12 de nov. de 2011

Year of 4 – A nova fase de Beyoncé

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por GuiAndroid e Caio Coletti

Talvez 2011 esteja sendo um dos melhores anos pelo qual a indústria da música tem passado: o mercado de vendas de discos quase estagnado pelas mídias digitais agora revive pela vontade do consumidor de ter o álbum físico e original, poder tocar e sentir a obra prima do seu cantor favorito. Para Beyoncé não tem sido diferente e nem para as várias outras grandes cantoras e cantores que lançaram seus álbuns esse ano. Há um reaquecimento dessa indústria que faz com que o ato de ouvir música volte a ser uma arte de apreciação e não um mecanismo automático da luxúria humana.

Beyoncé estreia o ano de 2011 com o lançamento do álbum 4, um álbum mágico e reconfortante para quem curte uma voz talentosa e melodias harmônicas que entram em contato com a nossa alma quando ouvidas. O 4 vem recheado de singles e seus mais novos videoclipes, que representam uma nova fase de B. são “Countdown”, “Love On Top” e “Party”.

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Countdown

Simples ou complexamente, um clipe cheio de referências que se completam e convertem este videoclipe de Beyoncé em arte de pura inspiração. Audrey Hepburn no coque alto no cabelo de Bey, Andy Warhol na inversão de cores e de collants de gola alta, uma pop art e um color blocking deliciosos, Brigitte Bardot quase no final do vídeo no figurino rosa e de pernas desnudas (mais a clássica bandana preta), e por fim Twiggy nos cílios. Um conjunto que monta figurinos historicamente artísticos e inspirados que nos transmitem toda uma energia vintage e nostálgica. A melodia repetitiva e envolvente de “Countdown” faz com que nossos pés comecem a dançar involuntariamente e em poucos minutos de música nosso corpo todo já está no embalo do ritmo. Trata-se de uma reedição da Beyoncé hip hop por vezes irritante que vimos em I Am... Sasha Fierce, mas uma que sabe abusar das opções instrumentais para que a repetição soe um convite a dança, e não simples desgaste.

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Love On Top

Remetendo a transição dos anos 70 aos 80, “Love On Top” é a máquina do tempo que nos leva ao passado, aos bares e danceterias que tocavam Whitney Houston e Michael Jackson (se você perceber é possível imaginar Michael na época dos Jacksons Five cantando esta música). Em um cenário simples e com a intenção de focar apenas na coreografia e na música, a bela vista da cidade de Nova Iorque se destaca. O clipe começa como um grande e perfeito ensaio, o último ensaio de uma grande apresentação que está por vir. Com duas trocas de figurino, Beyoncé troca o Collant por três conjuntos de terninhos: um dourado a lá Gucci e D&G e outro branco algo meio YSL ou Tommy Hilfiger (uma boa investida para premiações, ok Bey?); e por fim um conjunto parecido desta vez preto e que também reflete a luz, desta vez não em seda ou cetim, mas em paetê, e com direito a cartola e bengala. Durante as magníficas trocas a iluminação também se inverte dando uma atmosfera reluzente que imediatamente nos remete a década passada que me referi. E chega ao fim o glorioso ensaio de “Love On Top” por Beyoncé e seus talentosíssimos dançarinos. Como a apresentação do VMA nos adiantou, trata-se da música (e, por conseguinte, do clipe), que demonstram melhor a artista completa que Beyoncé se tornou: sua voz, sua dança, sua presença de palco e carisma sorridente. Beyoncé é a showwoman definitiva do século XXI.

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Party ft. J. Cole

Talvez “Party” seja a representação do estilo de vida da turma do hip hop e do R&B na qual Bey se encaixa como rainha, conservando o antigo estilo de vida dos artistas desses gêneros musicais. Sendo assim, Party é a rápida ascensão desses cantores e a introdução deles na fama e glamour. Uma introdução grotesca e meio desconcertada, ainda que nos apresente a essa elegância deslocada, extravagante e luxuriante que remete ao final dos anos 90, aos clipes de Aaliyah, Mary J Blige, entre outras. O visual do clipe apresenta muito colorido e figurinos como sempre muito bem encaixados no contexto (embora a maquiagem me assuste um pouco). O cenário de house party em algum subúrbio americano contrasta com o Bugatti Veyron estacionado na frente da residência (uma questão a ser discutida é se o valor do Bugatti está inserido no orçamento da produção, ou é propriedade de J. Cole). Carro de luxo mais rápido do mundo, de 1 milhão de dólares e menos de 300 unidades produzidas à parte, Party é um ótimo entretenimento musical, um colírio para os olhos, embora o ritmo da música quase nos faça dormir. É também a canção que menos destaca a voz de Beyoncé em todo o álbum, mas é imperativo observar que se trata de uma parte da formação da cantora, e portanto, não poderia ficar de fora do 4.

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Esta nova fase de Beyoncé é como uma grande onda, vintage, nostálgica, uma máquina do tempo pessoal de uma das melhores cantoras da atualidade, porém essa frenética investida em sua “nova fase” pode ter atraído olhares indesejados de algumas pessoas que a acusam de plágio: pela coreografia do final de “Countdown”, que segundo a coreógrafa belga Anne Teresa De Keersmaeker é de sua autoria. B. também está sendo acusada por plágio com os vídeos de “Love On Top” e” Party”.Em “Love On Top” o cenário e a coreografia lembram os de “If It Isn't Love” da banda New Edition, já em “Party” a praga da vez é da cantora Khia que viu semelhanças entre a produção de Bey e seu trabalhoMy Neck My Back (Lick It)”.

Grávida de de Jay-Z, Beyoncé está dando pouca importância para as acusações, porém as mesmas infligem a sua imagem. Quem será que vai acusá-la de plágio quando “End Of Time” sair? Em breve se inspirar em algo e criar alguma coisa vai ser considerado plágio, é o que dizem “Você tem a ideia, mas não é dono dela”. Como sabem os mais esclarecidos, arte (especialmente a pop) é nada menos do que uma colagem de referências e memórias do artista que são colocadas em um contexto pessoal. Trata-se, exatamente, do que Beyoncé vem fazendo nesse até agora incrível Year of 4.

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Baby it’s you!/ You’re the one I love!/ You’re the one I need!/ You’re the only one I see!/ Come on baby it’s you!/ You’re the one that gives your all!/ You’re the one I always call!/ When I need you make everything stop!

Finally, you put my love on top!”

(Beyoncé em “Love On Top”)

1 comentários:

Talita Rodrigues. disse...

Ficou perfeito Caio!
Eu sou um pouco suspeita para falar, mas o texto de vocês me fez ficar cheia de orgulho da Bey.
Como se ela já não fizesse isso comigo todos os dias né? Mas..
Com certeza, esse é o ano do 4 ~suspiros~