2 de set. de 2015

6 anos d’O Anagrama: 6 álbuns marcantes dos últimos 6 anos

POST

Essa semana O Anagrama completa 6 aninhos! Incrível pensar em como esse tempo todo passou rápido, e o quanto o site mudou de 2009 pra cá, mas mais incrível ainda é pensar em quanta coisa, quanta cultura pop, passou por aqui e pelo mundo nesse período. Por isso, para comemorar em grande estilo os 6 anos do site, resolvemos olhar para fora de nós mesmos e montamos uma série de listas selecionando alguns dos “itens” mais marcantes da cultura pop dos últimos anos. Serão dois posts de TV, dois de cinema e dois de música, para pagar tributo ao caráter multi-assunto d’O Anagrama, nos próximos seis dias, e embora as nossas seleções sejam muito pessoais, como sempre estamos mais que abertos para discutir quem faltou e quem sobrou nas listas com vocês, maravilhosos leitores!

Esse é o último post da série. Leia todos!

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Rated R
Lançamento:
20 de Novembro de 2009
Gravadora: Def Jam
Produção: L.A. Reid, Rihanna, Jay-Z, Carl Sturken, Evan Rogers, Chase & Status, The-Dream, Chuck Harmony, Brian Kennedy, Ne-Yo, StarGate, Tricky Stewart, will.i.am, The Y’s
Duração: 51m49s

por Caio Coletti

Falar do momento de virada que os meses antes, durante e depois do lançamento do Rated R representaram para a carreira e a vida de Rihanna é um clichê cansado. Depois do infame caso envolvendo o então namorado da cantora (Chris Brown) e do sucesso estrondoso que o Good Girl Gone Bad representou para ela, a deixando no topo do mundo pop por algum tempo, a cantora de Barbados mostrou autenticidade ao lançar um disco sombrio, sutilmente experimental e interminavelmente interessante como o Rated R. Fugindo do R&B tradicional que ditou o disco anterior, o hoje clássico Rated R transita por um território bem mais difuso e por misturas de gêneros bem mais complexas, o que se tornaria uma constante na carreira de Rihanna, embora ela ainda não tenha superado o seu disco de 2009 em termos de qualidade e impacto. Ouvir o Rated R hoje é testemunhar músicas lançadas seis anos atrás que previram muitas das tendências que começamos a ouvir de verdade no pop e no hip hop de 2014 pra cá. O flerte com o eletrônico (que iria se aprofundar nos subsequentes álbuns da moça) aparece nas primeiras faixas, especialmente na produção do duo StarGate em "Wait Your Turn", lotada de sintetizadores climáticos e influência do dubstep na batida e nas distorções.

Outras experimentações aparecem em faixas da segunda metade do álbum, seja no rock fragmentado e desafiador de “Rockstar 101” (veja aí embaixo), com a participação do guitarrista Slash, ou no ritmo latino de "Te Amo", com seu timbre bem particular de sintetizador e sua percussão marcante. A voz de Rihanna empresta personalidade e corpo a essas canções, e muito embora o alcance vocal e expressividade do seu timbre fosse ainda passar por muitas evoluções nos anos e álbuns seguintes da carreira, aqui a cantora já tomava as músicas para si de maneira impressionante, colocando inflexões vocais aprendidas em sua época de estrela do R&B em contextos diferentes e interessantes. Isso fica especialmente em evidência nas baladas do disco, que misturam produção explosiva com estrutura convencional, como "Fire Bomb" e "Cold Case Love" (co-composta pelo Justin Timberlake!).

Nesse sentido, o Rated R é o álbum que temos a agradecer pelo amadurecimento de Rihanna como força musical além dos hits teleguiados que marcaram o começo da carreira americana da cantora. Mostrou que ela era um elemento a ser considero dentro do pop, não só pela força nas paradas mas pela forma como mistura ritmos e climas diferentes para expressar uma verdade muito à flor da pele – essa tendência de conversar muito diretamente com o ouvinte, que de certa forma a faz fugir das letras essencialmente genéricas do pop convencional, faz de Rihanna uma figura única dentro do gênero, e reforçou sua relevância para ele. Seja nas elaborações visuais ou na mistura particular de influências que ela traz para cada álbum (mantendo ao mesmo tempo uma identidade muito reconhecível), a cantora barbadiana começou a se revelar para nós seis anos atrás – e o resultado foi um álbum inesquecível.

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Lançamento:
19 de Janeiro de 2011
Gravadora: XL
Produção: Jim Abbiss, Adele, Paul Epworth, Rick Rubin, Fraser T Smith, Ryan Tedder, Dan Wilson
Duração: 48m12s

por Caio Coletti

No atual mercado musical, um disco que chega à marca dos 4 milhões de unidades vendidas (o Prism de Katy Perry, por exemplo) é considerado bem-sucedido sem muito pestanejar. Dada essa perspectiva, é impressionante mesmo conceber que, não tanto tempo atrás, Adele tenha vendido 11 milhões de cópias do seu 21, segundo e até agora último álbum da carreira. A cantora britânica, que já havia conquistado fiéis seguidores dentro do nicho do neosoul, explodiu de vez com o sucesso da retumbante “Rolling in the Deep” (aí embaixo). A verdade é que o segredo do 21 é conversar tanto com a música tradicional americana quanto com o estilo Motown de gospel e soul que Adele tinha apresentado no disco de estreia, o 19. Conta a lenda que a influência americana no disco veio da amizade que a cantora fez com o motorista do seu ônibus de turnê enquanto fazia shows pelos EUA – natural da cidade do country, Nashville, o moço apresentou à cantora os encantos de compositores tradicionais e novos do gênero. Apaixonada por Garth Brooks, Wanda Jackson, Alison Krauss, Lady Antebellum, Dolly Parton e Rascal Flatts, Adele aproveitou o heartbreak de um relacionamento acabado para compor um álbum que estabelecia um diálogo complexo e interessante entre as formações musicais da sua autora ao mesmo tempo em que não alienava o público, apostando na identificação com as histórias relatadas nas letras e na tradição (à época quase morta) do breakup album.

O próprio hit do álbum, que citamos ali em cima, estabelece um ritmo e uma articulação melódica que não seria estranha à voz de Dolly Parton, por exemplo, ao mesmo tempo em que confia nos corais e sopros para encorpar a canção. Em "Don't You Remember", então, a influência aparece gritante – trata-se de uma balada country por excelência, levada por violão e pela voz sempre espetacular da cantora, dona de um dos tons mais distintamente marcantes ao ouvido, mesmo não sendo exótico como o de Duffy, por exemplo. Há algo de mais sutil na forma como a voz de Adele encontra o caminho para a memória do ouvinte, algo de insinuante e forçoso ao mesmo tempo, como se a sensibilidade intensa e as inflexões de interpretação importassem mais do que o timbre ou a potência em si. A potência, inclusive, ela deixa guardada para exibir em "Set Fire to the Rain", toda orquestração e drama, com Adele atuando no extremo oposto do trabalho que faz em "Lovesong", por exemplo.

O resultado da costura de influências, todas ligadas pela cola invencível da voz de Adele, é que quando chegamos à já lendária "Someone Like You" (talvez a balada de piano mais doída e brutalmente realista do nosso século), já estamos plenos musicalmente. Parte da equação de sucesso do 21, é claro, é o tema universal, que une todos os ouvintes e provocou uma sensação de pertencimento aos fãs que foram se reunindo ao redor do disco; outra parte é o fato que não existia, dentro do mainstream, algo exatamente como Adele – a febre do neosoul começada por Amy Winehouse já estava esfriando quando ela chegou; mas talvez o pedaço mais importante da fórmula que levou o 21 a vender mais do que qualquer disco nos últimos anos seja o fato que a cantora compôs, aqui, uma das obras mais completas e interessantes desse tempo todo. Já fazem 4 anos, mas qualquer tempo que Adele demore para retornar aos nossos ouvidos, pode ter certeza: vai ter valido a espera.

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Born This Way
Lançamento:
23 de Maio
Gravadora: Streamline/Kon Live/Interscope
Produção: DJ White Shadow, DJ Snake, Fernando Garibay, Lady Gaga, Robert John “Mutt” Lange, Jeppe Laursen, RedOne, Clinton Sparks
Duração: 61m08s

por Caio Coletti

Ame-o ou odeie-o por isso, é impossível negar que o universo pop não viu um álbum mais ambicioso do que o Born This Way nesses seis anos que cobrimos aqui n’O Anagrama. Num artigo lá de 2013 (veja aqui), a MTV destacou o quanto Lady Gaga faz para a música pop só por considerá-la “importante, uma forma de arte que, além de inspirar o ouvinte a se mexer, também tem o poder de transformar vidas e elevar os oprimidos, ou algo assim”. Apesar de ter vindo só dois anos depois de Born This Way, é impossível não ver essa declaração como conectada ao trabalho que Gaga realizou aqui, tanto temática quanto musicalmente, ao virar o pop de cabeça para baixo justamente para colocá-lo em seu devido patamar. Fugindo do genérico e brincando com tantos gêneros, referências e nuances que fica quase impossível de contar, Gaga criou uma obra-prima falha, que pula do precipício do pop com uma curiosidade quase adolescente de descobrir o que tem lá embaixo, e atira um monte de ideias boas no ouvinte enquanto despenca em queda livre – parece uma metáfora furada, mas a verdade é que Born This Way é justamente assim: pega o que absolutamente não parece uma boa ideia no papel, e faz funcionar. Não dá nem pra dizer que o disco é um binóculo para o estado da música em sua época, porque Born This Way não pertence a 2011 com tanta literalidade, arranjando maneiras mais sutis de refletir o zeitgeist contemporâneo e trazer de volta ao pop o espírito artístico e inspirador de colagem de referências para produzir novos significados. Com Gaga, pop é sobre surpreender, trazer elementos para as canções que a princípio parecem pouco adequados, e mostrar finalmente que, se ninguém nunca fizer algo inadequado, nós nunca sairemos do lugar. Em muitos sentidos, ela não é só uma cantora pop – ela é uma provocadora cultural.

E a provocação dessa ítalo-americana de 29 anos (25 na época do disco) nunca esteve melhor do que em Born This Way. A começar pela provocação musical: ela mistura uma banda mariachi com as batidas do tecno em "Americano", coloca um riff de guitarra pesado para abrir a sedada "Electric Chapel", ressuscita o solo de saxofone das ruínas dos anos 80 em "The Edge of Glory". Born This Way nunca se cansa de encontrar timbres e referências novas para fazer, seja na breve introdução em ópera de "Government Hooker" ou no verso falado em alemão que permeia "Scheibe" – o equilíbrio musical aqui é delicado, balanceando uma produção que rime com essas referências culturais todas e os elementos novos que Gaga encaixa nas reentrâncias do tema principal de cada canção. Assim, “Edge of Glory” é uma gloriosa power ballad oitentista ao mesmo tempo em que traz sintetizadores modernos e o punch da batida constante que marca todo o álbum. Algo semelhante acontece com todas as faixas que citamos aí em cima.

Temática e liricamente, é claro, Born This Way também encontra várias oportunidades de desafiar e provocar o ouvinte e a recepção geral que a sociedade terá dele. As referências religiosas aparecem no single "Judas" e na maravilhosa "Bloody Mary", que reforçam a consciência de Gaga da importância de se manter autêntica, com todas as suas falhas e vícios, para o público e para a missão artística à qual ela se candidata. A faixa-título (aí embaixo) encara de frente a questão do preconceito sexual e racial, sendo muito criticada na época por ser “óbvia demais”, mas fez um bem social tremendo ao dar nomes aos bois e entregar uma mensagem de auto-valorização que, não por coincidência, virou regra depois do sucesso estrondoso do single. Sem contar que a produção, mascarando a melodia de R&B sobre uma tonelada de sintetizadores tremendamente bem colocados, ajuda a torná-la um hino das pistas de dança que nunca envelhece. Em suma, Born This Way é importante por ter devolvido relevância de verdade, e a vontade de ser mais, ao pop – e digam o que quiserem, mas Gaga continua nessa missão até hoje.

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Ceremonials
Lançamento: 28 de Outubro de 2011
Gravadora: Island
Produção: Paul Epworth, James Ford, Charli Hugall, Ben Roulston, Isabella Summers, Eg White
Duração: 55m58s

por Caio Coletti

“Nos fazendo acreditar que hajam palavras para nomear coisas inomináveis e melodias para descrever essas palavras é como um álbum pode nos fazer sentir menos sozinhos no mundo”, escreve a jornalista Emma Forrest no encarte de Ceremonials, álbum que o Florence + The Machine lançou em 2011, o primeiro após a explosão (e não só no meio indie) que foi o Lungs, disco de estreia da banda. Há algo de mágico na obra que a cantora britânica, sua banda e o produtor Paul Epworth criaram a partir da vontade de fazer música que refletisse uma necessidade de fuga do mundo terreno, a angústia por um grito quando tudo o que se ouve são sussurros abafados, a vontade de transcender e entender o que existe entre nós e o mundo superior. Ceremonials tira o seu título de um verso da faixa de abertura, "Only If For a Night" – na melodia, Florence canta: “my own secret ceremonials/ before the service began/ in the graveyard/ doing handstands”, evocando um ritual pagão de adoração não a uma divindade misteriosa, mas a uma religião que tem muito mais a ver com a tragédia e o sentimento humano do que com qualquer coisa que esteja acima de nós. Ou melhor, que acredita que o que quer que esteja acima de nós, está conectado aos nossos corpos e espíritos de forma irremediável. Pode parecer ridículo a alguns falar assim de um pedaço de música, mas serve para mostrar que Ceremonials não é um álbum cujos temas podem ser explicados às minúcias, em uma linguagem prática. É sobre tudo, e tudo o que não conseguimos contar. É, como bem disse Emma Forrest, inominável.

Musicalmente é um pouco mais fácil entender o processo criativo que levou Ceremonials à existência. Primeiramente, a transição entre esse e o primeiro álbum da banda não é de forma alguma suave: tanto a faixa de abertura, da qual já falamos, quando o semi-hit “Shake it Out” (veja abaixo) trocam as batidas retumbantes, guitarras e harpas da orquestração do Lungs por teclados, corais e percussões ainda bem marcantes, mas perceptivelmente desaceleradas. "Never Let Me Go" radicaliza essa fórmula ao entregar alguns dos momentos mais sutilmente tocantes da discografia de Florence, confiando numa queda de tom operada com delicadeza pelo piano para nos levar à apoteose serena (?!) da canção. O resultado é a peça mais linda do disco, embora virtualmente todas as faixas tenham algum direito de reclamar esse posto: "Lover to Lover" acelera os teclados e emula o soul da época da Motown para combinar com uma letra muito mais à flor da pele e agressiva do que a maioria do álbum; "Seven Devils" é uma delirante e incômoda canção, de seu modo muito peculiar, realçando a qualidade insinuante da voz de Florence, que começa em monotom e cresce perto do final; e "Heartlines" carrega na percussão com influências africanas para entregar uma mensagem inspiradora que jamais esbarra no piegas, além de vir com uma melodia previsivelmente linda.

Com as performances vocais mais impressionantes da cantora, que possui um timbre marcante e uma potência inacreditável (algo que o terceiro álbum, How Big How Blue How Beautiful, só explora limitadamente), Ceremonials continua relevante quatro anos depois de seu lançamento não por ter sido uma influência decisiva no mainstream, mas por permanecer uma obra única e essencial no terreno da música como expressão. Não há outro disco que coloque em notas musicais o que o Ceremonials colocou, ou ao menos não com essa qualidade etérea e esse verniz espetacular que ele botou sobre as suas reflexões. Em grande parte, o disco é uma obra que não quer falar sobre algo, mas reproduzir uma sensação (Florence, inclusive, disse que o compôs e idealizou procurando replicar o momento de sua infância em que estava embaixo d’água e “sentiu que era capaz de respirar”). É grandioso e produzido com uma combinação absurda de delicadeza e poderio sônico. É alto, intenso, indecifrável e épico. Em muitos sentidos, é exatamente como a vida.

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Electra Heart
Lançamento:
27 de Abril de 2012
Gravadora: 679/Atlantic
Produção: Benny Blanco, DJ Chuckie, Cirkut, Diplo, Dr. Luke, Liam Howe, Devrim Karaoglu, Greg Kurstin, Fabian Lenssen, Ryan McMahon, Rick Nowels, Ryan Rabin, Dean Reid, StarGate
Duração: 46m51s

por Ilson Junior

Recentemente a Billboard listou alguns dos artistas mais subestimados do cenário pop atual e Marina & the Diamonds não poderia perder seu lugar nessa lista. Se comparada às suas colegas de trabalho britânicas, como Ellie Goulding e Charli XCX, que obtiveram hits mundiais e alto reconhecimento, Marina ainda não conquistou isso mesmo com 3 álbuns lançados e mais de meia década de carreira. Seu ultimo disco, o FROOT, é uma louvável obra pop só pelo fato de ter sido completamente composto por ela, sozinha, além da mãozinha da artista na produção. Além disso, Marina sabe como produzir um visual interessante para agregar valor à suas musicas. O que querer mais? A questão a respeito de seu sucesso ainda não ter acontecido pode ser porque a cantora traça seu caminho de forma um tanto solitária, senão egocêntrica; não possui uma única parceria vocal sequer em qualquer um de seus álbuns, e nem com artistas mais famosos – talvez pela sua incrível habilidade de escrever sobre si mesma, e se fazer história, mesmo que em um pseudônimo.

O segundo álbum da carreira da cantora, Electra Heart só não foi lançado sem o nome da artista por exigências de profissionais externos: o alter-ego de Marina não era ela, mas era uma e eram várias ao mesmo tempo. Um disco recheado de músicas chicletes, superproduções e um tanto distante da homogeneidade poderia facilmente ser mencionado como destinado ao mercado americano, como afronta e ao mesmo tempo homenagem ao pop superficial que se mantem por lá; a dona do American Dream resolve tirar os planos do papel. A galesa construiu o álbum inspirando-se em quatro arquétipos femininos (housewife, beautyqueen, homeweacker, idle teen) e escreveu sobre o que ela mesma não era. Para um álbum cheio de luxo, dor, egocentrismo e tristeza, Marina desenvolveu uma videografia específica, separada em 11 partes, desde o corte radical do cabelo que inicia a era e posteriormente, pintado de loiro, se torna fator importante no registro do tempo, até o encerramento, já com o cabelo escuro como de início, quando vemos o coração da bochecha que a acompanhou durante todo o percurso ser apagado na canção “Electra Heart”.

Com produções pop que fogem muito da proposta alternativa de seu primeiro álbum, The Family Jewels, a história de Electra é capaz de instigar inúmeras teorias, em todo seu mistério, somado ao encanto presente em cada arquétipo e em cada musica, desde “Bubblegum Bitch” trabalhada nos ácidos e agressivos sintetizadores, ao mistério sussurrado de “Teen Idle”. Por outro lado, “Starring Role” pode ser mencionada como uma das obras-primas da artista, dona de uma composição rica e dolorosa que facilmente afeta qualquer um que escuta, e entornada de uma produção que não ousou competir com a letra, mas, embora simples, é ímpar. “Primadonna”, a música comercialmente mais forte no disco – que posteriormente competiria com “How To Be a Heartbreaker” com um destino declarado ao mercado dos EUA – foi responsável por levar a artista à muitos novos ouvidos, é uma das faixas mais viciantes do conjunto, e ganhou um dos vídeos mais trabalhados da série. Cada faixa é única embora formem um conjunto rico em diversos aspectos.

Marina entregou aos fãs um álbum dono de canções capazes de abraçá-los em cada momento diferente da vida e provar que todos nós temos um lado sombrio que é belo dentro de nós. Assim, conseguiu nos entregar um dos discos mais ricos da nossa década, de uma artista ousada que não deixa de usar todas as suas inúmeras habilidades.

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Ultraviolence
Lançamento:
16 de Junho de 2014
Gravadora: Interscope/Polydor
Produção: Dan Auerbach, Lana Del Rey, Paul Epworth, Lee Foster, Daniel Heath, Greg Kurstin, Rick Nowels, Blake Stranathan
Duração: 51m24s

por Gabryel Previtale

O terceiro álbum da cantora Lana Del Rey é uma excelente sumarização de sua essência como artista. Nos discos anteriores, apesar de prevalecer seu toque autoral, havia muitas influências modernas e de outros estilos musicais como hip-hop, além do uso de sintetizadores. Neste em especial, Lana se manteve sóbria nas suas composições de um jeito muito coeso e eficaz. As faixas colocadas neste fazem sentido juntas e emanam uma nostalgia sessentista aveludada que só a cantora consegue transmitir nos dias atuais. A melhor faixa, na minha opinião, é a que dá nome ao álbum, "Ultraviolence". Ela evoca sentimentos de dor e amor mesclados, com o belo e contido uso da voz de Lana, sem abusar de muitas ginásticas vocais, mas colocando sua assinatura na pronuncia das palavras.

Com certeza este foi um dos melhores álbuns lançados nos últimos anos, pra quem gosta e também pra quem não é fã do estilo da cantora, visto que mesmo os incrédulos concordaram que este é um trabalho que deve ser admirado e levado a sério, principalmente ao se observar as influências musicais e sonoras dispostas neste conjunto de canções trabalhadas pela artista.

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