3 de jan. de 2016

As 15 melhores canções de 2015


por Caio Coletti

Esse ano, na virada do semestre, O Anagrama não fez sua tradicionalíssima lista de melhores álbuns do ano até então. Culpe o ato falho no tempo curto que caracterizou o nosso 2015 – mas justamente porque o ano está acabando, preparamos uma pequena surpresa: além da completíssima lista de 30 (30!) melhores discos do ano que deve aparecer por aqui no mês que vem, resolvemos marcar o reveillon com um ranking das melhores faixas individuais de 2015! Na nossa seleção entraram singles e não-singles, entrou soul, entrou pop, entrou indie e entrou R&B. Como sempre, o lema é quanto mais eclético melhor! A listinha provavelmente deve ter algumas surpresas e preciosidades para todo mundo descobrir. Vamos lá?


15) Best of Everything – Van Damsel

Os quatro meninos canadenses que nós descobrimos no aplicativo Choosic (App Store), o “Tinder da música”, viraram destaque na nossa coluna Você precisa conhecer em Abril (veja o post aqui), menos de um mês depois do lançamento de “Best of Everything”, o single que solidificou o estilo muito particular do Van Damsel. A mistura é entre o indie rock de bandas como o Two Door Cinema Club com o synthpop de artistas como o Niki & The Dove, para citar dois exemplos bem básicos – mas o mais legal são os ganchos grudentos, a energia contagiante, o acerto na dose das batidas e da melodia.

Outras canções: "Sophia" - "The Sunshine, Girl" - "Communist"


14) Reflections – MisterWives

O MisterWives foi a nossa primeira paixão musical de 2015, lá em Janeiro (veja o post aqui), e o álbum de estreia deles, Our Own House, saiu durante esse ano, então dá pra relevar que “Reflections” foi lançada previamente, alguns meses antes do Ano Novo de 2015, e incluir a absolutamente empolgante canção do trio nova-iorquino na lista. Com o refrão mais dançável de qualquer um dos anos em que foi lançada, “Reflections” é um hino instantâneo nem que seja só pela performance vocal absurda de Mandy Lee, que também faz as vezes de letrista e tecladista da banda.



13) Adventure of a Lifetime – Coldplay

O retorno mais que diligente do Coldplay, poucos meses depois do lançamento do Ghost Stories, se mostrou surpreendentemente agradável desde o começo, com o single “Adventure of a Lifetime”. Completa com clipe engenhoso, a canção do novo disco A Head Full of Dreams expulsa de vez os fantasmas do melancólico álbum anterior com uma celebração da pessoa que fez o narrador se sentir “vivo de novo”. A alquimia das guitarras, baterias e sintetizadores lembra as canções do Mylo Xyloto, mas com uma camada a mais de psicodelia e um toque bem mais leve.

Outras canções: "Everglow"



12) Ghost Town – Adam Lambert

2015 foi um ano espetacular para Adam Lambert, não dá para negar. O terceiro álbum solo do moço, intitulado The Original High, foi o mais elogiado da sua carreira, e as apresentações ao lado do Queen (especialmente, é claro, a no Rock in Rio) continuaram provando por A+B que Adam é uma voz a ser respeitada em qualquer gênero. O ano começou, no entanto, com a farofa deliciosa “Ghost Town” – e nós dizemos isso como um elogio, que fique bem claro. A canção tem aquela levada paciente e inteligente das músicas eletrônicas da década passada, invocando os anos 90 com muito mais contundência do que todos os popstars concorrentes.



11) Body Talk – Foxes

A britânica Foxes não lançou álbum esse ano, mas salpicou 2015 de singles maravilhosos, a começar pelo soberano de todos, “Body Talk”. Com seu clipe meio elíptico e misterioso, passado em um posto de gasolina, e sua linha de synths bem oitentista, a canção coloca todo mundo para dançar sem precisar abusar da produção, encarnando bem o espírito de liberdade da letra (“days like these/ I don’t want you back/ now I feel free/ gonna keep it like that, yeah”) com seu refrão feito para ser gritado a plenos pulmões – se a ideia era nos pegar pela nostalgia e pelo ritmo, o tiro da Foxes foi certeiro.



10) Hurt Me – Lapsley

Última artista a figurar na nossa seção Você precisa conhecer (veja o post aqui) esse ano, a Lapsley é uma cantora a ser seguida de perto em 2016, quando provavelmente teremos finalmente um álbum de estreia para mergulhar nas excentricidades e minimalismos dela. “Hurt Me” é sua canção mais envolvente e intensa até hoje, uma balada dolorosa e brilhantemente produzida, ancorada pela voz elástica e expressiva da moça e pela melodia fluída que ela colore e constrói, especialmente no refrão. Vale audições múltiplas, assim como tudo que Lapsley fez até hoje.

Outras canções: "Station"


9) Love Myself – Hailee Steinfeld

Com uma carreira meteórica que inclui uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante aos 14 anos, por Bravura Indômita, a jovem Hailee Steinfeld sempre foi excelente em tudo o que faz, e no começo da carreira como cantora não é diferente. “Love Myself”, seu single de estreia e canção-destaque do EP HAIZ, que também saiu esse ano, é uma elaboração inteligente de tendências pop com uma mensagem espetacular de amor-próprio e um subtexto ainda mais bacana de libertação sexual (através da masturbação). Corajosa, interessante e grudenta, a música é provavelmente nosso teen pop preferido do ano.

8) Foolish – Alpine

Os australianos do Alpine são tão únicos no cenário de bandinhas indie pop que é até um desserviço colocá-los no mesmo saco que outros nomes do estilo. “Foolish”, o primeiro single do álbum Yuck, que saiu esse ano e marca a segunda gravação de estúdio da banda, combina linhas de baixo, sintetizadores e até violão para criar um ritmo quase tropical, temperado com a melodia esperta e cheia de ganchos grudentos do grupo. A letra, uma bobagenzinha sobre se sentir “tolamente atraído” por alguém mesmo que ache mil defeitos nele(a), é perfeita para passear pela canção.

Outras canções: "Damn Baby"


7) Alive – Sia

Co-escrita por Adele e originalmente pretendida para o 25, “Alive” foi descartada pela estrela britânica, e ainda bem que foi: ninguém é capaz de expressar a dor, a angústia e a resiliência de uma letra da Sia como a própria Sia. Apesar do clipe apontado por muitos como over-simplificado, “Alive” segue como uma emocionante power ballad que não é exatamente sobre superação de traumas, mas sobre a habilidade de conviver e sobreviver apesar deles. É uma mensagem poderosa, passada com a intensidade e a habilidade de sempre por Sia – quem aí está ansioso pelo This is Acting?

Outras canções: "Bird Set Free" - "Cheap Thrills"


6) Can’t Feel My Face – The Weeknd

Merecidamente uma das grandes sensações do ano, o The Weeknd marcou 2015 com várias canções e em vários momentos da cultura pop, mas talvez o principal deles tenha sido o lançamento da deliciosa “Can’t Feel My Face” como single. Toda flashback para as melhores eras de Michael Jackson, com sua linha de baixo marcante e sua explosão de falsete logo depois do refrão em queda de tom, “Can’t Feel My Face” é uma das invenções pop e R&B mais geniais não só de 2015, mas em muito, muito tempo. Uma coroa espetacular para o excelente Beauty Behind the Madness, álbum desse ano do The Weeknd.

Outras canções: "Often" - "Acquainted"



5) Remedy – Adele

Já que a rainha das vendas não disponibilizou os não-singles do novo álbum, 25, em nenhuma plataforma disponível online, fomos com esse cover mesmo, que perde em profundidade para a interpretação da cantora britânica mas retém a lindíssima estrutura melódica e lírica da música, uma das lovesongs mais otimistas e belas da carreira de Adele. Co-escrita por Ryan Tedder, do OneRepublic, a canção precisa de pouco mais do que a linha de piano e a performance de quebrar corações de Adele para emocionar (sério, não achamos em nenhuma plataforma para postar aqui, mas o álbum está disponível para download).

Outras canções: "When We Were Young" - "River Lea"


4) I’m a Ruin – Marina and the Diamonds

Um bom número de canções do FROOT brigou por esse espaço na lista, mas acabamos escolhendo um dos primeiros singles que nos encantou em 2015 – o espetacular “I’m a Ruin”, com seu gancho sem-letra viciante e sua letra provocativa e certeira como é de praxe para as composições de Marina. A produção mais minimalista do FROOT funciona às mil maravilhas aqui, passando a mensagem (e a vibe meio-disco) com eficiência e economia, e nunca entrando no caminho da melodia e da interpretação elástica e expressiva de Marina. “I’m a Ruin” é o melhor argumento a favor da empreitada individualista (e egoísta) que é o FROOT.

Outras canções: "Solitaire" - "Can't Pin me Down"


3) What You Don’t Do – Lianne La Havas

O álbum todo da Lianne La Havas é uma das obras-primas de 2015, mas “What You Don’t Do” é uma outra história, com sua batida viciante e sua estrutura surpreendente, que vai desdobrando novas partes da melodia e da canção com gosto e noção da própria criatividade. Sem contar que é bacana ver Lianne envolvendo uma de suas canções de amor moderno e confiante (“I know you love me/ I don’t need proof”) em um instrumental que a permite se soltar e usar a voz maravilhosa que tem. “What You Don’t Do” é uma das músicas mais deliciosas de 2015, e provavelmente vamos ouvi-la por muitos anos ainda.

Outras canções: "Tokyo" - "Ghost"


2) What Kind of Man – Florence + The Machine

Não nos leve a mal: nós adoramos o How Big, How Blue, How Beautiful. Mas quando a lista de melhores álbuns do ano passado d’O Anagrama sair, talvez a posição do novo disco do Florence + The Machine não seja condizente com o vice-campeonado de “What Kind of Man”, o primeiro single do disco, na nossa lista de canções. Acontece que a vibrante criatividade dessa canção, com suas guitarras marcantes e seu conjunto de sopros mais sutil, mas fundamental, não é nunca igualada dentro do How Big, How Blue, How Beautiful. Por um lado, isso é bacana – cada uma das outras faixas é única – por outro, frustra muitas expectativas.

Outras canções: "Ship to Wreck" - "Long & Lost"


1) She Used to Be Mine – Sara Bareilles

Das fontes mais improváveis vem as melhores surpresas musicais, e 2015 não foi diferente – mesmo que já fizessem dois anos desde o The Blessed Unrest, todo mundo foi pego meio desprevinido com o novo projeto da Sara Bareilles, especialmente com o fato de que seria uma adaptação em forma de teatro musical do draminha indie Garçonete, de 2007, estrelado por Keri Russell (The Americans). Não só a montagem teatral foi um sucesso, mas What’s Inside: Songs from Waitress compilou as músicas que Sara compôs para a história em um disco maravilhoso.

“She Used to Be Mine” é a jóia na coroa do álbum e do projeto, uma balada supremamente tocante que cobre todos os temas da história (corram assistir Garçonete se ainda não assistiram – é sério!), mas que ressoam para muito além dela – a prisão de um relacionamento abusivo, a coragem e a fragilidade combinadas no ato de sair dele, a vontade de voltar ao passado rever erros e “reescrever um final ou outro”. Na voz de Sara, cada sutileza sai em uma grande nota, e cada verso parece maior do que é. “She Used to Be Mine” é a música que mais nos emocionou em 2015 – há motivo melhor para colocá-la no topo do pódio?

Outras canções: "Soft Place to Land"

0 comentários: