Pense no Brasil em 2012. Em menos de dois meses, já tivemos greves violentas, desabamento de prédios, conflito em Pinheirinhos, jovem espancado por ser gay, jovem espancado por defender mendigo. Também tivemos péssimos números sobre a educação e aumentos absurdos nos preço de alguns serviços (como o transporte público em MUITAS cidades). Sem falar no Wando (oi, eu era fã, tá?). É muita má notícia para menos de dois meses.
Deveríamos estar preocupados, nos questionando sobre o que está acontecendo. Por que tanto caos? Por que tanta coisa errada? Porém, optamos pela falsa sensação de paz.
Falo “nós” porque o brasileiro tem essa característica. É cultural. Claro que muitos lutam contra ela. E lutam bem. Há brasileiros indignados. Eu me considero indignado com isso tudo, tanto que faço um texto lembrando, mas é quase inevitável cair na falsa sensação de paz. É tentador demais.
O Rappa fala sobre a“paz que eu não quero seguir”. E é isso mesmo. Eu sei que ela existe, sei que entro nela às vezes, mas me nego a aceitá-la. Todos os dias tenho que lembrar a mim mesmo que essa paz é falsa, que é preciso questioná-la. O prédio desabando no Rio me faz pensar na qualificação dos profissionais de engenharia (e que algumas burocracias são realmente necessárias). A greve em Salvador afeta o Brasil mais do que o Brasil pensa que afeta (outras greves virão, anotem). Pinheirinhos é um crime que assistimos calados. Belo Monte é uma questão que não será resolvida com cliques em sites.
São muitos problemas e quase nenhuma solução efetiva. É óbvio que não penso que a sociedade deva abraçar todos os problemas. Só acho que devemos estar atentos a eles. O nosso erro está na nossa curta memória, no nosso senso de justiça fugaz. Até esboçamos um grito... E logo em seguida nos calamos. Esquecemos. E fazemos isso porque somos distraídos e, principalmente, porque somos emocionais. A emoção é a arma dos vilões. Eles sabem que a população tem coração, se emociona e grita por justiça, mas também sabem que ela não raciocina, não sabe como obter a justiça e nem se organiza pra isso. Eles abusam disso e transformam a nossa ignorância no principal ingrediente da sua fórmula infalível que gera o sofrimento.
E assim nasce essa violência que convivemos diariamente. Uma violência que nasce de uma paz que não existe. Uma paz que só embala nosso sono profundo.
Precisamos acordar.
“Procurando novas drogas de aluguel/ Neste vídeo coagido/ É pela paz que eu não quero seguir admitindo” (O Rappa em “Minha Alma”)
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