27 de set. de 2014

Estreia: “Red Band Society” precisa afinar seu humor, mas continua sendo imperdível como drama

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Ao invés de fazer uma cobertura detalhada de cada episódio de Red Band Society, O Anagrama vai trazer uma review por mês, de preferência de episódios marcantes para a continuidade da série.

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

O segundo episódio de Red Band Society, exibido pela FOX nessa quarta-feira (24) depois da pré-estreia na terça com o piloto, termina com um trecho de “I Live”, canção do OneRepublic retirada do Native, último álbum de estúdio dos americanos. “Por cada osso quebrado, eu juro que vivi”, canta Ryan Tedder conforme a câmera se afasta do quarto de hospital onde estão dois dos protagonistas, Leo (Charlie Rowe) e Jordi (Nolan Sotillo). O primeiro é um garoto que perdeu uma das pernas devido a um tipo de câncer que o recém-chegado Jordi acreditava também possuir. Esse cenário resume bem o apelo emocional inegavelmente sólido que Red Band Society pode ter – e o quanto as pessoas por trás de sua produção estão dispostas a explorar esse apelo.

Em alguns momentos tanto do piloto quanto de “Sole Searching”, o segundo episódio, fica bem claro que o novo drama da FOX precisa ajustar a forma como brinca com gêneros e manipula a emoção do espectador. Sim, porque não há nada de errado em fazê-lo, se for uma ferramenta dos roteiristas para passar sua mensagem e transmitir os sentimentos dos personagens. Em talvez 75% do tempo, é isso que Red Band faz com eficiência e valores de produção bem acertados, mas a roteirista e developer Margaret Nagle (Boardwalk Empire, Warm Springs) deveria afinar mais o olho e o traquejo para o humor. O fato é que a moça, já indicada a dois Emmys, não tem a experiência certa para tratar de uma série que procura momentos mais leves na vida de personagens tão abatidos por fatalidades.

Na construção de personagens, no entanto, ela é um verdadeiro ás, com as escolhas de elenco ajudando bastante para criar o painel de protagonistas mais carismático da fall season. São eles que ganham o espectador e fazem de Red Band, na sua mistura nem sempre harmoniosa de comédia e drama, uma história que se destaca por ser celebratória da vida mesmo quando contempla tão de perto a morte. O rebelde e complicado Leo ganha muito com a atuação extremamente expressiva de Charlie Rowe (o Billy Costa de A Bússola de Ouro), que empresta verdade a um personagem que arriscaria até soar messiânico. Zoe Levin (O Verão da Minha Vida) também se esforça como a garota malvada que esconde mais humanidade por trás da carcaça antissocial.

Citar o resto do elenco jovem é redundante: com o tempo, até a performance do rapper Astro, revelado no X Factor, se torna um pouco mais multifacetada. Red Band Society tem esse dom de fazer seus personagens bastante tridimensionais na eterna jornada por afetar e chamar o espectador para dentro da história que se passa naquele hospital. Talvez haja algum mérito em dizer que a série da FOX não se preocupa muito com a realidade da saúde americana, ou com a plausibilidade de todos esses personagens estarem juntos naquela mesma ala hospitalar – há pontas para se amarrar em Red Band, sem dúvida nenhuma. Ainda mais irrefutável, no entanto, é o poder de fogo que os roteiristas que assumirão a série daqui pra frente terão para criar uma narrativa intensa e reveladora.

Essa semana de estreia do drama mostrou apelo adolescente, mas sem a narrativa alucinante de Glee ou a banalidade romântica de The Vampire Diaries; e veio na crista da onda do sucesso inacreditável de A Culpa é das Estrelas. Talvez não seja tão realista, ou tão bem sintonizado com o papel do humor na vida desses personagens, mas Red Band Society certamente sabe como nos apresentar protagonistas com os quais passamos a nos importar num piscar de olhos, e ainda tem um propósito muito nobre em mãos: mostrar que a vida só acaba quanto termina. Parece ridículo, mas o poder emocional dessa narrativa mostra que precisamos ser lembrados disso todos os dias.

✰✰✰✰ (4/5)

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Próximo Red Band Society: 1x03 – Liar Liar Pants on Fire (01/10)
Próximo review: 1x06 – Ergo Ergo (05/11)

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