6 de out. de 2014

Person of Interest 4x02: Nautilus

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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Se há uma coisa na qual Person of Interest está acertando em cheio no começo do seu quarto ano, é nos títulos de episódios. O nome da premiere, “Panopticon”, serviu bem para nos apresentar o novo mundo em que Reese, Finch, Shaw e Root precisam lutar pela própria sobrevivência e lidar com problemas que não existiam antes (para mais detalhes, vem ver nosso review). A segunda semana nos trouxe “Nautilus”, que faz referência não ao navio comandado por Capitão Nemo em 20.000 Léguas Submarinas, mas a uma espécie de molusco que muitos pesquisadores gostam de chamar de “fóssil vivo”, visto que o animal perseverou praticamente sem modificações biológicas desde um período pré-histórico. O formato da concha do nautilus é um dos mais conhecidos exemplos de “perfeição matemática” do mundo natural, se desenrolando em proporções impressionantemente exatas. Em “Nautilus”, o episódio, cada um dos lados da disputa épica entre as forças do Samaritan e nossos protagonistas é visto sob a luz de uma dessas características do animal.

A trama da semana compreende um jogo de pistas espalhadas por Nova York, todas conectadas pelo desenho da concha, e que é objeto da obsessão de Claire Mahoney (Quinn Shephard, Hostages). Quando nossos heróis recebem o número da moça, um ainda relutante Finch é designado para descobrir a ameaça que ela pode estar sofrendo ou perpetrando. O jogo de gato e rato pela metrópole é tão empolgante em termos de movimento de trama quanto qualquer outra coisa que Person já fez, e a revelação no final se conecta com a tendência que dominou a gloriosa terceira temporada: ligar cada um dos casos semanais a uma história maior, lhes imbuir função e significado nesse plano mais amplo – o que inclusive ajuda a lhes emprestar profundidade.

Com pinta de quem pode se tornar personagem recorrente, a jovem Quinn Shephard faz um trabalho bem previsível, mas o roteiro de Dan Dietz (3x21, “Beta”) e Melissa Scrivner-Love (3x19, “Most Likely To…”) trata de tranformá-la em uma personagem interessante, que tem potenciais novos lados para serem explorados no futuro e um dilema moral e emocional muito parecido com o dos nossos protagonistas. A força deles, aliás, continua sendo o essencial desse quarto ano de Person – mais do que nunca, a série parece disposta a passar sua mensagem utilizando esses personagens e as decisões que eles tomam. “Nautilus” não é um episódio perfeito, com seus diálogos mão-pesada (um grande problema no passado de Person que não pode voltar a assombrar a série) e seu funcionamento meio pragmático, mas é possível perdoar quase todas as suas falhas pela forma como Michael Emerson, Jim Caviezel e até Sarah Shahi fazem funcionar os processos emocionais que juntam, mais uma vez, seus três personagens.

Para quem não sacou a metáfora com o título, vale a explicação: na visão de Person, o Samaritan representa a exatidão determinista, quase cruel, da concha do nautilus – talvez até haja alguma razão em dizer que a série dê à máquina antagonista um espírito niilista, que destrói a noção de que a vida pode ter algum “sentido transcendente” e oferece uma solução simples e ilusória; já a pequena turma de desajustados formada por Reese, Finch, Shaw e Root (e Fusco, ninguém se esqueça dele e do seu conhecimento awesome sobre música demonstrado nesse episódio!) é a própria encarnação do “fóssil vivo”. Com métodos, equipamentos e ideais antiquados para o mundo ditado pelo Samaritan, eles não tem nenhuma escolha a não ser se juntar na busca por um sentido de verdade – um número (e um ser humano) de cada vez.

Observações adicionais:

- “We are being watched” foi de arrepiar.

✰✰✰✰ (4/5)

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Próximo Person of Interest: 4x03 – Wingman (07/10)

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