18 de abr. de 2015

Person of Interest 4x20: Terra Incognita

4x20_-_Terra_Incognita

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

“Some things simply cannot be replaced” é o trechinho de diálogo, proferido por Finch para Reese, que precede a entrada em cena de um personagem de Person of Interest que não achávamos que íamos ver novamente. “Terra Incognita” traz Joss Carter de volta para o antepenúltimo episódio da temporada, e o tom que o roteiro de Erik Mountain (4x09, “The Devil You Know” – review) e Melissa Scrivner-Love (4x02, “Nautilus” – review) imprime ao episódio, e ao tratamento dessa nova aparição da personagem de Taraji P. Henson, é principalmente de reverência e reconhecimento àquilo que Carter representava dentro da estrutura de Person of Interest. Até quando deixou a série, na metade da temporada passada, a detetive preferida de todos os fãs de Person servia como a plataforma das pretensões mais humanas e profundamente emocionais do thriller da CBS – fosse na forma como refletia e contrastava parte da experiência de John como veterano de guerra, fosse na forma como, ao contrário de todos os outros personagens principais da série, Joss cultivava laços familiares e, só por isso, já tinha muito mais a perder.

No decorrer desse ambicioso quarto ano, Person se mostrou um excitante thriller de ficção científica, mas é em “Terra Incognita” que a série recupera essa dimensão terrena e humana que a faz verdadeiramente especial na forma como expõe o íntimo e as relações entre pessoas machucadas por vários aspectos desse novo mundo extrapolado em paranóia e vigilância que a série retrata de forma tão incisiva. É aqui que o mundo ultra-elaborado da trama encontra sua verdadeira ressonância com o espectador, seu verdadeiro discurso sobre conexão humana e a necessidade de deixar algumas pessoas ao nosso redor nos ver pelo que realmente somos. “Terra Incognita” é um episódio profundamente triste por vários motivos, nos lembrando da tragédia de Carter ao mesmo tempo em que nos coloca a frente da perda e da desesperança que o próprio Reese carrega consigo até hoje, direto de seu tempo no campo de guerra. É muito apropriado, inclusive, que o caso-da-semana retrate um jovem (Zachary Booth, de Damages) que foi acusado de assassinar a própria família, mas cujos dramas pessoais e clamores de inocência passaram sem ser ouvidos por sete longos anos.

“Terra Incognita” usa essa plataforma do caso-da-semana para falar também sobre mágoa e arrependimento, sobre os resíduos que um ato de rejeição pode deixar, sobre tempo e o quão pouco dele nós temos, sobre casualidade e intenção, sobre a crueldade desses conceitos tão humanos que nem mesmo a máquina de Finch consegue prevê-los. Com a ajuda inestimável da genial trilha-sonora de Ramin Djawadi, e da direção no ponto, cheia de mudanças de tons de fotografia e encenação, do britânico Alrick Riley (Perception), esse 20º episódio da temporada de Person discursa com uma eloquência insuspeita sobre tudo isso. Taraji Henson está superlativa em todos os sentidos, é claro, mas é na imponente representação que sua personagem traz para a série que “Terra Incognita” realmente triunfa. Carter é para Person uma âncora emocional absurdamente forte, e não só porque a chocante morte da personagem, uma temporada e meia atrás, ainda carrega um peso e tanto para os fãs – na verdade, essa força vem muito mais do que ela sempre representou.

O sentimento que fica depois dos intensos 44 minutos de “Terra Incognita” é que, em muitos sentidos, sem dúvida nenhuma, Finch está mesmo certo: certas coisas, certas pessoas e certos personagens são simplesmente insubstituíveis.

 Notinhas adicionais:

  • Só expandindo um pouquinho aquele trechinho sobre “nem mesmo a máquina de Finch consegue prevê-los”: a subtrama do episódio envolve o personagem de Michael Emerson, mais Root e Fusco, investigando um caso em que homens de Elias e da Brotherhood trocaram tiros dentro de uma lanchonete – e a grande questão é que a Machine não avisou nossos protagonistas sobre o acontecido. Em rápidas passagens, os personagens determinam que na verdade a fatalidade foi um caso de puro azar, uma vez que os homens da Brotherhood e de Elias apenas estavam, coincidentemente, no mesmo local.

✰✰✰✰✰ (5/5)

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Próximo Person of Interest: 4x21 – Asylum (28/04)

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