28 de mai. de 2015

Diário de filmes do mês: Maio/2015


 por Caio Coletti

Nem todos os filmes merecem (ou pedem) uma análise complexa como a que fazemos com alguns dos lançamentos mais “quentes” ou filmes que descobrimos e nos surpreendem positivamente. Particularmente, eu não me dou a escrever críticas grandes de filmes que considero ruins ou irrelevantes, porque não vejo sentido em remoer demais os erros de uma produção cinematográfica. É levando em consideração a função da crítica e da resenha como uma orientação do público em relação ao que vai ser visto em determinado filme que eu resolvi criar essa coluna, que visa falar brevemente dos filmes que não ganharam review completo no site. Vamos lá:

November Man: Um Espião Nunca Morre (The November Man, EUA/Inglaterra, 2014)
Direção: Roger Donaldson
Roteiro: Michael Finch, Karl Gdjusek, baseados no livro de Bill Granger
Elenco: Pierce Brosnan, Luke Bracey, Olga Kurylenko, Bill Smitrovich, Eliza Taylor
108 minutos

A essa altura da carreira, Pierce Brosnan já fez mais filmes em que interpreta variações do seu James Bond do que filmes da própria franquia 007. November Man é o mais recente dos thrillers que escalam o ex-Bond para viver um espião, dessa vez um operativo aposentado da CIA que é chamado de volta à labuta quando a agência se vê perto de expor um fortíssimo candidato à presidência da Rússia por corrupção – ou será que a CIA está envolvida no próprio escândalo, e o pedido do ex-chefe de Brosnan é um chamado de socorro? A chave para tudo parece ser a mulher interpretada por Olga Kurylenko, ela mesma uma ex-Bond girl, na pele de uma assistente social misteriosa. Baseado em um dos livros de Bill Granger sobre o agente Deveraux interpretado por Brosnan, o filme nunca se enrola demais na própria trama, ou fica confuso, mas cai em soluções fáceis perto do final, em que a filha que o protagonista mantinha em segredo da agência é encontrada e raptada pelos bad guys.

Até chegar lá, no entanto, November Man é um filme que corajosamente não subestima a inteligência do espectador, se privando de diálogos ultra-expositivos e examinando com inteligência a psique de seus personagens, brincando com a questão da consciência em homens treinados para matar. O filme também tem algo a dizer sobre o cuidado necessário na hora de acatar ordens, e a desconfiança necessária quanto às figuras de autoridade impostas a nós. O diretor Roger Donaldson (Efeito Dominó) é um eficiente artesão das cenas de ação, com destaque para o brutal embate entre Deveraux e o ex-pupilo, atual algoz, interpretado por Luke Bracey. Brosnan não é um grande ator, mas entende o bastante do papel para passar ileso pelos céleres, ainda que densos, 108 minutos de November Man, um bom entretenimento sem muitas consequências para o espectador. Indicado para quem gosta de thrillers espertos, e para os saudosos de Brosnan como Bond.

✰✰✰✰ (3,5/5)


Hércules (The Legend of Hercules, EUA, 2014)
Direção: Renny Harlin
Roteiro: Sean Hood, Daniel Giat, Renny Harlin, Giulio Steve
Elenco: Kellan Lutz, Gaia Weiss, Scott Adkins, Roxanne McKee, Liam Garrigan Johnathon Schaech
99 minutos

No topo do poster de Hércules, o diretor Renny Harlin é citado pelas glórias de Risco Total e Duro de Matar 2, dois filmes do começo dos anos 90. Há vinte anos removido do seu auge como diretor de ação em Hollywood, o finlandês Harlin ainda é um comandante brilhante para as cenas de adrenalina. Por mais que seu Hércules empreste mais do que algumas dicas do estilo visual de 300, é latente a habilidade do diretor ao manipular os ângulos de câmera e a coreografia dos embates físicos e efeitos especiais para dialogar com o espectador. Esteticamente e em termos de cenas de ação, Hércules é um feito impressionante, digno do seu diretor. Infelizmente, é apenas nesses sentidos que o filme de Harlin triunfa, deixando para trás consideração por personagens e originalidade da narrativa em prol de uma thrill ride que, no final das contas, nem é tão empolgante assim. Desconsiderando o cânone do personagem, Harlin e cia. criam um roteiro em que o herói grego (Kellan Lutz, direto da saga Crepúsculo) é o filho ilegítimo de um imperador cruel (Scott Adkins) que passa por uma provação à la Maximus para se tornar o herói que suas origens prometem que ele será. Afinal, Hércules ainda é filho de Zeus, concebido pela rainha Alcmene (Roxanne McKee) para libertar o reino da tirania do rei.

No meio de tudo isso o filme ainda engata uma trama romântica – é claro – em que Hércules e o irmão fracote e traiçoeiro lutam pelo amor de uma princesa estrangeira (a insossa Gaia Weiss). Lutz é um colírio para os olhos, mas não é ator o bastante para lutar contra mediocridade e o caráter derivativo do texto do filme, que parece apagar assim que as cenas de ação terminam. Adkins, um astro do cinema de ação direct-to-video, injeta intensidade no papel do vilão da vez, mas se leva a sério demais para ser verdadeiramente uma luz na penumbra narrativa de Hércules. Com um herói praticamente invencível, uma história contada dezenas de vezes por artistas mais capazes e alguns momentos em que a sede por efeitos 3D de baixo orçamento dominam a encenação, o filme de Harlin só vale os 99 minutos que tem se o espectador estiver disposto a lidar com essas deficiências pelo bem de um pouco de adrenalina. Caso contrário, passe longe.

✰✰ (2/5)


Guerreiros do Amanhã (Tomorrow, When the War Began, Austrália, 2010)
Direção: Stuart Beattie
Roteiro: Stuart Beattie, baseado na novela de John Marsden
Elenco: Caitlin Stasey, Rachel Hurd-Wood, Lincoln Lewis, Deniz Akdeniz, Phoebe Tonkin, Chris Pang, Ashleigh Cummings, Andrew Ryan
103 minutos

Beseado em uma das séries literárias infanto-juvenis mais populares da Austrália, Guerreiros do Amanhã foi um sucesso estrondoso na terra dos cangurus, mas não conseguiu encontrar um público internacional. Talvez por isso os planos para a continuação continuem sendo adiados, e boatos de uma série de TV circulem pelos fóruns de fãs. É talvez o único argumento contra a expansão cinematográfica do mundo criado por John Marsden na novela, originalmente publicada em 1993 e seguida por outras seis continuações. todas criticamente aclamadas no mundo todo. A história segue oito jovens que escapam por um lance de sorte de uma invasão estrangeira na Austrália (os oito amigos estavam acampando numa localidade remota naquele fim-de-semana fatídico) e precisam lidar com um estado de guerra quando retornam à cidade. O ponto mais positivo de Guerreiros do Amanhã, o filme, é que nenhum dos personagens adolescentes realmente se encaixa nos estereótipos comuns do gênero. A protagonista forte, Ellie, é cheia de dúvidas; seu interesse romântico, Lee, não é um galã convencional; o rebelde Homer mostra habilidades de liderança natas e uma doçura insuspeita; e por aí vai.

Com personagens tão bem delineados, bem que o filme poderia se beneficiar de diálogos mais sutis. Os momentos de reflexão dos protagonistas são traduzidos em trocas de frases que não soam, em absoluto, como pessoas de verdade conversando. Os atores parecem ter consciência disso também, mas não querem quebrar a ilusão e acabam levando-se a sério demais – mesmo assim, a protagonista Caitlin Stasey (atualmente atuando em Reign, da CW) se destaca com uma performance expressiva e inteligente. O roteiro e a direção de Stuart Beattie (do sofrível Frankenstein: Entre Anjos e Demônios) não faz um bom trabalho em realçar o que a história tem de melhor, e tampouco em disfarçar seus defeitos: questões raciais mal-resolvidas e uma mensagem que passa perto de mais do pró-militarismo. Por isso mesmo que a produção de continuações é mais que recomendável: assim, quem sabe, o espectador tem a oportunidade de tirar conclusões mais concretas sobre a história tecida por Marsden. Resta esperar.

✰✰✰ (3/5)


Padre (Priest, EUA, 2011)
Direção: Scott Stewart
Roteiro: Cory Goodman, baseado na graphic novel de Min-Woo Hyung
Elenco: Paul Bettany, Karl Urban, Cam Gigandet, Maggie Q, Lily Collins, Brad Dourif, Christopher Plummer, Alan Dale
87 minutos

Em seus secos (até áridos) 87 minutos, Padre tenta ser uma ficção científica distópica com tons cyberpunks, um improvável western futurista, a enésima reformulação da mitologia do vampiro, e um estudo de personagem. De forma espetacular, o filme consegue falhar em todos esses sentidos. Tamanha derrocada seria quase divertida se não fosse um desperdício dos talentos já largamente mal-aproveitados de Paul Bettany, Maggie Q, Christopher Plummer, Alan Dale e, vá lá, Karl Urban. Padre se leva extremamente a sério, para piorar a situação, e enche suas cenas sumariamente editadas com divagações rasas e contraditórias sobre a virtude da fé, a natureza do totalitarismo e a validade da violência. A impressão que fica é que o diretor Scott Stewart (de Legião) quer desesperadamente nos dizer que fez um filme cool, digno de entrar para as fileiras das ficções científicas “alternativas” que enchem os olhos dos espectadores contemporâneos. O que o diretor esquece é que há um abismo entre atirar elementos na narrativa que ecoem a um significado maior e efetivamente mostrá-lo em tela – Padre quer muito disfarçar o fato de que não está nem um pouco interessado em ser profundo ou filosófico. E faz isso muito mal.

Bettany parece ser uma aposta certa para esse tipo de papel, mas não lhe é dada a chance de desenvolver o protagonista além de uma débil agressividade e um olhar perdido de quem, sempre que pode, chama a atenção para o trabalho sujo que fez pela Igreja que é obrigado a trair. Ao lado do ridículo xerife interpretado por Cam Gigandet (praticamente um ímã de filmes ruins), ele se digladia com o vilão interpretado por Karl Urban pela posse da ingenue feita por Lily Collins. O meio-vampiro-meio-humano interpretado por Urban ganha tão pouco tempo de tela que até seus bons momentos parecem deslocados – vide o inspirado trejeito na cena em que o personagem “conduz”, como um maestro, o massacre de uma cidade. A reimaginação do mito dos vampiros não é mal-guiada, e as cenas de ação do diretor Stewart tem um senso de espaço bastante convencional, ainda que convincente. Curto e raso, Padre é um filme que parece lutar contra si mesmo – pede para ser diversão descompromissada, mas esbarra na obrigação de tentar ser uma “obra séria”.

✰✰ (1,5/5)


Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, EUA, 1951)
Direção: Clyde Geromini, Wilfred Jackson, Hamilton Luske
Roteiro: Winston Hibler, Ted Sears, Bill Peet, Erdman Penner, Joe Rinaldi, Milt Banta, Bill Cottrell, Dick Kelsey, Joe Grant, Dick Huemer, Del Connell, Tom Oreb, John Albridge, baseados no livro de Lewis Carroll
Elenco de vozes: Kathryn Beaumont, Ed Wynn, Richard Haydn, Sterling Holloway, Verna Felton
75 minutos

Um dos mais verdadeiramente criativos feitos da fase inicial da Disney (Alice é apenas o 16º longa de animação do estúdio), a adaptação mais encantadora dos livros de Lewis Carroll sobre a garota que escapa para um mundo de fantasia cheio de bizarrices e perigos resiste bravamente ao tempo. Aos 64 anos, o filme com maior tempo de desenvolvimento da empresa (quase duas décadas) transparece cada momento de sua longa gestação na riqueza das animações e no comprometimento do roteiro com um estilo que jamais seria permitido dentro do esquema de produção da Disney atual. Ainda que esconda os tons sombrios do livro de Carroll um pouco mais fundo do que no material original, o filme ainda é uma pérola de narrativa dispersa e lunática, que faz a jornada da protagonista (delicada e belamente desenhada) ser muito mais emocional do que concreta. Em nenhum momento a trama deixa o espectador se perder dentro do mundo sonhado de Alice, e é justamente esse afastamento que torna o filme um encanto não só para as crianças fascinadas pelas cores e impossibilidades do roteiro, como para os adultos que são capazes de detectar uma narrativa de amadurecimento e reflexão nas entrelinhas da jornada de Alice.

Ajuda, é claro, que as músicas sejam algumas das melhores que a Disney compôs na sua fase inicial, e que a caracterização dos personagens seja tão cuidadosa. Ainda trabalhando com os “nove velhinhos” originais (animadores lendários do estúdio Disney que comandaram os primeiros filmes da marca), Walt e sua equipe criam uma galeria de tipos inesquecíveis e bem calculados, com aquelas formas e personalidades mais rústicas e misteriosas que praticamente desapareceram das obras de fantasia atuais. Há uma razão pela qual a história criada por Carroll atravessou gerações, assim como há uma razão para filmes como A Viagem de Chihiro fascinarem crianças e adultos até hoje – há algo de intimidador nessas histórias, na selvagem beleza do irreal que elas representam. Alice no País das Maravilhas, lá em 1951, foi muito mais ousado e franco em explorar essa parte da história do que os grandes estúdios o permitiriam ser agora, em pleno 2015.

✰✰✰✰✰ (5/5)


Dredd (Inglaterra/EUA/Índia/África do Sul, 2012)
Direção: Pete Travis
Roteiro: Alex Garland, baseado no personagem de John Wagner & Carlos Ezquerra
Elenco: Karl Urban, Olivia Thirlby, Lena Headey, Wood Harris
95 minutos

Hora da confissão: os quadrinhos do Juiz Dredd, criados por John Wagner e Carlos Ezquerra nos anos 70, não são algo com o qual este que vos fala esteja muito familiarizado. O filme de 1995 estrelado por Sylvester Stallone e Rob Schneider (?) também passou em branco por mim (e, ao que parece, eu não estou perdendo muita coisa). Assistir Dredd, portanto, marcou meu primeiro contato com Mega City, a paisagem futurista distópica em que o violento agente-da-lei dos quadrinhos pratica sua justiça – e que primeiro contato, diga-se de passagem. A câmera de Pete Travis (Ponto de Vista), auxiliada pelo belo trabalho de fotografia de Anthony Dod Mantle (Oscar por Quem Quer Ser um Milionário) registra esse cenário quase cyberpunk com um realismo e uma paleta de cores e recursos impressionante. Não é só nas espetaculares cenas em que os personagens estão sob o efeito da droga SLO-MO (que faz exatamente o que o nome sugere) que a composição visual do filme brilha – filmado em uma metrópole da África do Sul, Dredd é um dos filmes do seu gênero que menos se importa em esconder o quão conectado com o mundo do presente é o futuro trágico que ele apresenta. Essa conexão só o torna mais assustador, como uma mistura de filme policial tremendamente violento com ficção científica pessimista e estudo degenerado da natureza humana.

Ainda mais bacana que tudo isso, no entanto, é que Dredd não se leva a sério demais. Afinal, ainda é um filme de ação razoavelmente formulaico em que um policial futurista (em Mega City, os “Juizes” tem o poder de prender, julgar e executar os criminosos) que nunca revela o rosto para o espectador usa de uma variedade inacreditável de balas e recursos especiais para derrubar o império de drogas de uma ex-prostituta com o rosto desfigurado. Ainda é confinado a um espaço pequeno, exatamente como Duro de Matar, e ainda tem Lena Headey numa performance genuinamente perturbada encarando um Karl Urban que faz a melhor imitação do queixo e boca de Clint Eastwood da história do cinema. Dredd tira uma espécie de prazer sádico da carnificina que mostra, mas não é um mero torture porn – é uma esperta e bem-realizada distopia que, em seus curtos (e grossos) 95 minutos, serve mais realidade e causa mais reação emocional no espectador do que a saga Insurgente conseguiu até hoje.

✰✰✰✰ (4/5)


Kingsman: Serviço Secreto (Kingsman: The Secret Service, Inglaterra, 2014)
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Matthew Vaughn, Jane Goldman, baseados nos quadrinhos de Mark Millar e Dave Gibbons
Elenco: Taron Egerton, Colin Firth, Mark Strong, Michael Caine, Samuel L. Jackson, Sofia Boutella, Mark Hammil, Jack Davenport
129 minutos

A cena mais marcante de Kingsman é também a sua cena de gosto mais duvidoso – o espião Harry Hart (Colin Firth), incentivado por um sinal sonoro que torna as pessoas inconscientemente violentas, massacra uma congregação de fanáticos religiosos que estava reunida em uma Igreja. Ao som de “Freebird”, do Lynyrd Skynyrd, o diretor Matthew Vaughn (X-Men: Primeira Classe) cria um caos visual controlado, o tempo todo mantendo rédeas curtas no andamento da cena e no seu senso de movimento e espaço. É um feito para se observar, tecnicamente, e uma decisão de narrativa que poderia ser considerada corajosa em um filme que quisesse dizer algo com toda essa violência. Kingsman é um filme sangrento, dono de um senso de ação e urgência invejável, mas é também uma paródia/homenagem aos antigos filmes de espião que é um pouco consciente demais de si. A graça não funciona tanto quanto o roteiro de Vaughn e Jane Goldman parece achar, principalmente porque o filme faz seus personagens reconhecerem o pastiche de James Bond em que estão envolvidos. É como se a piada funcionasse muito melhor para eles do que jamais funciona para nós, que estamos assistindo – e o resultado é, previsivelmente, frustrante. Por outro lado, Kingsman ainda é melhor quando não quer falar sobre nada em especial do que nos momentos em que expõe um tipo de filosofia social que, vamos encarar, é bastante esnobe.

A história à la My Fair Lady que se desenrola com Eggsy (Taron Egerton), ao contrário das melhores histórias à la My Fair Lady por aí, não vem para dizer que os sinais externos de elegância são menos importantes que a nobreza inerente da pessoa. Pelo contrário, aliás – em Kingsman, as pessoas que se comportam de acordo com um código rígido e antiquado de etiqueta (os gentleman) são invariavelmente as melhores. Quando toma consciência dessa filosofia equivocada em seu cerne, aliás, é que o humor em Kingsman funciona melhor, vide a gag do jantar de fast-food servido pelo vilão (Samuel L. Jackson) ao personagem de Firth e a espetacular cena em que várias cabeças explodem em um show de fogos de artifício. Vaughn já mostrou algumas vezes ser um diretor talentoso, com identidade visual e um faro certeiro para a sátira que não prejudica o aspecto humano de seus filmes – o problema de Kingsman não é ele, muito menos o elenco, que se diverte bastante em todos os papéis. O problema é que, dessa vez, o material não está à altura do talento envolvido nele.

✰✰✰ (2,5/5)

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