por Caio Coletti
(Twitter – Tumblr)
Você não vai sair de Suicide Room ileso. Há algo no filme de Jan Komasa, além da tristeza intrínseca à história e seus desdobramentos. Esse é um filme que vai te deixar assustado, enojado, comovido e, acima de qualquer coisa, é um filme que quer te fazer pensar sobre si mesmo. Parece o clichê do cinema de arte europeu, mas aqui ele se aplica de verdade: Suicide Room vai ecoar na sua cabeça por muito tempo depois dos créditos subirem.
Ele nos convida a não julgar, não formar conceitos ou teorias que expliquem o que acontece diante dos nossos olhos. Denuncia a hipocrisia na figura dos pais do protagonista, mas nos guia no sentido de sentir repulsa dela, e não deles. “Eles são a sala do suicídio”, declara a lacônica Sylwia em certo momento. Suicide Room quer nos fazer pensar se realmente não somos.
A atuação dos protagonistas é absoluta durante todo o filme. Jakub Gierszal enfrenta um papel exigente, mas consegue expressar todas as emoções à flor da pele de Dominik, o garoto imerso em suas dúvidas e em uma rede de acontecimentos que desconstróem sua vida social. Ele encontra conforto em um grupo de pessoas que se relaciona virtualmente na chamada “sala do suicídio”. Lá lhe aparece Sywia, decidida a acabar com a própria vida, intepretada de forma sobrenatural por Roma Gasiorowska. Tendo pouco mais do que os olhos descobertos na maioria das cenas, a atriz alcança uma força e uma imersão impressionantes, que culminam em uma belíssima explosão que é uma das últimas cenas do filme.
O trabalho de Jan Komasa tanto no roteiro quanto na direção é louvável. A encenação de Suicide Room resvala na frieza do cinema alemão (trata-se de um filme polonês), mas impõe-se mesmo na forma cuidadosamente realista com que trata até os momentos mais dramaticamente incontidos. O equilíbrio entre animação e filme é tão acertado que produz momentos em que as cenas plasticamente incríveis da primeira se tornam banquetes para os olhos tão fartos quanto os que ocorrem nos momentos em que os protagonistas “se encaram” por suas respectivas webcams. A cena em que Dominik tenta convencer a psicóloga, do outro lado da porta, que precisa de remédios para seu “distúrbio”, é, em um tremendo eufemismo, angustiante.
Na verdade, qualquer palavra que seja dita sobre Suicide Room é por si só um eufemismo. Este é o tipo de filme que não vai constar na lista de melhores de todos os tempos, ou mesmo do ano, e não porque não tem qualidade cinematográfica o bastante. Porque transcende a análise técnica, e a faz esquecer, quando posta ante a forma como é capaz de afetar o espectador e, porque não, desafiá-lo também. E esse tipo de capacidade do cinema não é passível de descrição.
Suicide Room não pode ser lido. É preciso vê-lo.
***** (5/5)
Suicide Room (Sala samobójców, Polônia, 2011)
Direção e roteiro: Jan Komasa.
Elenco: Jakub Gierszal, Roma Gasiorowska, Agata Kulesza.
110 minutos.
10 comentários:
Não li a review inteira por causa de spoilers, mas você já me convenceu no primeiro parágrafo, Caio! ;)
eu li inteiro nao há spoiler na review so falando bem do filme...algo qe da pra ver no trailer....como o tema é abordado ....
Eu simplesmente ameei esse filme! Não tenho palavras para descrever o quanto ele é bom. Ele realmente toca as pessoas que o assistem e realmente desafia o telespectador. Será que realmente existe o jogo Second Life ? Gostaria muito de jogar ....
Eu também gostaria muito, me apaixonei pelo
filme.
Sim ,existe este jogo mas conhecido como Second Life !!
ótimo filme, simplismente d+ ´´-´´
!!!
eu ja fui uzuario eu quero jogar de novo
o jogo existe,mas a suicide room,original com os objetivos da Sywia,será que ela realmente existe?
Nossa seria de mais se ouvesse existisse msm aquele jogo eu ia adora jogar tbm.
Se tornou meu filme favorito, até agora!!!
Postar um comentário