9 de mar. de 2016

10 ótimos atores que estão só esperando por um papel à altura

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por Caio Coletti

Um dos padrões mais fáceis de se observar no Oscar 2016 é que, entre os atores indicados (e os que todo mundo reclamou que foram esnobados)  estão vários que parecem ter encontrado no ano passado, depois de algum tempo de carreira, aquele personagem que os permitiu mostrar a um público maior a extensão dos seus talentos. É uma trajetória bastante comum em Hollywood, essa terra de produtores confusos que nem sempre sabem como melhor usar o talento que tem em mãos – seja porque suas escolhas não são as mais espertas, porque sua aparência ou estilo não concordam com o padrão Hollywood, ou por pura falta de sorte, esses jovens (ou não tanto) talentos da lista aí embaixo ainda não encontraram um papel que mostre sua grandeza na tela da forma certa. A nossa torcida é para que isso aconteça logo.

1

Ben Foster

Americano natural de Boston, Foster tem 35 anos mas já tem se mostrado maravilhoso em tela há um bom tempo. A primeira vez que o notamos foi em 2005, com Refém, suspense mediano estrelado por Bruce Willis em que Foster interpreta um dos sequestradores de uma família – sua interpretação intensa rouba a cena em cada reviravolta, mesmo com um roteiro fraco a seu serviço. Logo em seguida ele deu um passo em falso ao encarnar o mutante Anjo no pior dos filmes da série X-Men, O Confronto Final – seu papel, drasticamente diminuído na versão final e perdido completamente em meio à confusão do roteiro, passou tão batido pela cronologia da franquia que Foster será substituído por Ben Hardy em X-Men: Apocalipse, que sai esse ano.

Foster fez bem em escorar sua carreira até agora em escolhas pouco convencionais, se destacando mesmo com parceiros de cena como Christian Bale e Russell Crowe no injustamente esquecido faroeste revisionista Os Indomáveis, refilmagem do clássico Galante e Sanguinário, de 1957. Um crítico brasileiro brincou, à época do lançamento do filme, que mesmo entre Bale e Crowe, Foster era o elemento mais “galante e sanguinário” de Os Indomáveis. Ele também encarou o sempre excelente Woody Harrelson de igual para igual no drama O Mensageiro, incorporando um soldado com stress pós-traumático que toma para si a ingrata missão de notificar famílias de jovens militares mortos na guerra. Em geral, não importa com quem contracene, Foster se sobressai – vide a atuação fundamental em Amor Fora da Lei (na foto), equilibrando as intensidades de Rooney Mara e Casey Affleck com o seu policial centrado e trágico.

Dono de um Daytime Emmy pela performance em um programa infantil americano, Foster poderia ter tido o seu grande momento ano passado, com The Program, em que interpretou o famoso ciclista Lance Armstrong, pego em um dos escândalos de dopping mais conhecidos do mundo do esporte. O filme, no entanto, sofreu duras críticas quando foi lançado. Ele está no recentemente lançado Horas Decisivas, e tem outras duas super-produções alinhadas para o ano: a adaptação do game Warcraft (9 de Junho) e o novo filme baseado nas aventuras de Robert Langdon (Tom Hanks), Inferno (13 de Outubro). Só lhe falta um papel dramático que o coloque no mapa de vez.

INTO THE WOODS

Chris Pine

Também aos 35 anos, o californiano Chris Pine é um bom Capitão Kirk nas novas instalações cinematográficas da franquia Star Trek, sim, mas não é bem aí que o jovem galã mostra o melhor do seu potencial. No radar de Hollywood desde que estrelou O Diário da Princesa 2 ao lado de Anne Hathaway, ele passou por uma série de papeis esquecíveis antes de amadurecer como ator e começar a receber roteiros mais interessantes, com personagens que o desafiavam mais. E é aí que Pine mostrou estar disposto a elevar o jogo – em Caminhos da Floresta, ele encarnou um Príncipe Encantado brutalmente honesto com senso de humor e de ridículo que fez do seu número musical ao lado de Billy Magnussen um dos destaques do musical de Rob Marshall.

Já na minissérie do Netflix Wet Hot American Summer: First Day of Camp, Pine faz um rockstar recluso que a jornalista interpretada por Elizabeth Banks descobre estar vivendo em uma cabana isolada no acampamento de verão no qual a história se passa. É uma trama desenhada para ser ridícula e tirar o máximo de todos os clichês envolvidos nela, como tudo em Wet Hot American Summer, e Pine mostra-se capaz de jogar com essas cartas satíricas, em uma performance que parece tão espontânea quanto é cuidadosamente calculada para espelhar e magnificar os aspectos mais ridículos do personagem. Será que a vocação de Pine é a comédia, então? Possivelmente, mas ele também está ótimo em Z for Zachariah, conto metafórico pós-apocalíptico em que interpreta a Serpente para o Adão e Eva de Chiwetel Ejiofor e Margot Robbie.

Em 2016, ele volta ao papel de Kirk em Star Trek: Sem Fronteiras (21 de Julho), e contracena com o companheiro de lista Ben Foster e com o veterano Jeff Bridges em Comancheria, filme do talentosíssimo David Mackenzie (Sentidos do Amor, Encarcerado). Pine também está filmando participação no filme-solo da Mulher-Maravilha, marcado para 23 de Junho de 2017.

3

Daniel Radcliffe

Radcliffe está só com 26 anos, mas os projetos pós-Harry Potter do ator britânico já mostraram que o tempo dentro da franquia o fez desenvolver a habilidade rara de ser um leading man verdadeiramente carismático, que comanda a atenção em tela mesmo com um personagem mais “comum”. A bem da verdade, mesmo dentro dos limites do personagem da saga de J.K. Rowling, Radcliffe já mostrava habilidade excepcional de expressão. Tanto Ordem da Fênix quanto Relíquias da Morte – Parte 2 são filmes todos seus, transmitindo a angústia, a confusão ou a determinação do personagem (em diferentes fases da história) com facilidade. Radcliffe é um daqueles raros atores que se comunica com o público melhor do que o próprio roteiro poderia.

Para um bom exemplo não é preciso ir mais longe do que Amaldiçoado (na foto), em que Radcliffe interpreta um jovem que se afunda em depressão após a morte de sua namorada, pela qual todos o culpam. Quando chifres de demônio começam a crescer sem explicação na cabeça do personagem, e todos começam a confessar seus pensamentos mais sombrios e perturbados a ele, o garoto parte para tentar desvendar o mistério da morte da amada. Geniosamente concebido, Amaldiçoado não acerta todos os tons e batidas da história, mas Radcliffe está consistentemente brilhante durante o filme – o mesmo vale para a comédia romântica Será Que?, em que encarna um estudante de medicina frustrado na vida acadêmica e amorosa; em Versos de um Crime, em que encarna o poeta Allen Ginsberg; e em Victor Frankenstein, na sua versão física e bem elaborada de Igor, o famoso ajudante do Dr. Frankenstein, feito com Jamec McAvoy.

Até como um cadáver (?) em Swiss Army Man, exibido recentemente em Sundance, Radcliffe recebeu elogios da crítica. Dado o papel certo, o ator britânico é capaz de ainda surpreender muita gente com a atuação e a forma como faz o espectador se identificar com e entender seus personagens – em 2016, ele estará na continuação Truque de Mestre 2 (9 de Junho), mas também nos mais interessantes Imperium, thriller baseado em história real sobre um agente do FBI que infiltra uma célula terrorista, e Young Americans, comédia sobre dois famosos conselheiros políticos republicanos em sua juventude. Esse último o reúne com o diretor de Versos de um Crime, John Krokidas.

4

Derek Luke

Um dos mais velhos na nossa lista, Derek Luke é a prova de que é mais difícil ser um ator negro em Hollywood. Especialmente levando em conta que ele está por aí desde 2002, quando o edificante drama autobiográfico Aprendendo a Viver foi produzido com Luke no papel principal, o de um marujo da Marinha americana que é obrigado a ver um psiquiatra após uma explosão de violência contra um colega. Apesar dos muitos elogios recebidos pelo filme, incluindo uma vitória para Luke no Independent Spirit Awards, o ator seguiu carreira em papeis bem menores do que era de se esperar. Ele é uniformemente excelente em tudo o que faz, no entanto, o que só prova que ainda merece um papel de destaque em que possa mostrar o melhor de suas habilidades.

Seus papeis mais destacados desde então foram em Milagre em Sta. Anna, épico de guerra do diretor Spike Lee, pelo qual recebeu uma indicação ao Image Awards (um dos prêmios mais respeitados do cinema negro americano); na cinebiografia Notorious, em que interpretou o rapper  Sean Combbs, conhecido como Puff Daddy; e no musical Sparkle, estrelado pelas cantoras Whitney Houston e Jordin Sparks. A TV tem tratado Derek um pouco melhor, vide sua excelente participação na primeira temporada de The Americans, e seu papel como um segurança que se envolve com Cookie no primeiro ano de Empire. É também na TV seu único projeto para o futuro próximo, uma reedição da minissérie Roots, a história de um escravo africano e seus descendentes no decorrer da história americana, adaptada anteriormente em uma ultra-bem-sucedida minissérie em 1977.

5

Kodi Smit-McPhee

Esse australiano de nome diferente só tem 19 aninhos, mas já está por aí desde 2009, quando co-estrelou A Estrada  com Viggo Mortensen. E caso vocês não tenham visto o tempo passar, isso já faz 7 anos! Provando-se um ator de escolhas cuidadosas, Smit-McPhee não trabalhou demais durante a adolescência, deixando-se amadurecer como intérprete e aos poucos encarnando papeis desafiadores que provaram o brilho que todo mundo já via em A Estrada. O remake do elogiadíssimo thriller de vampiros sueco Deixe-me Entrar é uma dessas escolhas arriscadas, contracenando com a sempre ótima Chloe Moretz em uma das poucas refilmagens bem-recebidas por público e crítica dos últimos anos.

Smit-McPhee esteve em pequenas pérolas indies como o drama de amadurecimento Criando Asas, em que contracenou com Ben Kingsley, e o meio-animação meio-live action O Congresso Futurista, que pertence todo à Robin Wright, apesar da ótima performance de Smit-McPhee como o filho da protagonista, que sofre de uma rara doença que lhe rouba os sentidos. Ele embarcou em um de seus primeiros blockbusters com Planeta dos Macacos: O Confronto, no ano passado, ganhando notoriedade o bastante para ser escalado como a versão mais jovem do mutante Noturno no vindouro X-Men: Apocalipse (19 de Maio). Quem quiser absorver o melhor de McPhee, no entanto, precisa ver o excêntrico faroeste Slow West, em que McPhee é o centro de um elenco que inclui Michael Fassbender e Ben Mendelsohn, encarnando um inocente jovem apaixonado que se mete no mundo cínico o violento do Velho Oeste americano.

Ainda em 2016, Smit-McPhee estará no curioso projeto The Solutrean, um thriller de Albert Hughes (Do Inferno, O Livro de Eli) que cobre uma história de sobrevivência passada durante a última era do gelo, 20.000 anos atrás. McPhee é o único nome conhecido do elenco, o que vai ser no mínimo interessante dada a premissa da obra.

6

Taissa Farmiga

Taissa Farmiga não queria atuar. Taissa tem seis irmãos e irmãs, e uma delas é a atriz Vera Farmiga, conhecida hoje em dia como a Norma Bates de Bates Motel foi na estreia na direção de Vera, intitulada Em Busca da Fé, que Taissa fez sua estreia no cinema, interpretando uma versão adolescente da personagem da irmã, que passa o filme lutando para reafirmar sua fé. Embarcar logo em seguida em American Horror Story foi uma jogada interessante, que explorou locais dramáticos diferentes da jovem atriz, especialmente quando Taissa retornou para estrelar Coven, a terceira temporada da série. De 2013 para cá, a jovem americana, que completa 22 anos em Agosto, fez escolhas cada vez mais interessantes na carreira, nunca se aproximando demais dos blockbusters.

Esteve sob o comando de Sofia Coppola no esperto Bling Ring: A Gangue de Hollywood; voltou a atuar com a irmã mais velha (dessa vez interpretando a filha de sua personagem) no romance Um Novo Amor; embarcou no thriller psicológico Regressão; e fez a divertida paródia do cinema de terror Terror nos Bastidores, ao lado de um elenco lotado de talentos da sua geração (Alia Shawkat, Adam DeVine, Thomas Middleditch). Todas essas investidas foram recebidas de forma morna pela crítica no fim das contas, mas fica difícil ignorar sua performance em 6 Years, drama de relacionamento da diretora Hannah Fidell. Filmado largamente com diálogos improvisados seguindo um script mínimo, o filme retrata o momento em que o longo relacionamento entre dois jovens namorados começa a desmoronar – Ben Rosenfield está ótimo em seu papel, mas é Farmiga que impressiona e que emociona como a sua contraparte feminina, abusando da sensibilidade e caminhando no limite do melodrama com extraordinária destreza.

Dois projetos promissores compõem a agenda de Taissa para 2016: ao lado do elogiado diretor de terror Ti West (A Casa do Diabo), ela contracena com John Travolta, Karen Gillan e Ethan Hawke no faroeste de vingança In a Valley of Violence; e sob o comando de ninguém menos que a lenda de Hollywood Warren Beatty ela interpreta a jovem atriz que teve um caso com o produtor Howard Hughes no final de sua vida, no drama histórico ainda sem título, a ser dirigido, escrito e estrelado por Beatty.

THE PERKS OF BEING A WALLFLOWER

Mae Whitman

A californiana Whitman é uma das melhores character actresses por aí há mais ou menos 20 anos. Leve em consideração que a atriz acabou de completar 28 e já deu para entender que Mae cresceu diante das lentes – ao contrário de colegas com trajetória semelhante, no entanto, ela nunca ascendeu ao estrelato completo, preferindo papeis na televisão, trabalhos de dublagem e personagens coadjuvantes. Recentemente, Whitman brincou com o fato de que não se encaixa nos padrões absurdos de Hollywood (ela nunca foi magra como uma super-modelo, nem tem os olhos claros e cabelos loiros de Dakota Fanning e cia) ao interpretar a “amiga feia” de um grupo popular de um colegial americano em The DUFF, que recebeu críticas empolgadas quando do seu lançamento, no ano passado. Além desse, seu papel mais reconhecível talvez seja Amber Holt, uma das protagonistas de Parenthood, que durou entre 2010 e 2015 na NBC.

Internacionalmente, talvez o público se lembre mais dela como Mary Elizabeth em As Vantagens de Ser Invisível, no entanto, o que é ótimo, visto que é uma das atuações mais perfeitamente balanceadas de Whitman. Entendendo intimamente sua personagem, ela evita fazer de Mary Elizabeth um objeto de antipatia e a humaniza como uma outsider buscando por atenção nos lugares errados. Seu timing cômico também foi testado em um papel recorrente em Arrested Development, em que todos sempre esqueciam da existência de sua personagem, Ann, namorada de George-Michael (Michael Cera), e em uma participação na sempre subestimada Suburgatory, como a líder de um culto estranhíssimo em que a protagonista Tessa se envolve. Ela também é, no momento, a voz de April O’Neill na elogiada nova série de As Tartarugas Ninja.

Os próximos projetos de Whitman são a animação Rock Dog, do elogiado diretor de Tá Dando Onda, contando a história de um cachorro que sonha ser um astro de rock; e a curiosa dramédia indie Operator, em que ela interpreta uma comediante de stand-up cujo casamento começa a ruir quando ela tenta usar suas experiências com o marido (Martin Starr, de Ligeiramente Grávidos) na elaboração das piadas, enquanto ele a usa como modelo para uma criação do último video-game que programou. Será a porta de entrada para Whitman finalmente começar a ganhar mais papeis adultos e interessantes?

8

Bryce Dallas Howard

Bryce Dallas Howard devia ter sido indicada ao Oscar em 2012. Encarnando duas personagens essencialmente detestáveis, a atriz, filha do diretor Ron Howard (Uma Mente Brilhante, Frost/Nixon), foi uma das melhores coisas no cinema daquele ano. Em Histórias Cruzadas, sua Hilly não foi só a oposição perfeita para a heroína vivida por Emma Stone, como foi construída com cuidado e tom de paródia acertado, realçando algumas das melhores cenas do filme e o conflito racial que é o coração da história. E em 50%, na pele da ex traiçoeira do personagem de Joseph Gordon-Levitt, Howard exerceu um egoísmo tão feio quanto é facilmente identificável e humano. Num mundo ideal, a indicaríamos por essa segunda performance, mas na realidade o único fiapo de reconhecimento que Bryce já ganhou foi uma nomeação ao Globo de Ouro por Como Você Quiser, adaptação de Shakespeare do diretor Kenneth Branagh.

Fora de pequenas participações especiais nos filmes do pai, Bryce estreou no cinema em 2004, aos 23 anos, logo cravando uma performance impressionante em A Vila, talvez o filme mais “ame-ou-odeie” da polêmica carreira de M. Night Shyamalan. Nós particularmente amamos, mas inegável mesmo é a precisão da atuação de Bryce como uma moradora cega do vilarejo misterioso do título. Ela atuaria de novo com Shyamalan no ainda mais criticado A Dama na Água, e novamente sua atuação atrairia elogios que não foram necessariamente estendidos ao filme. Entre uma coisa e outra, substituiu Nicole Kidman na continuação de Dogville de Lars Von Trier, intitulada Manderlay, e embarcou em uma série de franquias com resultados variáveis de sucesso. Foi Gwen Stacy em Homem-Aranha 3, Kate Connor em O Exterminador do Futuro – A Salvação, e Victoria em A Saga Crepúsculo: Eclipse antes de se encontrar como a Claire de  Jurassic World, emprestando poder feminino e dignidade a uma personagem que o roteiro não trata muito bem.

Além de confirmada na sequência do filme dos dinossauros, marcada para 2018, Bryce está na adaptação da Disney de Meu Amigo o Dragão, marcada para 18 de Agosto, sobre um menino órfão perdido em uma floresta por anos a fio e o seu único companheiro, um enorme réptil voador; e em Gold, novo filme de Stephen Gaghan (Syriana), dessa vez centrado em garimpeiros adentrando a selva indonésia em busca de ouro. Matthew McConaughey, Corey Stoll (House of Cards) e Bruce Greenwood (American Crime Story) acompanham Bryce nessa aventura.

9

Andrea Riseborough

Em meio a tantos excelentes atores em alguns dos seus melhores momentos, a britânica Andrea Riseborough talvez não seja o destaque de Birdman como a namorada psicótica do protagonista vivido por Michael Keaton, mas ela ainda é parte da canção tocada harmonicamente pelo elenco e suas performances, e arquiva uma certa energia que é impossível de ignorar. Quem se sentir seduzido pela atriz não está sozinho: somos apaixonados por ela desde W.E.: O Romance do Século, filme de época dirigido por Madonna (!) em que Andrea interpreta uma americana divorciada por quem o rei da Inglaterra, Edward VIII (James D’Arcy) se apaixona. Feito com bom gosto, o filme é um deleite para os fãs do gênero, e a confiança de Riseborough em tela, mesmo com o sotaque falso, é perceptível. O mesmo vale para Oblivion, em que interpreta a esposa do personagem de Tom Cruise – ressentida, pensativa e fascinante de se assistir, a performance de Riseborough dá voltas e voltas em torno de seus companheiros de cena.

Conhecida em terras britânicas desde que encarnou um papel coadjuvante em Simplesmente Feliz, em 2007, Riseborough ainda teve a honra de interpretar a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher em sua juventude em Long Walk to Finchley, um telefilme britânico muito elogiado, levando uma indicação ao BAFTA no processo. Esteve também na minissérie The Devil’s Whore, interpretando uma personagem bem mais nova que ela mesma (Andrea tinha 27 na época, e a personagem 17); em um papel menor na triste ficção científica Não me Abandone Jamais; no docudrama histórico (e feminista) Revolução em Dagenham; e no elogiadíssimo thriller Agente C, ao lado de Clive Owen; além de na primeira fase da série Bloodline, do Netflix.

Andrea tem dois projetos para o futuro: Shepherds and Butchers, um drama sobre um advogado (Steve Coogan) que assume o caso de de guarda de prisão da África do Sul que se diz traumatizado pelas execuções que teve que testemunhar; e The Crow, reformulação do clássico de 1994 estrelado por Brandon Lee como um homem assassinado que volta à vida para vingar o crime. Na nova adaptação, que deve seguir mais de perto os quadrinhos originais, Riseborough está escalada para viver Top Dollar, a chefona do crime que é o alvo final do protagonista – vale notar um detalhe: em filmes anteriores, Top Dollar sempre foi um personagem masculino.

10

Maggie Gyllenhaal

Há muito tempo Maggie Gyllenhaal já está interpretando personagens à sua altura, na verdade. O problema é que muita gente ainda não enxergou. Seja na performance indicada ao Oscar (justamente) em Coração Louco, na pele de uma jornalista que se envolve com a lenda quebrada do country interpretada por Jeff Bridges, ou em qualquer outro papel, Maggie habita cada uma de suas personagens com coragem e certa doçura que são só dela. Não é preciso olhar além de suas participações em As Torres Gêmeas e Mais Estranho que a Ficção para provar de que se trata de um dos grandes talentos dessa geração, mas se nem isso o convencer vale dar uma olhada em Secretária, em que Maggie interpreta uma empregada que se envolve em um relacionamento sadomasoquista com seu chefe, e em The Honorable Woman, em que ela dá vida a uma herdeira judia que tenta meter o bedelho no conflito entre muçulmanos e judeus na Faixa de Gaza, com consequências desastrosas.

Elogiada também pela participação em O Cavaleiro das Trevas e pela emocionante história de Sherrybaby, em que interpreta uma ex-presidiária que tenta se reintegrar na sociedade, Maggie tem uma indicação ao Emmy (por The Honorable Woman) e três ao Globo de Ouro, tendo vencido também pela minissérie exibida no SundanceTV. Mais legal ainda é explorar os filmes menores, em que sua performance mal foi notada, mas merece ser redescoberta – no divertido e feminista Histeria, ela faz par romântico (e dá uma aula de atuação) com Hugh Dancy; no pouco visto 171, forma um trio de peso com John C. Reilly e Diego Luna, que sozinhos fazem valer a pena essa comédia criminal mediana; ela é uma das garotas tutoradas por Julia Roberts no bonitinho O Sorriso de Mona Lisa; faz uma pequena participação no clássico contemporâneo Adaptação, com Nicolas Cage e Meryl Streep (ambos nomeados ao Oscar); faz a voz da personagem Zee em A Casa Monstro; faz par com Viola Davis no edificante A Luta por um Ideal; e esteve na elogiadíssima comédia musical Frank.

Tendo tomado gosto pela televisão, em 2017 ela vai aparecer como a co-protagonista de James Franco em The Deuce, uma análise da Nova York dos anos 60 e 70, e mais especificamente do submundo do pornô e do erotismo. Maggie está escalada também em Three Seconds, drama sobre um ex-presidiário trabalhando para o FBI por baixo dos panos, que acaba sendo preso novamente para conseguir infiltrar-se na máfia de um presídio de segurança máxima. Olivia Munn (The Newsroom), Josh Brolin (Milk), Luke Evans (Drácula) e David Oyelowo (Selma) também estão no elenco.

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