29 de abr. de 2015

Você precisa conhecer: depois de amadurecer diante dos fãs, Tori Kelly está pronta para o estrelato

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por Caio Coletti

Tori Kelly não sabe o que é o anonimato desde os 14 anos, quando começou a postar covers e vídeos de apresentações escolares no Youtube, com a ajuda dos pais. Antes mesmo disso (aos 12!), a moça havia conseguido contrato com uma gravadora, a Geffen Records – o arranjo não durou muito, e Tori só voltaria para o mundo da música mainstream em 2013, quando assinou com a Capitol Records. “Eu havia me queimado antes. Mas quando conheci esses caras, eu nunca havia me sentido daquele jeito. Eles eram fãs, e me entendiam”, diz ela, que é atual protegée de Ed Sheeran e Pharrell Williams, entre outros produtores que embarcaram na produção do álbum de estreia da cantora.

Mas comecemos do começo: Tori nasceu em 1992, na pequena cidade de Wildomar, na Califórnia (EUA). O pai tem raízes irlandesas, porto-riquenhas e jamaicanas, enquanto a mãe trouxe para a mistura suas descendências britânicas e germânicas. O resultado é o rosto bem peculiar de Tori, e é também uma educação musical bem variada – “Eu dou muito crédito aos meus pais por tocarem todo tipo de música para mim. Nenhum gênero era além dos limites”, diz ela. Kelly cresceu apaixonada por R&B, soul, rock e folk, tendo como principais referências artistas como Lauryn Hill, Crystal Lewis, John Mayer e Lenny Kravitz. O som baseado no violão/guitarra, mesmo com os adendos mais pop dos últimos singles, sem dúvida vem dessa afinidade, e a postura resoluta de cantora-compositora também. No álbum de estreia, Kelly co-assina todas as canções.

A breve passagem de Kelly pelo American Idol, em 2010 (ela não chegou aos shows ao vivo), angariou ainda mais fãs para a moça, que se tornaria um fenômeno do Youtube nos anos seguintes. “Não poderia ter sido melhor”, ela diz sobre a experiência. “Eu não estou ligada a eles de forma alguma, e eu ganhei exposição do mesmo jeito. Eu me tornei a ‘garota que não entrou’, e eu acho que isso fez as pessoas se interessarem por seguir minha jornada”. Depois do badaladíssimo cover de "Thinkin' Bout You", canção de Frank Ocean em que Tori canta acompanhada pela amiga Angie Girl, o público reunido em torno da cantora se tornou tão grande que o próximo passo lógico era, obviamente, o lançamento de material original. Para quem quiser ver mais da fase cover de Kelly, fizemos um compilado aí embaixo:

O primeiro EP de músicas originais de Kelly saiu em 2012, sob o título Handmade Songs. Escrito, gravado e produzido inteiramente dentro do quarto da cantora, o disco auto-lançado chegou ao Top 10 do iTunes no gênero pop. As boas vendas renderam notoriedade para Kelly, que foi chamada para compor e gravar "Fill a Heart" para uma campanha filantrópica em prol da alimentação de crianças carentes. O single levou a primeira mini-tour de Kelly, que passou por oito locais nos EUA e ainda virou matéria de destaque em revistas como a Teen Vogue, a Elle e a Glamour. O primeiro EP, assim como o single filantrópico, mostram o lado mais folk da sensibilidade de Kelly, baseados na habilidade da cantora com o violão e adicionando pequenas sutilezas de produção ao conjunto final.

Nossa preferida pessoal é "Confetti", mas dá pra ouvir o EP todo logo aí embaixo:

Depois de assinar com a Capitol, Kelly lançou o segundo EP, intitulado Foreword, e passou a aparecer ainda mais na mídia. Sobre a significância do título, que pode ser traduzido como “prefácio”, Kelly disse em entrevista a Elle: “Para mim, ele representa uma espécie de introdução a algo que vai acontecer depois – talvez um álbum. Ao mesmo tempo, parece que eu estou movendo adiante em relação ao que eu era antes como artista. Eu ainda estou me mantendo verdadeira ao meu som, mas algo sobre ele parece mais novo – mais como se eu estivesse pronta para fazer isso”. A confiança descrita por ela certamente mora nas misturas ousadas do Foreword, trazendo elementos do R&B do começo dos anos 2000 e deixando o folk um pouco de lado para colocar um verniz mais pop até em canções como “Paper Hearts” (abaixo), uma break-up song por excelência.

Toques melódicos sugerem que Kelly se inspira no trabalho retrô de artistas como Justin Timberlake, sem perder o som essencialmente Lauryn Hill que é sua marca registrada, e é possível perceber que, conforme os anos e os EPs se passaram, Kelly aprendeu a controlar e usar o potencial de sua voz, uma das mais doces, interessantes e sutilmente potentes que o pop ganhou nos últimos anos. A sensibilidade folk ainda está lá, lembrando os trabalhos de gente como Corinne Bailey Rae e Yael Naim, cantoras-compositoras por excelência que trouxeram para os anos 2000 um estilo que parecia ter sido morto junto com o século passado. O EP também rendeu os primeiros clipes para Kelly, que produziu visuais bem bacanas para “Paper Hearts” e “Dear No One” – você vê os vídeos aí embaixo, e escuta o EP na íntegra aqui.

A última novidade em termos de Tori Kelly é que o tão aguardado álbum de estreia finalmente vai sair. Está marcado para 23 de Junho, e se chamará Unbreakable Smile. Terá faixas em parceria com Ed Sheeran e com o rapper LL Cool J, além de produtores do primeiro time como Max Martin, Claude Kelly e Toby Gad trabalhando com a moça, que tem dedo na composição e produção de todas as faixas. O primeiro single, “Novody Love” (abaixo), mostra que o lado soul de Kelly ficou mais evidente durante a produção do álbum de estreia, o que não deixa de ser algo bacana, especialmente porque a voz da californiana fica livre para trilhar caminhos antes inexplorados. O mesmo acontece na faixa-título (também abaixo), que carrega batida contagiante e uma pegada mais autoral – mesmo porque Kelly assina a composição sozinha.

“É complicado porque eu nunca vou saber o que é ser Miley Cyrus ou qualquer um desses astros jovens que cresceram nos holofotes. Eu sempre tive minha carreira musical, e só. Eu sou feliz que isso não tenha acontecido comigo dessa forma (repentina), porque eu consegui crescer primeiro, e agora eu posso fazer o que eu quero sem ficar tentando limpar o passado”, ela confessou a revista Elle. Aguardamos ansiosos o que essa liberdade toda vai significar para uma Tori Kelly cuja popularidade – e talento – só fizeram crescer.

Pra quem gosta de: Lauryn Hill, Jessie J, Jewel, Dido, Justin Timberlake.

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