Se estivéssemos no ano passado, a essa altura do campeonato, no finalzinho dos cinco primeiros meses do ano, mal teríamos sobre o que falar por aqui na semana de música. Não que 2010 tenha sido ruim: tivemos alguns excelentes lançamentos, e as grandes marcas do pop continuaram fortes frente a concorrência. Mas que 2011 começou a todo vapor, isso começou. Teve volta de grandes medalhões do pop, retornos esperados, revelações que ainda vão dar o que falar. Mas não vamos nos perder em frivolidades mercadológicas e rótulos, embora elas sejam essenciais: todos os cinco primeiros (últimos na verdade) dessa lista de dez estão aqui não só por mérito comercial, como muito mais por mérito artístico. Porque 2011 tem se revelado um ano de, acima de qualquer coisa, muita música boa. Que assim seja e continue sendo.
10ª posição – I Remember Me (Jennifer Hudson)
O segundo álbum da americana desclassificada do Idol da que virou o jogo, ganhou um Oscar e hoje é considerada umas das melhores vozes do showbusiness não passa nem perto do perfeito. Pelo contrário, é um ábum com poucas grandes canções, que tenta encaixar Jennifer em um nicho que não é dela (o do R&B contemporâneo) ao invés de colocá-la em seu ambiente natural (o soul, o blues, a música de raiz dos negros americanos), o que só a destacaria como a melhor do seu ramo em atividade. Ainda assim, uma voz como a de Hudson sabe nos fazer esquecer de tudo isso, e o primeiro single “Where You At” é exemplo de como ela não pode ser ignorada.
Os singles: Where You At - I Remember Me
Ouça também: I Got This - Don't Look Down – Believe
9ª posição – Light After Dark (Clare Maguire)
Pense numa voz como a de Adele, com os trejeitos de interpretação de Duffy, mas uma produção mais descaradamente voltada para a cena pop, inclusive com toques de house music. Assim você tem uma ideia pálida do que é Light After Dark, álbum de estreia da inglesa Clare Maguire. Apesar de não ter emplacado nenhum hit, o grave profundo que é natural do timbre da cantora (embora ela alcance e sustente perfeitamente os agudos quando lhe é exigido) tem conquistado bastante gente por aí. Como álbum, Light After Dark é uma coisa tão nova, tão diferente, uma mistura de referências tão grandes, que pode não ser fácil de engolir. Mas tem seus momentos incontestáveis.
Os singles: Ain't Nobody - The Last Dance - The Shield and The Sword
Ouça também: Freedom - This is Not The End
8ª posição – Charm School (Roxette)
Até os menos conhecedores da música oitentista vão se lembrar do Roxette ao ouvir “Listen to Your Heart”, o grande clássico do duo sueco que liberou no dia 11 de Fevereiro seu primeiro disco de inéditas em uma década. Isso devido a longa novela da vocalista Marie Fredriksson, que foi diagnosticada com câncer no cérebro em 2002. O retorno tem sabor de vitória, com o duo mostrando versatilidade e, surpresa, uma vibe muito contemporânea dentro do mundo pop. Prezado por toda a crítica pelos ganchos geniais e pela temática variada, o Charm Shcool é um deleite produzido por quem já mostrou que entende do riscado.
Os singles: She's Got Nothing On (But The Radio) - Speak to Me
Ouça também: Only When I Dream - Dream On - Sitting on Top of The World
7ª posição – Who You Are (Jessie J)
Para um álbum que carrega afirmação de identidade no título, o Who You Are, estreia da britânica Jessica Cornish sob o pseudônimo Jessie J, tem muitas facetas. E nem todas funcionam tão bem na voz da artista, talvez a grande revelação desse ano. Ainda assim, com todas as faixas assinadas pela própria, é um álbum que soa previsivelmente (no bom sentido) autêntico. Gosto pessoal é outra história, e é aí que entra o time de produção variado da cantora, entre os que preferem sufocar sua voz poderosa em arranjos exagerados (Warren Oak em “Rainbow” e “I Need This”) e os que realçam tanto sua interpretação quanto sua inegável habilidade de composição.
Os singles: Do It Like a Dude - Price Tag - Nobody's Perfect
Ouça também: Who's Laughing Now - L.O.V.E. - Stand Up
6ª posição – 21 (Adele)
Há algo de muito especial em Adele que é dificil de colocar em um lugar específico. Talvez seja o fato de que o 21, ao contrário de seu álbum de estreia (o 19 foi uma celebração do amor), é um trabalho de separação. E é inegável que a melancolia casa brilhantemente com a voz forte, técnica perfeita e emoção pura da britânica. Não dá para dizer que é um álbum perfeito, mas a beleza de músicas como “Someone Like You”, o incrível cover do The Cure “Lovesong” e a mezzo-country “Don’t You Remember”, todas fortes no tom sombrio, fazem do trabalho uma das coisas mais dignas de nota, musicalmente, a saírem no mercado esse ano.
Os singles: Rolling in The Deep - Someone Like You
Ouça também: Rumour Has It - Don't You Remember – Lovesong
“So make your jokes/ Go for broke/ Blow your smoke/ You’re not alone/ But who’s lauguing now?/ Who’s laughing now?/ So raise the bar/ Hit me hard/ Play your cards/ Be a star/ But who’s laughing now?/ Who’s laughing now?”
(Jessie J em “Who’s Laughing Now”)
“Never mind, I’ll find someone like you/ I wish nothing but the best for you two/ Don’t forget me, I bet I’ll remember you say/ Sometimes it lasts on love, but sometimes it hurts instead!
(Adele em “Someone Like You”)
2 comentários:
Nossa, adorei esse blog! Textos muito bem escritos, variedade de assuntos, opiniões que não se intromentem na de quem lê... espero que o meu blog um dia chegue a ter pelo menos 10% de tudo o que tem por aqui!
Preciso dizer o quanto 21 é sensacional? Rolling In The Deep é uma das melhores músicas que eu já ouvi.
Gostei da Jessie J. Fiquei curioso com o que ela vai mostrar no futuro.
Postar um comentário