o mundo.
O interessante nesta história é o bonitão que retribui o sentimento e como se não bastasse, ainda é vampiro para colocar perigo e ação na trama, tudo isso é de encher o coração de pessoas românticas e esperançosas. Óbvio que o trabalho cinematográfico não é um dos melhores já vistos nos filmes com um roteiro tão forte e bem sucedido como foi o da Saga, o que significa é que poderia ter sido melhor trabalhado em termos de arte, efeitos e coisas do tipo. Juntando com a atuação dos atores, o resultado final da obra (os 4 filmes) foi bom, principalmente o desfecho, mas se a produção fosse maior, acredito que um maior publico se interessaria pela história. Foi muito banalizada por conta das más criticas dos atores e produção de arte dos filmes, enfim tinha tudo para ser um sucesso ainda maior mas infelizmente foi interpretado como um filme “bobo, meloso e infantil”.
Sobre o último filme, teve muita ação, mas ponderando com cenas carregadas de sentimento e um ar de despedida, a trilha sonora sempre foi um ponto forte dos filmes desta série, o que sempre me atrai para a Saga e pessoalmente acho que enriquece as cenas que devem ser mais tocantes e de fato, o filme conseguiu.
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