3 de mai. de 2015

Person of Interest 4x21: Asylum

Person of Interest - Episode 4.21 - Asylum - Promotional Photos

ATENÇÃO: esse review contem spoilers!

por Caio Coletti

Person of Interest é uma narrativa equipada de uma infinidade de recursos, acumulados durante a cuidadosa elaboração que a série construiu nesses quatro anos no ar. Um dos mais interessantes deles, usado com frequência especial em “Asylum”, é a diferenciação entre as interfaces da Machine criada por Finch e do Samaritan, a inteligência artificial representada por Greer. Nesse pré-season-finale da quarta temporada, a diferença gráfica entre as intervenções das duas máquinas, usadas na transição entre cenas e subplots, como é tradição em Person, diz muito sobre o momento em que a trama da série se encontra. “Asylum” é a culminação do confronto entre essas duas forças formidáveis do mundo ultra-vigiado de Person, um confronto que sempre foi pintado com tintas mitológicas (quase bíblicas) pela série, e que o episódio genialmente reduz a um embate moral, em que o espectador é (re)apresentado ao conceito fundamental da diferença entre os dois sistemas operacionais de vigilância: a atitude em relação aos seres humanos que manipula para alcançar seus objetivos.

Quando a Machine de Finch resolve entregar sua localização para os agentes de Samaritan em troca do bem-estar de dois dos nossos protagonistas, há certa nobreza na derrota que o “lado do bem” sofre. Há certa afirmação de que a compaixão pelo ser humano vale mais do que o controle sobre ele – e Person se destaca por mostrar isso em um contexto tão adverso a esse tipo de pensamento. O mesmo tema corre na subtrama que envolve Reese e Fusco se metendo no meio da guerra entre gangues de Elias e a Brotherhood, especialmente no momento em que o chefão do crime interpretado por Enrico Colantoni desconstrói seu poder para vingar o assassinato de Anthony, seu braço-direito, pelas mãos de Dominic, o líder da Brotherhood. “Asylum” mostra que, quando os personagens de Person são levados pela emoção e pelo impulso, esses dois instintos caminham na direção de dialogar com as relações interpessoais que eles cultivaram através da vida. Acontece com Elias, com Root e com Control, e acontece de maneira negativa com Dominic, que termina o episódio sentindo na pele as consequências de confiar em informações ao invés de pessoas.

O roteiro de Andy Callahan (4x12, “Control-Alt-Delete” – review) e Denise Thé (4x11, “If-Then-Else” – review) faz um bom trabalho em nos trazer esse prólogo intensamente emocional para os acontecimentos sem dúvida bombásticos do finale da próxima terça-feira. Pegando as dicas do antecessor de “Asylum”, o brilhante “Terra Incognita” (review) o script resgata a dimensão mais humana de Person of Interest e transforma a série, que vacilou entre gêneros e tons durante toda a temporada, em uma ficção científica no melhor sentido da palavra. É ao refletir quem somos como seres humanos, e mostrar de que forma isso se infiltra na situação extraordinária que retrata, que Person se torna uma legítima representante do gênero que encarnou durante todo esse ano. Há algo na mensagem de “vocês não são trocáveis” da Machine para Finch e Root que fala diretamente com a insistência da ficção em reafirmar o caráter extraordinário da humanidade e das peculiaridades essenciais que carregamos.

Person quer nos dizer que somos especiais, mesmo que nos mostre, semana após semana, que também podemos fazer muito mal uns aos outros. É preciso admirar uma narrativa assim.

✰✰✰✰✰ (4,5/5)

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Próximo Person of Interest: 4x22 – YHWH (05/05)

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