8 de out. de 2010

Dez momentos inesqueciveis do cinema (parte 2)

especial cinema (nunk excl)lista 01

A primeira parte da minha investida por uma lista ousada e personalíssima, inteiramente sincera, de momentos que marcaram minha trajetória como cinéfilo e crítico de cinema aqui no Anagrama aventou filmes alternativos e poucos conhecidos do grande público, ao menos do atual que tende a se limitar aos blockbusters de verão. São todos grandes filmes que trazem momentos de catarse, humor, emoção ou genialidade visual únicos. Mas é aqui, agora, nessa segunda parte da lista, que o grosso do melhor que rolou em termos de cinema pelos olhos desse humilde escriba aparece, reafirmando certos casos de amor por filmes que o leitor mais antigo deve identificar e dando opotunidade a alguns dos meus grandes ídolos enfim aparecerem. Mas, acima de tudo, a intenção é mencionar a quem merece ser mencionado. De uma forma ou de outra, aqui vai a parte final da minha lista de momentos inesquecíveis do cinema.

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5º Lugar – Dreamgirls [2006] - “And I’m telling you I’m not going”

Ninguém esperava que, quando Jennifer Hudson abrisse a boca após ser deixada sozinha, com certa justiça, por suas colegas de banda e pelo empresário e grande amor de sua vida interpretado por Jamie Foxx, fosse sair uma das performances vocais e interpretativas que marcariam o nosso século. Pois foi isso que aconteceu, e a perdedora de uma edição do American Idol foi dali, do palco discretamente iluminado e filmado de forma documental por Bill Condon, para o bem mais luxuoso tapete vermelho do Oscar, onde Hudson venceu o prêmio de Melhor Coadjuvante. Só por formalidades técnicas, aliás, porque o filme é dela e não seria o mesmo sem ela. E essa cena é o momento maior do seu talento (até agora).

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4º Lugar – O Retorno do Rei [2003] – Curvem-se diante dos hobbits!

É, não foi impressão sua: O Retorno do Rei podia, sim, tem uma boa meia hora a menos, e foi o que todo mundo sentiu quando as raças da Terra Média se curvaram diante dos quatro little hobbits que surgem como heróis da história de Tolkien e dos filmes de Peter Jackson. A câmera se afasta, e a música enche a tela na mesma medida que sorrisos e lágrimas brilham nos rostos de todos os espectadores. Só esperar os créditos subirem? Bem, não exatamente. Jackson errou ao tentar resolver demais, mas isso não diminui o tamanho de sua realização ao adaptar os livros do inglês para os cinemas, muito menos o impacto dessa cena no imaginário e na emoção do espectador.

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3º Lugar – Blade Runner [1982] - “Lágrimas na chuva…”

Se, hoje, Blade Runner é o cult que é, a culpa é em boa parte desse momento marcante do cinema do século XX. É aqui que o andróide vilanesco de Rutger Hauer mostra sua face mais humana e desconcertante, uma que o próprio Rick Deckard de Harrison Ford jamais demonstrara na metragem do filme de Ridley Scott. Suas considerações sobre o tempo, a fugacidade da vida, a banalidade de sua própria artificialidade, tudo é condensado em apenas uma frase curta para tanto conteúdo, dita sob a chuva intensa e interpretada com a intensidade e concentração de um ator brilhante no seu auge. Filosofia pura, moldada por quem entende, mesmo, de cinema.

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2º Lugar – O Cavaleiro das Trevas [2008] – O interrogatório

O todo do filme de Christopher Nolan ainda é dos mais brilhantes que já passaram por meus olhos, mas a cena do interrogatório em que Coringa (Heath Ledger) e Batman (Christian Bale) enfrentam-se verbal e fisicamente é dos momentos mais “estoura-mentes” da história do cinema. A atuação de Ledger, brilhante, encontra seu ápice nessa cena tensa e intensa, que Nolan dirige com louvável equilíbrio e cujos diálogos soam as palavras certas, nos momentos certos, ditas com a entonação certa e filmadas da maneira certa. É a perfeição em celulóide, traduzida em violência, crueza, brilhantismo de roteiro e diálogos, excelência cinematográfica e choque.

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1º Lugar – Moulin Rouge! [2001] - “El Tango de Roxanne”

Não foi difícil, para mim, colocar essa cena no pódio. Difícil é escolher só um momento do filme de Baz Luhrmann para taxar como inesquecível. Há que prefira o pot-pourri romântico no topo do elefante, ou a primeira execução da canção dos amantes (“Come Waht May”, única composição original do filme). Eu fico com a versão que Jacek Koman canta para os ciúmes de Christian (Ewan McGregor) por Satine (Nicole Kidman) quando esta deve entregar-se ao Duque (Richard Roxburgh). A música, a direção de cortes secos, rápidos e intensos, a voz rascante de Koman, a interpretação sensível de Ewan McGregor e as belas palavras da letra convergem para um dos momentos mais fortes, sombrios e emocionantes do cinema moderno. Belíssimo, belíssimo.

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Eu vi coisas que vocês humanos provavelmente nem acreditariam. Naves de ataque em fogo fora do Cinturão de Orion. Eu observei raios-C brilhar pelo negrume perto do portão de Tannhauser. Todos esses momentos ficarão perdidos no tempo… como lágrimas na chuva… Hora de morrer”

(Rutger Hauer em “Blade Runner”)

Why does my heart cries? Feelings I can’t fight! You’re free to leave me, but just don’t deceive me, and please, believe me when I say I love you!”

(Ewan McGregor em “Moulin Rouge!”)

4 comentários:

Rubens Rodrigues disse...

Acho que esta cena de Blade Runner é a melhor do filme. Realmente, a mais marcante.

Eu preciso assistir The Dark Knight, novamente. É que eu esperava demais e acabou ficando subestimado. Preciso ver com outros olhos.

bones disse...

ah, Roxane !! este sim inesquecivel.

Moulin Rouge é "O" filme.

Só vou discordar de uma coisinha , rsrsr, achei o retorno do rei muito curto. Eu gostei da parte dos hobbits retornando para casa e queria que tivesse sido incluso a parte que conta o futuro do Rei aragorn e o destino dos outros prsonagens.

Anônimo disse...

Caio vc escolheu 10 ótimos momentos pra relembrar. O que eu mais gostei foi do Tango de Roxanne no musical moulin rouge, eu dançei esse tango com um colega no colegial pra uma gincana rsrsrs. Foi uma experiência incrível, porém não foi fácil!

Adorei o post, adoro vir aqui ler suas críticas tão sensatas!

Bjos doces meu querido;**

Plutonauta disse...

Agradeço muito sua visita e cometário, seus blogs estão excelentes, parabéns pelo trabalho e por seus textos que também estão bem escritos.