10 de nov. de 2011

Evanescence e a maturidade.

Evanescence album art

por Rubens Rodrigues

Se existe uma banda singular dentro do metal nos últimos dez anos, essa banda é o Evanescence. Por mais que existam inúmeros grupos no gênero com vocal feminino, nenhuma outra se parece nos arranjos ou na inconfundível voz da líder Amy Lee.

Conhecida mundialmente em 2003 com o álbum Fallen, a banda enfrentou um caminho tortuoso até o lançamento do sucessor The Open Door, em 2007. Agora, com o terceiro CD de estúdio que leva o próprio nome da banda, o Evanescence mostra que está mais maduro e que já superou os problemas do passado.

Tão verdade, que as novas músicas confirmam o amadurecimento da letrista se comparado aos trabalhos anteriores. Fallen falava sobre amor e até passava mensagens de auto-ajuda em faixas como “Going Under” e “Bring Me To Life”, ao mesmo tempo em que trazia uma sonoridade densa e outro tanto de letras fantasiosas.

Totalmente diferente, The Open Door nasceu cheio de revolta e letras óbvias para quem conhece a história da banda. De cara, é possível identificar verdadeiras cartas abertas ao co-fundador da banda Ben Moody (ouça “Lacrymosa”) e ao ex-namorado da vocalista, Shaun Morgan (como em “Call Me When You’re Sober”). Entretanto, o álbum rendeu as melhoras músicas já compostas por Lee: a belíssima “Lithium”, a experimental “The Only One” e “Your Star”, que apresenta um piano exuberante.

É incrível notar a diferente sonoridade em “What You Want”, que abre o novo CD. Amy está mais energética e os instrumentos avisam que os músicos deixaram a tristeza de lado, apostando mais no rock ‘n’ roll. Mais assombroso ainda é conseguir identificar a essência do Evanescence na letra, com o teor de auto-ajuda uma vez visto no Fallen, mas já definindo a tonalidade que seguirá em “Made of Stone”.

Um detalhe interessante é que o disco tem músicas interligadas, como a dobradinha “The Change” e “My Heart is Broken”. Riffs e uma voz suave constroem base para a revoltada melodia da primeira, que logo soa suave novamente. Partimos para “My Heart is Broken”, mas não se engane com o título: a canção segue o peso estabelecido no início mesclado com a suavidade da música anterior em alguns momentos.

A ligação entre as músicas não é notável apenas instrumentalmente. “The Change” narra o fim de um relacionamento, enquanto a seguinte fala sobre o sentimento de perda e o processo de superação. Em “My Heart is Broken”, o piano estabelece a sensibilidade do tema.

Após a frenética “Erase This”, ouvimos “Lost in Paradise” - que te deixa como o título propõe, te fazendo esquecer tudo ao redor e apenas ouvindo a banda em uma harmonia relaxante. Mas a tranqüilidade não dura muito, pois “Sick” e “End of the Dream” seguem com riffs explosivos acompanhados de vocal e bateria poderosos, justificando a melhor formação do Evanescence.

Os sintetizadores perdem espaço quando ouvimos a voz de Amy em “Oceans”, que faz a diferença quando o restante da banda entra em ação. Aqui temos mais um momento de ligação com outras músicas. Apesar da letra introspectiva, a música é o prólogo para o último ato, estabelecendo-se como o melhor momento do álbum.

“Never Go Back” e “Swimming Home”, que fecham com maestria a versão standard do CD, falam do desastre natural que assolou o Japão no início deste ano, mas são contadas a partir de perspectivas diferentes.

É impossível ouvir “Never Go Back” e não se arrepiar, pois a faixa narra o último momento das vítimas do tsunami. O refrão é desesperador, e a banda está tocando com mais vigor do que nunca. Logo ouvimos “Swimming Home”, a calmaria depois da tempestade, desta vez da perspectiva de quem sobreviveu à catástrofe. Temos então mais três músicas que entram para a lista de melhores composições de Lee e seus rapazes.

A versão deluxe conta ainda com quatro faixas bônus. Assim como todas as anteriores, “Say You Will”, “A New Way to Bleed”, “Disappear” e “Secret Door” são totalmente diferentes de tudo que o Evanescence já fez. A última, composta na harpa, evidencia que Amy nunca esteve tão bem vocalmente, além de trazer uma das letras mais bonitas do álbum.

O Evanescence conseguiu fazer o impensável entre as bandas do cenário: o disco mais pesado e, ao mesmo tempo, o mais pop da carreira. A letrista sabe como desenvolver músicas para a rádio, tanto que neste, mais da metade das músicas poderiam ser escolhidas como singles – até mesmo as faixas bônus. Valeu a pena esperar cinco anos pelo novo trabalho da banda.

Evanescence 2011 brand new metal Ev em estúdio

Save yourself! Don’t look back! Tearing us apart untill is all gone, the only word I ever known sleeps beneath the waves, but I’m the one who is drowning without your love. I am lost and I can never go back”

(Evanescence em “Never Go Back”)

1 comentários:

Bruno Almeida disse...

Evanescence é majestoso em sua essência... transpõe d 1 singularid única. Sempre os admirei pela simplicidad, superação, letras e a voz d Amy... parabés a banda...