6 de jun. de 2012

O Caso de Amor de Laurel e Hardy

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Eu não queria colocar nada pessoal aqui, mas acho meio difícil. Ray Bradbury foi apresentado a mim pelo meu pai através de um livro empoeirado de contos intitulado O Viajante do Tempo. A coleção de 23 histórias foi provavelmente o que me fez querer ser escritor, seja da forma que fosse. A forma como Bradbury lidava com as palavras é de um sabor artesanal, de uma magia idílica que eu não consegui ler em nenhum outro autor. Ele passeava por ficção científica, romance, terror, drama e comédia com a simples e perfeita prerrogativa de uma nostalgia e uma evocação quase poéticas.

Ainda que aos 91 anos, o mundo perdeu um dos maiores artistas da palavra que já passaram por aqui. Minha forma de homenageá-lo é transcrevendo “O Caso de Amor de Laurel e Hardy”. O meu conto preferido, do meu livro preferido, do meu escritor preferido. Eu não sei qual vai ser o impacto em vocês, mas eu não sei ler essa história sem me emocionar profundamente. É essa emoção, esse estilo único, essas palavras que transcendem qualquer outra descrição para elas, que vão continuar a viver.

O Caso de Amor de Laurel e Hardy

por Ray Bradbury
(In Memoriam: 1920-2012)

Ele a chamava de Stanley e ela o chamava de Ollie.

Isso foi o princípio, foi também o fim do que chamaremos de o caso de amor de Laurel e Hardy.

Ela tinha vinte e cinco anos e ele tinha trinta e dois quando se encontraram num desses coquetéis tediosos, onde todo mundo se pergunta o que foi fazer ali. Mas ninguém vai embora e no final acabam bebendo demais e mentindo, dizendo que foi uma grande festa.

Como acontece frequentemente em salas lotadas, eles não viram um ao outro; e, se houve alguma música romântica que servisse de fundo para sua colisão, ninguém a ouviu. Porque todos estavam falando com uma pessoa e olhando para alguma outra.

Eles ricocheteavam através da floresta humana, sem no entanto encontrarem sombras acolhedoras. Ele estava procurando um drinque; ela, fugindo de um estranho que lhe fazia propostas amorosas. E seus caminhos se cruzaram exatamente no centro da multidão estéril. Tentaram esquivar-se, desviando para a esquerda e para a direita algumas vezes, mas acabaram caindo na risada. Num impulso, ele agarrou sua gravata e abanou-a na direção dela, sacudindo os dedos. Imediatamente ela sorriu, levantando a mão para puxar os cabelos do alto da cabeça num coque desalinhado, piscando e fazendo um ar de quem tinha recebido uma pancada.

- Stan! – gritou ele, reconhecendo-a.

- Ollie! – exclamou ela. – Por onde você tem andado?

- Por que você não faz alguma coisa para me ajudar? – disse ele, com gestos largos.

Agarravam o braço um do outro, ainda rindo.

- Eu... – disse ela com um ar ainda mais radiante. – Eu... Eu sei o lugar exato, a uns três quilômetros daqui, onde em 1930 o Gordo e o Magro carregavam aquela caixa de piano para cima e para baixo daqueles cento e cinquenta degraus!

- Ótimo – gritou ele. – Vamos embora daqui!

Bateram a porta do carro dele e o motor roncou. Los Angeles passava velozmente por eles, iluminada pelo Sol do fim da tarde.

Freou o carro exatamente onde ela disse que estacionasse.

- É aqui!

- Eu não acredito – ele murmurou sem se mexer, somente olhando para o céu colorido de pôr-de-Sol. Abaixo da colina as luzes começavam a aparecer por toda Los Angeles. Ele fez um sinal com a cabeça e prosseguiu: – São esses aí os degraus?

- Todos os cento de cinquenta.

Ela saltou do conversível.

- Venha, Ollie!

- Muito bem – disse ele.

Caminharam até o sopé de outra colina e levantaram os olhos, contemplando os degraus íngremes que se erguiam contra o céu. Os olhos dele estavam ligeiramente mareados. Ela rapidamente fingiu não notar, mas segurou-lhe o cotovelo. A voz dela era maravilhosamente doce:

- Vá – disse ela. – Vá, continue.

E deu-lhe um terno empurrão.

Ele começou a subir, contando, e a cada número que dizia num murmúrio sua voz assumia um decibel extra de alegria. Quando alcançou o quinquagésimo sétimo, já se transformara num menino que brincava de um jogo maravilhoso, ao mesmo tempo novo e antigo. Perdera-se no tempo e não poderia dizer se estava carregando o piano para cima ou se este é que o perseguia colina abaixo.

- Pare aí! – ele a ouviu dizer muito longe. – Bem aí!

Ele ficou imóvel, balançando-se sobre o degrau de número cinquenta e oito e sorrindo espantado, como se fantasmas o estivessem acompanhando. Virou-se para ela.

- Tudo bem – disse a moça. – Agora venha para baixo.

Começou a descer, sentindo o rosto afogueado e uma dor peculiar de felicidade no peito. Ele podia ouvir o piano seguindo-o.

- Pare aí mesmo!

Ela segurava uma câmera, e ao vê-la, instintivamente ele levou a mão direita à gravata, para fazê-la rodopiar com o ar da noite.

- Agora eu! – ela gritou, e correu para lhe dar a câmera.

Ele desceu e ficou olhando para cima: lá estava ela, imitando os ombros encolhidos e o rosto perplexo e desesperançado de um Stan espantado com a vida, mas ainda amando viver. Ele disparou o obturador com vontade de ficar ali o resto da vida.

Ela foi descendo devagar, olhando para o rosto dele.

- Você está chorando – a moça exclamou.

Colocou os polegares sob os olhos dele para afastar as lágrimas.

Conferiu o resultado.

- É isso – disse –, lágrimas de verdade.

Ele a observou e viu que os olhos dela também estavam quase tão marejados quanto os seus.

- Veja só, você já foi nos meter noutra encrenca – ele disse.

- Oh, Ollie – ela disse.

- Oh, Stan – ele disse.

Ele a beijou suavemente. E acrescentou:

- Será que nós vamos ficar juntos para sempre?

- Para sempre – ela disse.

E foi assim que começou aquele longo caso de amor.

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É claro que eles tinham nomes verdadeiros. Mas isso não importa, porque sempre acharam que a melhor coisa seria chamarem um ao outro de Laurel e Hardy. Pelo simples fato de que ela pesava sete quilos a menos do que deveria e ele estava sempre tentando fazê-la ganhar peso; e ele tinha dez quilos a mais e ela também estava sempre tentando que ele emagrecesse. Mas os esforços eram inúteis e se transformaram na melhor das brincadeiras, que no final se resumira ao seguinte:

- Você é Stan, sem dúvida alguma, e eu sou Ollie, vamos encarar a verdade. E, meu Deus, minha cara jovem, vamos aproveitar essa encrenca, essa bela encrenca em que nos metemos enquanto durar!

E, enquanto durou, e durou bastante, foi uma dessas coisas perfeitas, uma loucura da qual eles nunca se livrariam até o fim da vida.

A partir daqueles momentos crepusculares na escadaria, seus dias sempre foram longos, despreocupados e repletos daquele riso maravilhoso que acompanha o início e o dia-a-dia de qualquer grande caso amoroso. Somente quando paravam de rir para se beijarem, e apenas interrompiam os longos beijos para rirem daquela coisa estranha e milagrosa que era se encontrarem completamente nus no meio de uma cama tão grande como a vida e tão linda como a manhã.

Sentado ali, no meio de toda aquela brancura tépida, ele fechou os olhos, sacudiu a cabeça e declarou pomposamente:

- Eu não tenho nada a dizer!

- Sim, você tem! – gritou ela. – Diga!

Ele disse e eles rolaram da borda da Terra.

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O primeiro ano deles foi um mito, uma fábula que seria exageradamente aumentada ao ser lembrada, trinta anos mais tarde. Iam com frequência ao cinema assistir a filmes novos ou velhos, mas principalmente aos do Gordo e Magro. Sabiam de cor todas as melhores cenas e gostavam de repetir as falas, gritando enquanto à meia-noite andavam de carro pelas ruas de Los Angeles. Ele a mimava, tratando a infância dela em Hollywood como se fosse algo de muito especial, e ela também o mimava, fazendo de conta que o menino que ele tinha sido – andando de patins em frente aos estúdios – ainda vivia no presente.

Ela provou isso certa noite. Num ímpeto, perguntou onde ele, em seus patins, colidira com o comediante W.C. Fields. Onde pedira a Fields um autógrafo e este devolvera-lhe o livro com uma exclamação:

- Eis aí, seu pequeno filho da puta!

- Me leve lá – ela disse.

Às dez da noite, desceram do carro na frente do estúdio da Paramount; e ele, apontando para o chão, perto do portão, contou:

- Ele estava aqui.

Ela então o abraçou e o beijou, dizendo com carinho:

- Onde foi que você tirou aquela foto com Marlene Dietrich?

Ele atravessou a rua e andou com ela uns vinte metros.

- Marlene estava aqui – disse –, iluminada pelo Sol do poente.

E ela o beijou novamente, enquanto a Lua, surgindo como num passe de mágica, iluminava toda a rua em frente ao estúdio. Ela deixou que toda a sua alma fluísse para ele, como se fosse uma cascata; ele recebeu seu fluxo, devolveu-o e ficou feliz.

- Agora – disse ela, num murmúrio –, onde você viu Fred Astaire em 35, e Roland Colman em 37, e Jean Harlow em 36?

Até a meia-noite ele a levou a esses três lugares diferentes, e em cada um deles ela o beijou como se aquele momento não tivesse nunca um fim.

Foi assim no primeiro ano. E durante aquele ano, pelo menos uma vez por mês eles voltaram àquela escadaria íngreme do piano e festejaram com coquetéis de champanhe. Até descobrirem uma coisa surpreendente:

- Eu acho que são as nossas bocas – disse ele. – Eu nem sabia que tinha uma boca até encontrar você. A sua boca é a coisa mais extraordinária do mundo, e me faz sentir como se a minha também fosse extraordinária. Você foi realmente beijada antes de me encontrar?

- Nunca!

- Nem eu. E pensar que vivi tanto sem conhecer bocas.

- Minha querida boca – disse ela –, fique quieta e me beije.

Entretanto, no fim daquele ano eles descobriram uma coisa muito mais extraordinária. Ele trabalhava para uma agência de publicidade e era obrigado a passar os dias num só lugar. Ela, por sua vez, trabalhava para uma agência de viagens e em breve precisaria viajar com frequência. Os dois ficaram espantados por não terem percebido isso antes. Mas agora, quando a explosão do Vesúvio já acontecera e a poeira começava a assentar, uma noite eles se sentaram e olharam um para o outro; e ela disse, com voz fraca:

- Adeus...

- O quê? – ele perguntou.

- Estou vendo a hora do adeus se aproximar – disse ela.

Ele olhou para o rosto dela e viu que ela não estava triste como Stan nos filmes, apenas triste como ela mesma.

- Eu me sinto como num final de romance de Heminghway – disse ela –, quando duas pessoas caminham juntas, no final da tarde, dizendo como seria bom se aquilo pudesse continuar para sempre, mas sabendo que não é possível.

- Stan – ele retrucou. – Isso não é nenhum romance de Heminghway e não pode ser o fim do mundo. Você não vai me deixar nunca.

Entretanto, sua frase parecia mais uma pergunta do que uma afirmação. Ela fez um movimento suave e ele, piscando, perguntou:

- O que é que você está fazendo?

- Bobo – ela disse –, estou me ajoelhando no chão e pedindo a sua mão. Case-se comigo, Ollie. Venha comigo para a França. Eu tenho um novo emprego em Paris. Não, não dia mais nada. Fique quieto. Ninguém precisa saber que vou sustentá-lo durante o ano, para que você possa escrever o grande romance americano...

- Mas... – disse ele.

- Você tem uma máquina de escrever portátil, uma resma de papel e eu. Diga uma coisa, Ollie, você vem comigo? Que diabo, nem precisa casar comigo, viveremos em pecado. Mas venha comigo, sim?

- E ficar olhando o fracasso chegar e nos destruir dentro de um ano?

- Será que você tem tanto medo disso, Ollie? Será que não acredita em mim ou em você? Meu Deus, porque será que os homens são tão covardes? Diabos, porque tem a pele tão fina e teme se apoiar na mulher como se ela fosse uma escadinha de parede? Escute, eu tenho uma tarefa a cumprir e você vai comigo. Eu não posso deixar você aqui, você rolaria escada abaixo. Mas, se eu precisar fazer isso, eu farei. Eu quero ter tudo agora, não amanhã. Isso inclui você, Paris e meu trabalho. Você vai precisar de tempo para escrever o seu romance, mas vai conseguir. Agora, ou você vai escrevê-lo aqui, sentindo pena de si mesmo, ou vamos viver num desses apartamentos que tem água fria e muitos andares para subir, longe daqui, no Quartier Latin. É a única vez que eu estou lhe propondo isso, Ollie. Nunca pedi ninguém em casamento antes. E nunca mais farei isso, porque meus joelhos já estão doendo. E então?

- Nós já falamos alguma vez sobre isso? – perguntou ele.

- Pelo menos uma dúzia de vezes durante o ano passado, mas você nunca quis escutar. Não tinha jeito.

- Não. Eu estava apaixonado e sem jeito.

- Você tem agora um minuto para se decidir. Sessenta segundos.

Ela olhava para o relógio de pulso.

- Levante-se-daí! – disse ele embaraçado.

- Se eu fizer isso, será para abrir a porta e desaparecer para sempre – ela comunicou. – Faltam quarenta e nove segundos, Ollie.

- Stan! – suplicou ele.

- Trinta – disse ela, com os olhos no relógio. – Vinte. Já levantei um joelho do chão. Dez. Estou começando a levantar o outro. Cinco. Um.

E ela se levantou.

- A troco do quê, tudo isso?

- Ouça – disse ela –, estou caminhando em direção à porta. Não sei, talvez eu tenha pensado nisso mais do que eu mesma podia perceber. Nós somos pessoas extraordinárias, Ollie, e não acho que ninguém parecido conosco vai aparecer de novo no mundo, pelo menos para nós dois. Ou então estou mentindo para mim mesmo, e provavelmente estou. Mas eu preciso ir embora e você tem a liberdade de vir comigo, embora não esteja podendo encarar o fato, ou sei lá o quê. E agora... – Ela estendeu a mão. – Estou com a mão na maçaneta e...

- E... – ele disse, num murmúrio.

- Estou chorando – ela falou.

Ele começou a se levantar, mas ela sacudiu a cabeça.

- Não, não faça isso. Se você me tocar eu vou ceder, que diabo! Eu tenho que ir embora. Porém, uma vez por ano será o dia da indulgência, ou do perdão, ou seja lá do que for que você quiser chamá-lo. Uma vez por ano eu vou aparecer lá naquela escadaria, mas sem o piano, na mesma hora, como naquela noite em que nos encontramos. E se você estiver lá, eu vou sequestrá-lo, ou você me sequestrará, mas por favor não leve nenhum extrato bancário para me mostrar, nem fale nisso.

- Stan – disse ele.

- Ah, meu Deus! – gemeu ela.

- O quê?

- Essa porta está tão pesada. Não consigo abri-la. – Ela soluçava. – Veja. Está se abrindo. Veja. – E ela soluçava mais forte. – Já fui embora.

A porta fechou-se.

- Stan!

Ele correu e agarrou a maçaneta. Estava molhada. Levantou os dedos até a boca, provando o gosto de sal, e escancarou a porta.

O hall já estava vazio. O as deslocado pelo corpo dela voltou para encontrá-lo. Houve uma ameaça de trovão quando as duas metades de ar se encontraram. Com uma promessa de chuva.

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Por três anos ele voltou para a escadaria do piano no dia 4 de Outubro, mas ela nunca apareceu. Depois, nos dois anos seguintes, ele esqueceu. Contudo, no outubro do sexto ano ele se lembrou de novo e voltou na hora do poente; correu até a metade da escada porque vira algo lá em cima. Era uma garrafa de champanhe com uma fita, e um bilhete dizia:

“Ollie, querido Ollie. Data lembrada. Mas em Paris. As bocas não são as mesmas, mas felizes no casamento. Amor. Stan.”

Depois isso, ele nunca mais foi lá em Outubro. O som daquele piano despencando escada abaixo poderia agarrá-lo e arrastá-lo para Deus sabe onde.

E esse foi o fim, ou quase, do caso de amor de Laurel e Hardy.

Pois houve um encontro final, devido a um acaso feliz.

Quinze anos depois, viajando pela França, ele caminhava com a mulher e as duas filhas pelos Champs-Elysées, num final de tarde, quando viu uma bela mulher vindo na direção contrária. Ela estava acompanhada por um homem mais velho, muito distinto, e por um menino muito bonito de uns doze anos, cabelo escuro, obviamente filho do casal.

Ao cruzarem seus caminhos ambos imediatamente abriram um amplo sorriso.

Ele girou a gravata para ela.

Ela puxou o cabelo para cima, para ele.

E não pararam. Continuaram a andar. Mas ele a ouviu gritar, no Champs-Elysées, e foram as últimas palavras que ouviria dela:

- Veja só a encrenca em que você nos meteu!

E então ela o chamou pelo antigo nome, o apelido que ele tivera nos anos em que haviam se amado.

Porém, ela desapareceu. As filhas e a mulher olharam para ele e então uma das meninas perguntou:

- Aquela senhora chamou você de Ollie?

- Que senhora? – perguntou ele.

- Papai – disse a outra filha, inclinando-se para olhá-lo. – Você está chorando!

- Não.

- Está, sim. Não é, mamãe?

- O pai de vocês – disse a mãe –, e vocês sabem disso, chora até olhando para catálogos de telefone.

- Não – disse ele –, só para cento e cinquenta degraus e um piano. Lembrem que eu tenho que mostrar isso para vocês, meninas, algum dia.

Continuaram a caminhar, mas ele se voltou para olhar para trás, pela última vez. A mulher que estava com o filho e o marido dela também se virou no mesmo momento. Talvez ele tivesse visto a boca da mulher mover os lábios, dizendo: “Até logo, Ollie”. Ou talvez fosse imaginação. Mas ele sentiu que seus próprios lábios de moviam, silenciosamente: “Até logo, Stan”.

E assim eles continuaram andando em direções opostas pelo Champs-Elysées à luz daquele Sol poente de outubro.

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