Review: Dirty Computer (álbum e filme)

Janelle Monáe cria a obra de arte do ano com um álbum visual espetacular - e que desafia descrições.

Os 15 melhores álbuns de 2017

Drake, Lorde e Goldfrapp são apenas três dos artistas que chegaram arrasando na nossa lista.

Review: Me Chame Pelo Seu Nome

Luca Guadagnino cria o filme mais sensual (e importante) do ano.

Review: Lady Bird: A Hora de Voar

Mais uma obra-prima da roteirista mais talentosa da nossa década.

Review: Liga da Justiça

É verdade: o novo filme da DC seria melhor se não tivesse uma Warner (e um Joss Whedon) no caminho.

25 de nov. de 2012

AV #17: As novidades que não podem passar em branco.

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Nem venha ralhar: Sandy é uma das melhores coisas do pop brasileiro. “Aquela dos 30”, primeiro single retirado do EP Princípios Meios e Fins, sucessor do álbum de estreia Manuscrito na carreira solo da cantora, é provavelmente a melhor canção pop a surgir no cenário nacional desde… bom, desde "Pés Cansados". Contando com participação de gente como Fernanda Paes Leme e do pai, Xororó, o clipe é uma saborosa reflexão sobre a passagem do tempo – assim como a brilhante letra.

O Anagrama realmente espera que um dia o duo sueco Icona Pop decole. Depois do excelente EP Nights Like This (do qual saíram os singles "Nights Like This" e "Manners"), as duas moças lançaram o delicioso single "I Love It" em parceria com outro dos nomes mais proeminentes (e pelo qual mais torcemos) no cenário do novo pop: Charli XCX. Agora é a vez de “We Got The World”, mais uma bomba eletrônica que se torna automaticamente uma das melhores canções para pista de dança do ano.

Dois anos depois de ser o menino cantando "Paparazzi" no piano que acabou no programa de Ellen DeGeneres, Greyson Chance vai entrando na segunda fase da sua carreira aos 15 anos. Depois do brilhante álbum de estreia, Hold On Til The Night – que rendeu os singles "Waiting Outside the Lines", "Unfriend You" e a faixa-título –, ele lança o EP Truth Be Told: Part 1. O estilo não mudou muito, mas a voz de Greyson está mais delicadamente modulada do que na primeira fase.

Álbum do momento:

 Unapologetic (Rihanna)

Quarto álbum novo em quatro Novembros da carreira da barbadiana, Unapologetic, surpreendentemente, quebra o ciclo de lançamentos cada vez mais visivelmente forçados e apressados da cantora. Este soa como um álbum genuinamente pensado, no sentido lírico e no sonoro. A abertura é com a surpreendente mistura de "Fresh Out The Runway", um hip hop produzido por… David Guetta. Ele reaparece na clichê-porém-eficiente (e dessa vez mais dance) "Right Now", uma canção estranha no ninho de pequenas ousadias como "Jump" e, claro, a polêmica dupla "Nobody's Business" (feat. Chris Brown e sampleano Michael Jackson!) e "Love Without Tragedy/Mother Mary", canção duas-em-uma que completa ao díptico “há perdão, mas a confiança nunca é a mesma”. E quem somos nós para julgá-la, não?

Próximos lançamentos:

◘ 26/11 – Right Place Right Time (Olly Murs) – Ouça: "Troublemaker"

◘ 27/11 – Girl on Fire (Alicia Keys) – Ouça: "Girl on Fire".

◘ 04/12 – Warrior (Ke$ha) – Ouça: "Die Young"

Notas de rodapé:

◘ Ke$ha lançou versão acústica para o single “Die Young”. A faixa faz parte de um EP com cinco versões sem elementos eletrônicos que virá junto com um pacote deluxe do Warrior.

◘ Jason Mraz escolheu "93 Million Miles" como single, e lançou clipe para a canção, uma das mais belas do Love is a Four Letter Word, álbum do semestre passado.

21 de nov. de 2012

Moda X Sustentabilidade

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por Isabela Bez
(TwitterTumblr)

Apesar de algumas marcas tentarem ao máximo ser ecologicamente corretas, há algumas que fazem o oposto. Uma delas é a Zara, e não é de hoje que ela vira notícia por conta disso. Um tempinho atrás, jornais e blogs ficaram repletos de notícias sobre como os trabalhadores responsáveis pela produção de peças de roupa da marca eram na verdade tratados como escravos, trabalhando mais de 12 horas por dia e não ganhando nem perto do que mereciam por isso. Foi um choque, já que a marca é tão famosa e apreciada internacionalmente, incluindo no Brasil.

Infelizmente, depois de um mês ninguém mais se lembrava disso. Mas essa semana eu recebi um e-mail do Greenpeace revelando outra “novidade”: as roupas produzidas na Zara contêm perigosas substâncias químicas, como eles mesmos relatam no e-mail. Essas substâncias podem danificar a pele, e também poluem o ambiente quando entram em contato com a água. Se a nova maneira de escravidão já não bastasse, será que com isso as pessoas finalmente abrirão seus olhos?

E não pensem que isso é um sacrifício necessário da moda: segundo o Greenpeace, grandes marcas como H&M e Marks and Spencer já se comprometeram a se desintoxicar, exceto pela Zara.

Em plena Ação de Graças, vamos tentar melhorar nossas vidas e as daquelas que não têm um trabalho digno, tudo graças à Zara. Entre aqui e participe da campanha para desintoxicar a Zara. E lembre-se: passe longe dessas vitrines toxicas. E se você ficar ainda mais interessado pelo assunto, entre aqui e veja quais outras grandes marcas produzem roupas prejudiciais à saúde.Tenho certeza que o Kaiser nos agradeceria por isso.

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Isabela Bez escreve todos os dias 06 e 21.

MIKA e as sereias em “Underwater”

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por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

Segundo single oficial do The Origin of Love, a bela “Underwater” ganhou clipe ontem (dia 21). No vídeo, MIKA viaja em uma canoa em meio a um mar de pano, protegendo um valioso pacote brilhante. A reviravolta vem quando tanto o cantor quanto o pacote caem na água, e aí basta dizer que a produção é encantadora e bastante metáfora, enquanto o refrão proclama: “coloque seus lábios em mim e eu posso viver embaixo d’água”.

A canção é co-escrita por MIKA e os colaborades frequentes Nick Littlemore (do projeto eletrônico Pnau) e Paul Steel. Com estrutura melódica similar a outras baladas da carreira do libanês (vide a lindíssima "I See You"), a canção ganha com a produção de Greg Wells (“One and Only”, de Adele), que inclui traços de power ballad na composição.

Embora seja o segundo single oficial (depois de "Celebrate"), duas outras canções do The Origin of Love tiveram videoclipes aprovados pelo artista lançados em canais alternativos: a faixa-título e "Make You Happy".

20 de nov. de 2012

A Saga Crepúsculo: o impacto da série, direto daqueles que a acompanharam.

2011_twilight_breaking_dawn_024Edward e Bella em Amanhecer.

Muito se fala sobre os números e as influências que Twilight causou na literatura e no cinema, ressucitando a popularidade dos vampiros e provendo um segundo grande boom para a literatura juvenil/adulta no nosso século. Mas falta à maioria das análises o lado humano que se vê quando se fala, por exemplo, de Harry Potter: as vidas de pessoas que se viram investidas em uma história inventada que, muitas vezes, reflete nas delas próprias. Ou mesmo quem não se viu completamente envolvido pela história de amor eterna de Meyer, mas de alguma forma fez da série uma parte da sua vida por anos à fio.

É para prover esse lado humano que O Anagrama traz cinco pequenos depoimentos de quem viveu o fenômeno do início ao fim. De que forma ele os marcou, os mudou (ou não os mudou), como uma febre de popularidade em forma de literatura e cinema é capaz de se inserir na vida das pessoas que se vêem por dentro dela.

por Andreas Lieber
(Tumblr)

Lembro que em 2007 não tinha chantagem emocional no mundo que fizesse meus pais me comprarem mais livros, então eu praticamente morei na biblioteca perto da escola. Foi numa dessas andanças que eu encontrei Crepúsculo; até então eu era totalmente ignorante à euforia que a série estava causando e nem sabia da existência dos planos para um filme. De modo que eu gostei do nome (crepúsculo sempre foi uma das minhas palavras favoritas) e gostei também da capa (é uma boa capa, há de admitir-se). Quando eu peguei o livro e li que era sobre vampiros, perdi um pouco o interesse, eu nunca fora muito aficionado por histórias dos sugadores de sangue, mas abri em uma página qualquer e li um trecho, que eu realmente não consigo lembrar qual agora, mas era da Bella na casa dos Cullen, e senti que ia gostar daquilo, e gostei.

Terminei de ler o primeiro livro em um dia e fiz um escândalo básico em casa pra poder comprar os outros até que meus pais finalmente compraram. Lua Nova já havia sido lançado no Brasil, mas Eclipse e Breaking Dawn não, então comprei em inglês mesmo assim (foram meus primeiros livros em outra lingua) e daí pra frente eu só fiquei mais obcecado. Comecei a acompanhar a série e os filmes e a vida dos atores e foi aquela loucura de sempre, bem fangirl mesmo. Além disso, fiz vários amigos e alguns que eu considero até hoje uns dos melhores que eu já tive e vou sempre ter. É claro que eventualmente acabei crescendo e ficando mais crítico, e ao reler os livros comecei e encontrar as deficiências de escrita e a trama “sessão da tarde”, a série virou meio que uma leitura de verão (sem tirar nenhum mérito de Meyer). Mas no fim das contas o que importa é que os livros marcaram uma fase da minha adolescência e não poderiam ter sido melhores, sem dizer que Crepúsculo e Lua Nova (os de primeira edição) tem um cheiro tão... verdadeiramente de livro.

por Luciana Lima
(Blog pessoal)

“OH MEU DEUS, MAS VOCÊ GOSTA DE CREPÚSCULO?” essa é a pergunta assombrada (e carregada de preconceito) que eu ouvi durante esses  4 anos. Engraçado ver como as pessoas estereotipam as coisas e se surpreendem quando encontram algo que não faz jus ao seu julgamento. É o que eu falo, eu li Marx e li Crepúsculo, e sinceramente tô cansada dessa “síndrome de intelectual” que eu vejo por aí. É Best-seller é, é cultura de massa é, e daí? O que não é cultura de massa hoje em dia? E querendo ou não, fez parte de uma fase muito importante da minha vida.

É difícil de explicar a reação que o livro da Stephanie Meyer causa em quem lê, acho que toda garota normal se identifica com a Bella, ou melhor, toda garota que um dia se sentiu fora dos padrões, ou até mesmo deslocada deste mundo. E melhor, toda garota quis ter um Edward Cullen na sua vida. Não pelo fato da tal da história da proteção, já que eu acho que a Bella às vezes é muito mais “Dona da História”, protagonista do enredo e os dois travam uma luta com força igual pelo amor deles. Mas acho que toda garota quis, um dia, despertar o interesse de alguém, independente de sua beleza física, o Edward é o cara absolutamente perfeito, gentil, carinhoso, inteligente, e que se deixa ser dominado (sim dominado) por uma figura feminina.

Sem contar a dosagem levemente sexual que está presente em cada página dos livros, cada beijo que o Edward dá na Bella, cada descrição minuciosa que ela faz do corpo escultural do Edward que faz com que imaginemos um Deus Grego na terra. E que, por favor, pule nossa janela e esteja em nossas camas no fim da noite. Pessoalmente, eu acho que o que me impulsionou a gostar mais da história foi porque o Robert Pattinson encarnou o delicioso Cullen, sempre gostei do jeito largadão desleixado e do senso de humor autodepreciativo  do Mr. Pattinson e vi o filme por causa dele, aliás. E pessoalmente o Edward é o tipo de cara que invariavelmente chamaria minha atenção, sua introspecção, sua personalidade enigmática, e é, a sua vida conturbada e sua avalanche de problemas.

Sem contar que ser fã é uma experiência maluca, conheci pessoas incríveis de todos os lugares do planeta por causa dele, e marcou minha adolescência como nenhuma outra história vai marcar. Toda vez que ver Twilight vou me sentir com 15 anos de idade novamente, quando a vida era tranquila e minha única preocupação era esperar o próximo filme, ou livro.

por Vanessa Dias
(TwitterTumblr)

Todos já estavam fissurados na série de livros e não viam a hora de irem ao cinema acompanhar a saga na pele Pattinson (que na época era mais conhecido como Cedrico, de Harry Potter) e Stewart. Eu, por outro lado, nem sabia quem era este tal de Edward Cullen. Assisti ao primeiro filme da saga com uma prima, que já acompanhava os livros e estava simplesmente encantada com a história. Lembro-me de ouvi-la dizer “Por favor, dá uma chance.”. Pois bem, dei uma chance. E não me arrependo. Como sai da sala do cinema cativada por tudo aquilo – desde a história, até o “sorriso torto” de Edward. Nunca li nenhum dos livros – secretamente, tinha medo de gostar mais das linhas escritas que das cenas exibidas, e eu realmente gostava dos filmes. Mas acabei me rendendo a mais nova febre vampiresca.

Procurava notícia sobre os atores (sempre adorei essa besteira de que famoso está ficando com quem), e mergulhei na história. Tentava entender os personagens, me colocava no lugar deles e imaginava o que faria no seu lugar. E, apesar de muitos – não minto, até mesmo eu, às vezes – tacharem a história como melosa e piegas demais, a verdade é que muitos gostariam de saber como é viver um amor como o de Bella e Edward. E, cada vez que eu assistia à aquelas cenas, cada vez que entrava em contato com aquela história, eu (mesmo particularmente preferindo o lobisomem), acreditava que um amor como aquele poderia, sim, ser real.

por Clara Montanhez

Eu comecei a gostar dos livros da série Twilight antes que a saga tivesse explodido e virado tão popular como aconteceu. Eu tinha lido poucos livros em inglês ainda, mas quando eu entrei na Saraiva do Center Norte em São Paulo e vi o pocket do primeiro livro,  não pude resistir. A capa do livro era igualzinha o pôster do filme, que ainda seria lançado nos cinemas. Os prólogos de todos os livros já nos fazem ficar presos na história que vamos começar a ler e a escrita de Stephenie Meyer é muito simples e bem detalhada, sendo fácil imaginar as cenas. Portanto, quando eu assisti ao primeiro filme, achei o conteúdo bem parecido com o livro e foi então que fiquei viciada nos livros. Mal saí do cinema após ver Twilight, já encomendei New Moon e Eclipse pela internet e li os dois pelo menos três vezes. Eu, como uma defensora do Team Jacob, adorei o terceiro livro, quando Bella lhe dá uma pontinha de esperança para Jacob de um futuro juntos.

Mas Breaking Dawn se tornou meu favorito! Comprei antes que lançasse nas livrarias e li várias vezes também. Os pôsteres de todos os filmes estavam colados nas paredes do meu quarto até o lançamento de Eclipse no cinema, que foi quando comecei a me desinteressar pela série; não que eu tenha abandonado completamente, mas deixei de ser “viciada” para simplesmente apreciar os filmes. Enquanto eram só os livros, eu me interessei mais, mas nunca abandonei a série dos cinemas e continuo a assistir todos os filmes quando são lançados, como a segunda parte de Amanhecer, que eu considero, por incrível que pareça, melhor do que os filmes anteriores.

por Gabryel Previtale
(TwitterTumblr)

A minha ligação com a Saga Crepúsculo é a mais tradicional possível e um pouco clichê. É conectada através do sonho, talvez de muitos, de se ter um amor perfeito, inquebrável, potente, inviolável como nos contos de fadas. Como amante de contos de princesas e fadas que sou, os filmes me cativaram por externar o que de mais bonito se tem em um romance, a sua força. Passar por tudo que Edward e Bella passaram e mesmo assim continuar tentando e ardentemente apaixonados um pelo outro é algo “impossível” de se ver fora das telas, porém só que porque é um amor fantasioso não significa que não é almejado e contemplado. A estranheza da protagonista, sendo tímida e desajeitada e se apaixonar pelo bonitão da escola, isso é muito mais comum do que se pensa nos dias de hoje, e é muito espelhado por jovens de todo o mundo.

O interessante nesta história é o bonitão que retribui o sentimento e como se não bastasse, ainda é vampiro para colocar perigo e ação na trama, tudo isso é de encher o coração de pessoas românticas e esperançosas. Óbvio que o trabalho cinematográfico não é um dos melhores já vistos nos filmes com um roteiro tão forte e bem sucedido como foi o da Saga, o que significa é que poderia ter sido melhor trabalhado em termos de arte, efeitos e coisas do tipo. Juntando com a atuação dos atores, o resultado final da obra (os 4 filmes) foi bom, principalmente o desfecho, mas se a produção fosse maior, acredito que um maior publico se interessaria pela história. Foi muito banalizada por conta das más criticas dos atores e produção de arte dos filmes, enfim tinha tudo para ser um sucesso ainda maior mas infelizmente foi interpretado como um filme “bobo, meloso e infantil”.

Sobre o último filme, teve muita ação, mas ponderando com cenas carregadas de sentimento e um ar de despedida, a trilha sonora sempre foi um ponto forte dos filmes desta série, o que sempre me atrai para a Saga e pessoalmente acho que enriquece as cenas que devem ser mais tocantes e de fato, o filme conseguiu.

19 de nov. de 2012

Review: O Amanhecer de uma série que sempre pertenceu ao cinema.

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por Caio Coletti
(TwitterTumblr)

A influência social e artística da série Crepúsculo no mundo do entretenimento juvenil não poderia ser mais afirmada e reafirmada por números e histórias de quem viveu na pele o desenvolvimento dessa jornada. A criação de Stephenie Meyer atingiu um nicho, no cinema, que pode ser aplicado a pouquíssimas séries: Amanhecer – Parte 2, a conclusão da saga, ganhou o direito de ser feita muito mais para os fãs do que para o público em geral. É mais ou menos o mesmo que aconteceu com Harry Potter, que teve um capítulo final inegavelmente brilhante… para quem esteve com Harry desde o começo.

Portanto, se você quer uma dica, aqui vai: não asssita Amanhecer – Parte 2 se seu ânimo para a história de Bella e Edward terminou no decorrer de algum dos outros quatro filmes. Há aqui um apelo e uma condução que, essencialmente, fala mais alto para quem realmente se viu investido (ainda que contrariadamente) na história de amor pura e eterna de Meyer. Bella (Kristen Stewart) acorda como vampira depois de dar à luz a sua filha metade-humana e metade-vampira com Edward (Robert Pattinson), mas logo descobre que os Volturi, o clã de italiano introduzido em Lua Nova, espécie de soberanos no mundo vampiresco, confundiram a rebenta com uma aberração e não vão descansar enquanto os Cullen não forem punidos.

Para este que vos fala, se vocês me permitem uma inserção essencialmente pessoal aqui, Crepúsculo é uma história que sempre pertenceu ao cinema. A adaptação da novela original conduzida por Catherine Hardwicke (A Garota da Capa Vermelha) em 2008 mostrou uma proximidade tão sufocante que as sensações descritas por Meyer pareciam transpirar da tela. Era como se aquela história tivesse sido feita para ser vista e sentida assim, e não lida. A mesma sensação transparece em Amanhecer – Parte 2, e a bem da verdade também já transparecia na primeira parte. Crédito para o trabalho excepcional de Melissa Rosenberg, que conduz o roteiro da série desde o primeiro capítulo, em manter as forças e habilidosamente moldar as fraquezas do texto de Meyer. Neste filme, por exemplo, o clímax ganha um tratamento que supera o dado pela escrita em quilômetros – e, por outro lado, a criatividade da abundância de personagens e a maturidade de Bella e Edward que saltavam aos olhos no texto são mantidas.

Na direção, Bill Condon (Dreamgirls, Kinsey), também roteirista habitual, trata o texto com respeito e elegância, imprimindo um visual limpo e uma encenação bem ensaiada, ao mesmo tempo próxima e exata. Ele conduz bem também o elenco: Kristen Stewart, que já havia tomado o filme anterior para si, mantem o bom ritmo, emprestando humanidade e um recém-encontrado senso de humor à Bella vampira; Pattinson não reencontra o Edward intenso do primeiro capítulo da série, mas chega perto e mostra porque é uma das carreiras mais promissoras entre os jovens atores; Michael Sheen, na pele do líder dos Volturi, interpreta um deliciosamente odiável vilão, carregado de maneirismos, bem diferente daquele apresentado em Lua Nova – e bem mais interessante.

É claro que os fãs vão se divertir mais que os neófitos, mas quem apenas acompanhou a trajetória de Bella e Edward também precisa ser cego para não admitir que há certa beleza na história de Meyer. Um “para sempre” ainda é capaz de emocionar, sim. Basta as pessoas certas para fazê-lo acontecer.

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A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 (The Twilight Saga: Breaking Dawn – Part 2)
Direção: Bill Condon.
Roteiro: Melissa Rosenberg, baseada na novela de Stephenie Meyer.
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson, Taylor Lautner, Ashley Greene, Michael Sheen, Dakota Fanning, Peter Facinelli, Billy Burke, Mackenzie Foy.
115 minutos.

A Saga Crepúsculo: A história de um fenômeno.

stephStephenie Meyer, autora da Saga Crepúsculo.

por Andreas Lieber
(Tumblr)

Desde 2005, quando a Little, Brown publicou Twilight, romance de estreia de Stephenie Meyer, a palavra “vampiro” nunca mais teve o mesmo significado. Narrando a longa série de eventos que rodeia a paixão de Isabella Swan, uma humana, por Edward Cullen, um vampiro, a série de livros tomou conta do mundo e ditou que ser pálido, frio e misterioso era o novo trend a ser seguido. Poucas séries literárias alcançaram o status de frenesi que Twilight atingiu, tendo vendido 116 milhões de cópias ao redor do mundo – incluindo os quatro livros, a novela A Breve Segunda Vida de Bree Tanner e o Guia Ilustrado Oficial da Saga. A série fica atrás em vendas somente de Harry Potter, levando em consideração apenas séries mais recentes (excetuando clássicos como O Senhor dos Aneis e As Crônicas de Nárnia), ultrapassando outras obras como Desventuras em Série (65 milhões), a trilogia Millenium (53 milhões), The Hunger Games (50 milhões), Artemis Fowl (20 milhões), Percy Jackson e os Olimpianos e A Song of Fire and Ice – que, embora antiga, sofreu um boom nas vendas apenas com o lançamento da série Game of Thrones pela HBO em 2011 – (ambos com 15 milhões).

Como qualquer bestseller, Twilight atraiu uma miríade diferenciada de reviews e recepções críticas, formando também um séquito de fãs altamente opinativos. Após a estreia do primeiro volume da série, Crepúsculo, os críticos articularam reviews geralmente favoráveis, citando a construção de um mundo extremamente chamativo para os adolescentes como característica principal de Meyer. No entanto, com o decorrer do lançamento das sequências, os próprios críticos começaram a se aprofundar mais nas carências apresentadas pela escrita considerada pobre e rasa de Meyer, construindo críticas mais agridoces para a saga de vampiros que crescia cada dia mais. Uma das controvérsias que causou maior repercussão foi sobre a natureza do relacionamento de Bella e Edward, considerado por muitos abusivo e submissivo. Os fãs, no entanto, defendem as personagens e o mundo elaborado por Stephenie Meyer com paixão ferrenha; para eles, todas as opções feitas no livro partiram da vontade da própria personagem de Bella, visando apenas a sua segurança e a daqueles a quem ela ama.

Seguindo um padrão de consolidação literária, em 2008 o livro foi adaptado para o cinema com roteiro de Melissa Rosenberg e direção de Catherine Hardwicke. Além de exercer um papel fundamental no aumento do sucesso da saga ao redor do mundo, o filme ajudou a alavancar a até então relativamente pequena produtora Summit Entertainment e a carreira de Robert Pattinson (Harry Potter e o Cálice de Fogo) e Kristen Stewart (Na Natureza Selvagem), atores escolhidos para representarem as personagens principais.

Crepúsculo

No primeiro livro da saga encontramos Isabella (Bella) Swan no meio de uma mudança: ela vai deixar Phoenix, Arizona, para morar em Forks, uma cidadela minúscula no meio das florestas úmidas de Washington, onde chove 24 horas por dia, sete dias por semana, com seu pai, Charlie, o xerife. Mesmo tendo se preparado psicologicamente (e isso é uma coisa que Bella faz muito), ela sentiu a realidade esmagadora do que é se mudar para uma cidade pequena e se deparar com um novo colégio. Alguns vários capítulos são dedicados a essa adaptação de Bella, inclusive. As coisas começam a mudar, no entanto, quando na escola ela avista a misteriosa família Cullen: cinco irmãos pálidos, com olheiras, olhos dourados e absurdamente belos. Reservados e misteriosos, ninguém sabe quem realmente são, até Bella se apaixonar por um deles, Edward, e adentrar em um mundo no qual ela nunca sonhou.

Os Cullen são vampiros, mas nada do tradicional Nosferatu ou Drácula, não... os vampiros de Meyer não queimam no Sol, apenas brilham como diamante; o sangue é extremamente necessário, mas não o humano, os Cullen são “vegetarianos”, se alimentam apenas de sangue de animais. Além disso, eles possuem uma indestrutibilidade sem precedentes: nada de estacas no coração ou outras mortes que qualquer humano poderia infligir a um vampiro, esse vampiros possuem uma pele mais dura que mármore e apenas vampiros (ou algum outro ser mágico) podem matar vampiros e quando eles morrem seus corpos racham como pedra. Isso tudo Bella descobre após longos capítulos de construção de um romance reservado e lento, cheio de suspeitas. No desenvolver do livro somos apresentados a todo o clã Cullen: Esme e Carlisle, os “pais”, Emmett e Rosalie, Jasper e Alice e agora Edward e Bella, quatro casais que para a sociedade humana não passam de uma família extremamente bela e misteriosa.

Outra característica especial dos vampiros de Twilight é que, ao serem transformados, alguns deles podem apresentar “poderes especiais”, como Edward, que lê mentes humanas, Alice, que vê o futuro e Jasper, que controla as emoções das pessoas. O primeiro livro da série, quanto ao plot, se fixa principalmente na apresentação do mundo secreto dos vampiros através dos olhos impressionáveis de Bella e da extrema força do relacionamento dos dois – ao longo da narrativa de Bella percebemos como ela se tornou extremamente dependente de Edward, chegando a chamá-lo até de “sua própria heroína”. O livro encontra seu clímax em um dos capítulos finais, quando os Cullen e Bella estão jogando baseball em uma clareira e um clã de vampiros nômades, James, Victoria e Laurent, chegam e querem atacar Bella por causa do cheiro extremamente atrativo de seu sangue. A partir daí a narrativa se torna um pouco mais frenética e Bella tem que lutar por sua vida com a ajuda dos Cullen.

Em 2008 foi lançada a adaptação cinematográfica de Twilight, dirigida por Catherine Hardwicke (Aos Treze) e contando com nomes conhecidos, mas não extremamente famosos, do mundo do cinema: Kristen Stweart como Bella e Robert Pattinson como Edward. Outros nomes como Peter Facinelli, Ashley Greene, Jackson Rathbone, Elizabeth Reaser, Nikki Reed, Kellan Lutz, Billy Burke e Taylor Lautner completam o elenco. O filme conta com uma fotografia fria e sombria, abusando de cores como o azul e o verde, o que reflete bem a aura de mistério que envolve os Cullen, e conta com um roteiro de alterações básicas que acompanham qualquer produção baseada um uma obra literária. A direção de Hardwicke é constantemente criticada por ter sido trêmula e repleta de idiossincrasia, mas esse é justamente um dos motivos que tornam o primeiro filme tão querido ao público, ele retrata bem a visão do mundo que Bella tem, o telespectador vê as coisas do mesmo modo que a personagem. Por outro lado, ela recebe críticas favoráveis na direção de cenas como o jogo de baseball dos Cullen. Outro traço interessante do filme é o soundtrack, que conta com nomes como Paramore ("Decode" e "I Caught Myself"), Muse ("Supermassive Black Hole"), Blue Foundation ("Eyes on Fire") e o próprio Robert Pattinson ("Never Think").

A adaptação de Hardwicke, embora os livros já constassem como bestsellers em várias fontes importantes, foi a que teve um desempenho mais tímido nos cinemas, U$ 392, 616,740 no total. Sendo que U$ 69, 637,740 foi arrecadado apenas na estreia. O sucesso que o filme obteu abriu portas, sem dúvidas, para os rendimentos exorbitantes que as sequencias conseguiram, alavancando também a até então de pequeno/médio porte Summit Ent.

Lua Nova

As sagas atuais sobre romances sobrenaturais têm uma tendência recorrente de repetir o plot em seus segundos livros, e Twilight não é diferente: Edward e Bella se separam. No aniversário de 18 anos de Bella, Alice (a mais fashion e fofa da família de vampiros) decide fazer uma festa íntima na luxuosa casa dos Cullen, mas algo dá errado, claro. Bella, sendo o “imã para problemas” que é, corta o dedo com a fita do embrulho de um de seus presentes e Jasper, o vegetariano mais volátil da família, acaba atacando-a. Bella é salva a tempo, mas todos na família de Edward precisam sair às pressas da casa por causa do cheiro de seu sangue, permanecendo apenas Carlisle, médico e com um autocontrole excepcional, para dar os pontos no corte que ela conseguiu no braço. Durante esse tempo, Carlisle explica à Bella que Edward tem medo de seu relacionamento por achar que a está condenando a uma vida maldita.

Logo após esse incidente, Edward decide que o melhor a ser feito é terminar com Bella e mudar de cidade, fazer como se ele nunca tivesse existido. Para isso, ele recolhe todas as evidencias da família Cullen na vida de Bella e termina com ela na floresta próxima à sua casa. Desorientada, ela se perde na floresta, entrando em cena assim, Jacob. Jacob é um garoto quileute (uma tribo indígena) de 16 anos que é apresentado a Bella em Crepúsculo. Com Edward e os Cullen longe, Bella cai em uma profunda depressão durante meses e só começa a voltar à vida quando se torna mais amiga de Jacob, que começa a passar por uma transformação no meio do livro, e se torna um lobisomem. A amizade dos dois cresce e ele acaba se apaixonando por Bella, mas a mesma apenas continua em sua meia vida, aprendendo a fazer coisas perigosas para enganar a mente e escutar a voz de Edward.

Em uma dessas aventuras, Bella decide pular de um penhasco à beira do mar por diversão, onde viu os amigos lobos de Jacob pularem. Ao cair na água ela começa a se afogar e avista ao longe uma chama vermelha que mais tarde descobre ser Victoria, ex-parceira de James, morto por Edward no final de Crepúsculo. Desesperada, ela é salva por Jacob, mas isso desencadeia ações muito mais extensas do que ela imaginaria. Sempre de olho no futuro de Bella, Alice a vê pulando do penhasco e acha que ela se suicidou. Ao descobrir, Edward corre para Volterra, Itália, para o clã Volturi, o líder do mundo vampiro. Seu plano é simples: expor-se ao Sol em um festival para que todos possam vê-lo e os Volturi serem obrigados a matá-lo. Ao descobrir que Bella ainda está viva, Alice volta para Forks e as duas correm para a Itália, impedindo que Edward seja morto.

A adaptação cinematográfica foi feita em 2009 por Chris Weitz (A Bússola de Ouro) e contou com uma atmosfera mais calorosa por conta de Jacob; a fotografia é quente, com cores como o vermelho e o amarelo sempre presentes. Foi uma produção muito maior que a de Crepúsculo devido à extensa fama que a série adquirira, o que talvez tenha afastado a trama da familiaridade dos fãs. A direção de Weitz é mais firme que a de Hardwicke, conduzindo um filme mais seguro, mas não livre de críticas. A recepção foi oscilante, passando por cenas bem elaboradas como a depressão de Bella, acompanhada da melodia dolorosa de “Possibility", da sueca Lykke Li, e a maravilhosa cena da perseguição de Victoria pelos lobos, contando com a batida mais eletrônica de “Hearing Damage”, do vocalista do Radiohead, Thom Yorke, a outras cenas na presença de Jacob consideradas maçantes. Houve mudanças fundamentais na adaptação do livro, como a luta de Edward com os Volturi no final; no livro eles apenas conversam para resolver o problema.

Com o sucesso de Crepúsculo pesando na decisão dos próximos filmes, Lua Nova contou com uma produção muito mais elaborada e custosa, mas seu desempenho nos cinemas garantiu que a franquia não pararia por ali. Arrecadando U$ 709, 827,462 em todo o seu tempo de cinema e incríveis U$ 142, 839,137 apenas na estreia (o mais alto lucro de estreia de toda a saga), Lua Nova consolidou o sucesso cinematográfico da saga e a transformou em uma verdadeira obsessão. Em algumas salas (2.037 ao todo) nos Estados Unidos, houve um combo Twilight/New Moon começando com a primeira adaptação e culminando na pré-estreia de Lua Nova, arrecadando U$ 2, 385,237.

Eclipse

O terceiro livro da saga é considerado um de transição (ou enrolação), o que talvez o ajude a ser um dos favoritos do público: o povo gosta de um “água com açúcar”. O plot gira em torno da conclusão do clímax do primeiro livro: Victoria está criando um exército de recém-nascidos para atacar os Cullen e matar Bella para que Edward possa sentir tanta dor quanto ela sentiu ao perder James. No meio tempo, Edward pede Bella em casamento e a tensão sexual cresce entre os dois (é incrível o número de vezes que Bella tenta tirar a sua roupa e de Edward). Meyer utiliza-se de Eclipse para concluir algumas histórias e revelar o passado de alguns personagens como Rosalie, a mais bonita dos vampiros, que era uma garota de classe média no século XIX que foi violentada por seu noivo e seus amigos e deixada na rua para morrer, e Jasper, que era um soldado na Guerra da Secessão seduzido por uma vampira mexicana, Maria. É explicado também mais sobre os lobos, como o imprinting, quando um lobo encontra sua contra parte no mundo e passa a viver por ela/ele. Além disso há o beijo de Bella em Jacob para fazê-lo desistir da ideia de se deixar matar na batalha e da decisão final de ficar com Edward.

Ao passo que o plano de Victoria vai se formando e Alice consegue prever seus movimentos, uma aliança surge com os lobos para a proteção da área e, como sempre, Bella é mantida no escuro a maior parte do livro, descobrindo do ataque apenas alguns dias antes. Esse período é utilizado para a efetuação dos planos para enganar o exército e Victoria. Jacob corre com Bella por uma rota específica, fazendo com que os novos vampiros fossem atraídos para lá por seu cheiro, no final da trilha os Cullen e os lobos estariam esperando para a batalha. É a primeira vez que uma batalha entre exércitos aparece em qualquer um dos livros. A batalha final não é narrada diretamente, pois Bella está escondida mais acima na floresta com Edward, sendo contadas apenas algumas partes à medida que Edward lê os pensamentos de Alice. É nesse momento, também, que Edward consegue ler os pensamentos de mais alguém que se aproxima: Victoria. Tendo se dispersado do grupo, ela e Riley, seu recém nascido mais forte, vão atrás de Edward e Bella, junta-se ao grupo Seth, o jovem lobo para lutar ao lado dos Cullen.

Após alguns momentos da batalha entre os dois, que Bella descreve como “borrões dançantes entre as árvores”, ela decide fazer algo para ajudar. Bella encontra uma pedra pontuda e faz força para cortar seu braço, mas devido á esse movimento um tendão desloca-se (ela estava com a mão quebrada por causa de um murro que dera em Jacob) e ela engasga de dor, fazendo com que Victoria e Riley percam a concentração e Edward e Seth possam matá-los. Após esse acontecimento Bella desmaia e quando acorda já se encontra na clareira onde a batalha aconteceu, com vitória dos Cullen e dos lobos, sem vítimas. Uma fogueira gigante está acesa e os retos dos recém-nascidos queimam, enquanto uma jovem vampira, Bree, se entregou e está amarrada atrás deles – é a partir dessa personagem que Meyer narra a novella A Breve Segunda Vida de Bree Tanner, contando desde sua transformação à sua morte na batalha. Momentos depois, como Alice prevera, os Volturi chegam à clareira para tomar conta da situação, matam Bree e deixam um ultimato no ar: Bella deverá se tornar vampira logo ou seu destino será o mesmo da jovem vampira.

Uma adaptação para os cinemas foi conduzida por David Slade (30 Dias de Noite) em 2010 e, assim como o livro, é um filme de transição que não aparenta começo nem fim, apenas meio. É um filme que mescla cenas em cores quentes no começo, com a fascinação de Bella pela volta dos Cullen a cenas frias da batalha de vampiros na neve. O filme passa rápido e dá uma visão maior do exército recém-nascido de Victoria, mostrando seu desenvolvimento e sua aproximação. Foi marcado também pela troca de atriz no papel de Victoria, antes interpretado pela canadense Rachelle Lefèvre (Mistério em River King), nessa sua última aparição é encarnada pela norte americana Bryce Dallas Howard (A Vila), além de contar como novos nomes como Xavier Samuels (Riley) e alguns lobos a mais, como Alex Meraz (Paul) e Julia Jones (Leah). O filme continua com a tendência de críticas mescladas, com cenas interessantes como a da batalha, mas é alvo de comentários justamente na questão do filme apresentar apenas um “grande meio”. Críticas mais pesadas por partes dos fãs recaem sobre a roteirista Melissa Rosenberg que alterou as cenas finais e fez Edward quase ser morto pelos vampiros e apenas salvo por Bella, que completa seu plano e corta o braço. Nessa terceira adaptação alguns grandes nomes da música se reúnem no soundtrack, como Florence + the Machine ("Heavy in Your Arms"), Metric ("All Yours"), mais uma vez Muse ("Neutron Star Collision"), Bat for Lashes ("Let’s Get Lost"), Sia ("My Love"), Fanfarlo ("Atlas"), entre outros.

O sucesso de Eclipse talvez tenha sido por ser a narrativa na qual Edward e Bella estão mais grudados que nunca e Bella tenta tirar a roupa várias vezes, talvez por ser a que ela beija Jacob ou talvez ainda por ser é o primeiro filme em que há uma luta oficial que estava presente nos livros. De modo que, por qualquer motivo, ele arrecadou U$ 698, 491,347 no tempo total de exibição, mas apenas U$ 64, 832,191 na estreia.

Amanhecer

Para o tão esperado desfecho da hipnotizante história de vampiros e amor, Amanhecer decepcionou muitos fãs e críticos. A essa altura já cientes das carências de escrita de Meyer, as reviews foram mais acirradas e duras e os fãs reclamaram da falta de intensidade em alguns momentos finais do livro. Começando com a narração costumeira de Bella, o livro tem boa parte do seu meio narrado por Jacob, o lobisomem quileute, e depois retorna para os olhos de Bella para a conclusão. Tendo início com os preparativos para o tão aguardado casamento de Edward e Bella, o livro se desenvolve em um passo ritmado, com Alice organizando cada milímetro da cerimônia e a mãe de Bella fazendo mais uma aparição. No casamento somos finalmente apresentados ao clã-primo dos Cullen, as Denali, que moram no Alasca e revemos vários dos amigos humanos de Bella.

Logo após somos transportados para a lua de mel paradisíaca do, agora oficialmente, casal Cullen no Rio de Janeiro, mais especificamente em uma ilha que Carlisle comprou, a ilha Esme. Na lua de mel é a primeira vez em que há a narração de sexo por Bella, mesmo sendo mínima e baseada principalmente em insinuações (embora ela tenha relatado que depois o quarto estava destruído e coberto de penas e a cama quebrada). Há alguns poucos momentos de tensão devido a Bella ter ficado cheia de hematomas e Edward ter achado que a tinha machucado, mas ela acaba convencendo-o de que estava bem e a lua de mel prossegue. Mas só até certo ponto. Depois de alguns dias Bella começa a passar mal e descobre que sua menstruação está atrasada, chegando rapidamente à conclusão de que está grávida. Ao descobrir isso, Edward entra em pânico e faz os arranjos para voltar rapidamente à Forks enquanto Bella liga para a pessoa mais improvável de todas: Rosalie Cullen.

Nesse momento a narração de Bella é cortada e temos uma visão dos acontecimentos por parte de Jacob, é ele que narra a destruição de Bella por causa da criança vampira que está carregando. Forte demais para um corpo humano, ela se alimenta do sangue de Bella e de todos os seus nutrientes, deixando-a cadavérica e fraca. Outro fator alarmante é o crescimento acelerado do feto, o que acarretaria a morte precoce de Bella; a família Cullen implora que ela faça um aborto, mas ela se recusa, com o apoio incondicional de Rose. É a primeira vez também que há uma briga de Edward com Bella, ele grita e se recusa a aceitar que ela irá morrer, se perguntando como poderá amar seu filho se ele iria matá-la. Surge também uma interessante, porém relutante, conexão entre Edward e Jacob. As semanas se passam e logo Bella acaba fraturando a coluna e entrando em trabalho de parto. Devido a extensa força do bebê e a falta de tempo, a anestesia não pega e Bella sente todo o procedimento, de Edward cortando sua barriga e quando ele decide mordê-la para andar mais rápido, à saída rascante do bebê. É uma menina, Renesmee.

Após ver sua filha pela primeira vez, Bella desmaia e começa a morrer, Edward e Jacob Fazem de tudo para salvá-la, aplicando doses extremas do veneno dos vampiros juntamente com morfina. Há um espaço de tempo no livro em que o leitor não sabe se eles obtiveram êxito ou não, até que a narração volta para Bella e ela descreve a dor excruciante de se tornar vampira, era como “se todos os órgãos estivessem rasgando e seu corpo estivesse pegando fogo por dentro”. Ao acordar, alguns capítulos são dedicados à descoberta do que é ser um vampiro, todos os novos gostos, cheiros, sensações e visão apurada. Há a primeira caçada de Bella, a sua demonstração de força ao vencer Emmett (o mais forte dos Cullen) em uma guerra de braços e a convivência com Renesmee, que é descrita como a pessoa mais bela do mundo e cresce rapidamente, o que preocupa a família. É nesse ínterim também que Bella descobre que Jacob sofreu um imprinting em sua filha, atacando-o.

É durante esse período também que Irina, uma vampira das Denali, vê Bella, Renesmee e Jacob na floresta e acha que os Cullen fizeram uma Criança Imortal. Crianças Imortais era uma prática antiga de alguns vampiros transformarem bebês e crianças pequenas em vampiros; extremamente belos, seus ataques de raiva eram capazes de destruir vilas e cidades inteiras. Os Volturi destruíram todas e transformaram o ato em crime. Irina, ao ver isso, corre para a Itália relatar a transgressão. Para entender seu ato, é preciso voltar ao personagem nômade de Laurent, que viajava com James e Victoria, por quem Irina acabou se apaixonando. Ao saber da morte de seu amado por Jacob, ela criou uma revolta contra os Cullen e os lobos. Outro fator que pesou em sua decisão foi que sua “mãe”, sua criadora, foram uma das mortas pelos Volturi, acusadas de criar Crianças Imortais.

Ao saber da vinda dos Volturi com sua arma completa, os Cullen começam a chamar amigos vampiros para testemunhar a seu favor, afirmando que Renesmee nasceu de uma humana e tem um ritmo de crescimento verdadeiro. Todos são convencidos ao se renderem pelo encanto e poder de Renesmee: ela é capaz de mostrar imagens pelo toque, mostrando a todos suas lembranças no útero de Bella. Os Volturi finalmente chegam e, mesmo vendo que nenhuma lei foi quebrada, se armam para uma luta, mas nesse momento, Alice, que tinha ido embora mais cedo no livro, retorna com Jasper e dois vampiros da Amazônia, um deles, Nahuel, meio humano meio vampiro como Renesmee e mostra a Aro, líder dos Volturi, uma visão que o faz desistir de lutar. O clã chefe do mundo vampiro se afasta e vai embora, sem luta, sem nada. Esse foi um dos grandes motivos de decepção dos fãs para com o final: após tanta apreensão e preparação, não houve luta nenhuma. Os nômades e clãs voltam para seus países e territórios costumeiros e os Cullen vivem felizes para toda a eternidade, com Renesmee atingindo o tamanho adulto e parando de crescer após alguns anos. O livro termina com Bella, que descobriu algum tempo após se transformar em vampira que possuía uma habilidade especial: ela era um escudo psíquico (por isso nem Edward nem Aro conseguiam ler sua mente desde humana), projetando esse escudo para fora de seu corpo e deixando Edward ler sua mente pela primeira vez, mostrando a ele todas as suas memórias humanas e vampiras, ou como a própria Meyer termina: “E assim, alegremente, continuamos aquela parte pequena e perfeita de nossa eternidade”.

A onda de separar a história do último livro em dois filmes que começou com Harry Potter e se espalhou por bestsellers como The Hunger Games também atingiu Twilight. Amanhecer foi feito em dois filmes, um de 2011 e outro de 2012, ambos dirigidos por Bill Condon (Dreamgirls – Em Busca de um Sonho). A primeira adaptação não agradou muito os fãs e a crítica, tendo os dois achado-a extremamente lenta em progressão. Condon usa cores claras no casamento de Bella e fortes para representar o Brasil, contrastando com cores frias e mortas para demonstrar o desfalecimento de Bella. O filme ganhou boas críticas, no entanto, em relação a maquiagem, principalmente na aplicada em Kristen Stewart durante a gravidez de Bella. A trilha sonora ajudou a construir o clima de desolamento que a família Cullen sentiu ao pensar que Bella iria morrer com artistas como Aqualung em feat. com Lucy Schwartz na dramática “Cold", mas também construiu cenas engraçadas com “Sister Rosetta” do Noisettes e outras apaixonadas com “Turning Page” de Sleeping at Last.

A escolha de Bill Condon para a direção das duas partes finais da saga Crepúsculo foi recebida com certa surpresa, o diretor nunca havia dirigido nada tão fantasioso ou feito parte de grandes sagas. Sua direção clean e bem articulada, juntamente com a ansiedade dos fãs para ver o casamento de Bella e a mesma se tornando vampira renderam o status de maior sucesso de bilheteria da saga (até agora), em um total de U$ 712, 171,856 para a primeira parte de Amanhecer, sendo que desse total, U$ 138, 122,261 foram arrecadados na estreia. A segunda parte, que estreou quarta-feira passada (15/11) levou multidões para ver Renesmee, a filha de Bella e Edward, e o desfecho dessa história de amor vampiresca, tendo arrecadado até agora U$ 162, 200,000.

A segunda parte, com estreia na semana passada, causou uma melhor impressão em críticos e público, sendo considerada “um fechamento brilhante para a saga de vampiros de Meyer”, contando com uma atmosfera divertida e sombria ao mesmo tempo devido a apreensão da chegada dos Volturi e uma solução brilhante de Rosenberg e Condon para a decepção dos fãs com o final. Nomes renomados da música ajudaram a compor essa atmosfera como Passion Pit ("Where I Come From"), Ellie Goulding ("Bittersweet"), Green Day ("The Forgotten"), Feist ("Fire in the Water"), St. Vincent ("The Antidote") e a própria Nikki Reed (Rosalie Cullen) em parceria com seu marido Paul McDonald ("All I’ve Ever Wanted"). Vocês poderão ler uma crítica completa de Amanhecer, parte 2 feita por Caio Coletti em breve.

PS: Os números de todas as estreias dos filmes contam apenas com a arrecadação em solo americano.

O elenco de Twilight fotografa para a Vanity Fair.

Andreas Lieber escreve todos os dias 05 e 20.