Anos atrás, quando ainda era um adolescente, Sandy declarou que era virgem. E mais, falou que só deixaria de ser quando encontrasse alguém especial. A entrevista repercutiu, e muita (mas coloca MUITA aí no seu pensamento) gente começou a julgá-la por isso.
Sem sal, infantil, recatada, certinha, chata, frígida, falsa, boca aberta, tediosa...
Enfim, mil adjetivos foram usados para rotular Sandy. Adjetivos quase sempre colocados em um contexto negativo. Como se ela tivesse cometido um crime por ser virgem. O que basicamente formava uma contradição, já que nossa sociedade de um modo geral sempre pregou a moral e os bons costumes (aham, sei), mas agora torcia para uma garota deslizar a qualquer momento, fazer algo errado a todo custo, porque aquela convicção dela estava incomodando demais as pessoas.
Durante anos esses rótulos perseguiram a Sandy, e até refletiram na sua carreira e no reconhecimento do seu talento. Em quase todas entrevistas, o entrevistador tentava tirar alguma declaração, algum palavrão ou algum fato da boca de Sandy. Nada saia, pois ela era educada. E isso de certa forma ofendia mais a sociedade.
Eu admito que não sou fã do estilo dela, mas seria ridículo não reconhecer que ela tem algum talento. Mas isso sempre ficou em segundo plano, pra maioria das pessoas Sandy era uma chata e ponto. A expectativa era de que ela errasse, que proporcionasse ao público uma chance para julgá-la. De longe, eu achava isso cruel. Sempre achei. Sempre acreditei que um artista, antes de tudo, faz arte. E é isso que importa. Nunca admirei o Oasis pelas polêmicas brigas dos irmãos Gallagher ou Van Gogh por ter cortado a orelha. Eu admiro a arte, a criação, e isso deveria importar. Mas não importa tanto... Infelizmente as pessoas estão cada vez mais ignorando isso e valorizando coisas banais. Vi pessoas comemorando cada tropeço da Amy Winehouse, esquecendo o gênio que ela era. Sandy não é um gênio, mas tem algo pra mostrar, quer ser ouvida. Precisa da chance que muitos negaram, por causa de um preconceito bobo gerado por uma escolha pessoal que ela fez.
Notoriamente ela está tentando se livrar dessa imagem de garotinha pura que a seguiu durante mais de 10 anos. Primeiro ela fez aquele comercial da Devassa, depois deu algumas declarações polêmicas (ou tentou dar). Achei meio forçado, mas entendi o lado dela. No entanto, um fato pode mudar tudo: a sua recente entrevista à Playboy. Não me refiro à polêmica declaração da capa. Esqueçam isso. Dentro da revista, há uma entrevista madura, franca, que expõe uma Sandy mulher, que fala abertamente sobre sexo. Discordei de muitas coisas que ela falou (uma tendência machista na entrevista), mas admirei o fato dela falar. Infelizmente isso foi necessário, para que o fardo do passado fosse deixado para trás.
Agora fica a pergunta: o que acontecerá? O rótulo de certinha vai ser sepultado e darão uma chance para a cantora Sandy? A situação irá se inverter e agora vão julgá-la pelas declarações polêmicas? Os céticos irão dizer que ela continua chata e que a entrevista foi forçada?
Sei lá, nem quero saber. Não me importo. Gostaria que o público também não se importasse, que desse uma chance ao talento, ao que o artista tem a dizer. Se isso fosse levado em conta, certamente não teríamos que agüentar tantas porcarias que tocam no rádio hoje em dia.
“Playboy - Dizem que as mulheres não gostam de sexo anal. Você concorda com isso?
Sandy - Então... não tem como não responder isso sem entrar numa questão pessoal. Mas, falando de uma forma geral, eu acho que é possível ter prazer anal, sim, porque é fisiológico. Não é todo mundo. Deve ser a minoria que gosta.”
(O comentário polêmico na íntegra)
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