29 de jun. de 2014

Review: “Jogos do Apocalipse” dá roupagem nova a uma antiga reflexão sobre a humanidade

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por Caio Coletti

É difícil classificar The Philosophers (Jogos do Apocalipse, na bizarra tradução brasileira) em um gênero: fantasia não é um termo que englobe toda a ambientação do filme, que só traz cenários fantásticos – apocalípticos e pós-apocalípticos – quando entra na imaginação de seus personagens; suspense também não faria jus à atmosfera reflexiva e plácida da obra de John Huddles, que volta ao cinema 15 anos depois de seu último filme, At Sachem Farm; há algo de drama de personagens e algo de exercício metafísico de narrativa em The Philosophers.  Este é um filme que usa as ferramentas de um apanhado de gêneros diferentes para mostrar seu ponto de forma criativa, inteligente e efetiva. Dessa forma, mesmo que tal ponto seja notadamente batido, o resultado é marcantemente envolvente.

A trama se baseia em uma aula de filosofia ministrada por Mr. Zimit (James D’Arcy), a última do ano para sua classe de alunos notáveis em uma escola internacional. Em dita aula, o professor faz os estudantes simularem uma situação apocalíptica: o mundo está explodindo em guerra nuclear, e os 20 jovens precisam escolher só 10 deles (incluindo ou não o próprio docente) para se abrigar em um bunker, onde passarão anos a fio esperando a radiação se extinguir. O roteiro monta, assim, um jogo provocante e intenso entre racionalidade, conclusões filosóficas e emoção, enquanto a direção e a fotografia trabalham juntas para criar um clima idílico nas cenas que materializam a simulação dos alunos.

O elenco é uma virtude a parte. A interação entre D’Arcy (o Anthony Perkins de Hitchcock, o Rufus Sixsmith de Cloud Atlas) e o elenco jovem é de igual para igual, especialmente porque o trabalho da diretora de casting trouxe uma gama bem diversa de talentos para o filme. Sophie Lowe, que recentemente amargou o fracasso de Once Upon a Time in Wonderland, mostra que pode trazer sagacidade para detrás dos seus olhos azuis desbotados, usando a beleza a seu favor para compor uma protagonista apropriadamente serena para um filme tão reflexivo. Ela é um excelente contraponto para o professor atormentado de D’Arcy, assim como o sempre expressivo Rhys Wakerfield (Uma Noite de Crime) e a excepcional Katie Findlay (The Carrie Diaries).

Jogos do Apocalipse é um filme de vários pesos e várias medidas. Usa a personalidade de cada uma das criações que povoam o seu roteiro para explorar aspectos e concepções humanas que se complementam para formar um painel bastante amplo. Há um pouco de cinismo e um pouco de inocência em cada mudança de rumo da narrativa, e a verdade é que no final das contas o filme enaltece aquele aspecto da humanidade que sempre é destacado em grandes histórias sobre sobrevivência: a capacidade de viver por algo além dela. E talvez, a bem da verdade, a capacidade de escolher como fazê-lo.

✰✰✰✰ (4/5)

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Jogos do Apocalipse (The Philosophers, EUA/Indonésia, 2013)
Direção e roteiro: John Huddles
Elenco: James D’Arcy, Sophie Lowe, Daryl Sabara, Freddie Stroma, Rhys Wakerfield, Bonnie Wright, Katie Findlay, Jacob Artist, George Bladgen
107 minutos

4 comentários:

Unknown disse...

Não entendi aquele tiro no final. WTF

Archandre disse...

"Protagonista serena", né?... Bom, ainda bem que o "cinismo" foi citado, também; porque aquele final... meu Deus... kkkkkkkkkk

Unknown disse...

Me explica o final pfff

do Boneco disse...

Bom,o filme deu três opções,o fim tragico em que ele comete suicídio, o de seguir em frente, e o de resignificar a vida.