5 de jan. de 2012

iJunior #4 – Aos futuros heróis

opinião ju 1

Em uma tarde quente, um pouco antes do anoitecer, eu ainda criança brincava como qualquer outra, até que uma mulher de apenas 29 anos- porém já com uma família, um marido e dois filhos - foi ao meu encontro e me fez uma das perguntas mais importantes da minha vida seguida de um comentário que me marcaria mais ainda.

A sua pergunta foi:” Se seus pais um dia se separassem, e você tivesse que escolher entre ficar com sua mãe e seu pai, com quem ficaria?” Eu, sem nem pensar duas vezes respondi de boca cheia: “com a minha mãe, claro!” E então ela me olhou fixa por um tempo, aparentou demonstrar um certo orgulho feminista por isso, porém, não deixou que isso permitisse que perdesse o foco e logo me veio com a segunda parte, trazendo com ela um curto discurso porém forte, que dizia: “Então seja diferente, cresça como um homem diferente e seja um pai que ao menos faça o filho pensar a respeito de com quem quer ficar. Você é homem, um dia será pai, e ainda pode ser diferente.” Após terminar o que tinha que me dizer, foi embora e me deixou ali, pasmo e pensativo, e eu sabia que iria carregar aquilo comigo pelo resto da vida.

Uma das maiores questões que envolvem esse tipo de pensamento pra mim é a influência, a figura que seremos para nossos filhos, porque querendo ou não os pais são a maior influência deles, não apenas para educar, mas eles se vêem em nós, se projetam à nossa imagem, mesmo que um misto de pais, irmãos e amigos, algo sempre fica com os filhos, e então o que ser pra eles?

Em minha cabeça uma das obrigações das novas gerações é saber corrigir tudo aquilo que está sendo dado de errado em sua criação, adolescentes que sabem notar esse tipo de coisa conseguem ser melhores pais para seus futuros filhos e tentarem manter isso proporcionalmente a fim de conseguirem a continuação de uma família gerada cada vez com mais melhorias.

Uma frase que deve ser excluída do pensamento de qualquer pai ou mãe é a “faça o que eu mando, não faça o que eu faço” e sim saber envergonhar-se pelos seus erros e até aceitar aqueles “puxõezinhos” de orelha dos filhos, pois eles também são capazes de corrigir (o que está errado claro) e sugerir melhorias na convivência de uma família.

Então deixo aqui, minha sincera esperança, aos futuros heróis, àqueles que ouvirão de seus filhos um “eu te amo” sincero, àqueles que ouvirão dos mesmo que querem ser como eles, seguir sua profissão, ser tão grande quando, e por mais que pequeno, sejam titãs para o pedaço de si mesmo que deixará no mundo, onde depositará suas esperanças deixadas de lado, seus estudos, tudo o que não foi aproveitado, as oportunidades e os sonhos, mas mesmo assim deixá-los viverem e aprenderem, não sozinhos, mas com amor e dedicação, de pais que sempre terão sua admiração, e um porto seguro eterno.

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“Não são só as crianças que crescem: são os pais, também. Tanto quanto nós vigiamos para ver o que nossos filhos fazem com a vida deles, eles nos vigiam para ver o que fazemos com as nossas. Eu não posso simplesmente dizer aos meus filhos para ter grandes objetivos. Eu preciso tê-los por mim mesmo”(Joyce Maynard)

1 comentários:

Luís disse...

Nossa, acredito que esse foi um dos texto mais sinceramente incômodos que eu já li. Não pela qualidade dele, porque esta está ótima e ao autor dedico meus parabéns; mas o assunto é delicado e incomoda, um vento muito gelado no rosto: como mudar a ponto de fazermos com que os pais - homens, especficiamente - percam o estigma de "suporte financeiro", porque, falo por experiência, conheço bastante esse tipo de pensamento (a mãe dá carinho e conforto e o pai sustenta a família). Acho que o tema que você escolheu vale uma excelente abordagem sociológica!

Parabéns.