28 de fev. de 2010

Boletim Cinéfilo Mensal (Fevereiro/2010)

Notícias (nunk excl)Notícias edição 1 (1)

Artistas inteligentes, em geral, costumam saber quando a própria imagem começou a saturar o público para o qual ela se dirige. Figura importante na Hollywood do novo século, Matt Damon foi o homem do ano em 2007, atraindo multidões ao cinema ao lado de alguns “amigos” do alto escalão (Treze Homens e Mais um Segredo) e ainda realizando o melhor filme de ação da década ao lado do parceiro Paul Greengrass na continuação O Ultimato Bourne. Surpresa geral, o ano que se seguiu ele parece ter tirado para umas férias. Como coadjuvante em Che: Guerrilha, segunda parte da ambiciosa em desmasia saga do diretor Steven Soderbergh (responsável pelos filmes da trupe de ladrões comandada por George Clooney), e dublando a versão inglesa da animação Ponyo, do mestre Hayao Miyazaki, ele pareceu coisa do passado na Hollywood que passa adiante com muita facilidade. Ledo engano. Em 2009 ele se reuniu com Soderbegh para o explosivamente bem-humorado O Desinformante e ainda ganhou a segunda indicação ao prêmio da Academia pela atuação no filme de Clint Eastwood sobre a figura de Nelson Mandela, Invictus.

E ele não está disposto a dar folga em 2010. Mais badalado do que nunca por entrar na lista do Oscar, quem saiu ganhando com a promoção de seu astro foi o thriller The Green Zone, que chega aos cinemas brasileiros em 16 de Abril e contra com Damon na pele de um oficial do exército ianque que é jogado em meio a uma teia de conspirações no Oriente Médio do início da Guerra do Iraque. O comandante da brincadeira: Paul Greengrass, que diz ter fechado, com esse filme, uma “quadrilogia” sobre a primeira década do nosso século sob pontos de vista diferentes. Não dá para contradizê-lo. Os dois Bourne, mais Vôo United 93 e o novo thriller são materiais indispensáveis para quem quer saber como o cinema lidou com os acontecimentos desse começo de século. No trailer de Green Zone, vemos Damon no tipo de papel que ele faz melhor: o improvável herói de ação que luta contra o sistema e acaba perseguido pelos próprios e proverbiais aliados. A atuação promete. Do elenco coadjuvante, destaque para Amy Ryan, Greg Kinnear e Brandan Gleeson.

Enquanto a expectativa para Green Zone só faz aumentar, Damon aproveita a vigilância da imprensa para cobrar do roteirista Steven Knight (Senhores do Crime) o compromisso de entregar o texto sobre a vida do senador Robert Kennedy, assassinado em 1968. O astro, mais o diretor Gary Ross (Seabiscuit), estão prontos para desenvolver o projeto.

notícias edição 1 (2)

O reconhecimento é uma vadia. Às vezes, escolhemos trabalhar por trás dos panos em um projeto ou experiência que sabemos que pode dar certo, fazemos de tudo para que chegue as vias de fato, todas as nossas perspectivas sobre tal projeto se confirmam e… ninguém se lembra de nosso nome. Ou quase. Não é preciso ser o cinéfilo mais dedicado para conhecer o nome de Christopher Nolan, o gênio da direção que mudou a cara do cinema no nosso século através de obras mais que engenhosas, de domínio narrativo impressionante, tais como Amnésia, O Grande Truque e, claro, o fenômeno de público e crítica O Cavaleiro das Trevas, adaptação de quadrinhos mais elogiada desde sempre, um rumo novo para todas as investidas de Hollywood no gênero. O que pouca gente sabe, mesmo no círculo mais fechado de apreciadores de cinema, é que Jonathan Nolan, o irmão mais novo do diretor, também tem sua mão em todas essas realizações. Seja escrevendo o roteiro ou inspirando a sua escrita através de contos (Amnésia veio do seu “Memento Mori”), Jonah, como é chamado pelo irmão, é tão ou ainda mais talentoso que o parente mais famoso. Claro, a justiça tarda mas não falha. E, no caso de Jonathan, a justiça vai fazer barulho. Literalmente.

Com o irmão terminando Inception, ficção estrelada por Leonardo DiCaprio e primeira incursão de Christopher sozinho no roteiro, o irmão mais novo tem tempo de redigir o terceiro filme do Cruzado de Capa ao lado do igualmente talentoso David S. Goyer (Blade: Trinity), completar a ficção Interstellar, que está nos planos de ninguém menos que Steven Spielberg, e começar uma negociação que pode render a monopolia da família Nolan sobre os heróis da DC. Depois da notícia de que a Warner pode perder os direitos do personagem 2013 e não pode produzir nada até o processo estar completo na Justiça, em 2011, o estúdio começou a correr para ajeitar as coisas para Man of Steel, filme que, supostamente, daria continuidade a história montada por Bryan Singer no superestimado Superman – O Retorno. Agora, com o afatasmento do diretor e do astro (de segundo escalão) Brandon Routh, a ordem é recomeçar do zero (de novo). Para a missão, a Warner resolveu chamar, veja só, Christopher Nolan, que “apadrinhou” o projeto e se colocou como uma espécie de conselheiro de produção, tudo na esperança de que o estúdio aceite a proposta de fazer do filme do Azulão a estréia de Jonathan na direção.

Tal atitude dos irmãos, por sua vez, gerou o boato de que, com Chris levando a franquia de Batman e Jonah recomeçando a mitologia deo Superman, o vindouro Justice League poderia sair com a marca da família Nolan estampando direção e roteiro. Claro, os dois trouxeram a reboque o parceiro Goyer, que disse, sobre o filme do Homem de Aço, que quer ver o herói lidando tanto com Lex Luthor quanto com o alienígena Brainac. Claro, não passam de rumores. Por enquanto, é esperar para ver se os super-poderes dos Nolan são o bastante para levar  o Universo DC, enfim, para frente no terreno cinematográfico.

notícias edição 1 (3)

O que aconteceu foi que… escute, eu amo a franquia Bourne, e eu dei tudo de mim aos dois filmes que eu fiz. Mas aí eu fui honesto comigo mesmo no último outono, e eu estava começando a ir adiante em outras coisas, você não pode parar quando você percebe o que você está fazendo. Eu não sinto ter nada mais para contribuir para essa franquia, que obviamente precisa continuar. E para ela continuar é preciso refazê-la e reenergizá-la sobre outras perspectivas. Eu sinto que o que eu fiz está feito, e não há nada de anti-natural em relação a isso.” (Paul Greengrass dá sua deixa)

Bem, eu acho que eles têm uma boa forma de fazer uma pré-continuação com outro ator, e basicamente fazer algo sobre a identidade de Bourne, a identidade verdadeira. O que os estúdios querem é fazer da franquia algo eterno, que continua indo adiante e adiante, e isso nunca vai acontecer com o nosso personagem, porque ele vai acabar se resolvendo, e eu acho que esse momento aconteceu no terceiro filme. Ele recuperou a própria memória três vezes. Eu não acho que alguém queira me ver dizer ‘eu não me lembro’, de novo.” (Matt Damon coloca o ponto final na franquia Bourne)

2 comentários:

Fabio Christofoli disse...

Sabe, talvez eu esteja perdendo um grande talento do cinema, mas o Matt Damon nunca foi um dos meus atores preferidos. Sei lá, uma implicância? Pode ser...
O fato é que vejo poucos filmes dele e ignoro a maioria do elogios que são feitos a ele.
Gostei muito dele em "Infiltrados". Foi um daqueles vilões que você sente ódio e isso é sempre um elogio ao ator.

Gosto de filmes de guerra, principalmente pq eles retratam a visão de um país (ou de uma parte do país) sobre elas.

Gostei do novo estilo do Anagrama! parabéns

Renan Barreto disse...

Será que a Liga vai sair mesmo? Eu acho que é uma boa jogada (melhor do que os vingadore), mas a Marvel saiu muito na frente da DC. Eu particularmente achei um porre o filme do Superman, mas adorei os filmes do Batman (pra mim o melhor herói já inventado). Espero que dê certo a liga. Seria um filme caríssimo, mas muito bom, principalmente se os Nolan estiverem envolvidos. Caio, vim agradecer os comentários sempre inteligentes lá no RBO e no Brasilstation. fico feliz que um garoto tão jovem consegue ser tão maduro.

Um abração!

Valeu!