Tudo Pelo Poder (The Ides of March, EUA, 2011)
Dirigido por George Clooney…
Escrito por George Clooney, Grent Heslov & Beau Willimon, baseados na peça de Beau Willimon…
Estrelando Ryan Gosling, George Clooney, Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti, Evan Rachel Wood, Marisa Tomei…
101 minutos
O bom filme precisa, essencialmente, contar uma boa história. O ótimo filme precisa ter gente talentosa envolvida na missão de contá-la. Mas o grande filme é aquele que envolve em si tantas facetas e nos permite tantas visões que é impossível descrevê-lo, assim em palavras e com justiça. É preciso vê-lo. Tudo Pelo Poder, a última obra de George Clooney na direção, é um grande filme. E talvez seja um dos candidatos mais dignos desse ano a ser coroado como “o filme do ano” pelos prêmios críticos e pela própria Academia, e ao menos o motivo disso não é tão dificil de explicar: no decorrer de seus 101 minutos, Clooney nos faz traçar paralelos, na história que conta e sem nunca perdê-la de vista, com a campanha do atual presidente americano Barack Obama. E não é uma crítica ferina ou destrutiva: é uma forma de engenhosamente cutucar a noção idealista de política que o comandante-em-chefe da nação ianque pregou em sua corrida presidencial.
Nem só de paralelos e teorias políticas vive Tudo Pelo Poder, no entanto. Clooney, aliado a Grant Heslov (seu parceiro também no aplaudido Boa Noite e Boa Sorte) e ao autor da peça original Beau Willimon, injeta vida em seus personagens e na jornada psicológica pela qual eles passam. Ou melhor, ele. Stephen Meyers (Ryan Gosling) é o assistente de campanha quase idealista do pré-candidato democrata a presidência Mike Morris (o próprio Clooney). A câmera de Tudo Pelo Poder o segue sem pudor de nos mostrar como a visão distorcida desse personagem (sim, idealismo aqui é uma distorção de realidade) vai se ajustando a verdadeira conjuntura das coisas. É algo como a transformação de Michael Corleone em O Poderoso Chefão – Parte I, e Gosling libera seu Al Pacino com frieza surpreendente. Ele se mostra um ator de método, capaz de se comunicar com o espectador, na cena final, apenas com o olhar e a postura corporal. Tudo vigiado pela câmera inteligente, multifacetada e brilhante de Clooney, é claro.
Nota: 9,5
50% (50/50, EUA, 2011)
Dirigido por Jonathan Levine…
Escrito por Will Reiser…
Estrelando Joseph Gordon-Levitt, Seth Rogen, Anna Kendrick, Bryce Dallas Howard, Anjelica Huston…
100 minutos
Ok, vamos direto ao ponto aqui: você vai ouvir bastante que 50% não é um filme comparável aos outros indicados as principais categorias das premiações cinematográficas em 2012. Mas, sendo realmente sincero, quem se importa? Baseado em uma história real, ligeiramente adocicado, com aquele charme meio indie misturado a visibilidade de ter um dos grandes nomes da comédia atual (Seth Rogen) como coadjuvante e produtor, esse é um filme que quer, pode e vai te atingir de alguma forma. A história de Adam (Joseph Gordon-Levitt), um cara de 27 anos que descobre ter câncer e precisa lidar com uma namorada que só acha ser capaz de ajudar (Bryce Dallas Howard), uma mãe super-protetora (Anjelica Huston), uma terapeuta iniciante (Anna Kendrick) e um melhor amigo que as vezes pode não aparentar ser tão solidário (Rogen), é tão inevitavelmente tocante quanto absurdamente realista em seu contexto, digamos assim, filtrado.
Adam e as pessoas ao seu redor são reais (não só no sentido da inspiração da história, mas no de mérito da encenação), e é possivel sentir isso no estilo tragicômico que os estreantes Will Reiser (roteiro) e Jonathan Levine (direção) imprimem aos 100 minutos de filme. Claro, o elenco é peça fundamental nisso. Inegável que, tão odiável aqui quanto em Histórias Cruzadas, Bryce Dallas teve um ano e tanto para se (re)afirmar como a ótima atriz que é, e nos faz perguntar porque seu trabalho, seja nesse filme ou no outro de cunho mais social, não foi reconhecido pelo Globo de Ouro. Quem foi reconhecido, e com muito mérito, foi Joseph Gordon-Levitt. Sua atuação aqui é de um detalhismo realmente discreto, na maneira como constrói seu personagem, sem perder de vista a honestidade que um papel como esse exige. Em suma: é tão fácil se identificar com Levitt quanto é notar a inteligência de sua interpretação.
Nota: 7,5
“Eu não sou um cristão. Eu não sou um ateu. Eu não sou um judeu. Eu não sou um muçulmano. Minha religião, aquilo no que eu acredito, é chamado Constituição dos Estados Unidos da América”
(Ryan Gosling em “Tudo Pelo Poder”)
1 comentários:
Dos dois, até agora, só vi 50% que achei muito legal. Não é espantoso, mas faz pensar.
Confesso que estou desenvolvendo uma implicância com Seth Rogen... Crio a expectativa que ele me faça rir, pq ele tem cara de comediante, mas ele não faz. Quase em todos os filmes dele as piadas giram em torno de maconha e masturbação, sei lá, pode ser implicância. Mas nem isso estragou a minha visão sobre o filme. Não achei genial, mas achei interessante.
O Tudo pelo Poder preciso ver urgentemente.
Caio, adoro o novo formato do Anagrama, mas tbm sinto falta desses seus ótimos pitacos sobre cinema...
Abraõ
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