por Rubens Rodrigues
Se existe uma banda singular dentro do metal nos últimos dez anos, essa banda é o Evanescence. Por mais que existam inúmeros grupos no gênero com vocal feminino, nenhuma outra se parece nos arranjos ou na inconfundível voz da líder Amy Lee.
Conhecida mundialmente em 2003 com o álbum Fallen, a banda enfrentou um caminho tortuoso até o lançamento do sucessor The Open Door, em 2007. Agora, com o terceiro CD de estúdio que leva o próprio nome da banda, o Evanescence mostra que está mais maduro e que já superou os problemas do passado.
Tão verdade, que as novas músicas confirmam o amadurecimento da letrista se comparado aos trabalhos anteriores. Fallen falava sobre amor e até passava mensagens de auto-ajuda em faixas como “Going Under” e “Bring Me To Life”, ao mesmo tempo em que trazia uma sonoridade densa e outro tanto de letras fantasiosas.
Totalmente diferente, The Open Door nasceu cheio de revolta e letras óbvias para quem conhece a história da banda. De cara, é possível identificar verdadeiras cartas abertas ao co-fundador da banda Ben Moody (ouça “Lacrymosa”) e ao ex-namorado da vocalista, Shaun Morgan (como em “Call Me When You’re Sober”). Entretanto, o álbum rendeu as melhoras músicas já compostas por Lee: a belíssima “Lithium”, a experimental “The Only One” e “Your Star”, que apresenta um piano exuberante.
É incrível notar a diferente sonoridade em “What You Want”, que abre o novo CD. Amy está mais energética e os instrumentos avisam que os músicos deixaram a tristeza de lado, apostando mais no rock ‘n’ roll. Mais assombroso ainda é conseguir identificar a essência do Evanescence na letra, com o teor de auto-ajuda uma vez visto no Fallen, mas já definindo a tonalidade que seguirá em “Made of Stone”.
Um detalhe interessante é que o disco tem músicas interligadas, como a dobradinha “The Change” e “My Heart is Broken”. Riffs e uma voz suave constroem base para a revoltada melodia da primeira, que logo soa suave novamente. Partimos para “My Heart is Broken”, mas não se engane com o título: a canção segue o peso estabelecido no início mesclado com a suavidade da música anterior em alguns momentos.
A ligação entre as músicas não é notável apenas instrumentalmente. “The Change” narra o fim de um relacionamento, enquanto a seguinte fala sobre o sentimento de perda e o processo de superação. Em “My Heart is Broken”, o piano estabelece a sensibilidade do tema.
Após a frenética “Erase This”, ouvimos “Lost in Paradise” - que te deixa como o título propõe, te fazendo esquecer tudo ao redor e apenas ouvindo a banda em uma harmonia relaxante. Mas a tranqüilidade não dura muito, pois “Sick” e “End of the Dream” seguem com riffs explosivos acompanhados de vocal e bateria poderosos, justificando a melhor formação do Evanescence.
Os sintetizadores perdem espaço quando ouvimos a voz de Amy em “Oceans”, que faz a diferença quando o restante da banda entra em ação. Aqui temos mais um momento de ligação com outras músicas. Apesar da letra introspectiva, a música é o prólogo para o último ato, estabelecendo-se como o melhor momento do álbum.
“Never Go Back” e “Swimming Home”, que fecham com maestria a versão standard do CD, falam do desastre natural que assolou o Japão no início deste ano, mas são contadas a partir de perspectivas diferentes.
É impossível ouvir “Never Go Back” e não se arrepiar, pois a faixa narra o último momento das vítimas do tsunami. O refrão é desesperador, e a banda está tocando com mais vigor do que nunca. Logo ouvimos “Swimming Home”, a calmaria depois da tempestade, desta vez da perspectiva de quem sobreviveu à catástrofe. Temos então mais três músicas que entram para a lista de melhores composições de Lee e seus rapazes.
A versão deluxe conta ainda com quatro faixas bônus. Assim como todas as anteriores, “Say You Will”, “A New Way to Bleed”, “Disappear” e “Secret Door” são totalmente diferentes de tudo que o Evanescence já fez. A última, composta na harpa, evidencia que Amy nunca esteve tão bem vocalmente, além de trazer uma das letras mais bonitas do álbum.
O Evanescence conseguiu fazer o impensável entre as bandas do cenário: o disco mais pesado e, ao mesmo tempo, o mais pop da carreira. A letrista sabe como desenvolver músicas para a rádio, tanto que neste, mais da metade das músicas poderiam ser escolhidas como singles – até mesmo as faixas bônus. Valeu a pena esperar cinco anos pelo novo trabalho da banda.
“Save yourself! Don’t look back! Tearing us apart untill is all gone, the only word I ever known sleeps beneath the waves, but I’m the one who is drowning without your love. I am lost and I can never go back”
(Evanescence em “Never Go Back”)
1 comentários:
Evanescence é majestoso em sua essência... transpõe d 1 singularid única. Sempre os admirei pela simplicidad, superação, letras e a voz d Amy... parabés a banda...
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