por Caio Coletti
Vamos ser honestos: 2011 foi mesmo um ano fantástico para a música. Se os bons álbuns dessa porção inicial do ano nem mesmo couberam na lista tradicional de 10 eleitos, porquê sequer tentar no segundo semestre, esse ainda mais cheio de lançamentos de qualidade? Daí a decisão de ceder espaço a quinze desses lançamentos e, ainda não sendo o bastante, citar quatro menções honrosas abaixo de cada um dos três posts que vão apresentar para vocês essa lista, todos a ser publicados ainda essa semana. Outra novidade é que cada um dos álbuns listados vai ter, além do comentário desse que vos fala, uma breve resenha de um convidado de honra. Agradeço desde já a todos que toparam o desafio.
Nessa lista, como de costume, há surpresas e artistas consagrados, presenças inesperadas e apostas certas. Eletrônica e soul. Pop, avant-garde e rock. Porque ouvir música sem preconceitos de gênero ainda é, e vai continuar sendo, uma virtude. A partir de agora, então, em contagem regressiva, os 15 álbuns (e mais 12!) que valem a pena serem ouvidos nesse segundo semestre de 2011.
15ª posição – Ximena Sariñana (Ximena Sariñana)
“Ximena Sariñana é uma mexicana muito atrevida, lançou seu primeiro álbum, chamado Mediocre em 2008, todo em espanhol, e foi um sucesso no seu país. Mas ela ficou realmente conhecida depois de regravar a música “Lucky” do cantor Jason Mraz em espanhol com o mesmo, que ganhou o nome de “Suerte”. Em julho de 2011 ela lançou seu segundo álbum de estúdio, inteiramente em inglês e auto-intitulado. Esse álbum é, sem exageros, uma DELÍCIA, mas comparado ao seu primeiro trabalho, ele perde alguns pontos. Quando você o coloca pra tocar, ele te cativa de uma forma que você não consegue parar enquanto não chega ao fim.”
Destaque: Different
(por @junior_ruiz)
Mexicana, ex-atriz mirim de telenovelas em seu país, sem histórico em nenhum dos grupos pop tão populares por lá e fazendo um som muito mais denso (e cheio de referências) que os artistas dissidentes dos mesmos, Ximena Sariñana Rivera é dona de voz grave, rouca e impregnada de balanço soul, justamente o toque especial às músicas desse segundo álbum, auto-intitulado, seu primeiro trabalho em inglês. Mediocre, o anterior, era dono de uma vibe mais pop-rock, enquanto essa nova investida adota por vezes os sintetizadores (produzindo faixas memoráveis, vide “Shine Down”) e por vezes o piano quirky que lembra o primeiro álbum de Lily Allen com um toque muito pessoal, e adorável, da própria Ximena. É desse verve que o primeiro single, “Different”, bebe.
Os singles: Shine Down
Ouça também: Echo Park - Tú y Yo
14ª posição – Ceremonials (Florence + The Machine)
“Esse álbum é sem dúvida alguma um dos maiores merecedores de destaque entre os lançados este semestre/ano. Este é um álbum indiscutivelmente único. Sua sonoridade é um pouco diferente a sonoridade do primeiro álbum da banda Florence + The Machine intitulado Lungs. Este possui musicas um pouco menos agitadas como as de seu antecessor, porém nos envolve da primeira a ultima faixa. Ceremonials possuí corais, instrumentos musicais diferentes e a voz incomparável da cantora Florence Welch, que possui fôlego de sobra para cantar. O álbum provou que a banda não perdeu a pegada indie e fizeram musicas que conquistaram ainda mais fãs. Destaque para a musica “Never Let Me Go” que possui vocais excelentes, destes em que nos fazem ouvi-la sem fazer mais nada para apenas apreciar tanta arte musical.”
Destaque: Never Let Me Go
(por @iJuunior)
Apresentada ao mundo com o álbum Lungs, a talentosíssima inglesa Florence Welch é a cabeça, a composição e a voz do Florence + The Machine, que encara agora a maldição do segundo álbum. Ceremonials é uma obra toda própria, de climatizações trabalhadas, com consideravelmente menos da energia rocker crua de faixas como “Kiss With a Fist” e mais da cuidadosa combinação de alquimia indie pop, intervenção grandiosa de corais e intensidade emocional de momentos como “Cosmic Love”. Não deixa de ser uma decisão acertada, que faz desse Ceremonials uma obra uniforme (algumas vezes até demais), que possui orientação artística clara e entrega, faixa após faixa, a visceralidade e a catarse tão boas de ouvir que aprendemos a esperar de Florence.
Os singles: What The Water Gave Me - Shake it Out - No Light, No Light
Ouça também: Seven Devils - Heartlines - Spectrum - Strangeness and Charm
13ª posição – Gravity The Seducer (Ladytron)
“Bom, como o Caio disse, Ladytron é uma banda Britânica (uma das minhas favoritas), que está com esse novo álbum Gravity The Seducer, que apesar de ser um som frio e sombrio, é leve. As coisas ficam realmente sombrias à partir da terceira música, White Gold (minha favorita), com vocais super sombrios e frios, é uma canção pesada, desesperada, com cara de que toca em pistas de “Inferninhos”(clubs estilo porões). Eu poderia ficar falando horas e horas sobre esse álbum, mas resumindo, ele é simplesmente perfeito para você ouvir em dias de inverno. Eu amei esse álbum, é um álbum quase perfeito, se não fosse a ultima faixa, Aces High, que eu achei chata e entediante.”
Destaque: White Gold
(por @My_Vanity)
O Ladytron é o primeiro veterano na nossa lista: a banda britânica tem cinco gravações de estúdio lançadas desde a estreia, em 2001. Desde então, o nome Ladytron e a figura dos dois casais que a compõe se tornaram referência quando o assunto é electro e synthpop, influenciando artistas díspares como Goldfrapp e Cansei de Ser Sexy. Esse alcance do Ladytron é facilmente percebido em Gravity The Seducer: as faixas iniciais, perfeitos exemplares do que se vê hoje como a primazia do indie eletrônico, são ainda mais notáveis quando se acrescenta o fato de que o Ladytron é conhecido pela performance ao vivo sem o uso de samplers. A fatia final do álbum é a que mostra, no entanto, que o Ladytron é também uma banda avant-garde das boas.
Os singles: Ace of Hz - White Elephant - Mirage
Ouça também: Ritual - Attitude Blues - Melting Ice
12ª posição – Crazy Clown Time (David Lynch)
“Diretor, roteirista, artista plástico, guru da meditação, compositor e, agora (ufa!), cantor. Sim, o amado e odiado David Lynch debuta, num disco solo, aos 65 anos, com o “estranho” Crazy Clown Time ou, em bom Português, A Hora do Palhaço Louco. Vale lembrar que na cultuada Twin Peaks, Lynch já metia o seu bedelho na área musical. Com toques de blues, música eletrônica, rock alternativo e noise rock, no melhor estilo Sonic Youth (é viagem minha?), o álbum promete dividir opiniões, assim como acontece com os filmes do cara. Destaque para a participação luxuosa de Karen O, do Yeah Yeah Yeahs, na faixa chamada Pinky’s Dream e para a canção que dá nome ao disco - para mim, a melhor, embora a maioria do povo que converse sobre discorde de mim.”
Destaques: Pinky's Dream - Crazy Clown Time
(por Marcelo Antunes)
Não se esperaria um álbum comum de David Lynch. O diretor de cinema conhecido por pérolas imaginativas como Eraserhead e Veludo Azul, entre outras, nos aparece aqui com seu primeiro álbum solo, e toma a direção da música eletrônica. Lynch começa nos pegando de surpresa com o apelo pop de “Pinky’s Dream”, parceria com Karen O, e “Good Day Today”, essa, escolhida como single, quase toda composta de sintetizadores e voz tratada por filtros. É uma jogada esperta, que envolve o ouvinte e, de repente, faz de uma faixa toda falada de quase oito minutos como “Strange and Unproductive Thinking” algo muito mais fácil de se ouvir. Crazy Clown Time é um trabalho atmosférico, amplo, por vezes cínico, mas uniformemente genioso (e, por isso, genial).
Os singles: Good Day Today - I Know
Ouça também: Noah's Ark - Strange and Unproductive Thinking
11ª posição – My Life II… The Journey Continues (Act I)
“Ao contrario do que muitos pensam, falar sobre o novo álbum de May J Blige é de extrema clareza, perfazendo sobre minha mente algo que exige muito menos que 6 linhas. Precisamente, basta uma palavra para sintetizar o álbum My Life II... The Journey Continues (act. 1): está sendo inacreditável. Um arranjo de estrema perfeição, melodias que soam de canções de ninar a baladas. Mary, como sempre, não deixou seu estilo quase clássico de interpretar canções.”
Destaques: Love a Woman – Mr. Wrong
(por @vinicius300)
Não se é aclamada como “a majestade do soul e do R&B”, entre outros títulos de igual lisonja, por acaso. Mary J. Blige é notável tanto na história recente do gênero quanto na atualidade, e esse My Life II é a prova cabal de que ela está lonje de ser coisa do passado. Inteligentemente, essa nova-iorquina de 40 anos realizou aqui um álbum moderno na medida certa, que deveria servir de exemplo a cantoras indecisas entre o R&B contemporâneo e o soul clássico (leia-se Jennifer Hudson). De alguma forma, com muita classe e parcimônia exemplar no uso da linda voz que tem, Blige consegue soar tão natural sob os sintetizadores de “Ain’t Nobody” quanto na balada acústica “Need Someone” ou na maravilhosa “The Living Proof”, que fecha o álbum.
O single: 25/8
Ouça também: Feel Inside - Don't Mind - Need Someone - The Living Proof
16ª posição – Agridoce (Agridoce) – Ouça: 20 Passos
17ª posição – Vows (Kimbra) – Ouça: Call Me
18ª posição – Destroyed. (Moby) – Ouça: The Violent Bear it Away
19ª posição – Vanbot (Vanbot) – Ouça: Make Me, Break Me
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