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ATENÇÃO: esse review contem spoilers!
por Caio Coletti
Panóptico (em inglês, panopticon) é um conceito filosófico e arquitetônico criado pelo jurista inglês Jeremy Bentham no final do século XVIII, mas que nunca chegou a ser colocado em prática completamente. O britânico concebeu uma prisão – embora tenha dito que o modelo serviria para hospitais, escolas, sanatórios, creches e asilos – construída de forma circular, que abrigaria em seu centro uma torre de vigia da qual o proverbial guarda seria capaz de observar o interior de todas as celas, mas os presos não fossem capaz de vê-lo. Dessa forma, mesmo que o guarda não fosse capaz de observar todos os presos de uma só vez, todos eles teriam consciência que poderiam estar sendo vigiados naquele momento, e portanto se comportariam conforme as regras. É exatamente nesse tipo de situação que se encontram nossos protagonistas em “Panopticon”, apropriadamente intitulado episódio de estreia do quarto ano de Person of Interest.
Depois do explosivo e magnífico finale da temporada passada, encontramos Finch, Reese, Shaw e Root vivendo as vidas que a todo-poderosa máquina os deu para se esconder da ameaça do Samaritan. De uma forma ou de outra, todos eles encontram um universo de frustrações quando precisam se ajustar em identidades acima de qualquer suspeita, e permanecer silenciosos mesmo quando a máquina lhes dá um novo número para perseguir. Dessa vez, é Ali (Navid Negahban, conhecido dos fãs de Homeland), dono de uma loja de comunicações que se vê envolvido com uma gangue criminosa em ascensão, criando uma rede de celulares totalmente “segura” para eles, que capturam seu filho Link como garantia.
Com um guest stari forte para segurar a trama da semana, “Panopticon” pode se preocupar mais em estudar as reações de cada um dos nossos protagonistas a essa nova situação da trama. De forma muito coerente com o que vimos na temporada passada, Finch reluta em voltar a receber instruções da máquina, esse monstro-deus que ele mesmo criou. O personagem de Michael Emerson atinge seu momento mais baixo em quatro anos de trama ao admitir que não se importa mais com os números entregues pela sua criação (“It’s about survival, John”). Como de costume, a atuação de Emerson é extremamente compreensiva do personagem e absurdamente articulada nas expressões e na verbalidade – tanto que deixa transparecer aquela clássica entrelinha de Person of Interest, sempre nos mostrando que o isolamento é o pior dos pecados do homem.
Sim, essa ainda é uma série sobre o quanto somos melhores juntos, e ainda bem que o é: esse é um momento crítico para essa trama mostrar isso, deixando seus personagens muito mais à deriva do que jamais estiveram e testando sua fibra moral. O Reese de Jim Caviezel surpreende nesse sentido, desvelando o quanto o personagem merece o posto de protagonista da série ao se mostrar seu núcleo ético mais sólido. Enquanto Root continua sendo muito mais um dispositivo de trama do que uma personagem (e Amy Acker continua valentemente fazendo com que nada disso realmente importe), e Shaw perpetua algumas noções já pré-concebidas sobre sua personagem, Reese volta a ser o fio condutor de Person of Interest.
Há quem vai dizer que “Panopticon” é uma premiere típica porque devolve à série todo o status quo que ela tinha antes das chocantes reviravoltas da fase final de sua temporada passada, mas não é bem assim. Como o próprio título do episódio deixa claro, é um mundo diferente esse no qual nossos heróis estão se movimentando – e as perspectivas que isso abre continuam tão excitantes quanto eram no final de “Deus Ex Machina”. A já clássica frase de Finch nunca fez tanto sentido: “You are being watched”.
✰✰✰✰✰ (4,5/5)
Próximo Person of Interest: 4x02 – Nautilus (30/09)
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