8 de mar. de 2017

10+ filmes dirigidos por mulheres para aguardar em 2017 e 2018

kathryn

por Caio Coletti

Em pleno 2017, Kathryn Bigelow ainda é a única mulher a vencer o Oscar de Melhor Direção na história de quase nove décadas da premiação. A vitória (vista na foto acima) aconteceu em 2010, pelo filme Guerra ao Terror. Enquanto isso, a indústria americana segue notavelmente fechada ao talento de mulheres atrás das câmeras, apesar da demanda social pelo contrário – um estudo da Universidade de San Diego aponta que, dos filmes lançados comercialmente nos EUA em 2016, apenas 7% foram dirigidos por mulheres, 2% a menos que em 2015.

Em seu relatório anexado ao estudo, Martha M. Lanzen apontou: “Esses números provam que as iniciativas que vemos em Hollywood, como programas de mentores, são muito pequenas para causar o tipo de mudança que precisamos”. Em suma, a terra do cinema americano precisa fazer mais – mas enquanto isso não acontece, separamos 10 filmes dirigidos por mulheres talentosíssimas que você pode aguardar para 2017 e 2018. 10 é muito pouco, nós sabemos – reunimos todos os outros que conseguimos pesquisar em uma seção de menções honrosas.

PS: Alguns desses filmes foram produzidos em 2016, mas seu lançamento foi “segurado” até 2017 no Brasil ou mesmo nos EUA.

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1) Untitled Detroit Project (Kathryn Bigelow)

Começando pela própria quebradora do tabu do Oscar: Kathryn Bigelow retorna ao cinema cinco anos depois de A Hora Mais Escura com um projeto que tem sido mantido sob cuidadoso sigilo, mas deve tratar dos protestos de 1967 em Detroit (EUA), onde confrontos entre a polícia e cidadãos deixaram 43 mortos e 1.189 feridos. Os protestos são vistos largamente como um conflito de tons raciais, advindos da tensão causada pela então recente e progressiva dessegregação dos bairros da cidade.

Bigelow reuniu um elenco jovem impressionante para seu filme, liderado por John Boyega (Star Wars: O Despertar da Força), e composto por John Krasinski (The Office), Hannah Murray (Game of Thrones), Will Poulter (O Regresso), Jack Reynor (Sing Street), Anthony Mackie (Capitão América: Guerra Civil), Tyler James Williams (Todo Mundo Odeia o Chris), Jacob Latimore (Maze Runner), Malolm David Kelley (Lost) e Jeremy Strong (Selma). O filme está marcado para 4 de agosto de 2017 nos EUA.

Kathryn Bigelow: Essa americana de 65 anos fez a transição da pintura, sua arte original, para o cinema, no comecinho dos anos 80, quando dirigiu o drama The Loveless, estrelado por Willem Dafoe. Dirigiu dois dos filmes mais icônicos da década seguinte, Caçadores de Emoção (1991) e Estranhos Prazeres (1996), e finalmente ganhou reconhecimento com Guerra ao Terror (2008) e A Hora Mais Escura (2012).

“Se há uma resistência específica ao fato de mulheres fazerem filmes, eu escolho ignorá-la, por dois motivos: eu não posso mudar meu gênero, e eu me recuso a parar de fazer filmes” – Kathryn Bigelow

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2) Mulher Maravilha (Patty Jenkins)

O primeiro filme de grande porte protagonizado por uma super heroína desde o fiasco de Mulher Gato, lá em 2004, Mulher Maravilha aos poucos tomou para si o manto de possível salvador da DC Filmes. Após o fracasso crítico de Batman vs. Superman e Esquadrão Suicida, a princesa amazona interpretada por Gal Gadot ficou com a responsabilidade de virar as possibilidades a favor da editora. Patty Jenkins foi na verdade uma escolha ousada da DC/Warner para a direção do filme solo – ainda que talentosa, a californiana não dirige um longa-metragem desde 2003, e tem virtualmente 0 experiência com ação.

O trailer do filme, no entanto, mostra que Jenkins fará justiça ao legado feminista da heroína, criada como objeto de fetiche masculino (literalmente, visto que seu criador tinha fascinação por sadomasoquismo) , mas aos poucos transformada em ícone da força e heroísmo da mulher. Os críticos que viram pedaços do produto completo também aprovaram – Mulher Maravilha terá Chris Pine (Star Trek), Robin Wright (House of Cards), Connie Nielsen (Gladiador), David Thewlis (Harry Potter) e Elena Anaya (A Pele que Habito) no elenco, e chega aos cinemas brasileiros no dia 1º de junho de 2017.

Patty Jenkins: A americana de 45 anos viu seu filme de estreia, Monster: Instinto Assassino (2003), render Oscar de Melhor Atriz para Charlize Theron – o filme aborda a história complicada da prostituta e serial killer Aileen Wuornos. Desde então, Jenkins trabalhou na TV, em séries como Arrested Development, Entourage, The Killing e Betrayal, levando indicação ao Emmy (por The Killing, em 2011) no processo. Mulher Maravilha será seu primeiro longa-metragem em 14 anos.

“Acho que podemos começar a fazer filmes universais sobre outros tipos de pessoas [que não homens brancos e héteros], e isso não ser um problema. Podemos dizer que esse é um filme universal sobre alguém se transformando em um herói, mas esse acontece com uma mulher” – Patty Jenkins

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3) Mudbound (Dee Rees)

Uma das melhores e mais excitantes garotas prodígio do cinema americano recente, Dee Rees levou seu segundo longa-metragem de ficção para o Festival de Sundance 2017, e impressionou os críticos. Mudbound é um drama de época sobre dois homens retornando da da 2ª Guerra Mundial, um branco e um negro, e sentindo as dificuldades (raciais e econômicas) de encontrar emprego e uma forma de sobreviver nos EUA rural que se esqueceu deles.

Descrito como “emocionalmente honesto” e “uma realização de bravura incrível”, Mudbound conta com Garrett Hedlund (TRON) e Jason Mitchell (Straight Outta Compton) nos papeis principais, cercados por um elenco coadjuvante excepcional, formado por Carey Mulligan (Shame), Jason Clarke (O Exterminador do Futuro: Gênesis), Jonathan Banks (Better Call Saul), Rob Morgan (Stranger Things) e Mary J. Blige (Rock of Ages). O filme ainda não ganhou data de estreia oficial fora do circuito de festivais.

Dee Rees: Americana, também aos 40 anos, Rees estreou nos longas-metragens em 2011, após mais de uma década realizando uma variedade de curtas. Pariah levou o prêmio John Cassavetes no Independent Spirit Awards de 2012, contando a história de uma adolescente do Brooklyn lidando com conflitos sobre sua sexualidade. O próximo projeto foi para a TV, ao lado de Queen Latifah – a cinebiografia Bessie (2015) lhe rendeu duas indicações ao Emmy, pela direção e roteiro.

“Eu olho para a carreira de Woody Allen, 30 ou 40 filmes, e olho para o relógio. Eu adoraria fazer um ou dois filmes por ano. Nós não ganhamos o benefício da dúvida que eles ganham, especialmente mulheres negras. As pessoas presumem que somos incompetentes, enquanto a presunção sobre o cara branco é que ele é competente, até que se prove o contrário” – Dee Rees

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4) Uma Dobra no Tempo (Ava DuVernay)

Ao ser contratada para Uma Dobra no Tempo, projeto da Disney, Ava DuVernay fez história como a primeira mulher negra a dirigir um filme de mais de US$100 milhões. Adaptação da muito amada história infanto-juvenil sobre dois irmãos e um amigo que são mandados para o espaço sideral por seres misteriosos para buscar seu pai desaparecido, Uma Dobra no Tempo promete ser um dos grandes lançamentos do estúdio para 2018, com roteiro de Jennifer Lee (Frozen).

O diversificado elenco reunido por DuVernay impressiona: Reese Witherspoon (Big Little Lies), Chris Pine (Star Trek), André Holland (Moonlight), Gugu Mbatha-Raw (A Bela e a Fera), Zach Galifianakis (Baskets), Michael Peña (Homem Formiga), Mindy Kaling (The Mindy Project), Oprah Winfrey (Selma) e Levi Miller (Pan). A estreia já está marcada no Brasil para 5 de abril de 2018.

Ava DuVernay: Após construir uma carreira na parte de publicidade de Hollywood, DuVernay estreou na direção de longas-metragens com I Will Follow (2010), e manteve um ritmo impressionante, especialmente para uma diretora negra em Hollywood, desde então. O elogiado Middle of Nowhere (2012) firmou sua parceria com David Oyelowo, que se estenderia para Selma (2014), o grande injustiçado do Oscar 2015. A série Queen Sugar e o documentário A 13ª Emenda, indicado ao Oscar da categoria, marcaram 2016.

“Todos os modelos tradicionais estão indo abaixo: na música, na publicidade, no cinema. É uma porta completamente aberta para as pessoas que são criativas fazerem o que precisam fazer sem ter instituições bloqueando sua arte” – Ava DuVernay

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5) XX (Roxanne Benjamin, Karyn Kusama, St. Vincent, Jovanka Vuckovic)

Coletâneas de curtas de terror, como bem demonstrou a cinessérie V/H/S, são ótimos lugares para novos e excitantes diretores de gênero terem seu trabalho exposto pela primeira vez. Por isso que XX, mesmo dentro da nossa lista, parece especialmente animador – a proposta é uma coletânea de terror com curtas comandados apenas por mulheres (quatro delas, para ser mais exato). O nome mais conhecido é Karyn Kusama, que impressionou fãs do gênero com O Convite (2015), seu último longa.

Roxanne Benjamin, que participou também da coletânea Souhtbound; Jovanka Vukovic, canadense diretora de celebrados curtas dos últimos quatro anos; e até a cantora St. Vincent, em sua estreia na direção, completam o time. Críticas após a exibição do filme no Festival de Sundance o caracterizaram como “irregular”, da forma como a maioria das coletâneas costuma ser, mas fascinante ao trazer a perspectiva feminina para o gênero. Ainda não há previsão de estreia fora do circuito de festivais.

Karyn Kusama: Essa nova-iorquina estreou nos longas-metragens em 2000, com Boa de Briga, filme que lançou a carreira de Michelle Rodriguez e, na época, se tornou a compra mais cara já feita por um estúdio no Festival de Sundance. Uma pena, portanto, que seu próximo filme tenha sido reeditado e desfigurado pelos executivos – o épico de ficção científica Aeon Flux (2005) seria muito mais experimental na versão da diretora. Após o fracasso de Garota Infernal (2009), Kusama pensou em desistir da carreira, mas seu retorno com O Convite (2015) rendeu muitos elogios e trabalhos na TV, em séries como Billions, Casual, Halt and Catch Fire e Masters of Sex.

“Eu acho que nunca mais vou trabalhar em um filme em que eu não tenha o corte final. Eu percebi que sou uma diretora de cabeça forte, que tenho um senso muito claro do que quero fazer, e quero que as pessoas me deixem em paz para fazê-lo” – Karyn Kusama

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6) The Nightingale (Jennifer Kent)

Jennifer Kent jura ter recebido mais propostas para dirigir em Hollywood do que pode contar após o sucesso de O Babadook (2014), seu longa-metragem de estreia – embora tenha aceitado uma dessas (um romance lésbico baseado no livro Alice + Freda Forever), antes ela deve finalizar outro filme em sua Austrália natal. Embora não seja mais um longa de terror, ela garante para o The Guardian que o drama histórico se passa em “um mundo horrendo”, de violência, preconceito, vingança e genocídio.

Passado na Tasmânia, ilha perto da Austrália para onde foram mandados os piores presidiários britânicos a título de colonização, o filme conta de uma menina irlandesa e um garoto indígena buscando vingança contra um homem violento que destruiu suas famílias. Assistida por conultores indígenas e pelo diretor Rolf de Heer (O País de Charlie, O Rastreador), Kent promete um longa chocante sobre “a falta de sentido na vingança”. O filme sai ainda em 2017, mas sem data marcada.

Jennifer Kent: Essa australiana trabalhou ao lado de Lars von Trier, como “aprendiz” do famoso diretor, em Dogville (2003). Antes disso, engatou carreira relativamente bem-sucedida como atriz no país natal, especialmente estrelando a série policial Murder Call entre 1997 e 2000, e o novelão médico All Saints entre 2001 e 2003. Dirigiu um episódio da série Two Twisted, na TV australiana, antes de estrear com The Babadook (2014), o filme de terror mais elogiado do seu ano.

“É engraçado, porque eu vejo as pessoas dizendo que nunca oferecem os grandes blockbusters para as mulheres… E daí elas dizem: ‘E a Jennifer Kent? Ela não está fazendo nada!’. Eles não sabem o que está acontecendo aqui do meu lado da história, as coisas que eu estou recusando, porque não são para mim” – Jennifer Kent

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7) Raw (Julia Ducournau)

O filme que ficou inevitavelmente conhecido como “aquele que fez os espectadores desmaiarem no Festival de Toronto” parece um dos terrores mais inovadores e excitantes do ano. Co-produzido por França e Bélgica, o filme conta a história de uma jovem vegetariana que, após passar por um ritual de “trote” na faculdade em que é obrigada a comer carne crua, descobre um gosto sem paralelos pela coisa.

Ancorado por uma performance central arrasadora de Garance Miller, Raw foi elogiado após exibição no circuito de festivais pela sua confiança estética e pela inspiração nos filmes clássicos de David Cronenberg e David Lynch. “Um ensopado maravilhoso de material para pesadelos”, segundo a crítica da Variety, Catherine Bray. Ainda sem estreia no Brasil, o filme chega aos cinemas dos EUA no dia 10 de março.

Julia Ducournau: Essa francesa de apenas 33 anos é a mais jovem da nossa lista, e é também a única estreante. Seus trabalhos anteriores na direção foram o telefilme frances Mange (2012) e o curta-metragem Junior (2011), que venceu um prêmio especial no Festival de Cannes. Raw, por sua vez, ganhou o FRIPRESCI Prize na edição de 2016 do Festival.

“O que acontece quando você escreve algo é que você pode criar o que você quiser. Um homem, uma mulher, um rato gigante, um bebê, um homem idoso, o que você quiser. Seu trabalho é ter imaginação para se colocar no lugar dessa pessoa. Não tem nada a ver com o gênero da pessoa que está escrevendo. Eu consigo me relacionar com personagens masculinos, por que os homens não podem se relacionar conosco?” – Julia Ducournau

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8) Mulan (Niki Caro)

A melhor notícia saída da Disney nas últimas semanas é a contratação da neozelandesa Niki Caro para comandar a adaptação live-action de Mulan, marcada para 2 de novembro de 2018. O roteiro está nas mãos da Rick Jaffa e Amanda Silver, responsáveis pela nova trilogia Planeta dos Macacos – agora só falta esperar os anúncios de escalação para ter certeza que a Disney não vai passar a sua “borracha branca” em cima dessa história essenialmente chinesa.

Esse é só um de três projetos que Caro tem para os próximos dois anos, no entanto. Em 2017, podemos ver dois filmes dela: o drama The Zookeper’s Wife, com Jessica Chastain, que chega no dia 31 de março de 2017 nos EUA; e a cinebiografia Callas, da lendária cantora de ópera Maria Callas, estrelada por Noomi Rapace, que ainda não tem data definida. Isso que é uma agenda cheia.

Niki Caro: Desde sua ascenção à fama em 2002, após o drama Encantadora de Baleias, que rendeu indicação ao Oscar para a jovem Keisha Castle-Hughes, Caro se manteve na ativa. Terra Fria (2005) contou a história do primeiro caso de assédio sexual vencido pelas vítimas nos EUA, e levou duas indicações ao Oscar no caminho; o drama de época The Vintner’s Luck (2009) passou relativamente em branco pelo público, mas o filme de futebol americano McFarland dos EUA (2015) a trouxe de volta aos holofotes.

“Meu trabalho é sentir tudo o que os meus personagens sentiram, sentem ou precisam sentir. Assim, se um ator precisa de ajuda para chegar a algum lugar emocional para uma cena, eu posso ajudá-lo, porque eu já estive lá” – Niki Caro

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9) O Enganado (Sofia Coppola)

Talvez a mulher mais estabelecida e bem-sucedida na direção em Hollywood no momento, Sofia Coppola resolveu fazer de seu próximo filme, O Enganado, um desvio em relação aos anteriores. Conhecida por dramas contemporâneos estrelados por personagens adolescentes e ricos, Coppola resolveu refazer o faroeste feminista O Estranho Que Nós Amamos (1971), originalmente estrelado por Clint Eastwood como um soldado durante a Guerra Civil Americana que vai para sob os cuidados de uma comunidade de mulheres misteriosas.

O elenco é cheio de estrelas: Nicole Kidman (Os Outros), Kirsten Dunst (Homem Aranha), Elle Fanning (Malévola), e Colin Farrell (Animais Fantásticos e Onde Habitam), além das revelações Angourie Rice (Dois Caras Legais) e Oona Laurence (Perfeita é a Mãe!). No comando da direção e do roteiro, Coppola parece ter feito um curioso e intenso suspense que sublinha as mensagens já radicais do original. Estreia no dia 30 de junho nos EUA.

Sofia Coppola: O começo nada auspicioso como atriz (ela venceu dois Framboesa de Ouro por O Poderoso Chefão III) escondia uma diretora e roteirista de primeira, como ela demonstrou na estreia em As Virgens Suicidas (1999), começo da parceria com Kirsten Dunst que ainda renderia Maria Antonieta (2006). Entre esses dois filmes, foi indicada ao Oscar de direção (e venceu o de roteiro) por Encontros e Desencontros (2003), e depois escalou Emma Watson no sarcástico e delicioso Bling Ring (2013).

“Atuar não é para mim, porque eu não gosto que me digam o que fazer. Eu sou muito interessada em design de sets e esse tipo de coisa, minha arte é mais visual, e eu me sinto mal em frente à câmera” – Sofia Coppola

como nossos pais

10) Como Nossos Pais (Laís Bodanzky)

Não podia faltar uma brasileira na nossa lista, e a Laís Bodanzky é muito provavelmente nossa cineasta mais talentosa. Como Nossos Pais, seu novo filme, aborda o conflito de gerações em uma família brasileira, e é protagonizado por Maria Ribeiro e Paulo Vilhena, além da veterana Clarice Abujamra no papel da mãe de Rosa (Ribeiro), que lhe revela um segredo chocante do passado da família. A estreia no Festival de Berlim em fevereiro atraiu elogios da crítica. Infelizmente, o filme ainda não ganhou distribuição comercial e data de estreia.

O mesmo festival trouxe outros dois filmes brasileiros dirigidos por mulheres: Pendular, de Júlia Murat (Histórias que Só Existem Quando Lembradas), sobre o relacionamento entre um escultor e uma dançarina; e Vazante, de Daniela Thomas (Linha de Passe), um drama de época que analisa a crueldade da escravatura e do machismo no Brasil colonial, tudo em belíssimo preto e branco.

Laís Bodanzky: Essa paulistana de 47 anos virou estrela absoluta do cinema nacional ao estrear na direção em Bicho de Sete Cabeças (2000), intensa história sobre um adolescente (Rodrigo Santoro) que é enviado para um hospício pelos pais após enontrarem drogas em seu bolso. Em 2007, ganhou mais elogios para saudoso drama Chega de Saudade, sobre um salão de gafieira da terceira idade; e voltou a surpreender ao abordar o universo adolescente novamente em As Melhores Coisas do Mundo (2010).

“Eu acho que tive sorte, na verdade. Eu estou no meu quarto longa e não acho que eu tenha feito menos filmes por ser mulher, mas isso não significa que eu não perceba que a gente tem que falar sobre isso sim. São poucas as mulheres [cineastas] e se a gente não falar a respeito vamos atrasar ainda mais a entrada de outras profissionais” – Laís Bodanzky

Menções honrosas:

  • Um Reino Unido (de Amma Assante): O Príncipe Seretse Khama (David Oyelowo), de Botsuana, causa comoção internacional quando se casa com uma mulher branca, Ruth Williams (Rosamund Pike). 29 de junho de 2017.
  • Their Finest (de Lone Scherfig): Diretora de Educação (2009) aborda a Segunda Guerra Mundial com a história de um grupo de britânicos que tentou fazer um filme-propaganda para aumentar a moral dos soldados Aliados. Gemma Arterton, Sam Claflin, Bill Nighy e Jack Huston no elenco. Trailer. 27 de abril de 2017.
  • Tudo e Todas as Coisas (de Stella Meghie): Amandla Stenberg (Jogos Vorazes) vive uma garota que tem “alergia de tudo” e se apaixona pelo rapaz que se muda para a casa ao seu lado. Adaptação do best-seller de Nicola Yoon. 15 de junho de 2017.
  • Rough Night (de Lucia Aniello): Scarlett Johansson, Kate McKinnon, Zoë Kravitz, Demi Moore, Ty Burrell e Colton Haynes estrelam essa comédia sobre um stripper que acaba sendo acidentalmente morto durante uma despedida de solteira. Trailer. 15 de junho de 2017.
  • A Escolha Perfeita 3 (de Trish Sie): A diretora de Ela Dança, Eu Danço 5 assume a cadeira que foi de Elizabeth Banks na segunda sequência, que adiciona Ruby Rose e John Lithgow ao elenco. 22 de dezembro de 2017.
  • Euphoria (de Lisa Langeth): Alicia Vikander e Eva Green estrelam esse drama psicossexual sobre irmãs em conflito viajando pela Europa. Charles Dance e Charlotte Rampling estão no elenco. 06 de outubro de 2017 na Suécia.
  • Fear of Flying (de Tanya Wexler): A diretora do adorável Histeria vai adaptar o clássico feminista de 1973 sobre uma mulher passando pelo segundo divórcio e se descobrindo sexualmente em uma viagem pela Europa. Ainda sem data definida.
  • Home Again (de Hallie Meyers-Shyer): A filha da diretora Nancy Meyers (Alguém Tem que Ceder) estreia na direção nessa história estrelada por Reese Witherspoon, uma mãe solteira que recebe três inquilinos intrometidos em sua casa. Michael Sheen, Nat Wolff, Lake Bell e Candice Bergen estão no elenco. Ainda sem data definida.
  • Lady Bird (de Greta Gerwig): Ícone do indie americano moderno, Greta Gerwig (Frances Ha) faz sua estreia na direção com a história de uma jovem (Saoirse Ronan) passando um ano pós-faculdade na Califórnia. Lucas Hedges e Odeya Rush estão no elenco. Ainda sem data definida.
  • Megan Leavey (de Gabriella Cowperwaithe): A diretora do documentário Blackfish estreia na ficção com a história real de uma oficial da marinha (Kate Mara) que completou mais de 10 missões perigosas ao lado de um cão de combate. Tom Felton, Common e Edie Falco estão no elenco. Ainda sem data definida.
  • The Party (de Sally Potter): A diretora de Orlando – A Mulher Imortal (1992), que lançou a carreira de Tilda Swinton, está de volta com uma “comédia embrulhada em um drama”, que “começa com uma celebração e termina com sangue”, elogiadíssima no Festival de Berlim. Patricia Clarkson, Emily Mortimer, Cillian Murphy, Timothy Spall, Cherry Jones, Kristin Scott Thomas e Bruno Ganz foram o ilustre elenco. Ainda sem data definida.
  • Unicorn Store (de Brie Larson): A atriz vencedora do Oscar por O Quarto de Jack estreia na direção com essa comédia sobre uma mulher vivendo os sonhos mais absurdos de sua infância. Samuel L. Jackson e Joan Cusack estão no elenco. Ainda sem data definida.
  • We Have Always Lived in the Castle (de Stacie Passon): Baseada no livro de Shirley Jackson, a diretora contará a história de uma família bizarra e reclusa nesse suspense estrelado por Alexandra Daddario, Sebastian Stan, Taissa Farmiga e Crispin Glover. Ainda sem data definida.
  • Woman Walks Ahead (de Susanna White): Jessica Chastain interpreta uma pintora que se envolve com a luta indígena após viajar até uma tribo para pintar o retrato do cacique Sitting Bull. Sam Rockwell e Ciarán Hinds no elenco. Ainda sem data definida.
  • Axolotl Overkill (de Helene Hegemann): A jovem escritora alemã Hegemann adapta sua própria e polêmica obra sobre uma adolescente entregue ao mundo das drogas que engata um relacionamento com uma atriz mais velha. Ainda sem data definida.
  • Band Aid (de Zoe Lister-Jones): Comédia sobre um casal que resolve transformar seus problemas matrimoniais em música. Lister-Jones e Adam Pally estrelam, com Jamie Chung, Colin Hanks e Fred Armisen no elenco. Clipe. Ainda sem data definida.
  • Beach Rats (de Eliza Hittman): Um dos mais elogiados filmes do Festival de Sundance 2017, o filme acompanha um jovem lidando com questões de sexualidade e pressão dos amigos delinquentes. Trailer. Ainda sem data definida.
  • Landline (de Gilles Robespierre): Após o elogiadíssimo Obvious Child, Robespierre e sua musa Jenny Slate se reúnem para uma comédia dramática passada nos 90 sobre três gerações de mulheres da mesma família. Edie Falco, Finn Wittrock e John Turturro no eleno. Ainda sem data definida.
  • Pop Aye (de Kirsten Tan): Premiado em Sundance, esse drama tailandês mostra um arquiteto sem esperanças na vida se reunindo com seu amigo de infância: um elefante. Ainda sem data definida.
  • Des Lunettes Noires (de Claire Denis): Juliette Binoche, Gerard Depardieu e Valeria Bruni estrelam o novo filme da diretora francesa mais celebrada da atualidade, que adapta um livro sobre “a linguagem do amor”. Ainda sem data definida.
  • Maya (de Mia Hansen-Love): Provável sucessora de Denis no posto de queridinha dos franceses, Hansen-Love também tem um projeto com Juliette Binoche, abordando a história real de um repórter francês mantido refém na Síria e na Índia. Ainda sem data definida.
  • Pokot (de Agnieszka Holland): A lendária diretora polonesa está de volta para um filme misterioso sobre uma mulher idosa que pode estar por trás de uma série de assassinatos em sua pequena cidade. 24 de fevereiro de 2017 na Polônia.

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