3 de mai. de 2010

Gaga – Um guia de amor a primeira audição

álbuns (nunk excl) gaga 1

Notas: The Fame *** (3/5)  ---  The Fame Monster **** (4/5)

Há alguns meses atrás, eu podia jurar que o pop estava perdido. Entre a voz anasalada de Britney e o analogismo cada vez mais evidente de Madonna, pouco sobrava para quem curtia música pop de verdade, daquelas que conseguiam ser empolgantes dentro e fora de uma pista de dança, com ou sem o “calor do momento” envolvido na equação. Há tempos que a originalidade saiu de moda, e os sons eletrônicos se tornaram, de recursos úteis para gente criativa, meras desculpas para emplacar em uma parada pretensamente “dance” por aí. O porém: fora das boates, quase nada do que se denominava “dance” fazia mesmo querer dançar. Ouvir o que estava no topo das vendas era garantia certa de tédio mortal. Isso, é claro, até Gaga.

Não é exagero já começar a dividir a música pop contemporânea entre pré-Gaga e pós-Gaga. Antes dela surgir com seus figurinos, penteados e comportamentos aberrantes, as grandes divas pop eram aquelas que se faziam etéreas e procuravam se ajustar ao ideal de way of life do público jovem sem realmente entendê-lo. Com letras e sons agressivos, uma pegada rocker para um som pop e dos dos álbuns mais vendidos do nosso século no currículo, Gaga fez em dois anos o que Britney não conseguiu fazer em um decênio de carreira: tirou dos eixos, e das convenções, o pop. Goste ou não do que ela faça, não dá para negar a Gaga o mérito de desafiar preconceitos e se fazer notar, por si mesma, com todas as suas bizarrices, como o grande símbolo da nova geração.

Porque estranheza também pode ser bonito, e não custa nada dar uma chance as neuroses dessa ítalo-americana fã de glam rock, com influências da disco e do techno, que faz música pop de primeira qualidade. Pois eis aqui um guia fácil para conhecer e se apaixonar por sua forma peculiar de fazer música. E, já que a regra é fugir do clichê, nada de números redondos: com vocês, em  passos simples e rápidos, Stefani Joanne Angelina Germanotta, ou melhor, Lady Gaga.

Fase 01: entrando no clima…

Papparazzi – (The Fame – Faixa 03) – Letra Gaga. Música Gaga, Fusari.

A alquimia pop de ritmos e sons encontra outra definição no mega-hit da cantora, brincando com o som mais sombrio de seu primeiro disco e cantando uma letra essencialmente romântica com personalidade e desenvoltura. O instrumental surpreendente mostra que Gaga e sua equipe tem gabarito para brincar com timbres e criar um pop que, em meio a salada de referências, soa original e empolgante. Isso sem contar que ainda é divertido a beça.

Beautiful Dirty Rich – (The Fame – Faixa 04) – Letra Gaga. Música Gaga, Fusari.

Rápida, rasteira e incrivelmente contagiante, a quarta entrada do The Fame oferece um som com características de rock para quem ouve com cuidado, mas ganha verniz de pop para emplacar na memória de quem ouve. A equação funciona a perfeição, com Gaga mostrando uma interpretação segura nos vocais, ainda que essa canção em particular não lhe exija muita coisa e a batida levada por bateria “à la Def Leppard” carregando uma melodia criativa e fragmentada.

Fase 02: animando a festa…

Bad Romance – (The Fame Monster – Faixa 01) – Letra Gaga. Música Gaga, RedOne.

A explosão de sintetizadores que abre a canção (e o segundo disco de Gaga, o sombrio The Fame Monster) é para colocar qualquer um pronto para uma festa, enquanto a cantora entrega o melhor de seu estilo vocal para uma letra bem construída e cheia de significados e interpretações. Gaga nunca foi tão empolgante, original, agressiva, carismática e musicalmente criativa quanto na levada incansável e apoteótica desse que é seu maior (e melhor) hit.

Just Dance – (The Fame – Faixa 01) – Letra Gaga. Música Gaga, RedOne, Akon.

A canção que fez Gaga estourar em todas as paradas, essa bomba dance é levada por uma melodia inteligente e marcante, apesar de repetitiva. O que se vê aqui é uma calculada introdução ao estilo e a voz de Gaga, ainda não utilizada em todo o seu potencial. Mas é o bastante para mostrar a atitude agressiva e a personalidade forte de uma artista de verdade, que não nega suas influências rockers mas sabe fazer pop e dance como poucas cantoras no mercado atual.

Fase 03: dançando sem parar…

Dance in The Dark – (The Fame Monster – Faixa 05) – Letra Gaga. Música Gaga, Garibay.

A investida é rara, mas quando Gaga aproxima seu som do techno, não é a toa. Com uma de suas melhores letras e uma interpretação quase melancólica nos vocais, Gaga conta com a ajuda do produtor Fernando Garibay para criar um instrumental bem próximo da maioria das músicas do estilo, e ainda conseguir colocar uma melodia original e criativa por cima dela. Funciona e remete mais a pista de dança do que as pretensas investidas recentes de Madonna.

Money Honey – (The Fame – Faixa 08) – Letra Gaga. Música Gaga, RedOne, Hajji.

Talvez a mais incisiva das músicas do The Fame na missão de saudar e apresentar um estilo de vida completamente novo para o público, essa oitava faixa mostra uma batida que constante que carrega com facilidade uma melodia criativa levada por sintetizadores e a alquimia digital usual do produtor RedOne. Como bônus, aqui a voz de Gaga se destaca pelo alcance e por conseguir sair vitoriosa em meio a um instrumental, literalmente, barulhento (no melhor sentido, é claro).

Fase 04: Gaga, uma caixinha de surpresas…

Brown Eyes – (The Fame – Faixa 11) – Letra Gaga. Música Gaga, Fusari.

Uma balada que surpreende quem espera apenas pop fútil de Gaga, não há prova mais cabal da influência do glam rock sobre Gaga do que essa faixa, a melhor do The Fame e, talvez, da carreira da cantora até agora. Um piano belamente melódico, corais no backing vocal e toques de guitarra hipnotizantes em meio aos versos mais vulneráveis de Gaga garantes uma paixão fulminante pela interpretação afetada na medida certa da ítalo-americana. Belíssimo, belíssimo.

Apaixonado? Bem-vindo ao clube! Speechless (The Fame Monter – Faixa 04)                                -                                                                                   Summerboy (The Fame – Faixa 12)                                              -                                                                                   Boys Boys Boys (The Fame – Faixa 10)                                       -                                                                                   Alejandro (The Fame Monster – Faixa 02)                               -                                                                                   LoveGame (The Fame – Faixa 02)                                                -                                                                                   Telephone (The Fame Monster – Faixa 06)                              -                                                                                   The Fame (The Fame – Faixa 07)                                                  -                                                                                   Again Again (The Fame – Faixa 09)                                             -

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“…I want your ugly/ I want your disease/ I want your everything as long as it’s free/ (…)/I want your drama/ The touch of your hand/ I want your leather-studded kiss in the sand/ And I wan your love…

… Love, love, love/ I want your love…”

(Lady Gaga em “Bad Romance”)

5 comentários:

Fabio Christofoli disse...

Sem dúvida alguma este é um dos grandes álbuns dos últimos anos. Um álbum que ganha a marca de histórico e entra em um hall restrito, onde podemos ver outras obras de arte que tbm se tornaram clássicos.A Lady Gaga é mto original, tão original que não podemos analisar só sua voz ou suas batidas. Quando analisamos a Lady Gaga enxergamos uma artista completa, repleta de recursos (que ainda não sabemos se são ou não limitados. Acho que ela está trilhando o caminho certo, tem tudo para crescer como artista... Só ahco que ela não pode perder o foco, deixar a pessoa aparecer mais que o artista. Isso normalmente acaba com carreiras e anula talentos.
Gosto dela, espero mto mais dela.

Obs: valeu pelo pós-post no meu blog hehehheheheheheheh

Babi Leão disse...

Seria "Stefani Joanne Angelina Germanotta" , Michael Jackson ? kkk com toda a sua criatividade, perfeccionismo e "molejo " ? rsrs
Realmente Lady Fanha é a peça que faltava no quebra cabeça. É o ícone mais influente dos ultimos tempo ( óóó ), o que faz com que seus fãs fiquem enlouquecidos e insaciáveis..
Só nos resta a saber: até quando dura a criatividade e o talento de Lady Fanha ? hein hein ?

kkkkkkk ! Parabens Caio !
Beijao.

Rubens Rodrigues disse...

Nunca fui fã de música pop, mas Gaga é original.

Lady GaGa = insanidade de Warhol, o muh-muh-muh dos 60's, o apelo sexual de Madonna (detalhe que gaga não chega a ser bonita), uma produção de dar inveja a outras que fazem um auê e depois somem, a ousadia e a poker face de apostar no ridículo.

Genial.

Anônimo disse...

'The Fame' e 'The Fame: Monster' são 2 grande albuns e eu os colocaria como um dos melhores dos últimos anos. Além dos singles, os álbuns são recheados de músicas excelentes que pouca gente conhece como 'Paper Gangsta', 'Boys Boys Boys', 'I Like It Rough', 'Dance In The Dark' e por ae vai. Lady Gaga é o futuro!

A HORA DO PESADELO (Crítica) ->http://cinema-em-dvd.blogspot.com/

Bruno Cunha disse...

Não gosto nada de Lady Gaga. Contudo, tenho de admitir que o seu sucesso relâmpago afirmou-a como uma das revelações destes últimos anos e a sua reverência e originalidade já começa a ser seguida...

Abraço
Cinema as my World