10 de mai. de 2010

Além da Janela, por Babi Leão

Conto (nunk excl)janela 1

É aos domingos que algumas famílias costumam se reunir e almoçar juntas. E foi em um domingo desses que eu fui almoçar com a minha. Entramos no restaurante, nos sentamos, rimos e nos fartamos como uns mortos de fome.

Foi quando eu olher pela janela: na calçada estavam um homem, uma mulher e dois menininhos nos olhando. Era uma família. Uma família aparentemente pobre: estavam sujos, magros e tinham o olhar triste de quem contempla o que não pode ter.

Passaram por eles uns magrelos, de skate e calça caída, cochichando: “vixi, vieram do Haiti?”. Quem eram eles para falar alguma coisa, eu pensei. Parecia que eles é que tinham vindo de Marte, com todas aquelas calças coloridas “da moda” e uma nave nos pés.

De repente, pensei como todos pareciam animais.

A família animal, indigente. Sim, palavras duras, mas são os animais que são excluídos da sociedade, cachorros que ficam em portas de churrascarias esperando por um pedaço de carne qualquer.

E os “bad boys”? Animais! Mas animais em um novo sentido. No sentido de excluir e não serem excluídos. Animais, animais e animais! E eu? Mais animal ainda por não fazer nada. Eu, totalmente sem ação vendo uma situação como essa. Um animal passivo.

Acho que foi isso que Aluísio de Azevedo quis dizer com sua zoomorfização, sua forma de comparar os personagens com animais, em O Cortiço. A degração do seu humano, reduzido a condição de animal, casa perfeitamente com a intenção do autor em revelar a miséria social do proletariado urbano.

Cheguei a conclusão de que o livro me mostrou muito mais do que eu tinha imaginado. Me levou além do almoço de domingo em família. Me mostrou além da janela.

janela 2janela 3

P.S.: A partir desse mês, a semana de ficção vai vir sempre antes da semana livre. Essa inversão foi planejada mesmo no começo do blog, para que eu pudesse falar do Oscar da forma como eu queria. Agora as coisas voltam a ser como deveriam.

Se padeceram moléstias, não sei, como não sei se tiveram desgostos: era criança e comecei por não ser nascido. Depois da morte dele, lembra-me que ela chorou muito; mas aqui estão os retratos de ambos, sem que o encardido do tempo lhes tirasse a primeira impressão. São como fotografias instantâneas da felicidade”

(Machado de Assis em “Dom Casmurro”)

3 comentários:

Babi Leão disse...

Embora eu nao tenha gostado da minha redação, ela ficou ótima com as suas adaptações !
Valeuuuu Caioo !
Adoreeiii !
Beijao !

Cintia Carvalho disse...

Oi Caio!

Bem, meu jovem, obrigada pelas boas vindas. Desculpe pela demora em lhe responder. Somente nesta semana tive tempo. Depois de um tempinho ausente, retornei e fiquei feliz em saber que vc sentiu saudades. A partir de agora, não sumirei mais. No entanto, não poderei me dedicar tanto ao blog como antes, pois as responsabilidades com a casa, meu filho e trabalho demandam tempo e o meu ta curtinho.
Na medida do possível irei escrever meus textos (me organizei para escrever um por semana) e visitar os blogs que mais gosto e o seu é um deles.

Agora, Caio, gostei muito do novo visual. Ficou super bonita e bem jovial como vc. Quanto aos textos, eles continuam ótimos. Vc é um jovem com um talento e tanto.

Bem, dois textos em especial gostei muito. O primeiro que fala sobre "bastardos inglórios". Um filme maravilhoso que eu particularmente adoroooo. Para mim, ele é fantástico. Tarantino conseguiu criar uma história totalmente mirabolante que parece real e os atores estão muito bons. Concordo com o que falas em relação a Brad Pitt, de certa forma ele ficou um pouco apagado,mas nada que tire seu mérito. Quanto ao resto do elenco, todos estão bem, sem nenhuma exceção.

Ja seu texto sobre Polanki e Ridley Scott muito bem redigidos e cheios de boas informações. Considero P um excelente diretor e acho uma pena ele ter de essa mancha em sua vida pessoal. O bom foi que isso não atrapalhou sua carreira cinematográfica. E os filmes que vc citou do Scott são fantásticos, principalmente 'Blade Runner" um dos melhores que ja vi até agora.

Seu texto sobre "Lady Gaga" ficou bom de ler. Sou fã desta cantora e realmente ela veio para trazer algo novo ao pop que ja estava bem desgastado, sem nenhuma novidade. Todos os dias eu escuto a rádio transamérica e as musicas dela são as mais tocadas. Ali comecei a gostar do som e da batida. Uma jovem de talento que se continuar assim tem um grande futuro pela frente.

Meu querido, parabéns pelo novo visual. Nota mil!!!

Um beijinho super carinhoso.

Mateus Souza disse...

Caio, te premiei com o Selo - Prêmio Dardos. Acessa o meu blog, pega o selo e passa para algum outro blog.

Abraço.